A atriz e apresentadora, filha de um desembargador, sulista e branca de olhos claros, é a personificação do privilégio.
Declaradamente contra o bolsa família e outros programas sociais, ela recebe uma pensão do governo, de seu falecido pai.
Em entrevista a Mariana Godoy na RedeTV, argumentou que o benefício está quitado: “Meu pai pagou a vida inteira um imposto específico para isso.”
Justo.
Desembargadores têm salários entre os mais altos do país – seguidos dos juízes e promotores de justiça –, além de incontáveis benefícios como auxílio moradia, carro funcional e duas férias remuneradas por ano – porque onde já se viu juízes e desembargadores pagarem a própria casa e o próprio carro com seus salários?
Talvez por terem um padrão de vida tão longe do padrão da maioria dos brasileiros, desembargadores e sua prole se consideram semideuses – ou deuses, mesmo, vide o caso do juiz que deu voz de prisão a uma agente da lei seca por ela ter dito que ele não era Deus.
Incrível, aliás, como os ricos adoram justificar qualquer coisa com o bom e velho: “Eu pago meus impostos!”, ou, no caso de Maitê, que tem costas quentes, “Meu pai pagou os impostos!”
Todos – menos o Neymar – pagam seus impostos, especialmente o pobre.
A alíquota do imposto sobre consumo no Brasil é uma das mais altas do mundo. A alíquota do imposto sobre grandes fortunas, por sua vez, é inexistente.
Isso significa que, enquanto gente como Maitê recebe gordas pensões do governo, mesmo não precisando delas, as parcelas mais pobres da população levam o país nas costas e têm negados direitos básicos como saúde e educação pública de qualidade.
Significa, em última instância, que vivemos em um país para ricos.
Maitê disse, ainda, que não deve explicações sobre sua vida privada e sobre como distribui seu dinheiro.
Não precisa explicar, tia: a gente sabe que você se recusa a casar civilmente pra não perder a boca-livre.
A gente sabe que você critica a inexpressiva ajuda dada pelo governo aos miseráveis, mas acha justíssimo que gente privilegiada como você receba benefícios do Estado.
Vagabundo não é o beneficiário do bolsa família, que recebe uma quantia mensal ínfima porque nunca teve oportunidade de trabalho e qualificação profissional.
Vagabundo é quem vive do que não produziu e recebe benefícios dos quais não precisa e aos quais não faz jus.
Em um país sério, as Maitês teriam, sim, de explicar sua incoerências e programas sociais como o bolsa família não seriam questionados por gente que nunca conheceu a fome.
Vivemos, entretanto, o país em que juízes prendem civis que se atrevem a dizer que eles não são deuses.
Um país que, portanto, não é e não pode ser sério.
O vídeo em que Neymar pede desculpas e admite seus erros durante a Copa do Mundo pode não ter sido bem aceito pelos torcedores e até por alguns publicitários, mas ajudou o craque da seleção brasileira a se enriquecer um pouco mais. O contrato dele com a Gillette, responsável pela veiculação do comercial, dá ao astro algo em torno de US$ 7 milhões (R$ 26,2 milhões).
O acordo do jogador com a empresa foi selado em 2015 e renovado recentemente. O jogador não recebe por propagandas, mas sim por horas trabalhadas durante as gravações de comerciais ou seção de fotos.
E ainda todo o material publicitário feito pela empresa de barbeador passa pela aprovação da Neymar Sports Marketing, empresa que tem o pai do jogador, Neymar da Silva Santos, e a mãe do atleta, Nadine Gonçalves, como proprietários.
O vídeo foi exibido pela primeira vez no domingo à noite, no intervalo do Fantástico, da TV Globo. Nele, Neymar admite exageros no torneio da Rússia, desabafa sobre as críticas e promete superação. Entretanto, o que era para ser algo positivo, se tornou algo ainda mais negativo para o atleta. (Do Estadão)
A Juventus divulgou, na manhã desta terça-feira, as primeiras imagens de Cristiano Ronaldo a treinar no centro de treinos do clube, no seu segundo dia de trabalho em Turim. Um dia depois de ter passado por um conjunto de exames médicos, o ex-Real Madrid esteve a trabalhar no ‘JTC’, o Juventus Training Camp, juntamente com um quinteto sul-americano.
“Primeiro treino no duro. Trabalho feito!”, escreveu o melhor jogador do mundo nas redes sociais. Os argentinos Paulo Dybala e Gonzalo Higuaín, o colombiano Juan Cuadrado, o brasileiro Douglas Costa e o uruguaio Rodrigo Betancur fizeram companhia a Cristiano Ronaldo, que no mundial também passou a fase de grupos por Portugal.
Juventus está nos Estados Unidos a disputar a International Champions Cup, e irá jogar na madrugada de quinta-feira, frente a uma seleção do campeonato norte-americano. Aos 33 anos, o capitão da seleção de Portugal assinou pela heptacampeã de Itália, que pagou aos merengues 112 milhões de euros.
