Leão supera Lusa e se classifica para a final do Parazão

Com gols de Ytalo e Jaderson, o Remo derrotou a Tuna neste domingo no Mangueirão e garantiu presença na grande final do Campeonato Paraense. O resultado define o clássico Re-Pa em mais uma decisão estadual. A atuação dos azulinos no primeiro tempo foi cheia de erros e pouca ofensividade, o que gerou vaias da torcida no intervalo. A Tuna forçou os cruzamentos, mas a defesa azulina se safou bem.

Na etapa final, a Tuna aumentou a pressão, tentando ocupar o campo de defesa do Remo, mas a postura de Pavani, Sillas e Jaderson melhorou, depois dos erros e da lentidão do primeiro tempo. Ytalo, substituto de Ribamar no comando, deu nova dinâmica ao ataque, principalmente a partir dos 20 minutos.

Com Ronald substituindo Kelvin e Echaporã no lugar de Sillas, o Remo passou a jogar em velocidade, explorando os espaços na zaga tunante. Aos 25 minutos, Echaporã entrou na área e finalizou à meia altura. O goleiro Iago Hass defendeu com a ponta dos dedos.

Aos 34′, Ronald foi lançado na esquerda e cruzou na medida para Ytalo, que testou para as redes. Foi o terceiro gol do camisa 9 nos últimos três jogos. O gol aliviou a tensão entre os remistas, que passaram a envolver o meio-campo tunante com passes rápidos e lançamentos em profundidade. Logo em seguida, Ronald deu uma assistência preciosa para Ytalo, que chutou forte, mas o goleiro tunante conseguiu espalmar.

Aos 37′, em saída rápida, o atacante Pedro Vítor lançou Jaderson, que dominou e bateu rasteiro, sem chances para o goleiro Iago Hass. Aos 49′, Henrique invadiu a área e disparou em direção ao gol. O goleiro evitou o gol, mas após a finalização o volante pisou de forma não intencional no braço do lateral Wander, que saiu de campo com suspeita de fissura na clavícula.

Remo e Paysandu irão duelar quatro vezes em abril, pela Copa Verde e pelo Parazão. Na quarta-feira, 3, jogam pela semifinal do torneio. A volta será no dia 10. Ainda não há definição quanto às datas da decisão do Campeonato Paraense.

O menino que carregava água na peneira

Manoel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.

Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

Rock na madrugada – Pearl Jam, “Come Back”

POR GERSON NOGUEIRA

E os dias não passam, yeah/ Eu espero todas as noites / Por uma possibilidade real de encontrar você em meus sonhos / Às vezes você está lá e está falando comigo.

Chega a manhã e eu posso jurar que você está ao meu lado. E está tudo bem. Está tudo bem, está tudo bem. Eu estarei aqui. Volte, volte. Eu estarei aqui.

Registro de estúdio da canção que o Pearl Jam gravou em homenagem póstuma a Johnny, Dee Dee e Joey Ramone, dos Ramones. Eddie Vedder transformou em versos a saudade e o sentimento de perda. Já no auge do sucesso com o PJ, o cantor veio acompanhando os Ramones a um show em São Paulo, recordando os tempos de roadie da banda punk nova-iorquina.

A música entrou no famoso “disco do Abacate” (‘Pearl Jam’, 2006). Foi composta após a morte de Johnny Ramone, ídolo e um dos mentores de Vedder. Ele revelou que iniciou a compor a canção quando voltava do funeral do amigo. Nos shows, ele dedica “Come Back” a todos os Ramones mortos. A música ganhou novo apelo sentimental após a perda de Chris Cornell, em 2017, outro grande amigo dos músicos do Pearl Jam.

Papão massacra o Águia e se classifica para a final do Parazão

Foi uma exibição impecável do Paysandu, dominando a partida do começo ao fim. A goleada de 4 a 0 sobre o Águia, neste sábado à tarde, na Curuzu, classificou o time para a decisão do título estadual. Agora, o Papão vai aguardar o outro finalista, que sai da semifinal entre Remo e Tuna (jogam neste domingo, no Mangueirão). Os gols foram marcados por Leandro Vilela, Lucas Maia, Nicolas e Carlão. Dominado completamente na partida, o Águia não mostrou força de reação e agora vai disputar a semifinal da Copa Grão Pará.

