Conselho Universitário da UFPA aprova lista tríplice para ser encaminhada ao MEC

Em reunião extraordinária nesta terça-feira, 30 de abril, o Conselho Universitário (Consun) da UFPA aprovou a lista tríplice a ser encaminhada para o Ministério da Educação para nomeação de Reitor(a) e Vice-Reitor(a) da UFPA para o período 2024-2028.

A lista tríplice será composta pelos(as) professores(as) Gilmar Pereira da Silva e Loiane da Ponte Souza Prado Verbicaro (1º lugar, com 101 votos), Moirah Paula Machado de Menezes e Marcos Monteiro Diniz (2º lugar, com 4 votos) e Doriedson do Socorro Rodrigues e Aline Beckmann de Castro Menezes (3º lugar, com 2 votos).

A chapa das candidatas Denise Machado Cardoso e Patrícia Bittencourt Tavares das Neves, inscrita e homologada pela Comissão Especial do Consun, renunciou à candidatura na manhã desta terça-feira e não participou do pleito. Não houve abstenções. Ao todo, 107 conselheiros(as) participaram da votação, que foi aberta e uninominal, cada um(a) escolhendo apenas um nome para cada cargo.

Primeiros colocados na lista tríplice, Gilmar Pereira da Silva (candidato a reitor) e Loiane da Ponte Souza Prado Verbicaro (candidata a vice-reitora) já haviam também vencido a consulta prévia à comunidade universitária, realizada no dia 17 de abril, alcançando 62,6% do total de votos válidos, com ampla participação da comunidade universitária.

A reunião do Consun ocorreu de maneira presencial, sob a presidência do reitor Emmanuel Zagury Tourinho.

Envio da lista tríplice ao MEC – Com o resultado da votação, será preparada a documentação da lista tríplice a ser encaminhada ao MEC, observando o prazo de antecedência do fim do mandato da gestão atual, que ocorre em outubro de 2024.

A sina dos eternos enjeitados

POR GERSON NOGUEIRA

O problema vem de longa data e aparentemente não tem remédio. Todos os anos ocorrem situações que reforçam a certeza de que jogadores nativos não recebem o mesmo tratamento por parte dos técnicos de PSC e Remo, o que implica em poucas oportunidades para mostrar serviço e talento. Quando são lembrados, normalmente a casa está caindo ou já caiu.

As poucas exceções só confirmam a regra. No Remo atual, Ronald, Felipinho e Paulinho Curuá são escalados de vez em quando, conforme a tábua das marés e o humor do treinador. No PSC, nem isso.

Dois bons exemplos desse descaso em relação a valores locais são o meia Juninho e o centroavante Kanu. No Papão, Juninho teve aproveitamento até razoável em 2023, entrando no decorrer de vários jogos da Série C. Em 2024, teve poucas chances no Campeonato Paraense. Mesmo assim, marcou presença com um golaço no jogo contra o Bragantino.

Foi a última vez que a torcida viu Juninho em campo. Sem lesões que o impedissem de ser escalado, foi simplesmente esquecido entre as quatro dezenas de atletas que compõem o elenco do PSC na Série B.

Nem mesmo quando surge uma necessidade, como na partida contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no último sábado, o meia paraense é escalado. Sem os dois meias normalmente utilizados no time titular, Robinho e Biel, o time jogou com três volantes e passou apertos no setor de armação por não contar com a presença de um especialista.

Juninho poderia ter sido aproveitado, como meia de criação ou até mesmo como meia-atacante recuado, fazendo a articulação de jogadas com Edinho pela direita ou com Ruan Ribeiro, que substituiu Nicolas no ataque.

O fato é que, sem um jogador habilidoso para comandar o processo criativo, o PSC sofreu bastante, abrindo espaço para que o Botafogo executasse uma transição rápida e eficiente. Na prática, a bola não era trabalhada e não permanecia por muito tempo no setor ofensivo, acarretando problemas para a marcação.

A disputa tornou-se perigosamente aberta, como queria o Botafogo, em grande medida pelas fragilidades do PSC no meio-de-campo. Essa situação marcou o 1º tempo e, espantosamente, não foi corrigida para a segunda etapa, com riscos constantes para a defesa bicolor. Juninho teria sido extremamente útil, jogando junto com Esli García, por exemplo.

Fica a sensação de que, se não foi aproveitado numa situação óbvia de carência na equipe, Juninho dificilmente terá chance de ser escalado.

Do outro lado da Almirante Barroso, o problema de falta de oportunidades castiga diretamente um atacante oriundo da base. Vinícius Kanu é hoje o centroavante mais preparado dentro do elenco remista, mas não tem o reconhecimento necessário.

Quando entra é sempre nos minutos finais, quando o jogo já está definido ou o desespero toma conta do time. Dificilmente um atacante vai render nesse tipo de cenário. Na Copa Verde, com 10 minutos de tempo para se apresentar, fez um golaço contra o Trem-AP.

Na sequência de clássicos com o PSC foi deixado de lado. Entrou somente na final do Parazão para jogar como volante (!). A esquisitice se explica porque falta critério na utilização por falta de conhecimento acerca das qualidades do jovem centroavante.  

Diante do Volta Redonda, na abertura da Série C, o técnico Gustavo Morínigo chegou a escalar um falso centroavante (Sillas), demonstrando insatisfação com as peças disponíveis. Kanu viu, sentado no banco de reservas, Sillas desperdiçar uma chance incrível na pequena área.

Domingo, em São João Del Rei, Kanu foi lançado no segundo tempo, quando o time já perdia por 2 a 0. Quase marcou um gol, mas visivelmente sentiu a falta de uma estrutura de meio-campo para criar situações na área.

Nos jogos sob o comando de Morínigo, os centroavantes utilizados sempre foram Ribamar, que não faz gol, e Ytalo, cujas condições físicas não permitem jogar os 2 tempos. Kanu hoje é mais completo (e jovem) que ambos, merecendo uma chance entre os titulares.

Como os salários dos jogadores costumam pesar nas escolhas dos titulares em PSC e Remo, é quase certo que Juninho e Kanu passarão a temporada em branco, o que é uma pena. Talvez venham a entrar nas últimas rodadas, quando os atletas mais badalados já demonstram enfado e exaustão.

Tricolor vem forte para duelo com o Águia

O São Paulo, adversário do Águia na próxima quinta-feira, 2, no estádio Mangueirão, empatou em 0 a 0 ontem com o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro, demonstrando que vem fortalecido para o embate válido pela terceira fase da Copa do Brasil.

