Copa 2014: Morumbi vetado para abertura

O estádio do Morumbi não tem, atualmente, condições de receber a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014, como queriam os governantes paulistas e os dirigentes do São Paulo, dono do estádio. Nesta quarta-feira, a CBF anunciou que o estádio foi novamente reprovado pela Fifa.
“Na conceituação, os estádios que vão fazer a abertura, e o estádio que vai fazer o fechamento são completamente diferentes. O nível de preocupação com esses dois estádios é diferente. O que se propõe seria São Paulo abrir e o Rio fechar, mas até o dia 3 de maio, o Morumbi precisa acelerar porque ele não te atendido os reclames da Fifa”, disse Ricardo Teixeira em entrevista à TV Globo.
O dirigente fez questão de direcionar sua crítica apenas ao estádio, e não à cidade. “Faço questão de esclarecer que o problema é com o estádio, e não com a cidade. Eles mandaram uma nova proposta, que novamente não se enquadra no projeto que a Fifa exige. A impressão que dá é que estão fazendo coisas paliativas”, afirmou.
O assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, classificou a pretensão do Morumbi de receber a partida de abertura como “inviável”, embora tenha elogiado outros aspectos da candidatura paulista. “A cidade de São Paulo, em várias exigências, é a melhor do Brasil. O problema está só na questão do estádio”, disse. (Da ESPN)

Sumiço de grana e salários em atraso na Curuzu

Um rombo de R$ 1,1 milhão (correspondente principalmente a verbas de patrocínio) abala as finanças do Paissandu e gera desconfiança entre dirigentes e colaboradores. O dinheiro teria sido desviado dos cofres do clube por um ex-funcionário do setor de finanças. No mês passado, quando um ex-dirigente ameaçou denunciar a situação, um repentino acordo interno fez com que o caso fosse temporariamente abafado. Isso tudo sem que nenhuma auditoria fosse providenciada para descobrir o paradeiro do dinheiro.

A conquista do primeiro turno do Parazinho ajudou a empurrar com a barriga o espinhoso problema. Talvez em função dessa perda, funcionários ligados ao departamento amador do clube estejam há mais de 15 meses sem receber. O próprio técnico Charles Guerreiro, que ocupava a função de supervisor, ainda tem salários atrasados e teria a receber o valor de um empréstimo (R$ 150 mil) que fez ao clube. Outro problema derivado do sumiço do dinheiro: o clube quase perdeu o atacante Moisés, cujos encargos de INSS não haviam sido recolhidos, tornando-o automaticamente sem vínculo com o clube.

Um outro problema diz respeito às diferenças nos métodos de contratação de jogadores que distanciam o presidente Luiz Omar e o colaborador Roger Aguillera. Funcionários do clube admitem existir uma certa tensão entre os dois, pois o empresário é visto pela atual diretoria como possível (e forte) candidato à presidência em 2011. Para neutralizar a presença de Roger na mídia, Ricardo Rezende foi chamado a integrar a tropa de choque de LOP, apesar das divergências entre ambos.

Magavilha

Por Bernardo Esteves (www.bernardoesteves.blogspot.com)
 
Cabelos ralos grisalhos, pequeno óculos de grau, baixa estatura, introvertido e com um ar de tecnocrata. Esse é Felix Magath, treinador do Schalke 04, atual líder do campeonato alemão, e personagem com uma visibilidade na mídia inversamente proporcional à sua competência.

Avesso aos holofotes, sem o estilo elegante de Roberto Mancini, o carisma de Luiz Felipe Scolari e a ironia de José Mourinho, Magath acumula títulos da Bundesliga sem ser notado pela imprensa mundial. Paradoxalmente, seus laços no futebol estão firmados na metrópole da comunicação alemã, Hamburgo. Com o time local ele venceu a Liga dos Campeões de 1983, como jogador, e iniciou sua carreira de técnico, em 1993. No entanto, somente em 2003 destacou-se na nova função, levando o Stuttgart ao vice-campeonato alemão, feito que chamou a atenção do gigante Bayern de Munique.

