Roni e as muitas raposas

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POR GERSON NOGUEIRA

Como o carnaval, toda a marola em torno da saída de Roni e sua transferência para o Cruzeiro terminou na quarta-feira. A novela se arrastava há semanas, com desmentidos sucessivos por parte do jogador e dos dirigentes, mas acabou desvendada – da pior maneira – com a recusa do atleta em jogar a semifinal do returno contra o Paragominas, na terça.

unnamed (25)O desgaste poderia ter sido evitado se houvesse um mínimo de profissionalismo de parte a parte. Tanto o staff de Roni quanto a diretoria do Remo, esta bem mais, saíram perdendo na história.

Ao decidir deixar o clube, direito inalienável seu diante do não cumprimento de acordos celebrados em fevereiro, Roni podia ter escolhido o caminho da transparência, anunciando publicamente o que estava ocorrendo (inclusive as lambanças da cúpula remista).

Abandonar o barco horas antes de um jogo importante foi atitude inadequada e antipática, que pode ter consequências ruins lá na frente. O futebol é pródigo em idas e vindas. Negócios que parecem maravilhosos se desmancham em questão de meses e tudo pode voltar ao ponto de partida.

Roni tem apenas 21 anos. Tem todo o direito de aproveitar a oportunidade surgida, que nem sempre se repete nesse ofício tão difícil, mas devia se preocupar com a torcida. Tinha razões para estar aborrecido com os cartolas, porém devia avaliar que dirigentes não são definitivos – a paixão do torcedor, sim.

Pelo lado dos dirigentes, a negociação com o Cruzeiro foi conduzida de forma desastrosa e quase amadora. Encaminhar a negociação e tratar com os dirigentes mineiros sem dar ciência aos pares de diretoria e aos conselheiros configura total menosprezo pelas regras democráticas de convivência dentro do clube.

Não se discute os valores da transação – irrisórios para os padrões nacionais, aceitáveis para a prática local –, mas a maneira como o negócio foi feito. Pelo novo estatuto azulino, cabe ao presidente informar ao Condel sobre qualquer assunto que represente risco de perda (financeira ou patrimonial) para o clube.

Pedro Minowa ofereceu ainda mais combustível aos seus detratores e ajudou a fortalecer a posição dos que defendem seu afastamento da presidência. É pouco provável que isso ocorra de imediato, até para não tumultuar a vida do clube em momentos decisivos no Campeonato Paraense e na Copa Verde. Mas, pelo clima de indignação reinante entre os conselheiros, é certo que corre sérios riscos de não completar o mandato.

Quanto à carreira de Roni, a mudança para um grande clube já era esperada. Ele se destacou nos últimos dois campeonatos estaduais, após ganhar chance pelas mãos de Agnaldo de Jesus. No Cruzeiro, terá condições de aperfeiçoar fundamentos que ainda não domina, como a finalização, e contará com o suporte adequado para reforço de musculatura e consolidação das potencialidades físicas.

Mesmo com os erros de condução no desligamento do clube e o pouco cuidado com a própria imagem, Roni merece a chance que caiu do céu. Permanecer no deficitário futebol paraense seria um atestado de burrice. Que ganhe chances de mostrar o bom futebol que já conhecemos e que tenha muita sorte.

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Papão renasce para uma final épica

Foi por um triz. O jogo em 0 a 0 se arrastou nervosamente, Bruno Veiga perdeu a elegância e Célio Codó saiu prematuramente. Com ambos em campo talvez o placar tivesse sido movimentado. Papão voltou a mostrar insegurança. Nem mesmo as presenças de Pikachu e Jonathan foram suficientes para recuperar a confiança perdida.

A vitória veio nas penalidades, com mais tensão e nervosismo para a pequena torcida que compareceu ao Mangueirão. O triunfo foi comemorado por ter tirado um peso das costas de toda a equipe, agora focada na decisão de domingo contra o maior rival.

O Papão, que segue sem marcar gols desde aquele 9 a 0 sobre o São Francisco, tem a grande chance de se reabilitar e fazer a Fiel esquecer o dissabor da eliminação na Copa Verde.

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Uma dúvida que jamais será respondida

Quando o árbitro puniu Bruno Veiga com o cartão vermelho, corretamente, depois de acintosas reclamações, foi inevitável pensar em Dewson Freitas, que tinha sido sorteado inicialmente para a partida e depois foi chamado pela Conmebol para trabalhar em jogo da Sul-Americana.

Caso ele expulsasse Veiga, nas mesmas circunstâncias, será que a decisão seria respeitada e acatada como foi a do goiano Wilton Sampaio? Nunca saberemos, mas tenho cá minhas dúvidas.

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Direto do blog

“Sempre defendi a posição que o Remo é maior que tudo. Não somos partidos políticos que querem o poder a qualquer custo. Quem perde a eleição no Clube deve obrigatoriamente unir-se aos eleitos. Para mim, pouco me importa quem é o presidente. Quero que ele sempre brilhe, pois nós, parte do Fenômeno Azul, é que ganhamos com as alegrias que merecemos. E o pior é que a intriga impera e prospera dentro das hostes vencedoras, como acontece presentemente”.

Ronaldo Passarinho, grande benemérito do Remo, em entrevista ao blog campeão.  

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 24)