O primeiro gol surgiu logo aos 8 minutos. Em jogada ensaiada, Jean Dias cobrou falta dando um passe para Leandro Vilela, que driblou um marcador e chutou por cobertura, sem chances para Axel Lopes. O Papão continuou controlando a partida, perdeu duas boas chances, enquanto o Águia não se retraía. Aos 42′, Edinho cobrou falta e Lucas Maia desviou para as redes. PSC 2 a 0.

Depois do intervalo, o PSC manteve a ofensividade e teve um pênalti marcado. Em disputa de bola, o árbitro apontou falta de Alan Maia em Edilson. Nicolas cobrou e converteu. Aos 21 minutos, Robinho avançou pela esquerda e cruzou na grande área para Carlão cabecear e definir o placar: PSC 4 a 0.

Classificação do Parazão

Paysandu – 30
Remo – 23
Tuna e Águia – 19
São Francisco e Caeté – 12
Santa Rosa – 11
Bragantino e Cametá – 9
Castanhal – 6
Tapajós – 5
Canaã – 4

Jogos realizados – 59
Gols Marcados – 128

Artilheiros
Nícolas (Paysandu) – 10 gols

Chula (Tuna) – 6 gols

Biel (Paysandu), Gilleard (Bragantino) e Braga (Águia) – 4 gols

Dedé e Gabriel Furtado (Tuna), Camilo, Echaporã e Ytalo (Remo) – 3 gols

Marco Antônio, Ícaro e Sillas (Remo), Esli Garcia (Paysandu), Pedrinho, Leandro Cearense e Jayme (Tuna), Iuri Tanque (Águia), Filipe Eduardo (Cametá), Mariano (Tapajós), Pétt, Fidélis e Alê (Caeté), João Victor e Gedoz (Castanhal), Flávio (Santa Rosa), Edgo (São Francisco) e Edicleber (Bragantino) – 2 gols

Jáderson, Henrique, Felipinho e Nathan (Remo), Bryan Borges, Juninho, Jean Dias, Leandro Vilela, Lucas Maia e Carlão (Paysandu), Raylson, Maranhão, Ronny e Solano (Caeté), Pedrão, Balotelli, Magnum, Luan Batoré e Bruno (Cametá), Matheus, Paulinho, Magno e Carlos Maia (Castanhal), Kaike, Davi Cruz, Elielton e Bruno Limão (Águia), Nilson Gomes, Elizeu e Jaquinha (Tapajós), Wesley e Luquinha (Tuna), Charles e Matheus Ceará (Bragantino), André Rosa, John Kennedy, Ruan Café, Renan, Bruno Costa e Negueba (São Francisco), Felipe Vigia e Diego Macedo (Santa Rosa), Marudá, Joel, Derlan e Zé Paulo (Canaã), Pietro-contra (Canaã), Matheus-contra (Canaã) e Marlon-contra (Tuna) – 1 gol cada

Parazão precisa de choque de realidade

POR GERSON NOGUEIRA

O Campeonato Paraense de 2024 reunia todas as condições estruturais para ser uma competição marcante e diferente das anteriores. Trata-se da primeira grande disputa estadual no pós-pandemia, turbinada pelo estádio Jornalista Edgar Proença, o novo Mangueirão, equipamento que tanta falta fez nos últimos três anos. Apesar dessa imensa contribuição por parte do Governo do Estado, o torneio infelizmente não conseguiu empolgar a massa. Há necessidade de um choque de realidade.

Nem mesmo a fase semifinal, normalmente empolgante, incendiou as torcidas. A expectativa é de que isso venha a acontecer com os jogos deste fim de semana, entre Paysandu x Águia (Curuzu, neste sábado) e Remo x Tuna (Mangueirão, domingo), que devem reunir grandes públicos.

No meio da semana, os jogos não empolgaram as torcidas. Compareceram cerca de 3 mil espectadores em Marabá e 11 mil no Mangueirão, muito abaixo – principalmente em Belém – do esperado.