Magath foi o escolhido para substituir Ottmar Hitzfeld no time bávaro e, com seu estilo linha-dura que lhe rendeu a alcunha de Saddam, faturou o Campeonato e a Copa da Alemanha nas temporadas de 2005 e 2006. Enfim, cravou seu nome na história do vencedor futebol germânico, e sem negar a raça: sempre privilegiou características como força física, jogo aéreo de qualidade e determinação em suas equipes.

Em 2007 o título alemão escapou e, como qualquer treinador que não levanta o caneco no Bayern, foi demitido. Transferiu-se para o Wolfsburg, time da Volkswagen que mais parecia uma montadora automotiva, tamanha a sua falta de intimidade com o futebol. E não é que o homem tomou o chope da vitoria novamente em 2009, junto com Grafite, Dzeko e companhia! Sim, sob seus auspícios o time verde e branco desbancou os rivais, fez do atacante brasileiro o artilheiro do campeonato e alcançou sua maior conquista em todos os tempos.

Seduzido por uma proposta irrecusável do Schalke 04, um dos clubes mais ricos do mundo (sim, é verdade), Magath trocou o trabalho consolidado no Wolfsburg pela tarefa de remontar o time de Gelsenkirchen, que conta com uma das torcidas mais fanáticas da Europa. E essa torcida não tem do que reclamar: com a vitória sobre o Leverkusen neste sábado, por 2 a 0, o Schalke assumiu a ponta do campeonato a seis rodadas do final.

O Schalke não é campeão desde 1958 e conta com os brasileiros Kuranyi, Edu, Bordon e Rafinha, prováveis colegas de mais um feito do senhor Magavilha. E, mesmo que não leve, o Schalke e Magath já mostraram do que um bom trabalho é capaz. Só falta a seleção alemã e o mundo descobrirem a cabeça por trás deste feito.

Paissandu contrata reforço para Série C

O Paissandu já contratou o primeiro reforço para a Série C 2010. Trata-se de Douglas Silva, volante gaúcho de 27 anos, que esteve no Ceará Sporting e atualmente encontrava-se sem clube. O próprio presidente Luiz Omar Pinheiro anunciou a aquisição, na manhã desta quarta-feira, em São Paulo. Além do Ceará, Douglas já defendeu o Grêmio, o São José (RS) e o Coritiba. Foi campeão gaúcho de 2003, campeão brasileiro da Série B em 2007 pelo Coxa e campeão paranaense de 2008.

O adeus de Vavá da Matinha

O cantor e compositor Osvaldo de Oliveira, mais conhecido como Vavá da Matinha, morreu na madrugada desta quarta-feira com disfunção de múltiplos órgãos. Ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Ophir Loyola desde o dia 10 de março, com diagnóstico de AVC, pneumonia e problemas cardíacos. Sua morte ocorreu às 5h45. Vavá fez grande sucesso popular nos anos 50, 60 e 70, como figura obrigatória nos programas de auditórios das emissoras de rádio e TV de Belém. Foi um dos precursores do brega e é considerado, com justiça, o responsável pela abertura de caminhos para cantores e grupos musicais como a banda Calypso, Wanderley Andrade, Roberto Vilar e outros.

Salários em atraso no Palmeiras

O assunto é delicado, mas o próprio vice-presidente de Futebol do clube, Gilberto Cipullo, admitiu que há um atraso de dois meses nos direitos de imagem de alguns jogadores do elenco profissional.

Dentro do grupo de atletas, o assunto também é tratado de forma fria. O atacante Robert, um dos que estariam com os valores defasados, foi questionado se há ligação entre a queda de rendimento do time dentro de campo e a demora da direção em acertar os atrasados. E bateu forte:

“Ninguém aqui passa fome. O que aconteceu em campo não foi por falta de dinheiro e sim por falhas e falta de concentração”, avisou. “Isso não atrapalha, até porque o Palmeiras não é o único clube no Brasil que deve para alguns jogadores”, apostou.

