Papão precisa impor respeito

POR GERSON NOGUEIRA

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A missão do técnico Roberto Fonseca não é fácil. Terá que operar mudanças radicais para fazer com que o PSC se recupere dentro da Série C. Apesar dos 13 pontos ganhos no “primeiro turno”, o time está fora do G4, apesar de ter começado o campeonato como um dos legítimos favoritos à classificação à fase decisiva dos quadrangulares.

Do trabalho de Vinícius Eutrópio pouco deve ser aproveitado. A equipe voltou à indigência técnica do Estadual, quando ficou sob o comando de Itamar Schulle e acumulou atuações insatisfatórias mesmo numa competição de baixo nível de exigência.

Na Série C atual, o Grupo A é reconhecidamente um dos mais fracos dos últimos anos. Nem cabe comparação com as três últimas edições, principalmente com a de 2020, que teve uma disputa acirrada entre a dupla Re-Pa e adversários nordestinos.

Antes de a bola rolar, PSC e Santa Cruz eram os times mais cotados para brigar pelo acesso. A decepção maior fica por conta do tricolor pernambucano, candidatíssimo ao rebaixamento. O Papão até que começou bem, pontuando fora de casa e permanecendo por várias rodadas no G4.

À medida que a competição avançou, começou a exibir deficiências coletivas e individuais, sem que Vinícius Eutrópio tive soluções para tirar o time da inércia. Nos jogos em casa, foram duas derrotas e dois empates. Pode-se dizer que a falta da torcida é um peso e tanto, mas não justifica a imensa dificuldade para se impor perante visitantes limitados.

Por conta dessa ineficiência, Eutrópio foi dispensado. Fonseca chega e não terá muitas opções no elenco para transformar o time de um dia para outro. Terá, portanto, que investir mais em mudanças de posicionamento tático e atitude frente aos desafios.

É visível a insegurança dos jogadores, da zaga ao ataque, para tentar executar jogadas simples. Não é um torneio de altíssimo padrão, mas o medo de errar e a falta de confiança tornam tudo muito difícil de realizar.

Fonseca chegou falando grosso e prometendo fazer com que o PSC volte a ser respeitado na Curuzu. O discurso é perfeito. Duro é fazer com que na prática isso aconteça. A classificação passa necessariamente pelo comportamento em casa. Cinco dos nove jogos do returno serão em Belém.

O primeiro compromisso acontece amanhã, às 17h, contra o Tombense. Mesmo que a promessa do técnico seja mera força de expressão, o time precisa assimilar como norma prioritária. A conta é simples: caso vença seus jogos como mandante, o PSC praticamente se garante na fase seguinte.

Volta de público aos jogos merece debate amplo

Os jogos válidos pelas quartas de final da Copa do Brasil, marcados para o dia 25 de agosto, devem marcar o teste inicial para volta de público aos estádios. Nem mesmo a balbúrdia que reina hoje na CBF impediu que o planejamento para reabrir as bilheterias fosse mantido. Existem obstáculos a superar. Os governos estaduais e prefeituras das capitais mostram-se muito mais criteriosos e preocupados com os efeitos da pandemia.

É compreensível. Eles têm contas a prestar com a população, caso a catástrofe sanitária volte a fustigar o país. Eles sabem o preço de montar hospitais de campanha a toque de caixa e conhecem a dificuldade que é socorrer uma população em meio a hospitais superlotados.

A CBF, como se sabe, não tem contas a prestar com ninguém. Por isso, pode se dar ao luxo de programar o retorno das torcidas aos jogos, sem correr nenhum risco paralelo. Se a covid-19 voltar a fazer vítimas, ela lava as mãos e empurra o problema para os gestores públicos.

O plano é trabalhar inicialmente com a ocupação de 30% das arquibancadas, reservando setores exclusivos para quem estiver vacinado (com as duas doses). Os cuidados, como se vê, são muito frágeis. Se for seguida a cartilha da Conmebol e dos políticos governistas, que abraçam a causa negacionista desde a eclosão da pandemia, quem vai pagar o pato é o público, a parte mais vulnerável do processo.

É urgente que a sociedade assuma seu papel no debate. Não se pode correr o risco de deixar tudo em mãos de cartolagem e políticos governistas, alguns dos quais são contra até a vacinação. Se alguém não tomar a frente, em nome do público torcedor, a situação tende a ser tratada como o meio ambiente é tratado no Brasil: irão fazer passar a boiada, e fim de papo.

