Copa do Brasil 2014 – 3ª fase
Coritiba x Paissandu – estádio Couto Pereira, em Curitiba, às 21h
Na Rádio Clube do Pará, Geo Araújo narra, João Cunha comenta.
Por Gerson Nogueira
Boa parte das agruras que se abatem sobre o futebol brasileiro pode ser explicada pela falta de criatividade dos clubes. Células fundamentais da engrenagem, cabe às agremiações todo e qualquer movimento no sentido de inovar ou revolucionar a estrutura. Ocorre que, pelos vícios acumulados há décadas, todos se comportam com extremo conservadorismo, a começar pela escolha dos técnicos.
Menos de três semanas depois de naufragar miseravelmente na Copa das Copas, Felipão surge como a grande esperança do Grêmio para tentar reencontrar o caminho das vitórias. É claro que Fábio Koff e seus pares não se basearam na campanha da Seleção Brasileira para propor um contrato a Felipão. Estão com o pensamento cravado no passado glorioso do treinador à frente do Tricolor gaúcho.
E são glórias inquestionáveis. No Olímpico, Felipão ganhou uma Copa Libertadores, um Brasileiro e uma Copa do Brasil. Virou um especialista em vencer o Gre-Nal, o duelo que divide o Rio Grande do Sul ao meio. A aposta gremista remete, portanto, muito mais ao antigo Felipão, ignorando o presente já não tão luminoso.
Na mesma linha, o Flamengo recorreu aos préstimos de Vanderlei Luxemburgo, depois de uma experiência atribulada com Ney Franco. Há cerca de três anos, Luxemburgo havia deixado o clube pela porta dos fundos, sob ataques da torcida e críticas raivosas dos dirigentes. É sua quarta passagem pelo Fla, sendo que esta ocorre no momento mais declinante de sua carreira.
As mudanças no comando dos dois clubes ocorreram quase que simultaneamente com o anúncio da volta de Dunga à Seleção. Não é uma simples coincidência. Reflete apenas a tendência que os dirigentes têm de abraçar a mesmice, evitando o risco de investir no novo.
Com a Seleção Brasileira não é diferente. Nos últimos 12 anos, ela girou sempre nas mãos de figuras manjadas. Felipão saiu e entregou para Dunga. Nomes e idades diferentes, métodos muito parecidos.
Diante desse quadro retrô, a esperança é que a experiência do Cruzeiro, dirigido por um técnico jovem e que conquista títulos jogando bonito, se consolide como prática e sirva de exemplo. Acreditar é o primeiro passo.
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Vica insiste com o mesmo time
O Papão encara uma nova pedreira na Copa do Brasil. Enfrenta o Coritiba hoje, em Curitiba, com previsão de baixa temperatura e a obrigação de apresentar um rendimento mais satisfatório ao seu torcedor. O time perdeu os três últimos jogos, sofrendo nove gols e fazendo apenas quatro.
Douglas continua firme no gol, apesar da boataria sobre sua saída. Pikachu segue no ataque, ao lado de Ruan. O técnico, pelo planejamento esboçado, decidiu prestigiar o time que entrou jogando e perdeu por 3 a 0 em Campina Grande. Deve ter sido o único a ficar satisfeito com o que viu.
Além das falhas pontuais do goleiro, as falhas de posicionamento da dupla de zaga, Charles e Reiniê, continuam a atormentar a equipe, mas aí não há muito o que fazer, pois os dois ainda são os melhores zagueiros existentes no elenco.
A partir da meia cancha, porém, o técnico parece ter decidido apostar em Marcos Paraná, Rafael, Pikachu e Ruan. Chama atenção sua insistência em utilizar Pikachu avançado, depois que reiteradas vezes o jogador já demonstrou que não é por ali que se sai melhor.
O papel de ala avançado sempre foi o preferido do próprio Pikachu. Depois que Lecheva começou a escalá-lo na frente, considerando que falhava na marcação, os demais treinadores seguiram a mesma linha de pensamento, afastando cada vez mais o atleta de sua posição de origem. Com a ausência de Djalma por contusão, Pikachu ficou ainda mais isolado. E o Papão só perdeu com isso.
Para hoje, contra um Coritiba que deve poupar suas principais peças (incluindo o meia Alex), imaginava-se um time fisicamente mais forte no ataque. Como Ruan e Pikachu jogam abertos, a tendência é que falte jogada pelo centro da área. Dênis, que vai na suplência, poderia ser uma boa opção.
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Um duro castigo para Roni
A novidade do Remo para o jogo de sábado contra o Interporto (TO) é a ausência do atacante Roni da lista de prioridades do técnico Roberto Fernandes. Titular nos dois primeiros jogos da Série D, falhando muito nas finalizações, o jogador foi rebaixado à condição de terceiro reserva.
Mesmo que se deva respeitar a avaliação do treinador, soa como punição rigorosa demais a barração de Roni. Grande destaque do time campeão estadual, com atuações empolgantes nos jogos decisivos contra o Papão, ele não desfrutou da mesma tolerância que já foi dada a jogadores bem mais experientes do elenco.
Roni não foi omisso nos dois jogos. Pelo contrário. Correu muito e se empenhou, mas teve a infelicidade de perder dois gols contra o Moto Clube e outro contra o River. Leandro Cearense passou a temporada passada desperdiçando gols e jamais teve o mesmo tratamento.
Seu afastamento terá finalidade prática se for aproveitado para repassar orientações quanto a posicionamento e definição de jogadas. Do contrário, será apenas uma medida excessivamente dura para um garoto que – como Leandro Carvalho, do Papão – ainda tem muito a aprender e crescer.
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A fé não pode falhar
O papa Francisco está virando um talismã do futebol argentino. A confirmar a convicção dos torcedores, o San Lorenzo, seu clube de coração, confirmou ontem à noite a classificação para disputar a final da Copa Libertadores. Perdeu por 1 a 0 para o Bolívar, mas havia vencido com folga (5 a 0) no jogo de idade. O certo é que El Ciclón disputará uma decisão continental pela primeira vez em sua história.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 31)
O goleiro Douglas foi confirmado pelo técnico Vica como titular no gol do Papão para a partida desta quinta-feira contra o Coritiba, em Curitiba, pela terceira fase da Copa do Brasil. O jogador tem sido muito questionado pelos torcedores, mas o treinador decidiu prestigiá-lo e descartou os rumores de afastamento do guardião por pressão da torcia.
Já o centroavante Gabriel Barcos rescindiu contrato com o clube e teve seu desligamento confirmado no site oficial do Papão. O atacante havia se destacado defendendo o Maringá-PR. Disputou como titular apenas um jogo sob o comando de Vica, chegando a marcar um gol contra o Cuiabá. Para deixar a Curuzu, Barcos alegou problemas de ordem pessoal, mas nos bastidores surgiu a história de que o centroavante não aceitou ter sido barrado por Vica na partida diante do Treze-PB, domingo passado. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)