Belém, a capital do futebol


POR GERSON NOGUEIRA

A escolha da capital paraense como sede da estreia do Brasil nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa de 2026 é um assunto da maior relevância, que parece não estar sendo devidamente avaliado pelo torcedor paraense. A partida da sexta-feira, 8, contra a Bolívia se reveste de um valor imenso para o prestígio de Belém como centro futebolístico mais importante do Norte do país.

Que Belém é o centro do futebol nortista todo mundo sabe há décadas, mas há nove anos a Fifa teve a fuga de ideia – não tão inocente assim – de inverter as coisas, atribuindo a Manaus um destaque inexistente, a começar pelo fato de que o futebol lá não tem o peso popular que tem entre nós.

Até os amazonenses reconhecem isso. Alguns até se surpreenderam com a escolha de Manaus como sede da Copa do Mundo de 2014. Para entender aquela bizarrice é fundamental contextualizar o comando máximo do futebol à época. Joseph Blatter era o chefão da Fifa, tendo o cartolão João Havelange como mentor e o cartola monossilábico Ricardo Teixeira como cúmplice de várias tramoias.

Como se sabe, logo depois daquele Mundial, Havelange morreu, Blatter foi defenestrado da Fifa após a descoberta do propinoduto existente na entidade. José Maria Marín, presidente da CBF, acabou preso nos Estados Unidos e Teixeira virou ermitão forçado no interior do Rio de Janeiro.

Pois agora, após todo esse tempo e o giro da história, Belém finalmente é lembrada para abrigar a Seleção Brasileira por uma semana, culminando com a partida diante da Bolívia. Ao longo desse tempo, tudo que diz respeito ao futebol brasileiro vai estar vinculado à Cidade das Mangueiras.

Além do escrete convocado por Fernando Diniz, estarão aqui os presidentes de todas as federações estaduais, a cúpula da Conmebol e a diretoria da CBF. Um excelente momento para que o paraense mostre do que é capaz quando o assunto é futebol e a missão é torcer com paixão.

Tudo o que precisa acontecer é um grande espetáculo no novíssimo estádio estadual Jornalista Edgar Proença (o Mangueirão), com suas linhas modernas, melhoramentos que garantem conforto e acessibilidade a torcedores, atletas e comissões técnicas.

No Norte, ninguém é capaz de fazer igual.

‐———————————–



Torcida do Leão surpreende e endossa volta de Catalá



Quando se despediu do clube e da torcida, no sábado passado, o técnico Ricardo Catalá deixou entreaberta a possibilidade de retornar para a próxima temporada. É óbvio que ele prefere vir para assumir o planejamento e montar o elenco, ao contrário do que ocorreu neste ano quando pegou o bonde andando.

A campanha dele em 15 partidas é impressionante. Alcançou o mesmo nível de quem se classificou para o G8 da Série C. Obteve 25 pontos, o que lhe garantiria – contando a partir da 5ª rodada – a quinta colocação geral.

Durante esse período, cometeu alguns erros, principalmente quanto a escolhas na definição do time e também nas mudanças durante os jogos. Indicou jogadores que não renderam, casos de Marcelo e Renanzinho. Mas teve mérito na evolução de Diego Ivo, Pedro Vítor e Lucas Marques.

De perfil sério, Catalá queria um time capaz de construir o jogo a partir de ações com a bola de pé em pé, o que muitas vezes era inviável com as peças que tinha à disposição. Para piorar, perdeu nas últimas rodadas jogadores fundamentais, como Pablo Roberto e Pedro Vítor.

A aceitação de seu trabalho é maior do que se podia supor. Apesar de decepcionada com mais uma desclassificação, boa parte da torcida mostra maturidade ao defender a volta do treinador. Manifestações na internet comprovam isso.

Torcedor não cai mais em lorotas como antes, já consegue avaliar criticamente o desempenho de técnicos e jogadores, às vezes de forma até mais responsável que muito dirigente.

‐——————————–



Sem a Sula, Botafogo pode focar no que interessa



Assim como foi feio ver a torcida do Botafogo vaiar o técnico Bruno Lage pelo empate com o Defensa y Justicia no estádio Nilton Santos, na semana passada, não dá para aceitar tanta lamentação por conta da eliminação do time na Sul-Americana. De minha parte, considero a melhor coisa que podia acontecer ao Botafogo a essa altura da temporada.