A equipe tricolor mostrou organização e encarou de igual para igual o Palmeiras de Abel Ferreira. Mudanças na maneira de jogar do São Paulo, formuladas por Luis Zubeldía, estão dando resultado.  

Não há informação sobre o time que o técnico argentino pretende escalar em Belém, mas é bem possível que entre com força máxima. Daqui o São Paulo viajará para Salvador, onde enfrenta o Vitória no domingo, 5, pela Série A.

Em seguida, viaja para Santiago do Chile, onde enfrenta o Cobresal pela Taça Libertadores, na quarta-feira, 8. Mesmo que utilize alguns reservas, será uma equipe difícil de ser batida. Um tremendo desafio para o Águia, que estreou com derrota (para o River) na Série D.

Perema faz gol em cabeceio do meio-de-campo

O veterano zagueiro Perema (ex-PSC), jogando pelo modesto Concórdia-SC, marcou presença na rodada de domingo da Série D com uma jogada impressionante: acertou um cabeceio praticamente do meio de campo, lance raro e que requer força e impulso.

A bola veio alta e Perema se lançou no ar, à altura do grande círculo. O cabeceio saiu forte, para tirar proveito da posição adiantada do goleiro. A bola quicou antes de chegar ao arqueiro, que ainda pulou atrasado. Uma falha que não tira os méritos de Perema na tomada de decisão.

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 30)

Rock na madrugada – Deep Purple, “Smoke On The Water”

POR GERSON NOGUEIRA

Cinquenta segundos do mais puro rock’n’roll marcam a abertura deste clássico eterno do Deep Purple. A combinação de guitarras, bateria e órgão é uma das mais geniais introduções musicais do gênero. O riff de guitarra criado por Ritchie Blackmore garantiu à canção o 11º lugar na lista das 100 maiores músicas de Hard Rock do canal VH1 e é lição obrigatória para qualquer moleque disposto a aprender como tocar guitarra.

O vídeo acima é de um show de 1972, em Nova York, com o Purple no auge, ainda com a formação mais conhecida: Ian Gillan (voz), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (órgão), Roger Glover (baixo) e Ian Paice (bateria).

O Deep Purple foi fundado em Hertford (Inglaterra), em 1968. De cara, tornou-se um dos esteios do rock pesado, ao lado de Led Zeppelin e Black Sabbath. Pioneiro do metal, o Purple brilharia como expoente do hard rock, de pegada mais melodiosa.

Ian Gillan, o vocalista definitivo, só ingressou na banda em 1969. O primeiro foi Rod Evans, que participou dos três primeiros discos – mas quem lembra mesmo dele? O único músico ativo da formação original é Ian Paice.

O grupo passou por várias mudanças, com idas e vindas de Ian Gillan e do guitarrista Ritchie Blackmore, que desistiu definitivamente do Purple em 1993, após briga feia com Gillan na turnê The Battle Rages On. A banda que vem ao Rock In Rio 2024 tem apenas Glover e Gillan da formação clássica.

Uma curiosidade: o Purple tocou em Belém (no Parque do Entroncamento, em 2013) para um pequeno público.

“Smoke On The Water” (Fumaça na Água) é um dos hits do álbum Machine Head, de 1972. A letra narra um fim de semana cheio de problemas para a banda, que fazia gravações para o disco. Relata o incêndio ocorrido durante show de Frank Zappa & The Mothers of Invention, no Hotel Casino, em Montreux (Suíça), em 4 de dezembro de 1971:

Todos fomos a Montreaux
Às margens do lago Genebra
Para gravarmos com um estúdio móvel
Não tivemos muito tempo

Frank Zappa e os Mothers
Estavam no melhor lugar que havia
Mas algum idiota com um sinalizador
Reduziu o lugar a cinzas

Fumaça na água e fogo no céu
Fumaça na água

Eles incendiaram o cassino
Ele veio abaixo com um terrível estrondo
Funky e Claude entravam e saiam
Tirando as crianças do local

Quando tudo havia terminado
Nós tivemos que procurar outro lugar
Mas o tempo na Suíça estava se esgotando
Parecia que nós não conseguiríamos chegar a tempo

Nós terminamos no Grand Hotel
Estava vazio, frio e sem ninguém
Mas com o caminhão de gravação dos Rolling Stones do lado de fora
Nós gravamos a nossa música lá

Com algumas luzes vermelhas e algumas camas velhas
Nós fizemos bonito
Não importa o que ganharemos com isso
Eu sei, eu sei que nunca esqueceremos

O cassino pegou fogo pra valer e os músicos do Purple e do Mothers foram levados a um outro cassino, o Grand Hôtel Territet, de onde acompanharam o espetáculo da fumaça sobre a água, que virou título do hino. Roger Glover descreveu o incêndio como uma explosão de fogos de artifício, o que inspirou a composição.

O incidente atrasou a finalização de Machine Head, mas permitiu que a nova canção fosse trabalhada com todo esmero, principalmente no encaixe do poderoso riff de Blackmore com a “voz de prata” de Gillan. Sobre a criação de Blackmore circulam várias versões. A mais mirabolante é de uma versão invertida da “Quinta Sinfonia”, de Beethoven.

O guitarrista teria tocado sinfonia de trás para a frente, invertendo a ordem natural da composição. O riff teria sido composto em estilo medieval, em “quartas”. Uma outra história vincula o riff a suposto plágio de uma canção do brasileiro Carlinhos Lyra, intitulada Maria Moita. A amparar essa teoria o fato de que o produtor Claude Nobs (o Funky Claude da letra) era um assumido fã de bossa nova e teria apresentado a música de Lyra aos amigos do Purple.

Na realidade, Blackmore não teve uma inspiração instantânea para criar o riff. Segundo amigos, ele teria trabalhado no arranjo durante anos, esperando uma canção para aplicar o riff.

Como ocorreu tantas outras vezes, nenhum dos músicos da banda acreditava que Smoke On The Water viria a ser um mega sucesso, surpreendendo-se com o gigantesco sucesso da canção, até hoje uma das mais cultuadas da história do rock.

Leão segue ladeira abaixo

POR GERSON NOGUEIRA

O retrato da derrocada ficou esboçado na estreia contra o Volta Redonda, em Belém, na semana anterior. Na ocasião, os erros de escalação levaram a uma derrota que não constava dos planos do Remo para o começo da Série C. Diante do Athletic, sábado à noite, o cenário ficou mais claro para quem ainda nutria esperanças de uma retomada. O placar final de 3 a 1 retratou fielmente o que foi a partida.