O fato é que as finais do Parazão têm agora a missão de dar à competição tintas mais animadas. A fase de classificação arrastou-se por nove rodadas sem maior envolvimento das torcidas, pelo excessivo número de times que levam a jogos cada vez mais ruins. O eixo do problema está justamente aí.

Nem mesmo o esperado clássico Re-Pa conseguiu agitar as torcidas. Ficou devendo muito quanto à qualidade do jogo. Os times ainda buscavam se arrumar e o resultado final expressou bem isso. Além disso, era o típico jogo que não valia nada, o que normalmente espanta público.

Esse desânimo inicial ameaçou comprometer a competição e os jogos das semifinais e da decisão têm a imensa responsabilidade de salvar a lavoura. Quando comparado a um torneio como a Copa Verde, o sistema de disputa do Parazão mostra-se ainda mais desinteressante.

É um sinal importante quanto à necessidade urgente de formatação de um campeonato mais atraente, desafio que deve envolver a Federação Paraense de Futebol e os principais clubes. O confronto contra os times amazonenses pelas quartas de final da CV mexeu muito mais com as emoções do torcedor do que qualquer outra etapa do certame estadual.

Com elencos reforçados para as competições nacionais, a dupla Re-Pa deu sua contribuição para elevar o nível geral, bem secundada por Águia e Tuna, mas ficou nisso. Os demais clubes não conseguem acompanhar o processo evolutivo, a começar pela falta de estádios adequados, o que subverte o conceito de estadualização do campeonato.

Não se pode esquecer que o alto investimento do Estado com as vultosas verbas de patrocínio requer contrapartida, praticamente negada no atual formato da competição. Para piorar, a inversão de mando dos jogos quebrou um dos pilares fundamentais do convênio com o governo.

Com o absurdo de 12 participantes atuais, um inchaço inaceitável mantido desde a pandemia, a evolução técnica fica comprometida e a competição se autossabota. Algo precisa ser feito, e já.

Leão e Lusa duelam pela última vaga na final  

Com mudanças na defesa e provavelmente no ataque, o Remo tenta neste domingo (31) superar a Tuna sem depender da vantagem do empate. Com previsão de estádio Mangueirão cheio, o time terá que jogar em conexão com a torcida, o que naturalmente conduz a um sistema ofensivo.

A Tuna, que saiu na frente no clássico de quinta-feira, ajusta suas linhas para brigar pela vitória, único resultado que lhe favorece na briga para chegar à decisão do campeonato. O retorno de Leandro Cearense, livre da suspensão automática, é um reforço e tanto para o ataque.

Nos outros setores, o técnico Júlio César Nunes não deve mexer, até pela limitação de alternativas. Gabriel Furtado deve ser o jogador mais avançado pelos lados, a fim de puxar contra-ataques. No meio, Renan e Germano são os responsáveis pela marcação e a criação de jogadas.

No Leão, a perda do zagueiro Ligger por contusão obriga o técnico Gustavo Morínigo a uma alteração na composição da defesa. Bruno Bispo vai formar a dupla central com Jonilson. Outra mexida deve ocorrer no ataque com a entrada de Kelvin ou Marco Antônio no lugar de Echaporã.

A atuação desleixada do 1º tempo deixou Morínigo de orelha em pé, principalmente pela repetição de erros expostos diante do Amazonas, em Manaus. Apesar de evidenciar poder de reação, os desajustes no meio-de-campo forçam uma mudança de postura.  

Os sinais de desgaste físico da Tuna nos 30 minutos finais devem tornar o Remo mais agressivo desde os primeiros minutos, a fim de impor presença no campo inimigo e sufocar avanços pelos lados. Para isso, o quarteto de meio – Henrique, Jaderson, Matheus e Silas – precisa estar mais conectado.

Bola na Torre

Com apresentação de Guilherme Guerreiro, o programa vai ao ar às 22h, na RBATV, ao vivo, com as participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a definição dos finalistas do Parazão e as projeções para as semifinais da Copa Verde. A edição é de Lourdes Cezar.

