Quem deu ao medíocre Caio Ribeiro, bolsonarista de armário, o poder de censurar Raí?

Por Kiko Nogueira, no DCM

Caio Ribeiro não é apenas um comentarista ruim, um campeão de platitudes. Caio Ribeiro é um idiota também fora da TV. Do alto de seu ego, resolveu repreender Raí por bater em Bolsonaro e sugerir que o sujeito pegue o boné.

Diretor do São Paulo, o mesmo clube que fez a fama de Caio, Raí criticou o presidente por “inventar crises políticas ou de interesses próprios, familiares, no meio de uma pandemia”.

“Se perder a governabilidade, eu torço e espero uma renúncia para evitar o processo de impeachment, que sempre é traumático”, disse.

Ainda honrou o irmão. “Bom, se vocês acharam o meu depoimento forte, imagina o Sócrates”, afirmou, lembrando sua “importância gigantesca na história do país”.

Segundo Caio, Raí “falou muito pouco de esporte e muito sobre política”.

“Ele, por mais que ele fale que é a opinião pessoal dele, hoje é o homem forte do São Paulo e as declarações e opiniões que emite respingam na instituição. Na hora que ele fala de renúncia, dos hospitais públicos e tudo isso, me parece que tem conotações políticas em relação a preferências”, pontuou.

E daí? Algum problema com relação a preferências?

Caio é censor? Quem lhe deu esse poder? A Globo?

Em 2018, Tiago Leifert escreveu um artigo na falecida GQ no mesmo tom.

Segundo Tiago, “tem muita coisa contaminada por aí. Precisamos imunizar o pouco espaço que ainda temos de diversão. Textão é no Facebook. Deixem o esporte em paz”.

O mundo encantado de Caio e Tiago é o do ignorante feliz. O planeta Neymar. 

O futebol brasileiro padece desse mal: atletas e dirigentes bem pagos e hipócritas, evangélicos chegados no pecado e fãs de um fascista no vestiário.

Raí honra a tradição de Sócrates, Reinaldo, Tostão, Juninho Pernambucano.

Por que eles não deveriam protestar diante do desastre humanitário protagonizado por Bolsonaro?

Porque o Caio não quer?

Infelizmente para Caio Ribeiro, existem homens como Raí, atletas e torcidas no mundo inteiro têm a mania de se indignar com iníquos sem pedir-lhe permissão.

Uma lista, começos e fins

Por Ricardo Soares*

Sentimental demais
, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, clássico do cancioneiro popular imortalizado na voz de Altemar Dutra, define bem meu estado de espírito faltando poucos dias para que eu complete os apavorantes 60 anos. Diante disso me perdoem o derramamento pseudo-poético. É que frases, situações, conceitos e emoções baratas andam esbarrando em mim de forma que hoje cometerei uma lista que já explico do que se trata.

Primeiro que, em tempos tão áridos em que a inteligência, conhecimento  e a cultura são pouco valorizadas, uma frase do sofisticado e excelente poeta José Paulo Paes tem pipocado ao meu lado e por sorte tem se espalhado internet afora.Diz: “Cultura é tudo aquilo de que a gente se lembra após ter esquecido o que leu. Revela-se no modo de falar, de sentar-se, de comer, de ler um texto, de olhar o mundo. É uma atitude que se aperfeiçoa no contato com a arte. Cultura não é aquilo que entra pelos olhos, é o que modifica seu olhar”.

A modificação do olhar desde sempre se dá, também, através de como muitos redigem aquilo que lemos. Provavelmente, muitos de nós que gostamos de ler não seríamos o que somos não tivéssemos lido o que lemos. Posso dizer inclusive que devo minha opção profissional e de  vida, minhas escolhas, por conta de escribas que desde sempre me fizeram olhar as coisas de “outra maneira”. E quando falo escribas é para ampliar o conceito mesmo. Quero me referir a quem vive de escrever seja jornalista, romancista, contista, poeta, roteirista. A soma de todos eles, o que li, me fizeram o que sou.