Com poucos minutos de partida, o Remo já se deixava dominar por completo, sem esboçar reação. Tudo o que se viu diante do Voltaço voltou a ocorrer: falta de articulação, espaçamento entre os setores e apatia ofensiva. Para piorar, nenhum sinal de garra em busca de um resultado favorável. Quando um time não tem técnica, escora-se no espírito de luta. Nem isso foi possível ver em São João del Rei.

Até o empate poderia ser considerado bom, nas circunstâncias. Afinal, o Remo desafiava o time que estreou metendo 4 a 0 no Caxias, lá na casa do adversário. Ocorre que o Athletic nem precisou ser tão efetivo ofensivamente, a defesa azulina propiciou as facilidades.   

Logo aos 10 minutos, o artilheiro Jonathas apareceu na área para cabecear com muito perigo. O gol parecia apenas questão de tempo. E foi assim que realmente aconteceu: aos 16′, Jonathas foi lançado na pequena área e mandou para as redes. Chutou de bico e a bola entrou.

Quando chegou ao gol, numa escapada com Ribamar entrando pela esquerda, o lance foi invalidado. A arbitragem flagrou impedimento. O primeiro tempo se arrastou sem maiores emoções, embora o Athletic tenha levado muito mais perigo à meta remista.  

O Leão voltou mais agressivo e esperto para o 2º tempo. Parecia que ia funcionar a velha estratégia de Gustavo Morínigo, que costuma transformar a equipe com mexidas pontuais. Logo aos 3 minutos, Marco Antônio emendou da entrada da área, na primeira boa chegada azulina.

Em resposta, o Athletic foi ao ataque de forma contundente. Aos 6′, um contra-ataque puxado por David Braga pegou a defesa azulina desarrumada. Ele tocou para Torrão e recebeu um cruzamento perfeito para ampliar de cabeça.

O Remo então resolveu partir para cima e, aos 26’, Sillas recebeu um passe rasteiro na área e bateu cruzado para diminuir o prejuízo. Por alguns minutos, o empate pareceu possível. Kanu finalizou dentro da área, mas o goleiro evitou o gol. A pressão terminaria aí.

Aos 36′, o Athletic aplicou o golpe de misericórdia. Robinho, da entrada da área, chutou forte. A bola desviou em Bruno Bispo e enganou o goleiro Marcelo Rangel, fechando a contagem. Marco Antônio ainda foi expulso, quebrando de vez as forças do Remo em campo.

Na lanterna da Série C, o Leão enfrenta o Botafogo-PB no domingo (5), em João Pessoa, precisando vencer para reagir na competição.

García aplica drible “2 pra lá, 2 pra cá” e faz golaço

A torcida bicolor, em número decepcionante para as expectativas do jogo (7 mil pagantes), saiu frustrada do Mangueirão com o empate entre PSC e Botafogo-SP, no sábado à tarde. Mas, se o 1 a 1 no placar não inspirou comemorações, o golaço de Esli García foi digno de aplausos.

O confronto teve momentos eletrizantes, com oportunidades de gol para os dois lados. O problema é que os atacantes erraram muito. Por isso mesmo, o Papão sentiu demais a ausência do artilheiro Nicolas.

Aos 10 minutos, Schappo recuou perigosamente e Ruan Ribeiro teve a chance de marcar após disputar a bola com o goleiro. Aos 15′, Patrick Brey entrou livre na área e, quando ia chutar para o gol, foi abalroado por João Vieira. O árbitro mandou o jogo seguir, sem revisão de VAR.

Logo em seguida, Edinho invadiu a área botafoguense, driblou um marcador e chutou com muito perigo. Aos 24′, mais emoção: Quintana deu um carrinho para cortar o ataque fulminante do Botafogo, mas chutou contra o patrimônio. A bola bateu no poste direito e saiu.

Aos 30′ foi a vez de Carlos Maia cabecear na trave. No rebote, Leandro Vilela cabeceou novamente, mas Jean Victor evitou o gol. No finalzinho, Alex Sandro acertou a trave esquerda de Matheus Nogueira.

Logo aos 5 minutos do 2º tempo, o lateral Bryan Borges foi expulso. Como já havia recebido o amarelo, seu retorno para a etapa final foi uma temeridade. Esli García foi lançado no jogo, a pedido da torcida, e não decepcionou. Com ele, o Papão passou a ameaçar nos contra-ataques.

Aos 22′, a estrela do ponta venezuelano brilhou. Chamou os marcadores para dançar e mandou um chute por cobertura. A bola beijou o travessão e entrou. Um golaço, consagrando Esli junto à Fiel.

Aos 34’, em jogada rápida pela direita, o lateral Wallison cruzou na área e o atacante Toró se antecipou a Wanderson, batendo de primeira para empatar. Nos instantes finais, o PSC teve boa chance para marcar e o Bota quase desempatou em duas finalizações salvas pelo goleiro Matheus Nogueira.

O próximo compromisso será contra o Avaí, sexta-feira (5), na Curuzu.

Depois de décadas, Bota vence Fla sem erro de apito

Com arbitragem monitorada minuto a minuto, o Botafogo superou o Flamengo na manhã de domingo. No Maracanã cheio de rubro-negros, o time de Artur Jorge foi cirúrgico. Ofensivo e extremamente rápido, o Alvinegro venceu o clássico com gols de Luiz Henrique e Savarino.

John Textor não estava em campo, mas foi o personagem mais lembrado ontem. Suas denúncias contra a arbitragem brasileira geraram polêmica durante a semana e foram potencializadas pelo anúncio de que Rafael Claus seria “vigiado” em tempo real. Funcionou. O árbitro, useiro e vezeiro em atuações desastrosas contra o Fogão, esteve impecável.

O esquema 4-2-4 utilizado por Artur Jorge começa a engrenar, com vitórias seguidas e saldo de 10 gols em quatro jogos. Não é possível cravar se vai funcionar a longo prazo. Por enquanto, está ajudando a diminuir as desconfianças da torcida botafoguense.    

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 29)

Políticas sociais mudam a cabeça do povo?