Troféu Camisa 13 entra na fase de afunilamento

Últimas semanas para a definição dos premiados com o Troféu Camisa 13/RBATV da temporada. Na terça-feira, 2, às 6h30, sai a segunda parcial de votação, com divulgação dos melhores na opinião da torcida, com sorteio de muitos prêmios para o técnico torcedor. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 30/31)

Rock na madrugada – Hole, “Malibu”

POR GERSON NOGUEIRA

Grande e subestimada canção do também subestimado Hole, de Courtney Love. Cativante no sentido amplo – melodia, letra, refrão, vocais irregulares e uma linha de baixo irresistível -, “Malibu” foi um hit instantâneo e marcante do rock nos estertores dos anos 90. A má vontade de boa parte da crítica em relação à polêmica Courtney não impediu que a banda construísse uma trajetória bem sucedida desde então.

Billy Corgan (Smashing Pupkins) e Courtney Love são os responsáveis, com luxuosa colaboração de Melissa Auf Der Maur no baixo e no backing vocal – e de quebra emprestando charme ao clipe oficial. Samantha Maloney, baterista do Hole à época, estranhamente não dá as caras no vídeo.

O Hole surgiu em 1989 no circuito alternativo de Los Angeles, com Courtney Love e Eric Erlandson (guitarrista) como fundadores. Algumas formações foram testadas, mas a que durou mais tempo e com melhores resultados foi a que tinha Patty Schemel na bateria e Melissa Auf der Maur no baixo.

Em outubro de 1991, Courtney começou a namorar Kurt Cobain e o Hole engatou uma turnê pela Europa. Com o estouro do Nirvana em 1982, Cobain e Courtney entraram para as páginas dos tabloides pelo estilo escandaloso e o alto consumo de heroína. O Hole interrompeu atividades, mas alavancado pela exposição de Courtney despertou o interesse das gravadoras e voltou à estrada.

Com uma pauta centrada em temas de natureza sexual e feminismo, o Hole tornou-se uma das mais bem sucedidas bandas lideradas por mulheres da história, tendo vendido mais de 18 milhões de discos no mundo todo. 

Depois de conquistar espaço e sucesso nas rádios com os singles iniciais, eles colaboraram com Kim Gordon em seu disco de estreia, Pretty on the Inside, e em 1993 foi lançado Live Through This (1994), álbum bem recebido pela crítica e pelo público. Logo em seguida, em abril daquele ano, Kurt Cobain foi encontrado morto com um tiro na cabeça dentro de sua casa, em Seattle.

Tempos depois da tragédia na vida de Courtney, o Hole retomou atividades e lançou o disco Celebrity Skin, que rendeu à banda quatro indicações ao Grammy. O grupo parou oficialmente em 2002. Voltou rapidamente em 2013 e, desde então, surgem boatos sobre uma nova reunião.

Bate e queima
Todas as estrelas explodem esta noite
Como você ficou tão desesperado?
Como você permaneceu vivo?

Ajude-me, por favor
Queime a tristeza dos seus olhos
Oh, vamos estar vivos novamente
Não deite e morra!

(Trecho de “Malibu”)

A vida é pra rir, chorar, lamber os beiços

Por André Forastieri

Durante muitos anos, na nossa Sexta-feira Santa era religioso comer bacalhau. Meu pai montava a bacalhoada. Eu ajudava.

Aprendi com ele. Tem que comprar lombo do bom. Dessalgar direito. Fazer um refogado antes, pra misturar com os ingredientes. A piscina de azeite causava revolta na minha mãe, mas é obrigatória.

Uma das últimas coisas legais que fizemos juntos, semanas antes do meu pai morrer, foi montar uma bacalhoada. Tenho as fotos. Nunca mais eu montei uma. Sozinho, não tem graça.

João Carlos gostava tanto de bacalhau, que uma vez inventou de emagrecer fazendo uma dieta de bacalhau. Comia bacalhoada toda noite. Dizia que era um prato leve, porque ele fazia com pouco bacalhau, e muitos legumes. Não emagreceu nada, mas se divertiu pra caramba. 

Também aprendi a fazer esse tipo de bobagem com ele. 