Chego pois à lista prometida no começo da crônica e que é resultado de uma velha percepção. Sempre achei que escritores e jornalistas em geral (falo do Brasil) são muito pouco generosos com os colegas de ofício e me incluo nisso. Mesmo sem nominar publicamente, somos capazes de esculhambar muito mais aqueles que escrevem mal ou não sabem escrever, ou se confundem, ou são venais do que elogiar, aplaudir, reconhecer o talento que nos faz olhar as “coisas da vida” de outro modo.

Nirlando Beirão lança livro e conta que tem a doença ELA - Jornal ...

Meio nocauteado, cheio de rinite, divido essas pueris reflexões e minha lista com os leitores por conta do lançamento recente de um livro do jornalista Nirlando Beirão chamado Meus começos e meu fim. O livro, grosso modo, meio romance, meio memória, é resultado de uma reflexão de seu autor por conta da descoberta, há três anos, de uma doença “degenerativa”. A palavra entre aspas é inclusive destrinchada no livro por Nirlando: “Degenerativa é uma palavra que tira você para dançar – uma dança do medo. Degenerativa, a palavra me pinçou a alma quando o médico a pronunciou”.

O livro de Nirlando torna-se pois mote para eu abrir minha lista dos craques vivos do texto brasileiro não como uma forma de homenagem e sim de agradecimento pois- voltando a José Paulo Paes – textos como o de Nirlando mudam nossa forma de olhar as coisas. Não falarei aqui do livro dele pois ainda não o conclui e evidentemente tem gente mais qualificada para escrever a respeito. Mas abro a lista com ele ainda atônito com o fato da “degenerativa” o  ter escolhido. Ou seja , tudo isso me fez querer clamar a minha lista no ano em que completo 41 anos de profissão e 60 de idade. 

Nirlando em busca do tempo perdido - ISTOÉ Independente

Assim  seguem os outros nomes dos meus “craques vivos”. Muitos deles amigos próximos, outros colegas cordiais mas distantes e um deles que não tive a chance de conhecer pessoalmente. São todos veteranos o que talvez denuncie minha ignorância sobre os novos talentos do texto brasileiro se é que existem. Minha lista tem jornalistas e escritores jornalistas e  lhes devo a gratidão, um abraço e meu reconhecimento por tornarem ainda tão prazeroso ler em um país onde cada vez se redige e se interpreta pior os textos. É uma lista de 10 e poderia ser facilmente aumentada para 20 nomes. Além disso começa a ficar difícil.    

Muitos tiveram presença sob holofotes, são reconhecidos pelo talento. Outros, nem tanto. Mas  me regozijo em poder tê-los acompanhado por tanto tempo. Evoé então Humberto Werneck, Fernando Morais, Ruy Castro, Fernando Barros e Silva, Sérgio Augusto, Marco Lacerda, Walterson Sardenberg Sobrinho, Gabriel Priolli e Celso Arnaldo Araújo, que, com o Nirlando, formam a minha “seleção”, que poderia ter o emblemático e futebolístico 11 em campo com o nome de Mino Carta como goleiro ou técnico, sei lá.

Sim, sei que é “sentimental demais”, pessoal em demasia o que acabei de redigir. Mas é a minha lista, meu exercício de tolerância e generosidade para admirar sem restrições de ordem alguma. Essa gente fez e faz minha vida melhor. Se não concordam com a escalação façam as vossas listas. Precisamos de reforços para entender tudo o que está acontecendo.

*Ricardo Soares é diretor de tv, roteirista, escritor e jornalista. Dirigiu 12 documentários, publicou 8 livros.

A frase do dia

“O vento da democracia chegava ao país quando Inês Etienne Romeu escapou da Casa da Morte e começou a contar seu martírio de única sobrevivente, deixando os gorilas furiosos. E Ronan Soares mandou: ‘Agora é tarde. Inês é viva’. O jornalista, repentista do humor, morreu ontem”.

