Por Gerson Nogueira
O Remo tenta fazer uma nova estréia hoje na Série D, a fim de apagar a péssima impressão deixada domingo passado em Rondônia. Desde segunda-feira, todo o esforço da diretoria se concentra em fazer o torcedor esquecer o vexame da derrota por goleada para um time de amadores, montado às pressas.
A principal mudança foi de filosofia. Edson Gaúcho, o novo técnico, é o extremo oposto de Flávio Lopes, em estilo e método. Ao contrário do antigo comandante, Gaúcho aparece mais pelas qualidades de disciplinador do que propriamente as formulações táticas.
A chegada do novo técnico faz a velha guarda recordar de Paulo Amaral, cuja virtude mais óbvia estava na firmeza da voz de comando. Ao longo de quase três anos no Evandro Almeida, o ex-preparador físico da Seleção Brasileira impôs ordem a um elenco de boleiros cheios de manha
nos anos 70. Dico, Alcino, Roberto Diabo Louro, Rui Azevedo, Rosemiro e Amaral foram alguns dos pupilos do carrancudo Amaral.
Como o velho treinador, Gaúcho não é de refrescar com a malandragem. Barqueiros e chinelinhos não se criam com ele. Criou a fama de linha-dura com os atletas e de profissional exigente com a cartolagem. Costuma cobrar com rigor os compromissos assumidos pelos dirigentes.
Na primeira passagem pelo Paissandu, em 2010, tornou-se um personagem respeitado pelos torcedores, que adoram reverenciar técnicos que se comportam como feitores. O problema é que atritou com a imprensa e trombou com o presidente, acabando por ser demitido.
A imagem casca-grossa foi abrandada na segunda experiência, na Série C do ano passado. Veio cultivando imagem mais conciliadora, dialogando com repórteres e abrindo os treinos para a visita de crianças. Não escapou, porém, de novas turbulências internas, batendo de frente com
cobras-criadas do elenco. Como da primeira vez, saiu em alta com a torcida.
Foi esse crédito que despertou o interesse do Remo, que buscava um técnico com personalidade para executar a mudança de rota e evitar o fiasco supremo da eliminação na primeira fase da Série D. Sem muito tempo para preparar o time, Gaúcho preferiu não inventar. Optou pelo velho 4-4-2 e, pela escalação titular do último treinamento, sinalizou que deve manter Adriano no gol. Além disso, mostra preferência pela dupla de zaga Edinho-Diego Barros, justamente a que mais jogou no Parazão. No ataque, Cassiano volta a ser o parceiro de Fábio Oliveira.
Ao que tudo indica, o Remo vai ressuscitar neste domingo o esquema que levou o time às finais do campeonato estadual e que estranhamente foi abandonado por Flávio Lopes na Série D. É a saída mais inteligente para um jogo que não pode nem empatar.
No último treino do Paissandu, Roberval Davino experimentou um meio-de-campo de forte pegada na marcação, com Fabinho, Ricardo Capanema e Leandrinho. Tiago Potiguar fica mais à frente, trabalhando ao lado de Kiros. A ausência de Alex William explica a opção por Leandrinho como homem de ligação para o jogo contra o Luverdense, segunda-feira à noite.
A alternativa mais ofensiva seria a entrada de Rafael Oliveira na frente, com o recuo de Potiguar para a armação. Davino, porém, contrariou as previsões e preferiu apostar na precaução.
Espanha e Itália, os dois últimos campeões mundiais, se enfrentam na decisão da Euro-2012. A final não era a mais cogitada no começo da competição. Imaginava-se que a Alemanha seria a adversária dos espanhóis, mas a Azzurra derrubou todos os prognósticos ao triunfar nas semifinais.
Para explicar a arrancada italiana há quem veja no time de Pirlo uma súbita inspiração ofensiva. Bobagem. A Itália está apenas atacando um pouco mais do que o habitual, aproveitando-se da agilidade de Cassano e da juventude de Balotelli.
Com essa receita, a Itália conseguiu parar a Espanha na primeira fase e não é improvável que repita a dose hoje. De qualquer forma, a Fúria tem o futebol mais vistoso, centrado na incessante (e meio chata) troca de passes. Depois do título do Chelsea na Liga dos Campeões, um triunfo italiano fecharia a temporada européia com uma óbvia glorificação das defesas.
Léo Medeiros, novo meia-armador do Remo, é o convidado desta noite no Bola na Torre (RBATV, 23h45). Guilherme Guerreiro comanda, com participações de Tomazão e João Cunha.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 01)