A VIDA É DOCE

Se você é criança, a coisa mais legal da Páscoa é procurar aqueles ovinhos de chocolate embrulhados em papel colorido brilhante, escondidos em lugares estrambóticos.
Se você é adulto, é esconder esses ovinhos pra molecada procurar, e assistir eles se esfalfando pra encontrar todos, e depois se lambuzarem até.

Em várias Páscoas que passei viajando, longe dos meus pais – quase todas as últimas em que eles viviam – meu pai sempre me dava antes uma caixona de isopôr, cheia de ovinhos de chocolate. Para eu esconder onde quer que a gente fosse passar a Páscoa, e meu filho e seus amigos procurarem.
Agora não tenho mais pais, e meu filho tá muito grande pra procurar ovinho de chocolate.

Fica o quê? O sabor doce de momentos felizes que jamais voltarão.

A VIDA É SACRIFÍCIO
Depois de sexo, chocolate é a melhor coisa do mundo, dizia meu velho. Graças à serotonina e à feniletilamina, o hormônio da paixão. 

Meu pai aprendeu com um professor na faculdade, lá nos anos 50-60: a Medicina é uma área da Bioquímica. Quanto mais trabalhou como médico, mais concordava com seu velho professor.

Tinha uma visão de médico da vida. Sangue, hormônios, tripas, fluidos variados. Sexo!

Pesach é a festa em que os judeus celebram a libertação do jugo egípcio. É uma festa de renascimento, que é o que vem depois da morte. Pra quem acredita nessas coisas, não eu.
A Páscoa é a versão cristã. Jesus é o cordeiro que se sacrifica pelos pecados da humanidade. Morre e renasce.
A turma antigamente gostava desse negócio de sacrifício. Era um tal de matar cordeiro, boi, porco, até gente, pros deuses de antão. Até o filho de deus!
Então era assim. Na sexta, bacalhau, mas pro almoço de domingo a tradição é assar e comer um leitãozinho. Com salada, arroz, coradas e vinho. E, de sobremesa, mais chocolate. Que, claro, o neto já estava devorando desde manhã cedo.
Era assim que a gente fazia. A la mediterrânea: trágico, cômico, santo, profano. Tudo, todas as emoções na mesa.

Essa vida acabou. Mas…

A VIDA É MUDANÇA

A Páscoa, o Pesach não é só dos judeus e dos cristãos. Era e é celebrada por um monte de povos que não têm nada a ver com o Oriente Médio, claro.
Estas festas são determinadas a partir do Equinócio da Primavera. Era quando todo o povo do hemisfério Norte respirava aliviado.
Ufa, atravessamos razoavelmente ilesos mais um inverno! Tudo morreu. Mas a gente tá vivo! Ou pelo menos, a maioria de nós. E então a natureza renasce, o verde volta, as flores brotam. Um dia quero passar essa virada no Japão, para ver o florescer das cerejeiras.

Escrevi anos atrás: “Para nós que não temos fé, o sentido da morte é a vida. É minha convicção profunda de que o fim será definitivo que torna a vida tão preciosa, sua fruição premente, seu significado sagrado.”
Aqui no Brasil, no Sul, é o contrário. Em março começa o outono. Aqui, a primavera começa em setembro.
Vamos combinar que agora é primavera também aqui, hora de dar adeus à morte, e dar um oi bem simpático à vida que vem. O ciclo reinicia. Sabendo que a nova vida vem, inevitavelmente com mudanças.
E uma parte crucial de lidar com estas mudanças é olhar para trás. Sem rancor. Para poder olhar para frente – com humor e amor.

(Escrevi a primeira versão deste texto em 2019, embalado pela morte dos meus pais. Sempre que chega a Páscoa a saudade deles aperta. Que a sua seja doce. E se os seus estiverem por aqui, lembre de dar uma passada, ou uma ligadinha…)

Rock na madrugada – Willie Nelson, “On The Road Again”

POR GERSON NOGUEIRA

Willie Nelson é um monstro sagrado do country rock norte-americano, fugindo ao perfil cafona que molda os músicos do gênero. Texano de nascimento, adotou desde o começo da carreira uma atitude rebelde, quase fora da lei. O estilo despojado de compor abarca desde paisagens de beira de estrada, como neste clássico “On The Road Again” (Na estrada novamente), de 1980, até temas mais intimistas e sacanas (“Blue Eyes Crying in the Rain”). Parceiro de pesos pesados como Johnny Cash e Kris Kristofferson, Willie estrelou vários filmes na longeva carreira.