Sem o compromisso de ir à final da Sula, o Botafogo poderá se dedicar integralmente ao que interessa: a conquista do título brasileiro, este sim um objetivo digno de ser perseguido.

Na Sul-Americana, os riscos de perder jogadores importantes era imenso. Caso tivesse passado pelo Defensa, teria pela frente dois confrontos pelas semifinais e dois válidos pela final do torneio.

Para um elenco que já está sem Tiquinho Soares há várias rodadas, seria desastroso perder outros titulares importantes, como Eduardo, Adryelson, Cuesta, Marlon Freitas e Tchê Tchê.

A batalha que realmente importa é a conquista do Campeonato Brasileiro, que o Botafogo não vence desde 1995. Diante de um desafio desse porte, seria pouco inteligente se expor ao desgaste físico de viagens e jogos simultâneos ao certame nacional.

Além disso, a Sul-Americana é um torneio menor, disputado por equipes que foram barradas na Libertadores. Há um prêmio razoável, mas nada que justifique colocar em perigo a liderança isolada do Brasileiro.

Há derrotas e derrotas, mas não dá para chorar pitangas por um torneio que iria exaurir um elenco limitado e até carentes em algumas posições.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 31)

O trunfo da força emocional


POR GERSON. NOGUEIRA

O PSC obteve a classificação de forma antecipada e repete o que conseguiu nos últimos anos: garantir presença na fase dos quadrangulares. Não foi feliz nas recentes tentativas, mas desta vez mostra uma força emocional que parece haver faltado nas edições anteriores da Série C

A parte anímica é cada vez mais determinante para o êxito ou o fracasso nas competições esportivas. O futebol, durante décadas, desdenhou disso. As comissões técnicas não pareciam entender o fator emocional como importante para a trajetória dos times.

Hélio dos Anjos, um técnico da velha guarda e que aposta em métodos conservadores de comandar elencos, trouxe ao Papão a capacidade de resistir às pressões em campo e de encontrar formas de reagir.

Enquanto esteve nas mãos de Marquinhos Santos, o PSC era uma equipe fragilizada em todos os aspectos – físico, técnico e emocional. Sofreu goleadas inesperadas – para Ypiranga e Volta Redonda – sem esboçar resposta imediata. Era como se o time aceitasse passivamente os maus resultados.

Logo na estreia, diante do Brusque na Curuzu, Hélio teve a oportunidade de ver de perto todas as fragilidades do time. Derrotado por 2 a 0, o PSC parecia um bando em campo, sem iniciativa ou lucidez para mudar os rumos da partida.

Com Hélio, todos os problemas foram devidamente enfrentados e os resultados surgiram rapidamente. Já no jogo seguinte, em Manaus, diante do então líder Amazonas, os atropelos iniciais foram superados com organização e contundência, demonstrando a evolução geral.

O Papão recobrava ali a confiança que havia perdido lá atrás, ainda na disputa do Campeonato Estadual. Até mesmo jogadores que não se mostraram à altura do desafio começaram a despertar. Vinícius Leite, Paulão, Robinho e Jacy Maranhão são exemplos disso.

As vitórias em sequência se encarregaram de dar ao grupo ainda mais solidez e segurança. A torcida, que antes duvidava da capacidade da equipe, passou a apoiar também, num processo de troca extremamente valioso. A dramática virada sobre o Náutico, na Curuzu, espalha bem esse momento.

É justamente nesse poderio técnico e mental que estão assentadas as perspectivas de sucesso do Papão no quadrangular. Na parte técnica, alguns ajustes ainda são necessários, principalmente quanto à marcação no corredor central e nas laterais.

Ninguém pode cravar que apenas o aspecto anímico pode determinar o sucesso de uma equipe. Conquistas dependem de vários fatores, mas, para superar adversários como Botafogo-PB, Amazonas e Volta Redonda, o trunfo do equilíbrio emocional pode ser decisivo.

 ‐———————————

 

Em teimosia, Diniz caminha para se igualar a Dunga

 

A primeira convocação feita por Fernando Diniz como técnico interino da Seleção Brasileira deu margem a muitos questionamentos. Ninguém entendeu a ausência de Rony, melhor atacante brasileiro na Copa Libertadores, e muito menos a de Lucas Perri e Adryelson, destaques do líder disparado do Campeonato Brasileiro.