“Hoje os clubes brasileiros passam por dificuldades e com o Palmeiras não é diferente. O mais importante é a transparência da diretoria, que sempre tem alguém aqui nos apoiando. Quero ver o Palmeiras bem. Quando houver a possibilidade de acerto, não vão esconder”, completou. (Da ESPN)

Caso Dorothy: júri de mandante é adiado

A sessão de júri popular a que seria submetido o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser o mandante da execução da missionária Dorothy Stang, foi adiado para 12 de abril próximo. Motivo: a ausência do advogado de defesa, Eduardo Imbiriba, fato visto pela promotoria como uma estratégia para transferir o julgamento. O advogado, em petição encaminhada ao juiz Raimundo Moisés Flexa, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Belém, argumentou que o não comparecimento se deu em virtude de que aguardaria, primeiramente, o julgamento de recurso de hábeas corpus em favor do réu, pelo Supremo Tribunal Federal, o qual não tem efeito suspensivo. O juiz lamentou o adiamento da sessão, em virtude do alto custo para o Poder Judiciário e de toda a logística para o julgamento e, desde, já, com fundamento no artigo 456 do Código de Processo Civil, designou os defensores públicos Alex Noronha e Paulo Bona para atuarem na assistência do réu no julgamento remarcado para o dia 12. Também determinou que seja encaminhado ofício à OAB, seção do Pará, para conhecimento.

Vou te contar…

Pelada de subúrbio

Por Armando Nogueira 

Nova Iguaçu, quatro horas da tarde, sábado de sol. Dois times suam a alma numa pelada barulhenta; o campo em que correm os dois times abre-se como um clarão de barro vermelho cercado por uma ponte velha, um matagal e uma chácara silenciosa, de muros altos.
A bola, das brancas, é nova e rola como um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória.
Um chute errado manda a bola, pelos ares, lá nos limites da chácara, de onde é devolvida, sem demora, por um arremesso misterioso. Alguns minutos mais tarde, outra vez a bola foi cair nos terrenos da chácara, de onde voltou lançada com as duas mãos por um velhinho com jeito de caseiro.
Na terceira, a bola ficou por lá; ou melhor, veio mas, cinco minutos depois, embaixo do braço de um homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima. Era o dono da chácara.
A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso, o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.
No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha.

(Do livro Os melhores da crônica brasileira“, José Olympio Editora – Rio, 1977, pág. 22)

Coluna: As chances do Paissandu

Jogar com três zagueiros não é mais mistério para ninguém, apesar da baixa preferência dos times paraenses por esse tipo de sistema. O problema é jogar no 3-5-2 precisando vencer por dois gols de diferença na casa do adversário – que, mesmo mal das pernas, é o tradicional (e poderoso) Palmeiras.
A explicação de Charles Guerreiro para lançar três defensores foi a ausência do lateral-esquerdo titular, Álvaro. Parece, à primeira vista, uma perda irreparável, embora se saiba que o ex-jogador do Potiguar é apenas um pouco melhor que seus antecessores na posição, o que não o transforma em nenhum craque.
Zeziel, que vai desempenhar a função de ala, já foi utilizado sem maiores problemas como lateral. Entendo que, pela experiência, comporia o quarteto defensivo com correção. Isso evitaria a troca de posicionamento (e postura) que o 3-5-2 naturalmente impõe.
O receio é que, sob o pretexto de fechar bem a defesa, Charles esteja lançando mão do sistema para aumentar a quantidade de defensores, inclusive no meio-campo. Além do trio de beques, o Paissandu terá dois volantes de ofício, Tácio e Sandro, mais os dois alas, que podem se transformar em laterais defensivos a qualquer momento. Só o meia Marquinhos tem a responsabilidade de criar jogadas para Moisés e Didi.
Cabe observar, ainda, que o Palmeiras entra em vantagem, podendo perder até por 1 a 0. Isso naturalmente faz com que sua estratégia seja mais de espera do que de pressão desesperada em busca do gol. Em situação normal, deve aguardar a movimentação do Paissandu antes de partir com tudo para o ataque. 
As notícias vindas de S. Paulo indicam, porém, um aspecto positivo para o Paissandu: o nervosismo que ronda os palmeirenses, vindos de uma derrota e um empate no campeonato paulista. Times intranqüilos, receosos da reação da torcida, costumam errar mais. Pode ser o ambiente propício para uma grande vitória paraense no Parque Antártica. Mas o resultado só virá se Charles conseguir fazer com que a equipe saia rapidamente para o ataque – o que o Paissandu só teve com Tiago Potiguar em campo.
 