O espírito indomável de Willie Nelson segue quebrando barreiras com posicionamentos firmes tanto na política quanto nos costumes. Tornou-se, já coroa, o ativista pró-maconha mais visível e destemido da América, com direito a um surpreendente dueto musical com o rapper Snoop Dogg, um dos maconheiros mais famosos dos EUA.

Poeta, compositor, ativista, escritor e guitarrista, Willie tem 90 anos e vive hoje excursionando com a Family Nelson, banda formada por cinco de seus filhos.

Morínigo (de novo) faz a diferença

POR GERSON NOGUEIRA

Foi praticamente o mesmo cenário visto no jogo com o Amazonas, quando o Remo saiu de um 1º tempo pavoroso para um resultado consagrador na segunda etapa. Ontem à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, na semifinal contra a Tuna, o time azulino foi dispersivo na parte inicial. Sofreu um gol e só foi reverter depois do intervalo por interferência direta do técnico Gustavo Morínigo.

Logo nos primeiros minutos, a Lusa surpreendeu com uma postura mais ofensiva. Chegou a rondar a área remista e levou perigo em tentativas contra o arco defendido por Marcelo Rangel. O Remo trocava passes improdutivos no seu próprio campo, deixando o torcedor irritado e abrindo espaço para as investidas do adversário.

Aos 16 minutos, no primeiro ataque mais organizado e agudo, a Águia Guerreira chegou ao gol. Em contra-ataque rápido, o meia Germano recebeu a bola na esquerda e cruzou rasteiro para a finalização de Jayme, que apareceu entre os zagueiros do Remo.

Em vantagem, a Tuna passou a tocar a bola com rapidez, não permitindo ao Remo se recompor. Atenta à desarrumação defensiva do adversário, o ataque tunante seguiu buscando o segundo gol. Gabriel Furtado aparecia constantemente junto à área azulina tentando finalizar. Um dos momentos de maior perigo foi quando cruzou recuado para Chula. O centroavante pegou de primeira, mas Marcelo Rangel defendeu bem.

Echaporã mandou um chute forte, que gerou um rebote do goleiro Iago Hass, mas Sillas não conseguiu aproveitar. Aos 34’, Matheus Anjos cobrou escanteio e Ligger cabeceou com muito perigo. Na reta final, Sillas entrou driblando na área cruzmaltina e foi parado com falta pelo zagueiro Dedé. Pênalti não assinalado pelo árbitro.

No intervalo, Gustavo Morínigo alterou a configuração do meio, com a entrada de Pavani no lugar de Henrique e de Kelvin na vaga de Echaporã, que teve atuação discreta. A mudança surtiu efeito imediato, o Remo passou a marcar no campo de defesa tunante e a adotar uma postura mais agressiva nos avanços pelas laterais.

Aos 6 minutos, em arrancada pela direita do ataque, Kelvin se livrou da marcação e cruzou da risca da linha de fundo para Ytalo cabecear e empatar a partida. Aos 12’, o atacante entrou de novo na área e desviou cruzamento de cabeça, mas Iago Hass defendeu.

A partir daí, o Remo passou a controlar a partida, sempre ocupando a intermediária cruzmaltina. Aos 21, Kelvin disputou bola com a zaga e caiu na área. O árbitro entendeu como simulação e recebeu cartão amarelo. Aos 33 minutos, Sillas foi até a linha de fundo e cruzou em direção à área. A bola resvalou no braço do volante Renan e o pênalti foi marcado. O próprio Sillas cobrou e virou o placar: Remo 2 a 1.

O Leão continuou melhor, principalmente com Marco Antonio e Paulinho Curuá em campo, dando mais segurança ao setor de meio-campo. Em busca do empate, a Tuna tentou pressionar, mas o desgaste físico falou mais alto. A defesa do Remo, já com Bruno Bispo substituindo Ligger (lesionado), resistiu bem, não dando nenhuma chance.