Imaginava-se que, diante do corte de Vinícius Jr. por lesão, o treinador iria repensar as alternativas do ataque, incluindo o palmeirense, até como forma de criar uma identificação com a torcida paraense no jogo contra a Bolívia, no dia 8 de setembro.

Ledo engano. Diniz, cuja teimosia já está quase na mesma proporção da que se via em Dunga, de triste memória no comando da Seleção. Ou alguém esquece as patacoadas do ex-volante, que, entre outras coisas, deixou Ganso e Neymar no Brasil e levou Josué e Grafite para a Copa do Mundo de 2010?

Diante da contusão de Vini Jr., Diniz chamou ontem Rafinha, atacante de beirada que foi uma das decepções brasileiras na Copa do Qatar. Fez isso como a reforçar sua rejeição a atacantes que atuam no Brasil. Ainda pode ter uma chance de se redimir, caso se confirme o corte de Neymar.

Cabe observar que a torcida pela convocação de Rony não é pachequismo regionalista. Rony tem méritos. É um dos mais regulares atacantes em atividade no Brasil nas últimas quatro temporadas.

——————————–

Má vontade com o basquete pune fã da modalidade

 

Depois de dois mundiais disputados em nível muito baixo, o Brasil volta ao principal torneio do basquete internacional com boas perspectivas de obter uma classificação digna. Nas duas primeiras partidas, contra o Irã e a Espanha, a Seleção mostrou qualidades e atuações bem interessantes de Bruno Caboclo e Yago.

Até mesmo a derrota para a favorita Espanha está na conta da normalidade. Renovado, o time é homogêneo e faz da marcação o seu ponto forte. Sobrou na estreia contra o Irã, fazendo 100 a 59. Nesta quarta-feira, bem cedo, a equipe treinada por Gustavo de Conti enfrenta a Costa do Marfim em busca da classificação à próxima fase.

O aproveitamento é de 50% de aproveitamento. Se passar pela Costa do Marfim, o Brasil terá no próximo grupo Letônia, Espanha e Canadá. A segunda fase começa na sexta-feira.

Curiosamente, a Copa do Mundo de basquete não merece nem rodapé de página nos principais jornais do Brasil e não existe para a TV aberta. Qualquer torneio mequetrefe de vôlei é badalado à exaustão. O basquete cumpre a sina de enfrentar uma má vontade que desafia o bom senso.

Os fãs da modalidade, que não são poucos, têm que se contentar com a transmissão de apenas um canal esportivo. Desde que monstros como Oscar Schmidt e Hortência saíram de cena, o basquete brasileiro mergulhou num período de abandono, a começar pelos maus modos da cartolagem.

A TV parece ter atirado o basquete na cesta dos esportes malditos, como se os êxitos do passado tivessem deixado um rastro de inveja e ressentimento. Espero sinceramente que seja só impressão pessoal. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira. 30)

Operação Lesa Pátria chega a políticos que financiaram atos golpistas

A Polícia Federal faz nesta terça-feira (29) uma operação em Goiás para cumprir mandados de busca e apreensão contra o deputado estadual Amauri Ribeiro, suspeito (União Brasil) de envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. São cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Goiânia e Piracanjuba.

Demóstenes Torres, advogado do deputado, disse que o celular dele foi apreendido. “A defesa pedirá acesso aos autos que originaram a medida cautelar de busca e apreensão”, disse. Ainda segundo a defesa, os mandados foram cumpridos nas casas do político em Goiânia e Piracanjuba.

Em junho deste ano, o deputado admitiu ter feito doações para os acampamentos antidemocráticos que foram montados em frente a quartéis de Brasília como forma de questionar o processo eleitoral em 2022. Além de dinheiro, o parlamentar afirmou ter ajudado os golpistas com mantimentos e até ter acampado no local

“Eu ajudei a bancar quem estava lá […]. Eu ajudei, levei comida, levei água, dei dinheiro”, disse. “Mandem me prender, eu sou um bandido, um terrorista, um canalha, na visão de vocês”, completou, em tom de ironia.

Em um termo de esclarecimento, o deputado disse que debateu com os deputados e disse que não considerava bandidos os que estavam acampados na porta do quartel em Goiânia. “Por questões humanitárias levei água e alimentos para os mais carentes que lá estavam”, disse.



LESA PÁTRIA

Essa é a 15ª fase da Operação Lesa Pátria. O objetivo é identificar pessoas que incitaram, participaram e financiaram a invasão e vandalismo às sedes dos Três Poderes.