E a ginástica (quem diria?) vira esporte de massa

Para a maioria de nós, Olimpíada é aquele rodízio quase interminável de disputas das mais variadas modalidades, algumas bem esquisitas. A ginástica artística está de repente nos píncaros da glória depois que Rebeca Andrade ganhou medalha de prata em Tóquio.

Galvão Bueno caprichou na choradeira, as redes sociais explodiram de contentamento e a jovem saída da periferia viu-se repentinamente no papel de estrela do esporte. Pesquisa Ibope Repucom mostra que a ginástica artística está na 8ª posição entre os esportes mais amados pelos brasileiros.

Ao todo, assim do nada, 51,7 milhões se declaram fãs da modalidade, o que representa 51% do universo de internautas acima dos 18 anos. Destes, obviamente, quase dois terços (63%) são mulheres, mas o esporte impacta todas as faixas etárias e regiões brasileiras.

Questão de justiça

“80% da delegação brasileira na Olimpíada em Tóquio se beneficiam do Bolsa-Atleta. O programa foi criado no governo do presidente Lula e é considerado um dos melhores e maiores programas governamentais de apoio ao esporte do mundo. Lula mudou o Brasil em todas as áreas”.

Márcio Tavares, historiador

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 30)

Bolsonaro convoca live para dizer que não tem provas de fraude nas eleições

Do Correio Braziliense

Em duas horas de uma live recheada de ataques a governadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), imprensa, petistas e, até mesmo, ao governo da Argentina, o presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em xeque a lisura das eleições eletrônicas no Brasil. Desta vez, entretanto, admitiu: “não temos prova”. A live, ocorrida nesta quinta-feira (29), foi divulgada como “coletiva” pela assessoria de comunicação do Palácio, mas não foi permitido que os jornalistas fizessem perguntas ao presidente.

Bolsonaro tem escalado disparos contra o sistema eleitoral brasileiro e dito, em ocasiões variadas, que não aceitará a realização de eleições em 2022 caso não seja aprovado pelo Congresso e implementado pelo TSE o voto impresso. Mais do que a simples impressão do voto, as declarações de Bolsonaro são vistas por políticos e representantes de instituições públicas, especialmente do judiciário, como um risco ao sistema democrático brasileiro.

Nos últimos meses, investigações conduzidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado têm avançado sobre denúncias de prevaricação do presidente Bolsonaro no que tange ao combate à pandemia. A CPI também apura denúncias de superfaturamento do Ministério da Saúde na compra de imunizantes. Paralelo a isso, pesquisas de opinião apontam para uma queda de popularidade do presidente, a exemplo do Datafolha que em julho divulgou sondagem na qual, para 55% dos entrevistados a gestão era classificada como ruim ou péssima. Bolsonaro também vê ameaçado seu caminho à reeleição em 2022 diante de uma desvantagem contra Lula (PT), ainda no âmbito das pesquisas eleitorais.Leia mais

As ditas provas de Bolsonaro de fraude eleitoral eram esperadas há quase um mês. Na live Bolsonaro, disse que tudo o que foi apresentado eram “apenas indícios”, e não fatos. “E eu digo mais: não temos prova. Deixar bem claro. Mas indícios que eleições para senadores, deputados, pode ocorrer a mesma coisa”, reconheceu, invertendo a promessa de que apresentaria as esperadas provas. ” Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação: provem que não é fraudável”.

Animação com boneco, tutorial de fraude e vídeos de Youtube

Após um longo discurso de quase 40 minutos sobre os mais variados temas Bolsonaro cedeu a palavra a um suposto técnico, identificado apenas como “Eduardo”. Segundo o presidente, a partir dali seriam mostrados “indícios fortíssimos, ainda em fase de aprofundamento, que nos levam a crer que temos que mudar o processo eleitoral”. Todos eles, no entanto, havia sido desmentidos pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Entre os supostos indícios, estava um vídeo onde um youtuber chamado Gederson, que se define como programador explica como uma urna poderia ser fraudada. Em nenhum momento, porém, foi mostrado pelo youtuber se tais desvios efetivamente aconteceram em alguma eleição. Ao contrário disso, o vídeo trazia uma animação narrada por ele sobre como fazer uma fraude eleitoral. O próprio youtuber, no entanto, chegou a ser retratar sobre o vídeo posteriormente dizendo que não havia provas de fraude.

Bolsonaro anunciou, então, que mandou para investigação da Polícia Federal um suposto padrão de fraude nas eleições de 2014. O pleito daquele ano foi vencidas por Dilma Rousseff (PT) e o principal adversário dela naquela ocasião, Aécio Neves (PSDB), reconheceu a derrota. Caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandada por Anderson Torres, produzir um laudo sobre esta questão.