Por Frei Betto

Minha resposta à pergunta acima é não. Em setenta anos de União Soviética, o povo foi beneficiado com direitos que o Ocidente ainda não conquistara. Homens e mulheres desempenhavam os mesmos trabalhos e tinham igual remuneração. Já na década de 1920, 600 mulheres ocupavam cargos similares ao de prefeita, enquanto na maioria dos países ocidentais elas nem tinham direito a voto. 
A União Soviética foi o primeiro país da Europa a apoiar direitos reprodutivos, em 1920. As mulheres detinham plena autoridade sobre seu corpo.[1] O ensino escolar era gratuito, inclusive a pós-graduação. Os estudantes recebiam do poder público livros didáticos e material escolar.[2] Também o sistema de saúde era inteiramente gratuito. O número de usuários de drogas era extremamente baixo e os poucos que conseguiam entorpecentes o faziam através de turistas que contrabandeavam para dentro do bloco.[3] Foram os soldados que ocuparam o Afeganistão, no fim da década de 1980, que infestaram de drogas os países do bloco soviético. 
Apesar de tudo, a União Soviética colapsou sem que fosse disparado um único tiro. O povo deu boas-vindas ao capitalismo. Hoje, a Rússia é um dos países onde a desigualdade social é mais alarmante.
O socialismo soviético não fez a cabeça do povo em prol de uma sociedade solidária. Do mesmo modo, o Estado de bem-estar social, predominante na Europa “cristã” até ruir o Muro de Berlim, não fez a cabeça do povo.
Antonio Candido dizia que a maior conquista do socialismo não se deu nos países que o adotaram, e sim na Europa Ocidental, onde o medo do comunismo levou a burguesia a ceder os anéis para não perder os dedos.
Findo o socialismo, a burguesia ergueu os punhos e revelou sua verdadeira face: prevalência dos privilégios do capital sobre os direitos humanos; repúdio aos refugiados; privatização dos serviços públicos; alinhamento à política belicista dos EUA. 

Governos do PT

O Brasil conheceu 13 anos de governos do PT que asseguraram à população de baixa renda vários benefícios: Bolsa Família; salário mínimo corrigido anualmente acima da inflação; Luz para Todos; Minha casa, Minha vida; Fies; cota nas universidades; redução drástica da miséria, da pobreza e do desemprego; aumento da escolaridade etc. 
No entanto, Dilma Rousseff foi derrubada sem que o povo fosse às ruas defender o governo. E Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. Em 2022, perdeu para Lula pela diferença de apenas 2 milhões de votos, de um total de 156 milhões de eleitores.

Freud e Chomsky

Segundo Freud, “a massa é extraordinariamente influenciável e crédula, é acrítica, o improvável não existe para ela. (…) Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exaltados. Ela não conhece dúvida nem incerteza. Vai prontamente a extremos; a suspeita exteriorizada se transforma de imediato em certeza indiscutível, um germe de antipatia se torna um ódio selvagem. Quem quiser influir, não necessita medir logicamente os argumentos; deve pintar com imagens mais fortes, exagerar e sempre repetir a mesma fala. (…) Ela respeita a força, e deixa-se influenciar apenas moderadamente pela bondade, que considera uma espécie de fraqueza. Exige de seus heróis fortaleza, até mesmo violência. Quer ser dominada e oprimida, quer temer os seus senhores. No fundo, inteiramente conservadora, tem profunda aversão a todos os progressos e inovações, e ilimitada reverência pela tradição.”[4]
Quem faz a cabeça do povo é o capitalismo, que exacerba nosso lado mais individualista e narcisista. E promove 24h por dia a deseducação da sociedade ao estimular o consumismo, a competitividade, a ambição de riqueza, o “salve-se quem puder”. 
Noam Chomsky[5] enumera os recursos do sistema para evitar a consciência crítica: o entretenimento constante (vide a programação de TV); disfarçar os abusos como necessidades, como o aumento das tarifas dos transportes (“Medidas que são, na verdade, prejudiciais à população por favorecer os interesses escondidos de uma minoria, passam a ser implantados como se fossem garantir benefícios em comum”); tratar o público como criança e manter a consciência infantilizada; fazer a emoção prevalecer sobre a razão; manter o público na ignorância e na mediocridade, como a linguagem cifrada utilizada nas matérias sobre economia; autoculpabilização (sou o único responsável por meu fracasso ou sucesso); convencer que a grande mídia sabe mais do que qualquer pessoa etc. São o que Chomsky denomina as “armas silenciosas para guerras tranquilas”. 
O PT governou por quatro vezes os municípios de Maricá (RJ) e Ipatinga (MG), assegurando grandes benefícios às suas populações. Em 2022, Bolsonaro venceu nos dois turnos nas duas cidades.
Isso significa que é real o risco de a direita voltar à presidência da República em 2026. Por mais benefícios que o governo Lula venha a garantir ao povo brasileiro. Qual é, então, a saída? Como evitar que isso venha a ocorrer?

Educação política

Só há uma alternativa: intenso e imenso trabalho de educação popular, pelo método Paulo Freire, utilizando dois recursos preciosos que o governo dispõe, a capilaridade e o sistema de comunicação. Capilaridade seria adotar a pedagogia paulofreiriana na formação dos agentes federais em contato com os segmentos mais vulneráveis da população, como saúde, IBGE, Embrapa etc. Por que não incluir no Bolsa Família, que atende mais de 21 milhões de famílias, uma terceira condicionalidade, além da escolaridade e da vacina? Seria a capacitação profissional. Além de propiciar qualificação aos beneficiários, de modo a que possam produzir a própria renda, as oficinas de capacitação seriam pelo método Paulo Freire. Mulheres que se inscreverem para se capacitarem em oficinas de culinária e costura, por exemplo, aprenderiam esses ofícios segundo o método que desperta consciência crítica.