Palmério Dória, jornalista e escritor

Parreira: “É muito prematuro pensar em voltar a treinar e jogar”

Técnico do tetracampeonato mundial da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira acredita que não é momento da bola voltar a rolar no Brasil. Convidado do Jogo Aberto desta quinta-feira, o ex-treinador acredita que a discussão acerca do retorno de treinamentos e campeonatos é prematura já que o país ainda não alcançou o pico da epidemia de coronavírus.

Carlos Alberto Parreira durante entrevista coletiva para convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 2015 - Buda Mendes/Getty Images

“É evidente que a gente está sentindo uma falta danada de tudo, e, principalmente, do futebol, que sempre foi e será a nossa vida. Faz uma falta danada. Quando a gente acompanha o que está acontecendo no Brasil, nós não chegamos no pico ainda, são cinco mil mortes, 80 mil pessoas infectadas, eu acho que é muito prematuro a gente pensar em voltar a treinar e jogar. Primeiro a segurança, primeiro a importância das vidas, das pessoas que estão ligadas. A gente tem que aguardar um pouquinho mais”, falou Parreira.

Em relação à possível volta dos campeonatos com portões fechados, o ex-técnico reprovou: “E futebol sem público, eu acho uma tristeza. Não deveria acontecer”, completou.

Raí diz que torce por renúncia de Bolsonaro e diz que São Paulo não quer volta imediata do futebol

Do Estadão:

O diretor-executivo de futebol do São Paulo, Raí, deixou de lado o discurso geralmente sem polêmicas que o caracteriza e fez duras críticas ao presidente da República Jair Bolsonaro. De acordo com o dirigente tricolor, o ideal seria que o político renunciasse ao cargo para evitar um processo de impeachment em razão de suas decisões sobre a abertura da economia em meio à crise da pandemia no País.

“Se perder a governabilidade, torço e espero uma renúncia para evitar o processo de impeachment, que sempre é traumático. Porque o foco tem de ser a pandemia. (O impeachment) não é uma coisa que tem de se pensar agora, energia nenhuma pode ser gasta nisso, mas se estiver prejudicando ainda mais essa crise gigantesca de saúde, sanitária, tem de ser considerado”, disse o dirigente, em entrevista ao Globoesporte.com.

Raí critica a postura do presidente Bolsonaro em relação à forma com que ele está combatendo a pandemia do novo coronavírus. “Um posicionamento atabalhoado, é o mínimo que se pode dizer. Naquele momento, por exemplo, que ele deu aquele depoimento em rede nacional… Ele está no limite, muitas vezes, da irresponsabilidade, quando ele vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, disse Raía.(…)

O diretor de futebol afirma que o São Paulo é contra o retorno precoce do futebol brasileiro, apesar da situação financeira delicada que o clube, assim como a maioria dos outros times pelo Brasil, vive. “É bom deixar claro e reforçar que a posição do São Paulo não é voltar rápido. É voltar ao seu tempo, com as orientações, e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certa de quando o campeonato vai retornar”, afirmou.

Bolsonaro quer a PF para caçar seus inimigos

Por Moisés Mendes

Bolsonaro quer a Polícia Federal sob seu controle para caçar quem considera inimigo.

Hoje ele disse: “A minha Polícia Federal vai pra cima de quem estiver fazendo besteira”.

Minha? Antes era de Sergio Moro? Os delegados concordam que Bolsonaro tem uma PF só dele?

O homem está ameaçando os governadores, levantando desde já a hipótese de que verbas da pandemia serão desviadas pelos Estados.

Bolsonaro errou o bote com o delegado amigo dos garotos. Mas vai insistir para ter controle absoluto da Polícia, como se fosse uma extensão dos arapongas do governo, e vai perseguir.

No final da tarde, quando divulgavam mais 449 mortes pelo coronavírus, ele fazia uma caminhada pelos gramados do Alvorada.

Bolsonaro adora a vagabundagem. Um terço da população o aplaude.