O confronto de volta será no próximo domingo, às 17h, no Mangueirão. O Remo joga por um empate para se garantir na final do Parazão.

Mbappé, um astro sob fogo cruzado na França

A nova geração de astros da bola não atravessa um bom momento. No Brasil, Neymar é quase uma unanimidade negativa, pelo comportamento dentro e fora de campo. Vinha atuando tão mal que sua ausência, causada por lesão, significou até um reforço para o time.

Na França, o problema envolve Kylian Mbappé, craque da seleção e um dos melhores jogadores da atualidade. Desde que ganhou a braçadeira de capitão, passou a sofrer críticas pelas atitudes em campo em relação às arbitragens e aos próprios colegas de equipe.

Um campeão de 1998, Christophe Dugarry, considerou “deplorável” o comportamento de Mbappé como capitão. Na opinião dele, o camisa 10 parece não ter entendido o real significado da função.

Dugarry também atacou o jovem astro por supostamente “andar em campo” em certas partidas, procurando escolher alguns grandes jogos para mostrar seu talento.

“Mostrar uma atitude tão deplorável em duas partidas, acho anormal. Não tira em nada suas imensas qualidades, mas quando você é capitão, você tem que ser irrepreensível”, afirma Dugarry.

No plano tático, Dugarry questiona o posicionamento do craque. “Estamos habituados a um Mbappé que anda, que não quer voltar, que não se preocupa com a parte defensiva. Aqui temos absolutamente um Mbappé que não liga. Obviamente ele escolhe seus jogos”.

Na opinião dele, capitães não podem se dar ao luxo de relaxar, precisam dar exemplo de comprometimento. Apontou os dois amistosos recentes da França como exemplo da postura de Mbappé. Foi mal contra a Alemanha, que venceu por 2 a 0, e passou em branco na vitória por 3 a 2 sobre o Chile.

Apesar de compreensível o desapontamento de Dugarry, entendo que Mbappé é um dos melhores jogadores de todos os tempos na França. Não vejo também a braçadeira de capitão como uma imposição para jogar sempre bem. Astros como ele podem, de vez em quando, relaxar. É saudável e humano.

Da cobertura da Copa do Qatar, guardo como recordação mais forte a estupenda participação de Mbappé em quase todos os jogos e, acima de tudo, na brilhante atuação diante da Argentina na decisão. Fez três gols e faria o quarto – e do título – caso o árbitro não tivesse impedido o ataque fulminante no minuto final da prorrogação. 

Mbappé, campeão em 2018 na Copa da Rússia, é um jovem craque. Tem muito a amadurecer, mas é valioso demais para ser cornetado, até mesmo por um outro campeão.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 29)

Volante é anunciado como novo reforço do Leão

O Clube do Remo anunciou nesta quinta-feira (28) a contratação do volante João Afonso para o restante da temporada de 2024. O jogador tem 29 anos e é natural de Criciúma-SC, com passagens por clubes como Novo Hamburgo, Internacional, Chapecoense, Criciúma, GE Brasil, Goiás, Gil Vicente e Marítimo (Portugal) e Grêmio Novorizontino.

Ao portal oficial do clube, o volante falou sobre o novo desafio na carreira. “Fiquei muito feliz quando teve o convite do Clube do Remo. Sempre ouvi falar muito bem do clube, um clube de tradição. Chego para ajudar meus companheiros a conquistar os objetivos do time na temporada”, disse.

João Afonso foi contratado para o lugar de Daniel, que deixou o clube há duas semanas. Ele chega em Belém nos próximos dias para realizar exames médicos e se integrar ao elenco.

JOÃO AFONSO
Nome: João Afonso Crispim
Posição: volante
Nascimento: 09/02/1995
Natural de: Criciúma-SC
Clubes: Grêmio Novorizontino, Marítimo (Portugal), Gil Vicente (Portugal), Goiás, Brasil de Pelotas-RS, Criciúma, Chapecoense, Internacional e Novo Hamburgo.