A rede de comunicação do governo federal

O outro recurso é a EBC – Empresa Brasileira de Comunicação -, poderoso sistema de comunicação em mãos do governo federal, desde a “Voz do Brasil”, ouvida diariamente por 70 milhões de pessoas.
A TV Brasil, Canal 2, rede de televisão pública, conta com 50 afiliadas em 21 estados. Em 2021, ficou entre as 10 emissoras mais assistidas do país. O sistema de rádio EBC engloba 9 emissoras próprias em 2 estados e no Distrito Federal. A EBC dispõe do maior sistema de cobertura nacional de rádio, com 14 rádios afiliadas. A Rádio Nacional é uma rede de emissoras da EBC. É formada pelas seguintes emissoras: Rádio Nacional do Rio de Janeiro (alcance em todo o território nacional por transmissão via satélite); Rádio Nacional de Brasília; Nacional FM (Brasília); Rádio Nacional da Amazônia (sede em Brasília, mas programação voltada para a região Norte); Rádio Nacional do Alto Solimões (Tabatinga, AM); e as Rádios MEC e MEC FM (Rio de Janeiro).
A comunicação do governo federal dispõe ainda da Radioagência Nacional, agência de notícias que distribui áudios produzidos pelas emissoras próprias da EBC e emissoras parceiras. Segundo a estatal, mais de 4.500 emissoras de rádios utilizam os conteúdos da Radioagência. E a Agência Brasil, focada em atos e fatos relacionados a governo, Estado e cidadania, alcança 9,19 milhões de usuários por mês. 
Há ainda o Portal EBC, plataforma na internet que integra conteúdos dos veículos (Agência Brasil, Radioagência Nacional, Rádios EBC, TV Brasil, TV Brasil Internacional) da Empresa Brasil de Comunicação e da sociedade em um único local. 
A EBC, além de gerenciar as emissoras públicas federais, também é responsável pela formação da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). A RNCP visa estabelecer a cooperação técnica com as iniciativas pública e privada que explorem os serviços de radiodifusão pública. Atualmente, a rede conta com 38 emissoras espalhadas por todo o país.  
Dentro da política da RNCP, a EBC pode solicitar a qualquer tempo canais para execução de serviços de radiodifusão sonora (rádio FM), de sons e imagens (televisão) e retransmissão de televisão por ela própria ou por seus parceiros. São as chamadas Consignações da União. Atualmente, 13 veículos são operados dessa forma em todo o país: TV Brasil Maranhão, com o Instituto Federal do Maranhão; TV UFAL, com a Universidade Federal de Alagoas; TV UFPB, com a Universidade Federal da Paraíba; TV UFSC, com a Universidade Federal de Santa Catarina; TV Universidade, com a Universidade Federal do Mato Grosso; e TV Universitária, com a Universidade Federal de Roraima.
Imagina o leitor ou a leitora toda essa rede voltada para o despertar da consciência crítica do público. Basta para isso mudar a chave epistemológica, passar da lógica analógica, que apenas se foca nos efeitos dos problemas sociais, à lógica dialética, centrada nas causas dos problemas sociais. 
Quando vemos na TV campanhas em favor de quem tem fome, em geral aparecem indicações de locais de coleta de alimentos e doações de cestas básicas. Em nenhum momento o noticiário levanta as perguntas: por que há pessoas com fome? Por que não têm acesso aos alimentos? É natural que haja abastados e famintos? Como superar essa desigualdade? 
Há muito a fazer para conscientizar, organizar e mobilizar o povo brasileiro. Recursos existem. E há vontade política por parte de Lula e da Secretaria Geral da Presidência da República, monitorada pelo ministro Márcio Macedo. Faltam apenas maior empenho, produção de material para os veículos de comunicação social e verba para que o governo disponha de uma rede de educadores populares de, no mínimo, 50 mil pessoas!
       
Frei Betto é escritor e educador popular, autor de “Por uma educação crítica e participativa” (Rocco) e, com Paulo Freire, “Essa escola chamada vida” (Ática), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org 

[1] Abortion, Contraception, and Population Policy in the Soviet Union, David M. Heer.

[2] A Geography of Russia and its Neighbors”, do geógrafo Mikhail S. Blinnikov

[3] Arquivo da CIA: The USSR and Illicit Drugs: Facing Up to the Problem.

[4] Psicologia das massas e análise do eu, 1921.

[5] Mídia – propaganda política e manipulação, São Paulo, Martins Fontes, 2013

Leão sofre segunda derrota e vai repetindo má campanha de 2023

POR GERSON NOGUEIRA

O Athletic não tomou conhecimento do Remo e meteu 3 a 1, na noite deste sábado, em São João Del Rei (MG), pela segunda rodada da Série C 2024. Os gols do Esquadrão de Aço foram marcados por Jonathan, David Braga e Robinho. O Remo diminuiu com Sillas. Com o resultado, o Leão fica na vice-lanterna da competição e o Athletic se consolida na liderança, com 6 pontos.

A primeira etapa foi amplamente favorável ao time da casa, que ameaçou logo aos 10 minutos, em boa investida de Jonathas, que cabeceou com perigo. Aos 16′, o artilheiro não perdoou: livre de marcação, foi lançado na pequena área e só teve o trabalho de tocar para as redes.

O Remo reproduzia a má atuação do início do jogo com o Volta Redonda e não conseguia ameaçar o gol adversário. Quando chegou ao gol, com Ribamar, o lance foi anulado por impedimento. Nos instantes finais, o Athletic levou muito mais perigo e quase ampliou o placar.

Na etapa final, o Remo voltou mais agressivo e esteve perto do empate, aos 3 minutos. Marco Antônio bateu forte da entrada da área. A resposta do Athletic foi imediata e contundente. Aos 6′, um contra-ataque puxado por David pegou a zaga azulina desorganizada. Torrão foi acionado e cruzou para Braga finalizar, de cabeça, marcando 2 a 0. Fácil, extremamente fácil.

Em busca de uma reação, o Remo conseguiu diminuir aos 26′. Sillas, que havia entrado na segunda etapa, recebeu passe na área e anotou o gol azulino. Animado, o Leão foi à frente e quase empatou. Aos 36′, o Athletic marcou o terceiro, com Robinho, que bateu da entrada da área. A boa desviou na zaga e morreu nas redes. Marco Antônio foi expulso e deixou o Remo ainda mais enfraquecido na reta final da partida.

O próximo compromisso do Leão será no domingo (5), às 17h, contra o Botafogo-PB, em João Pessoa.

Esli García faz golaço, mas Papão fica no empate com o Botafogo-SP

POR GERSON NOGUEIRA

Em jogo eletrizante com o Botafogo-SP, o Paysandu não conseguiu a sonhada vitória diante da torcida no Mangueirão. O placar final de 1 a 1 retrata o equilíbrio reinante na partida. O 1º tempo foi rico em chances de gols para os dois lados e pródigo em erros de finalização. Logo aos 10 minutos, Schappo recuou perigosamente e Ruan Ribeiro quase marcou para o Papão após disputar a bola com o guardião.

Aos 15′, Patrick Brey entrou livre na área e foi derrubado por João Vieira, mas o árbitro mandou o jogo seguir, sem revisão de VAR, apesar dos protestos do time visitante. No instante seguinte, Edinho invadiu a área, driblou o zagueiro do Botafogo e chutou com muito perigo.

Alex Sandro quase marcou para o Botafogo-SP no primeiro tempo

Alex Sandro quase marcou para o Botafogo-SP (Foto: Luís Carlos/Agência Botafogo)

Aos 24′, Quintana deu um carrinho para cortar um ataque rápido do Botafogo, mas chutou a bola contra o patrimônio. A bola bateu no poste direito e saiu, assustando a torcida. Aos 30′, o volante Carlos Maia cabeceou na trave e, no rebote, Leandro Vilela cabeceou novamente, mas Jean Victor evitou o gol. No finalzinho, Alex Sandro caiu pela direita e acertou a trave alviceleste.

A segunda etapa começou com má notícia para os bicolores. Aos 5 minutos, o lateral Bryan Borges foi expulso. Com Esli García em campo, o Papão passou a explorar os contra-ataques. Aos 22′, a estrela do venezuelano brilhou. Ele driblou os marcadores, e mandou um chute por cobertura. A bola tocou no travessão e entrou. Um golaço.

