POR GERSON NOGUEIRA
Edcléber é um dos remanescentes da melhor geração extraída das divisões de base do Remo nos últimos anos. Participou do time que fez brilhante participação na Copa Norte e Copa do Brasil sub-20 em 2013, chegando às semifinais do torneio nacional. Surgiu junto com Rodrigo, Sílvio, Tsunâmi, Ameixa, Igor João, Roni, Yuri, Nadson.
Era um dos destaques pela capacidade de executar funções diversas, aparecendo no meio-campo ou atuando no ataque. Depois do torneio, ficou no ostracismo, como a maioria daqueles garotos.
Sem oportunidades no clube, foi cedido por empréstimo ao São Raimundo em 2014, depois para o Gavião Krikategê e novamente para o São Raimundo este ano na disputa da seletiva de acesso ao Parazão.
Cacaio, em boa hora, resolveu resgatá-lo e ofereceu nova chance. Contra a seleção de Castanhal, no domingo passado, Edcléber mostrou que continua bom de bola, certeiro com o pé esquerdo e disposto a conquistar um lugar no elenco.
Marcou dois gols, exibindo categoria, e ainda deu o passe perfeito para Welton fazer o terceiro gol no amistoso. Acima de tudo, jogou com desembaraço e disposição. Na verdade, seu rendimento naquela manhã de sol só surpreendeu quem não acompanha sua evolução.
As características de Edcléber são de um jogador moderno, capaz de executar diversas funções e se adaptar a esquemas variados. Cacaio deve ter observado isso, podendo lançar mão do atleta ao longo da Série D.
O retorno de Edcléber ao Remo acontece em momento curioso no clube, quando os atletas da base servem como moeda de troca para sanar os muitos problemas financeiros. Estranhamente, alguns dirigentes parecem confiar pouco no potencial das revelações azulinas, chegando em alguns casos a depreciar atletas de boa técnica, como Alex Ruan.
Poucos desses jogadores têm chances na equipe titular. O último foi Ameixa, recentemente negociado com o Corinthians. Alex Ruan deve seguir o mesmo caminho.
De origem humilde, como a maioria dos jogadores oriundos da base no nosso futebol, Edcléber tem a oportunidade rara por aqui de mostrar seu valor no clube que o revelou. Vai precisar batalhar espaço e se firmar, mas tem a vantagem de conhecer bem o terreno onde pisa. Que tenha, acima de tudo, muita sorte.
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Para confirmar a recuperação
Contra o América-MG, o Papão parece ter enterrado a fase de tropeços na Série B. Depois de quatro resultados ruins, o time reencontrou a vitória com atuação digna de elogios. Hoje, diante do Mogi Mirim, precisa reencarnar o espírito competitivo que permitiu superar o adversário mineiro e consolidar de vez a recuperação.
O sistema com três atacantes que se movimentam e marcam a saída de bola do adversário funcionou perfeitamente contra o time de Givanildo Oliveira. Misael, Leandro Cearense e Wellington Jr. foram peças fundamentais no triunfo de terça-feira. Com a volta de Aylon, é provável que Misael seja sacado, mas a estratégia tem que ser mantida.
Em tese, o Mogi oferece menos perigo que o América. Ensaiava uma arrancada, mas foi derrotado na última rodada. O problema é que avaliações desse tipo na Série B são sempre traiçoeiras. O campeonato é marcado por altos e baixos, com surpresas e reviravoltas a cada semana. Todo cuidado é pouco.
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Dewson ganha merecido destaque no Brasileiro
Depois da tranquila atuação no clássico entre Atlético-MG e São Paulo na quarta-feira, o árbitro paraense Dewson Freitas ganhou elogios de peso na crônica esportiva do Sudeste. Segundo o comentarista de arbitragem da ESPN, Sálvio Espíndola, Dewson “é o melhor apitador da Série A até o momento”.
O jogo vencido pelo Galo foi o de menor número de faltas na competição; 12 apenas. O índice lembra partidas do futebol europeu. Dewson tem média de 20,67 infrações assinaladas por jogo. Já apitou nove partidas do Brasileiro, sempre com boas atuações.
Infelizmente, só no Pará é que Dewson não tem a devida valorização. No último Campeonato Paraense passou até pelo constrangimento de ser vetado para uma semifinal de turno, sob alegação de que “intimidava” demais os jogadores do Papão em campo. Dirigentes prometeram filmar o jogo como forma de pressioná-lo.
Como castigo anda de avião a jato, o árbitro que o substituiu na partida acabou expulsando o atacante Bruno Veiga, por reclamação, e não se ouviu queixa em relação à arbitragem por parte dos dirigentes.
Dewson vai muito bem nesta Série A, representando dignamente o futebol do Pará. Merece aplausos e respeito.
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Payxão nas telas do cinema
O trailer do documentário “100 anos de Payxão”, que conta a história do Papão, chega aos cinemas na próxima semana. O filme virá logo em seguida, no final do mês de agosto, com previsão de exibição em todas as capitais do país.
O documentário reconstitui a história do clube através do relato de grandes heróis bicolores e opiniões de gente de peso no futebol, como Carlos Alberto Torres, José Trajano, Paulo Vinícius Coelho, Guilherme Guerreiro e Xico Sá, entre outros.
A produção é do músico paraense e bicolor Marco André e da Urca Filmes, que produziu os filmes da série “Tropa de Elite”. A direção é de Priscila Brasil e Gustavo Godinho.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 31)
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