 
O orçamento da Prefeitura de Marabá para a construção do futuro estádio municipal foi definido em R$ 40 milhões. Uma comparação direta, mesmo levando em conta as particularidades do projeto marabaense, mostra que um estádio do mesmo porte em Belém ou arredores não sai por menos de R$ 30 milhões.
Pois o Remo e seus parceiros na venda do Baenão acham possível construir uma “arena moderna” com R$ 18 milhões. Alguém está calculando mal os custos de mercado da construção civil no Pará. Resta saber se é ignorância, ingenuidade ou má-fé.  

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 31)  
   

Pensata: Bento 16 e a pedofilia

Por Deonísio da Silva (do Observatório da Imprensa)

A revista alemã Der Spiegel pediu nada mais nada menos do que a abdicação do papa Bento 16. Motivo: suposta omissão em escabroso caso de pedofilia. O padre americano Lawrence Murphy admitiu que abusou de cerca de 200 crianças surdas da escola St. John´s para surdos no Wisconsin (norte), nos EUA, entre 1950 e 1974.

Arthur Budzinski, hoje com 62 anos, informou ao arcebispo de Milwaukee, William Cousins, e a outras autoridades sobre os fatos em 1974, mas Cousins respondeu com gritos, o que fez com que saísse “da reunião chorando”, contou. O então cardeal de Milwaukee, Rembert Weakland, e outro bispo do Wisconsin escreveram “diretamente ao então cardeal Joseph Raztinger”, hoje Bento 16, que não respondeu à carta, informou o New York Times.

O teólogo Hans Küng foi duro nas críticas ao sumo pontífice, como duro sempre soube ser nas réplicas às perseguições sofridas quando a cúria investia contra ele em décadas anteriores. Küng é o Leonardo Boff da Alemanha, o Joseph Comblin da Bélgica, o Ernesto Cardenal da Nicarágua, todos padres que se tornaram alvo das inquisições que na cúria romana eram patrocinadas pelo então cardeal Joseph Ratiznger, nome civil do atual papa, que dali comandava a poderosa Congregação para a Doutrina da Fé.

Quando ainda cardeal, por ser tão cioso das defesas da fé, perseguiu tanto o teólogo Leonardo Boff, que levou o papa João Paulo II a condenar e pressionar o frade franciscano de tal modo que ele não teve outro jeito senão abandonar o sacerdócio e a ordem a que pertencia, mesmo com todo o apoio de dom Paulo Evaristo Arns. E João Paulo II fez mais: repreendeu publicamente Ernesto Cardenal durante a visita que fez à Nicarágua, diante de gigantesca multidão que recebeu e vaiou o papa.

Por que a pedofilia não vinha merecendo os cuidados de Bento 16?

A pedofilia é muito antiga, mas é recente na língua portuguesa. Aparece apenas nos finais do século 19, no Novo Diccionario da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo.

Não estranhem o viés deste comentário. Para um homem de Letras, o berço das palavras pode revelar indícios percucientes de problemas que, por sua própria natureza, como é o caso da pedofilia, ensejam uma série de artifícios de ocultamento e de disfarces.

Explico melhor: faz poucos anos que o dicionário Aurélio, um dos mais consultados do Brasil, dava, no verbete “mulher”, equivalências de significado que remetiam mais de dez vezes a prostituta. Depois de diversas teses defendidas sobre o assunto (de uma delas fui membro da banca examinadora, na USP), o próprio Aurélio mudou a redação do verbete. Deixei registrada num conto intitulado “Mulheres Abandonadas”, no livro Cenas Indecorosas (1976), a minha inconformidade. Em antigas edições do Aurélio, o leitor pode confirmar o que estou afirmando.