O Botafogo voltou a pressionar e, aos 33′, chegou ao empate. O lateral Wallison cruzou bola na área e o atacante Toró se antecipou aos zagueiros e igualou o marcador. Nos minutos finais, o PSC teve uma boa chance e o Bota quase desempata em duas chegadas perigosas, salvas pelo goleiro Matheus Nogueira.

Na próxima sexta-feira, no Mangueirão, o PSC enfrenta o Avaí, às 19h. 

Dupla Re-Pa pressionada a vencer

POR GERSON NOGUEIRA

PSC e Remo foram derrotados na abertura do Campeonato Brasileiro. Na Série B, o Papão perdeu para o Santos, na Vila Belmiro. Na Série C, o Leão frustrou sua torcida ao cair dentro de casa para o Volta Redonda. Neste sábado, 27, ambos têm a missão de resgatar a confiança de suas torcidas. Os bicolores recebem o Botafogo-SP no Mangueirão, às 17h. Os remistas enfrentam o Athletic em São João Del Rey (MG), às 19h30.

São dois jogos com diferentes graus de dificuldades. Em Belém, com apoio da torcida, o PSC entra como favorito e tem grandes chances de conquistar sua primeira vitória. O resultado negativo diante do Santos não parece ter abalado a confiança dos torcedores. A atuação no 1º tempo deixou impressão positiva, apesar da tristeza com o resultado final.

Sem grandes investimentos em reforços, o Botafogo genérico empatou em casa na estreia, confirmando a imagem de time montado para brigar no bloco intermediário. Reativo, com forte marcação e exploração do jogo aéreo, o Bota é uma síntese de quase todos os participantes da Série B.

Na equipe, pelo menos seis jogadores conhecidos do futebol paraense: Patrick Brey, Fabio Sanches, Victor Souza e Robinho, todos com passagem pelo PSC, além de Alex Sandro e Gustavo Bochecha, ex-azulinos.

O Papão deve utilizar o meia Biel no lugar de Robinho, que saiu lesionado do jogo contra o Santos. Uma troca que pode tornar o time mais rápido na saída, embora sem a mesma qualidade de passe no meio. A grande dúvida é Nicolas, artilheiro e principal referência ofensiva, que não participou dos últimos treinos da equipe.

Já o Remo de Gustavo Morínigo tem um compromisso mais desafiador. Terá pela frente um adversário motivado pela excelente estreia – goleou o Caxias, fora de casa, por 4 a 0 – e com bom histórico na temporada. O Athletic tem gestão SAF, investe em jogadores bons e baratos. Roger é o técnico desde 2022.

O Leão sucumbiu às mudanças de última hora contra o Volta Redonda e deu as costas a um entrosamento que vinha sendo construído desde a chegada do novo técnico. As apresentações nos clássicos com o PSC revelaram um time ajustado e em evolução.

Tudo isso caiu por terra logo na estreia do Brasileiro. As circunstâncias do duelo com o Voltaço fizeram a torcida azulina voltar a conviver com o fantasma de 2023, quando o Remo perdeu as quatro primeiras partidas e teve que passar o campeonato em busca de recuperação. O confronto de hoje é uma chance de conquistar a confiança da torcida.

Pela recuperação, Leão pode entrar mais ofensivo

O técnico Gustavo Morínigo foi o principal alvo das críticas pela má estreia do Remo no Brasileiro. Foi dele a ideia bizarra de mexer nos três setores do time, lançando jogadores estreantes, além de jogar sem um centroavante de ofício. Com isso, desmontou o sistema utilizado até então.

É improvável que, depois da repercussão negativa, ele faça novas experiências na formação titular. Pelos treinos, ficou claro que o meio-de-campo deverá entrar com Jaderson, Pavani e Mateus Anjos. Para compensar a vulnerabilidade, pode desenvolver um jogo de imposição técnica.

Para o ataque, é quase certa a escalação do trio Kelvin, Ribamar e Ronald, que deve como sempre exercer o papel de suporte na marcação quando o Remo não estiver no ataque.

Além das críticas da torcida, as cobranças da diretoria devem ter pesado na decisão de Morínigo. A essa altura, só uma vitória devolve o clima de otimismo que cercava o time para a disputa da Série C.  

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a participação paraense nas séries B, C e D. A edição é de Lourdes Cezar.

Rádio Clube 96 anos: presença viva no mundo

É fato que a história da Rádio Clube do Pará é uma das mais marcantes e bonitas da comunicação brasileira. Fundada por Edgar Proença há 96 anos, a emissora nasceu pioneira na Amazônia carente de uma imprensa que fosse além dos limites da capital Belém.

Os jornais impressos eram fortes à época, mas não tinham uma logística de distribuição que permitisse cumprir o papel de cobrir um Estado continental como o Pará.  

Edgar Proença e a sua PRC-5 chegaram justamente para desempenhar o papel histórico de levar jornalismo e entretenimento a um Estado carente de notícias. Na minha infância em Baião, nos anos 60, não havia TV e os jornais chegavam apenas uma vez por semana.

Presença diária e contínua só mesmo a da Rádio Clube. Gerações se habituaram à familiaridade afetiva que o rádio impõe através das vozes de locutores, repórteres e comentaristas.

Aprendia-se a entender o mundo pelas vozes de Edyr Proença, Claudio Guimarães, Osmar Simões, Carlos Estácio, Bellard Pereira, Gandur Zaire Filho, Guilherme Jarbas, Edgar Augusto.

O mundo mudou, ficou mais acessível com a abrangência avassaladora da internet, mas o rádio permanece vivo, invencível e sempre mais forte. Exatamente como Edgar e seus intrépidos sócios acreditavam.

As evoluções do tempo fizeram com que a “voz que canta e fala para a planície” ficasse mais poderosa, passando a se comunicar com mais gente e chegando cada vez mais longe.

Vida longa à Rádio Clube!

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 27/28)

Golpe: documentos revelam métodos de sabotadores em ataques contra torres de energia

No total, entre os primeiros ataques, no dia 8 de janeiro e o dia 31, foram 24 torres avariadas em 14 diferentes locais

Da Agência Sportlight

Eram 21h30 quando uma torre de energia tombou em Cujubim, Rondônia. O segundo ataque veio logo depois.

Brasília ainda ardia sob a fúria dos atos golpistas que atacaram Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal quando, 0h13 em ponto, exatas duas horas e quarenta e três minutos depois da primeira, desabou a segunda torre em Medianeira, Paraná. 0h40, num espaço de três horas e dez minutos entre as três, foi ao chão a terceira. Em Rolim de Moura, também Rondônia, a cerca de 380 quilômetros de Cujubim.