Alepa aprova PL que reajusta o salário de professores

Com o objetivo de promover o reajuste salarial dos servidores do quadro do magistério público, visando a valorização dos profissionais e a oferta de uma educação pública de excelência, além de potencializar os resultados educacionais da rede estadual de ensino paraense, a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), presidida pelo deputado Chicão (MDB) aprovou, na manhã desta terça-feira (26), o Projeto de Lei nº 84/2024. A matéria dispõe sobre a concessão de reajuste aos profissionais da educação básica da rede pública de ensino do Pará. A proposta é do Poder Executivo.

Segundo a mensagem do governador Helder Barbalho, enviada à Casa de Leis, “a matéria em pauta está alinhada às metas e estratégias descritas na Lei Federal n° 13.005/14, do Plano Nacional da Educação de 2014 a 2024, e pelas diretrizes da Lei Estadual n° 8.186/15, do Plano Estadual de Educação do Pará”.

A mensagem diz ainda que “a concessão de reajuste é no percentual de 3,62%, sobre o vencimento básico dos profissionais do magistério da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), a partir de abril de 2024”, finaliza Helder, na mensagem. O Projeto de Lei atende a Portaria Interministerial MF/MEC n° 7, de 29 de dezembro de 2023, que atualiza as estimativas de custos per capita do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Com a aprovação do Projeto de Lei, o Pará é o Estado que paga o maior salário médio do país, R$ 11.447,48, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com o deputado Iran Lima (MDB), líder de governo na Alepa, o Pará já paga o piso nacional do magistério há alguns anos.

“O Pará tem um dos melhores salários do Brasil. O salário que o Estado paga aos professores com 200 horas é superior ao piso nacional, fazendo um trabalho de recomposição das perdas históricas. O que hoje acontece no Pará jamais foi visto”, afirma o parlamentar.

Outra proposta aprovada pelos deputados foi o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) nº 1/2024, que dá nova redação ao artigo 128 da Constituição do Pará. A proposta é da deputada Andréia Xarão (MDB) e propõe que o governador e o vice-governador tomem posse no dia 6 de janeiro do ano subsequente ao da eleição, em sessão solene da Assembleia Legislativa. Antes da modificação da PEC, a posse era realizada no dia 1° de janeiro.

Música Paraense

Foi acatado também pelos deputados o Projeto de Lei nº 181/2021, da atual deputada federal Dilvanda Faro. A proposta institui o dia 26 de julho como o Dia Estadual da Música Brega no Pará. A proposta é uma homenagem para relembrar a memória da cantora Cleide Moraes, a “Rainha da Saudade”.

Indicação

Dois Projetos de Indicação foram aprovados: o Projeto de Indicação nº 50/2021, da ex-deputada professora Nilse Pinheiro, que dispõe sobre a criação da Patrulha Protetora dos Direitos da Criança, destinada a fiscalizar e proteger direitos da Criança e do Adolescente em situação de risco no Pará; e o Projeto de Lei de Indicação nº 73/2021, do deputado licenciado Igor Normando, que dispõe sobre a obrigatoriedade da realização do exame de toxoplasmose no Pará nas condições que especifica.

Veto total

O Projeto de Lei nº 34/2023, do deputado Fábio Freitas, que institui o Prêmio “Escola Amiga da Natureza”, no Pará; e o Projeto de Lei nº 281/2023, de autoria do deputado Braz, que dispõe sobre a criação de restaurantes populares em cidade com mais de 100 mil habitantes no Pará foram vetados, de acordo com parecer da Comissão de Constituição de Justiça e de Redação Final (CCJRF).

A frase do dia

“Acho que, nem se o Bolsonaro matar alguém em praça pública, será preso. Estamos perdendo tempo em falar desse necroso dia e noite. Não adianta gabaritar o código penal, não adianta ter 4 filhos bandidos, um deles indiciado, nada fará com que deixem de apoiar ele. É duro, mas é a realidade.  Se não ignoramos solenemente esse ser, jamais iremos nos libertar do bolsonarismo. E ainda prejudicamos o governo que elegemos. Pelo bem ou pelo mal, Bolsonaro está sempre nos assuntos e em pauta”.

Kriska Carvalho, criadora de conteúdo