Cristiano Ronaldo, que assumiu um vínculo de quatro épocas, foi eleito o melhor futebolista do mundo por cinco vezes, tantas quanto o argentino Lionel Messi, estando entre os 10 finalistas para o cetro em 2018.
A Amazônia concentra o maior número de conflitos e mortes de ativistas e defensores da terra e do meio ambiente no ano de 2017 e o Brasil lidera como o país mais letal do mundo para lideranças indígenas, camponeses e comunidades tradicionais. É o que denuncia a ONG britânica Global Witness em seu terceiro relatório anual, com levantamento de informações de 22 países.
O relatório, A Que Preço?, lançado na semana passada aponta o agronegócio como o setor mais perigoso para pessoas que defendem “suas florestas, rios e casas contra setores destrutivos”, chegando a ultrapassar pela primeira vez a mineração.
As Filipinas são o segundo país mais violento, com 48 assassinatos, seguido pela Colômbia, com 24 casos de homicídio. Danicley Aguiar, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil, fala que esses comparativos com outros países só reforçam que a disputa da terra é o pano de fundo em grande parte dos conflitos no Brasil e no mundo.
“Há uma disputa pela terra. Uma disputa assimétrica porque, infelizmente, o estado, seja no Brasil ou seja em outros países, acaba do lado das pessoas que tentam impor um projeto hegemônicos sobre os territórios”, argumenta.
De acordo com o documento, entre os 22 países analisados, em 2017, o Brasil foi o que mais registrou assassinatos, com um total de 57 pessoas mortas, dos quais 80% deles defendiam as riquezas naturais da Amazônia. As mortes, em grande parte, estão vinculadas à luta pela terra e recursos naturais “com governos e empresa de um lado e comunidades locais de outro”.
O agronegócio é o setor que tem avançado de forma significativa sobre a Amazônia, seja para o plantio da monocultura ou para a instalação de projetos de infraestrutura para amparo logístico do setor.
Cultura da impunidade
A Global Witness apontou que a impunidade é um dos fatores que colaboram com o fortalecimento da violência e ameaças contra ativistas e defensores. Luta que Claudelice Santos, 36 anos, travou para que os assassinos do irmão, José Cláudio Ribeiro, e da cunhada, Maria do Espírito Santos, fossem julgados e condenados pela justiça. O caso ganhou repercussão nacional e internacional. Uma exceção à regra.
“O caso do José Cláudio e da Maria teve repercussão nacional e internacional, assim como o da irmã Dorothy e o do Chico Mendes. Por outro lado, outros ativistas são assassinados todos os dias por aí [sem repercussão]. São [crimes] ligados a conflito de terra ou a conflito por água, por floresta e não entram nessas estatísticas”.
O casal de ambientalistas foi assassinado em 2011, em Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Desde então, até 2017, o quadro de violência só se agravou.
Ainda de acordo com o relatório, o governo do presidente Michel Temer vem colaborando com a escalda de violência ao enfraquecer leis e instituições destinadas a proteger essas pessoas, o que para o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, se o Brasil continuar sócio do agronegócio a “tendência é a gente ver ainda mais lideranças sendo assassinadas”.
Segundo o relatório da Global Witness os números de mortes são subestimados, já que muitos não são registrados, principalmente em áreas rurais. Quando a reportagem do Brasil de Fato conversou com Claudelice Santos, ela estava na estrada indo para uma comunidade tradicional no Pará, o relato dela exemplifica essa realidade.
“Agora, por exemplo, eu estou indo para a comunidade Maribel, na beira do rio Iriri, próxima da Terra do Meio é longe pra caramba. E é uma estrada muito ruim. Ainda vou pegar um barco que vai pra Altamira depois; eu estou pensando: quantas violações não acontecem aqui nesse quinhão longe, escondido pra caramba? ”.
Os números apresentados pela ONG são apenas a ponta do iceberg. Tanto Aguiar quanto Claudelice Santos relatam que os movimentos populares e os próprios ativistas sofrem um processo de criminalização e difamação com o intuito de desconstrução perante a sociedade. O caso mais recente é o que ocorreu com Padre Amaro e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), situação já deste ano.
Resistência
A ONG faz uma série de recomendações para os países. Ao Brasil ela sugeriu o enfrentamento dos problemas em sua causa estrutural, para isso recomenda o fortalecimento orçamentário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Também recomendou priorizar a implementação do Programa de Proteção ao Defensores dos Direitos Humanos e a “federalização de casos emblemáticos de assassinatos de defensores de direitos humanos, cujas investigações não estejam progredindo de forma adequada no âmbito local”.