O documento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que relata os acontecimentos dos ataques as linhas de transmissão de energia do Brasil em janeiro de 2023, obtido pela reportagem através da Lei de Acesso à Informação, é definitivo:

“Sabotagem. Atuação ou tentativa criminosa”. Define como “ações criminosas”. E completa: “não foram registradas condições climáticas adversas que possam ter causado queda das torres”.

No total, entre os primeiros ataques, no dia 8 de janeiro e o dia 31, foram 24 torres avariadas em 14 diferentes locais, espalhados por seis estados: Rondônia (4 locais), Paraná (4), São Paulo (3), Mato Grosso (1), Piaui (1) e Pará (1). Quatro foram ao chão, sendo que 3 em Rondônia e uma no Paraná. As três atacadas em 8 de janeiro ao longo da noite e madrugada, (duas em Rondônia e uma no Paraná) foram ao chão. O laudo de todas define como  sabotagem.

Em todos os casos, ocorreu a repetição sistemática de um conjunto de ações: todos os parafusos da base das torres foram retirados, “ficando a torre sem sustentação, possibilitando a queda”. Além dos parafusos, foram cortados também os cabos de sustentação.

Em resumo: existiu um modus operandi. Um método repetido que uniu todas as ações. Mais do que isso: uma organização, planejamento e pessoas com treinamento para tal operação realizada de forma sistematizada.

“É preciso não perder de vista jamais que o caso das torres derrubadas começam no mesmo dia, quase simultaneamente, exatamente horas depois do início dos eventos golpistas de Brasília, ao anoitecer. O que pode ser entendido como parte de um mesmo plano. Dentro desse plano, Brasília já estaria tomada pelos golpistas no executivo, judiciário e legislativo, e problemas em série com a rede de energia trariam de vez o caos ao país. Restaria a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o poder transferido para o exército. E o governo estaria entregue. Hoje sabemos que esse era o plano”, resume um servidor envolvido na apuração dos episódios do 8 de janeiro e que pediu para não se identificar.

O histórico anual de ocorrências em torres de energia também afasta a hipótese do acaso. De acordo com a ANEEL, o ano de 2023 representa um recorde. Mais especificamente janeiro de 2023, mês em que as ações se concentraram. Para se ter uma ideia através de termos comparativos, 2019 inteiro fechou com dois registros de vandalismo em torres. Menos do que o 8 de janeiro de 2023.

Esquecido no noticiário sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, jamais citado como objeto da investigação em curso sobre , sem nenhuma prisão ou operação específica, o episódio dos ataques às torres de energia foram e requerem, no entanto, tanta complexidade ou mais, logística, verbas e expertise do que os próprios eventos de 8 de janeiro ocorridos em Brasília.

Coisa de especialista.

Em relação aos episódios de Brasília, as investigações caminham para uma direção. Em relação aos ataques contra as torres, os caminhos e os relatórios da ANEEL mostram também alto grau de profissionalismo.

OS KIDS PRETOS EM AÇÃO

Em junho de 2022, o repórter Allan de Abreu publicou a reportagem “Os Kids Pretos – O papel da elite de combate do Exército nas maquinações golpistas”, na revista Piaui, onde, pela primeira vez, era citada a participação efetiva de militares da forças especiais, os chamados “kids pretos”, na tentativa de golpe de 8 de janeiro. Na ocasião, a reportagem mostrou que o nível de organização das ações na capital demandava profissionais capacitados.

E os profissionais no exército capacitados para tal, treinados em operações especiais, eram os kids pretos, círculo de oficiais que formavam o ciclo mais próximo a Jair Bolsonaro. Os kids pretos são treinados em ações de sabotagem e incentivo à insurgência popular, as chamadas “operações de guerra irregular”.

As fotos abaixo, todas constantes do relatório da Aneel sobre os ataques, mostram as distintas sabotagens, como retiradas de parafusos estratégicos na base, corte de cabos também da base e retirada de hastes de sustentação. Desde o início das investigações sobre os atos golpistas, duas operações especificamente voltadas para a participação e organização dos kids pretos já foram realizadas pela Polícia Federal.

Em 29 de setembro de 2023, a PF realizou mais uma etapa, a 18ª, da “Operação Lesa Pátria”, nome da investigação que apura financiadores, participantes e organizadores dos atos golpistas. A operação foi voltada especificamente para cumprir um mandado de busca e apreensão contra o general da reserva Ridauto Lucio Fernandes, um “kids preto”, que chegou a gravar vídeo da própria participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.

 “A nova fase da Lesa Pátria faz parte de uma frente da investigação que busca identificar supostos integrantes das Forças Especiais do Exército, os chamados “kid pretos”, que teriam dado início às invasões às sedes dos Três Poderes”, comunicou então a Polícia Federal.

Já em 8 de fevereiro de 2024, foi deflagrada a “Operação Tempus Veritatis” da Polícia Federal, para apurar os crimes de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito por membros do governo de Jair Bolsonaro, apontou que integrantes das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, estiveram envolvidos em um “planejamento minucioso” para impedir a posse de Lula na presidência da República.

De acordo com a PF, “houve planejamento minucioso de kids pretos do exército para a consumação do golpe de estado”. O plano envolveu uma reunião em novembro de 2022 com oficiais especializados em ações contra terrorismo, insurgência e guerrilha. Os “kids pretos” seriam os responsáveis por realizar as prisões de autoridades após a edição de um decreto de intervenção militar. Entre os alvos estaria o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que chegou a ser monitorado pelos investigados.

Os detalhes do plano foram relatados em mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fechou colaboração premiada com a Polícia Federal.

OUTRO LADO

A reportagem enviou para a Polícia Federal um pedido oficial de resposta sobre as investigações específicas sobre o ataque às torres, mas não recebeu resposta.

Rock na madrugada – Echo & The Bunnymen, “I Want to be There”

POR GERSON NOGUEIRA

O Echo & the Bunnymen nasceu em 1978, em Liverpool. A origem remete naturalmente aos Beatles, mas Ian McCulloch e seus amigos seguiram uma trajetória bem diferente, trilhando as asas do pós-punk e sem o estouro que marcou a banda de Lennon & McCartney. Junto com Ian, a formação original tinha o excepcional guitarrista Will Sergeant e o baixista Les Pattinson. Dois anos depois, o baterista Pete de Freitas uniu-se a eles.