“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo”, diz a nota da Polícia Federal.

A Operação Lesa Pátria está investigando outros parlamentares que participaram da organização e do apoio aos atos golpistas.

Papão cai no grupo mais simpático

POR GERSON NOGUEIRA

Havia a alternativa para o PSC na fase dos quadrangulares de entrar no grupo sulista, ao lado de Operário, Brusque e São José, sujeito a rotas aéreas mais cansativas. Mas os deuses da bola deram um jeito de colocar o Papão no grupo C, com uma logística mais favorável, tendo como adversários Amazonas, Volta Redonda e Botafogo-PB.

Além de ficar numa chave mais simpática quanto aos deslocamentos, o grupo C tem uma configuração técnica mais equilibrada. Alguns dos melhores times da competição estão no grupo B, embora a tradição da Série C seja de resultados surpreendentes nos quadrangulares.

Já classificado antecipadamente, o PSC entrou sem pressão diante do Confiança. Por essa razão, o time teve várias mudanças, a fim de preservar alguns jogadores pendurados e testar outros.

No confronto de sábado, no estádio Batistão, em Aracaju, contra um mandante que ainda sonhava com a classificação, o PSC iniciou hesitante, aceitando a pressão inicial e expondo ineficiência para construir ataques. O gol de Ricardo Bueno, de pênalti, aos 12 minutos, refletiu o melhor momento do Confiança na partida.

Um penal com erro da arbitragem, que não assinalou uma falta anterior do ataque sergipano, e com falha de Wellington Carvalho, que se precipitou no bote a Ricardo Bueno dentro da área.

O desenvolvimento do jogo mostrou um Confiança superior depois de estabelecer vantagem. O Papão repetia os problemas dos últimos jogos, com dificuldades criativas no meio. Só mostrou reação aos 40’, com um chute do volante Artur, e aos 46’, com cabeçada de Nenê Bonilha.

No intervalo, o auxiliar-técnico Guilherme dos Anjos, filho de Hélio (suspenso), fez alterações que melhoraram o rendimento do PSC. De cara, o time mostrou disposição para buscar o empate. Aos 13 minutos, uma grande chance: Kevyn, de cabeça, meteu a bola no travessão.

Outro bom momento veio aos 27’, quando Roger avançou com a bola, mas não conseguiu vencer o goleiro Jefferson. Depois, aos 35’, foi a vez de Juninho, que também entrou no decorrer da partida, mandar um chute que desafiou a perícia do goleiro sergipano.

‐———————————-

Intenso, Leão se despede com vitória suada

O Remo fez um jogo intenso diante do Altos-PI, sábado, no Baenão. Não valia mais nada para efeito de classificação, mas os times se empenharam em busca do triunfo. Tanto empenho gerou uma confusão tremenda após uma falta de Paulinho Curuá em Gabriel Pires. Na queda, o meia do Altos tentou acertar o azulino, que reagiu violentamente, chutando o adversário no chão. Daí veio a troca de socos e a expulsão dos brigões.

Antes do sururu, o Remo teve chance de abrir o placar com Elton e Rodriguinho, fez um gol (mal anulado) com Diego Ivo e teve bom desempenho nas ações ofensivas. Foi com Elton que o primeiro gol nasceu. Lançado na área, ele driblou o goleiro e tocou para as redes. O problema é que, no minuto seguinte, o Altos empatou.

Na segunda etapa, Ricardo Catalá lançou Henrique, Felipinho e Kanu, todos oriundos da base. O trio se saiu muito bem e ajudou o Remo a obter a vitória. O desempate nasceu de um passe caprichado de Gustavo Buchecha para Renanzinho. O atacante dominou e bateu no ângulo.

Em seguida, Kanu roubou uma bola junto à área e deu um passe perfeito para Buchecha marcar com um tiro cruzado. Buchecha, muito questionado ao longo da campanha, foi o principal destaque individual do Remo.

A vitória não serviu para se ter uma ideia clara sobre quem será reaproveitado na próxima temporada, além dos jogadores regionais, mas Evandro, Diego Ivo e Lucas Marques atuaram bem e podem merecer nova oportunidade, assim como o próprio Catalá.  