Inusitadamente, a live do presidente Bolsonaro destinada a falar de fraude eleitoral reservou um momento para propaganda de um possível candidato ao governo do Maranhão. Enquanto falava, um boneco animado do senador Roberto Rocha (PSDB-MA), defensor do voto impresso, ficava em duas telas ao fundo. O mesmo boneco protagonizou um vídeo explicativo sobre o voto impresso.

Também houve a exibição de vídeos de Whatsapp e Youtube, sem autoria confirmada, que mostravam supostos erros e fraudes na votação de 2018. Em todos os casos, os eleitores buscavam votar em Bolsonaro – que, mesmo prejudicado, acabou vencendo o primeiro e segundo turno daquelas eleições.

ATAQUES A BARROSO

O grande foco dos ataques foi o ministro do STF Luís Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro questionou a atuação dele junto a integrantes da comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que é analisada na Câmara e propõe o chamado voto impresso. “Qual foi o poder de persuasão do Barroso? Que poder esse homem tem para ter esse convencimento? Por que que ele não quer que tenhamos eleições democráticas?”, questionou Bolsonaro sobre a atuação do ministro.

“Onde quer chegar este homem que atualmente preside o Tribunal Superior Eleitoral e que quer a inquietação do povo? Quer que movimentos surjam no futuro que não condizem com a democracia?”, continuou. Em outros momentos, o presidente alegou que os votos seriam contados “numa sala secreta no TSE” pelas “mesmas pessoas que tiraram o Lula da cadeia.”

Entretanto, o TSE promove a contagem de votos em eventos abertos à imprensa e a decisão que tornou Lula elegível novamente e de tirá-lo da cadeia foram proferidas pelo STF, e não o TSE. Apenas três ministros do STF compõem, de maneira alternada, o TSE.

Prefeito avisa: quem não quiser se vacinar deve pedir a Bolsonaro que construa hospital exclusivo para negacionistas

Do Estadonet

Após repercussão de um áudio nas redes sociais no qual o prefeito de Itaituba anuncia a obrigatoriedade de vacinação contra a covid-19 para quem precisar acessar prédios públicos no município ou participar de eventos, Valmir Climaco (MDB) reafirmou, na quarta-feira(28), que as medidas entram mesmo em vigor a partir do dia 5 de agosto, apesar das ameaças que o gestor municipal diz estar sofrendo de eleitores do presidente Jair Bolsonaro. Segundo Climaco, em Itaituba há 10 mil doses para serem aplicadas e o ritmo da vacinação é lento por causa de campanha de desinformação disseminada por negacionistas.

O prefeito Valmir Climaco, em tom de desabafo, sugeriu aos bolsonaristas que se recusam a tomar a vacina, que “peçam ao presidente Bolsonaro para construir um hospital para internar eles quando forem contaminados”. Ele salientou que a rede hospitalar que atende aos pacientes acometidos da doença provocada pelo novo coronavírus no município “é exclusivamente mantida com recursos próprios da prefeitura de Itaituba e do Governo do Estado do Pará”. Valmir reclamou que o governo federal não enviou nenhum recurso para manutenção da UPA 24h.

“Estamos encontrando pessoas com bastante resistência pra se vacinar. Uma meia dúzia de pessoas aqui andou dizendo que não vai se vacinar, que ninguém é obrigado a se vacinar, que o próprio presidente disse que ninguém é obrigado. Eu só quero dizer pra essa meia dúzia de bolsonaristas, que eu acho que ninguém é obrigado a se vacinar, mas também eu não sou obrigado a liberar a entrada em locais públicos, pra essas pessoas que não querem se vacinar e que ficam contaminando a população. Esses doentes fanáticos do Bolsonaro, que não se vacinarem, não entram nos prédios públicos a partir do dia 5”, comentou Climaco.

Segundo o prefeito de Itaituba,  o município de Itaituba conseguiu o número de mortes após a campanha para imunização. “No mês de abril tivemos 49 óbitos, no mês de maio, que começamos a vacinar, tivemos 19, no mês de junho foram 9 e até agora nesse mês foram cinco pessoas. Estamos pedindo pras pessoas se vacinar e estamos encontrando bastante resistência pra se imunizar. Depois que eu enviei um áudio explicando a importância da vacina, algumas pessoas ligaram aqui, até me ameaçando, dizendo que não vai se vacinar”, explicou.