Para além dessas recomendações, Aguiar avalia que o país também precisa repensar o papel da Amazônia na economia. “É importante que o resto do país entenda que a Amazônia não vai ser um grande campo de soja, não há espaço para isso. As famílias que estão no campo da Amazônia, especialmente que estão lutando, vão lutar vão resistir, não tem espaço aqui para dá um passo atrás”, sustenta.
O outro lado
Em nota o Governo Federal afirmou que o relatório da Global Witness “apresenta dados equivocados, inflados, frágeis e metodologia duvidosa”. Sobre o agronegócio o governo defende que setor e “(…) eventuais crimes são localizados e não se pode generalizar acusações a todos agricultores brasileiros, sem fundamento”.
Quanto à segurança pública, ainda de acordo com a nota, o governo tem apoiado estados onde há crise neste setor e esse ano “o Programa Para Defensores de Direitos Humanos recebeu o maior orçamento desde sua criação, cerca de R$ 6,8 milhões.
Ironias e sarcasmos à parte, mas não me impressiona a considerável popularidade eleitoral de um ser tão abjeto, ignorante, cretino, boçal, violento, paranóico e contraditório como Bolsonaro. Numa conjuntura onde grassam lado a lado o cinismo, a hipocrisia e a desesperança, é preciso haver “esperança”, mesmo que seja a torpe esperança, uma vez que ela possa sorrateiramente também caminhar de braços dados com a desfaçatez devidamente escondida sob o manto daqueles que pugnam pelas falsas virtudes.
O candidato neo-fascista – aqui observado numa tentativa de exercício rápido de compreensão de certas “cabecinhas” – é a projeção coletiva de um id-ego embebido em escrotisses e sordidez reprimidos por um super-ego que media esse embate através de, digamos, “regras” de boa convivência minimamente consensuais e parâmetros civilizacionais. Essa emergência egóica coletiva naturaliza a barbárie e aponta seus instintos e pendores contra quem os amarra. Será que isso pode explicar a luta titânica, no plano discursivo, dos bolsonaristas contra o “politicamente correto”? Alô super-ego!?
Nesse sentido, as “virtudes” autoatribuidas dessa horda bolsonaresca consistem então e um sintoma dos conflitos entre os entes de suas “cabecinhas” – e não uma causa de suas não-causas – cujo resultado podem ser a contradição e o contraste alucinado entre o que se auto-proclama e o que se faz ou o que se é. Pra aplacar sabe? Talvez uma espécie de “desencargo de consciência”, com o perdão do trocadilho. Assim, “ser cristão” e venerar torturadores; dizer “defender a família tradicional e os bons costumes” e ao mesmo tempo dizer “eu comia gente”; “ser contra a corrupção” e receber propina; dizer ser “um cidadão de bem” e ridicularizar mulheres e banalizar o estupro ou dizer “não tenho preconceito contra negros” e renegar a escravidão são posicionamentos naturalizados e fincados no solo onde cinismo e hipocrisia estão espraiados – e também naturalizados. Junte-se a isso paranóias conspiracionistas (olha ela aí) de “dominação esquerdista global” e inimigos anacronicamente imaginários como item de um discurso unificador que demoniza o outro – o diferente, que na lógica bolsonarista é o “não virtuoso” – e pronto, tem-se então um caldo de intolerância e brutalidade discursiva e política que aponta para a “verdade” (ou será pós-verdade?), tão ao gosto de seguimentos punitivistas, vingativos (contra o quê?), ressentidos, apavorados e com uma preferência peculiar pelo absurdo.
Bolsonaro e seu séquito são isso: o inominável absurdo. “Ah mas ele diz o que pensa!” é uma flecha costumeiramente usada contra o “politicamente correto” superegóico. Não importa, está provado que o que ele pensa é estupidamente absurdo. Mas sabe… nem Freud explica esse cara. Aliás, esses caras.
Um pastor politiqueiro Simplesmente, ao natural Belo amante do dinheiro É profeta de baal Só desonra sua igreja Vive sendo na peleja Caça níquel, capital
Um pastor politiqueiro Farsante cara de pau Todo tempo é vivandeiro Puxa saco, sem igual É pedante, tão tacanho Transformando seu rebanho Em curral eleitoral
Um pastor politiqueiro É um corrupto assaz Lobo em pele de cordeiro Agente de satanás Muito mal intencionado Um grande desocupado Preguiçoso, nada faz
Um pastor politiqueiro Puxa saco de doutor Não passa de aventureiro Do tipo bajulador Longe de ser um obreiro É notável pirangueiro Desse sistema opressor
Um pastor politiqueiro Inimigo da ralé Embusteiro, interesseiro Grande mercador da fé Veja como tanto gosta De dar tapinha nas costas Lamber mão, também o pé
Um pastor politiqueiro Quase esqueci de dizer Claro, sempre é fofoqueiro Pois esquece o do fazer Para ele só quem presta É a pessoa que oferta Por isso adora o poder