———————————

Gloriosa liderança e campanha irretocável

Com o placar indiscutível de 3 a 0, o Botafogo superou mais um adversário encardido. O Bahia tentou complicar as ações, adotou uma postura ofensiva, mas foi derrotado pela letalidade dos contra-ataques e inversões rápidas do Glorioso. Diego Costa mostrou utilidade e eficácia, fazendo os dois primeiros gols, ambos logo no início dos dois tempos.

Não foi um jogo tranquilo. O Bahia vendeu caro a derrota, ameaçou seguidas vezes e testou a segurança defensiva alvinegra, onde pontificam Adryelson, Cuesta e Lucas Perri.

Com um meio-campo ajustado, a partir da cobertura de zaga feita por Marlon Freitas e a transição sob responsabilidade de Eduardo, o Botafogo é um time que hoje transpira confiança, fato oriundo do entrosamento adquirido ao longo do campeonato. É preciso considerar também que as vitórias acrescentam confiança e força emocional.

O terceiro gol foi o mais bonito e um primor da organização deste Botafogo impetuoso. Hugo saiu com a bola da área e avançou até próximo à linha de meio-campo, de onde lançou excepcionalmente a Luís Henrique. Este invadiu a área, driblou o goleiro e tocou para as redes.

Foi a 11ª vitória botafoguense no Nilton Santos e a 16ª no campeonato, onde o Botafogo tem mais de 80% de aproveitamento. Uma trajetória impecável.

Com 11 pontos de vantagem para o 2º colocado, o Botafogo viu o Palmeiras vencer o Vasco em jogo polêmico e equilibrado. No primeiro tempo, Paulinho assinalou um golaço, injusta e absurdamente pelo VAR, que apontou irregularidade (não comprovada) no lance anterior.

É a força do tal “sistema”, insinuado pelos palmeirenses no começo da competição, através de entrevistas debochadas do técnico Abel Ferreira, de seus auxiliares e até da diretoria do clube. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 28)

Leão se despede com vitória e Papão tem grupo definido

O Remo se despediu da Série C, na tarde deste sábado, no Baenão, vencendo o Altos-PI por 3 a 1, com gols de Elton, Renanzinho e Gustavo Buchecha. O primeiro tempo foi disputado com intensidade e o Remo chegou a marcar logo no começo, com Diego Ivo, mas o gol foi anulado erradamente. Minutos depois, Elton marcou após passar pelo goleiro, mas no minuto seguinte o Altos empatou.

O volante Paulinho Curuá e o meia Gabriel Pires trocaram socos e foram expulsos de campo (foto acima). Na etapa final, o Remo dominou o jogo e chegou aos gols da vitória com Renanzinho, em belo chute no ângulo. Buchecha, o melhor do jogo, fez o terceiro, após boa jogada do atacante Kanu. Com a vitória, o Remo encerra a participação com 25 pontos e a 11ª posição.

Em Aracaju, o PSC jogou com o Confiança e foi derrotado por 1 a 0, mas está confirmado na próxima fase da Série C, ocupando a 7ª posição do G8. Terá como adversários, no quadrangular final, Amazonas, Botafogo-PB e Volta Redonda.    

Uma ousada viagem de 25 anos

POR GERSON NOGUEIRA


As influências dos tabloides europeus, principalmente espanhóis e portugueses, eram óbvias no projeto gráfico e editorial que conheci no início de junho de 1998. Havia deixado a chefia de reportagem de A Província do Pará e aceitado o convite de Jader Filho para assumir a editoria do Bola, um caderno que o DIÁRIO iria lançar durante a Copa do Mundo e que ambicionava ser moderno e inovador.

E, de fato, cumpriu o prometido. O saudoso Arnaldo Torres assinava o esboço gráfico, a partir das dicas do próprio Jader Filho e de Guilherme Barra, o também saudoso editor-chefe do DIÁRIO, ambos responsáveis pela criação do caderno.

O padrão graficamente ousado de suas páginas pedia ilustrações e fotografias de grande qualidade, além de diagramação caprichada. Além do conteúdo editorial, o Bola deveria impressionar pelo aspecto visual. Tinha que ser um caderno bonito e de leitura rápida, insistia Jader.

Tivemos menos de uma semana para preparar uma edição zero, avaliar problemas, ajustar detalhes e detectar erros que sempre se escondem por trás das minúcias de projetos feitos a toque de caixa.

Para resolver o problema das imagens, tratei de ir buscar um especialista, Mário Quadros, o melhor fotógrafo de esportes em atividade nestas paragens – até hoje. Junto com a ótima equipe de diagramadores do DIÁRIO, Mário foi peça fundamental na feitura do tabloide.