A escolha do nome estranho vem de uma caixa de ritmos chamada Echo e de um apelido que tinham no começo, Bunnymen. O terceiro álbum, Porcupine, soa até hoje como uma espécie de autobiografia musical do grupo. Era 1983 e eles excursionaram pela Europa, tocando em lugares de primeira linha, como o Royal Albert Hall, em Londres. 

Um ano depois, veio o álbum Ocean Rain, gravado em Paris e em Liverpool, e produzido em parte pelos próprios músicos do Echo. Com a sonoridade amadurecida e canções mais acessíveis, sem a complexidade das primeiras letras de McCulloch.

O Echo acabou oficialmente em 88. Em 89, Pete de Freitas morreu num acidente de moto. Ian McCulloch seguiu carreira solo e lançou dois discos – Candleland (89) e Mysterio (92). Depois de vários altos e baixos, Will e Ian resolveram formar o Electrafixion, dessa vez com guitarras mais pesadas e vocal mais agressivo.

Em 97, a banda anunciou o retorno, com shows e boa presença nas paradas, com hits como “I Want to be There”, do álbum Evergreen. A banda segue na ativa, embora o último trabalho de estúdio tenha sido Meteorites, disco de 2014.

Mais sangue e vigor na marcação

POR GERSON NOGUEIRA

Com pelo menos oito volantes no elenco, o PSC apresentou ontem um novo reforço para o setor: Wesley Fraga, de 27 anos, ex-jogador da Ponte Preta, chega para brigar por uma das vagas na meia-cancha bicolor. As atuações pouco convincentes de jogadores como Gabriel Bispo e Val Soares abrem espaço para quem está chegando com gana e promessa de comprometimento.

Na entrevista, Wesley demonstrou empolgação e vontade de emplacar. Disse que veste a camisa de verdade, “a ponto de dar o sangue pelo clube, se for preciso”. Torcedor adora esses rompantes, mesmo que muitas vezes as palavras não se concretizem.

Apresentação de atletas virou um evento protocolar, com poucas variações de script, mas de vez em quando surgem novidades, com declarações surpreendentes, como a de Wesley.

O fato é que o PSC precisa reforçar a marcação, responsável em muitos momentos por situações que comprometem boas atuações, como aconteceu na estreia do time na Série B, sábado, contra o Santos. O Papão foi bem no 1º tempo, mas tomou dois gols na etapa final em função de falhas de Gabriel Bispo e dos demais envolvidos na marcação.

Para alcançar a meta estabelecida inicialmente para a competição: acumular 45 pontos para se tranquilizar e, a partir daí, buscar o sonhado acesso à Série A. Pelas características da Série B, jogadores que atuam à frente da zaga são fundamentais e muitas vezes decisivos para a conquista de bons resultados.  

Vigor físico e intensidade são requisitos básicos para quem pratica futebol, mas são itens obrigatórios para volantes. Na Série B, nenhum time se consolida sem contar com bons marcadores, capazes de dar combate e também distribuir passes na saída para o ataque.

Wesley chega para suprir as necessidades e para dar mais consistência ao setor. Um nome forte para cuidar da marcação, provavelmente ao lado de Leandro Vilela ou João Vieira. A estreia pode ocorrer já neste sábado (27), contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no Mangueirão.

Águia x S. Paulo pode ter renda de R$ 2,5 milhões

O Águia abriu ontem a venda de ingressos para o confronto com o São Paulo no sistema on-line e no modo presencial, e o sucesso foi instantâneo. Duas horas depois já tinham sido comercializados mais de 5 mil ingressos – mais do que a capacidade de público do estádio Zinho Oliveira, onde o time manda normalmente suas partidas.

As vendas aquecidas mostram o acerto da decisão da diretoria, que decidiu apostar no amor que a torcida paraense tem pelos grandes espetáculos de futebol. Havia inicialmente o receio de que os preços podiam afastar o público: arquibancadas (lados A e B), R$ 70,00; cadeira (lado B), R$ 140,00; cadeira visitante (lado A), R$ 140,00. Ledo engano, como se vê.

Válida pela 3ª fase da Copa do Brasil, a partida contra o atual campeão da Copa do Brasil será na quinta-feira, 2 de maio, às 19h30, no estádio Jornalista Edgar Proença. Caso sejam vendidos 35 mil ingressos, a arrecadação pode alcançar R$ 2,5 milhões.

O jogo Remo x Corinthians, pela Copa do Brasil 2023, registrou um público pagante de 38.034 pessoas, com renda de R$ 2.958.440,00.

Um paraense brilha como artilheiro na Tailândia

A cinco rodadas do término do Campeonato Tailandês, o Chonburi ocupa o 14º lugar, com 26 pontos, e tem grandes chances de permanência na primeira divisão. No total, 16 equipes disputam a competição e os últimos três são rebaixados. Um paraense de Altamira é o grande nome do Chonburi: Willian Lira, 30 anos, é o artilheiro do time com 14 gols, dois gols atrás do líder na tábua de goleadores.

Com a temporada chegando na reta decisiva, Willian Lira manifesta a intenção de seguir como referência do Chonburi para permanecer na elite tailandesa. “Se continuar fazendo gols, estarei consequentemente ajudando o time a conquistar os resultados que precisamos para a permanência. O objetivo principal é manter o time na primeira divisão, mas tenho também o desejo de buscar a artilharia da competição”, diz o centroavante.

Outro ponto que merece destaque é que Willian atuou em todas as partidas do Chonburi. “É sempre importante ter essa sequência. Não me lesionei e espero seguir assim nessas cinco partidas restantes. Quero fechar a temporada com chave de ouro, entrando em campo nas 30 rodadas, disputando a artilharia e sendo importante para a permanência do Chonburi”, avalia o paraense, que partiu muito cedo de Altamira para brilhar lá fora.

Um entre vários que optaram por não perder tempo nos times de Belém, onde as oportunidades de aproveitamento e sucesso são escassas.

STF mantém suspense sobre situação de Ednaldo

A permanência ou não de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF será decidida pelo Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas. Uma extensa lista de processos fez o plenário da Corte adiar, ontem, sem data definida, o julgamento. Os ministros do STF iriam decidir se mantinham ou derrubavam a liminar que reconduziu o dirigente ao comando da entidade, concedida por Gilmar Mendes, que não compareceu à sessão.

Outro ponto que seria decidido pelo STF é se é válida ou não a determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que afastou Ednaldo do cargo em dezembro de 2023. Caso a liminar fosse derrubada, seriam convocadas novas eleições. Por enquanto, Ednaldo pode cumprir o mandato até o fim de 2026.

Caso o baiano seja impedido de continuar, a CBF terá que realizar novas eleições ainda neste ano. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 25)