Sob o ceticismo de alguns, o Bola surpreendeu positivamente e chegou arrasando. Ouvia, de vez em quando, colegas de ofício duvidando do êxito do projeto pelo fato de ser um tabloide, formato que – diziam – era meio amaldiçoado e nunca emplacou em cadernos esportivos no Pará.

Deu tão certo que arrebentou logo na estreia, no dia da abertura do Mundial de 1998, na França. A edição diferente, repleta de fotos, grafismos e ilustrações, caiu no gosto da galera. Preferência que aumentou com o passar dos anos e permanece até hoje.

Foi através do Bola e de sua maciça aceitação pelos leitores que o DIÁRIO abriu caminho, em 1998, para o crescimento vertiginoso que culminou com a liderança de mercado (tiragem e índice de leitura) a partir de 2006. O projeto idealizado por Jader e Barra se tornou um canhão, como se diz na redação, dentro do próprio DIÁRIO.

Craques como Juca Kfouri, Tostão e Renato Maurício Prado integravam o primeiríssimo time de opinião do Bola, uma tradição que se consolidou com o passar dos anos. As reportagens irreverentes e as capas provocadoras também continuam firmes, sem medo de contrariar o coro dos contentes.

Muito cartola metido a derrubador de equipes jornalísticas andou se assanhando a reclamar com a direção, em vão, de matérias que causavam algum desconforto ou mexiam com as vaidades.

Com apoio da direção da casa, o Bola sempre se manteve indomável, mordaz e corajoso, conseguindo singrar em meio a uma das maiores rivalidades futebolísticas do mundo. Uma façanha digna de aplausos.

O Bola foi testemunha e porta-voz de grandes momentos do futebol paraense: Copa dos Campeões 2002, Libertadores (com vitória bicolor em La Bombonera, em 2003), Campeonato Brasileiro da Série C em 2005.

Orgulho máximo de ter dado o pontapé inicial e continuar colaborando com meus pitacos há mais de 2 décadas. Vida longa ao Bola!

‐—————————————-


Desmanche azulino começa nesta semana


Do time que entrou jogando pelo Remo contra o Altos, no sábado à tarde, menos de um terço deve permanecer no clube para 2024. Vinícius, Evandro e Paulinho Curuá são os únicos garantidos para a próxima temporada. Dos que estavam no banco, ficam Ronald, Henrique, Jonilson e Zé Carlos.

Como no final de 2022, quando também foi eliminado da Série C, o Remo vai ficar com pouco mais de um time completo no fechamento da temporada. Desta vez, a montagem do elenco e a escolha do técnico devem ser definidas logo depois da eleição/posse do novo presidente.

Caso a situação eleja o sucessor de Fábio Bentes, há boa chance de Ricardo Catalá permanecer. Ele é bem avaliado pelo trabalho de recuperação do Remo após a saída de Cabo. Mas, se a oposição levar, as mudanças certamente irão muito além da contratação de um novo treinador.

‐—————————————–


Bola na Torre


Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV. Participação de Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião. Em pauta, os jogos de PSC e Remo na rodada final da fase de classificação da Série C. A edição é de Lourdes Cezar.

—————–‐——————–


Decadência do futebol no Brasil faz torcedor se iludir


As coisas andam tão rasas no futebol brasileiro que qualquer jogada mais vistosa e atuações ligeiramente acima do rotineiro conduzem qualquer jogador mediano ao estrelato. Lucas Moura, recentemente repatriado pelo São Paulo, é um exemplo típico da miopia que o longo período de baixa provoca nos torcedores.

Assim como De Arrascaeta só é craque no futebol brasileiro, há pelo menos quatro anos, Lucas voltou ao Tricolor paulista e foi logo deixando a torcida nas nuvens com os gols marcados contra o Flamengo e a LDU.

Gols comuns e atuações apenas razoáveis, mas parte da mídia paulista começou a cornetar Fernando Diniz em defesa da convocação do ex-jogador do Tottenham para a Seleção. É o que ocorre há algum tempo com Renato Augusto, que joga de vez em quando, mas sempre se diferencia dos limitados companheiros corintianos.

Esse desespero para achar craques onde existem apenas bons jogadores é um fenômeno natural do futebol por aqui, que confirma o velho chiste: em terra de cegos quem tem um olho é rei.

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 26/27)