Alguém precisa avisar urgentemente aos dirigentes de Remo e Paissandu que 2012 não vai ser igual a este ano que está terminando. Pelo menos no que diz respeito a calendário. O campeonato estadual começa mais cedo (18 de janeiro) e praticamente emenda direto com o Brasileiro das Séries C e D. Esse detalhe provocará mudança significativa na preparação e montagem das equipes para a próxima temporada.
O grande diferencial é que, ao contrário do que acontece há quase uma década, os clubes não poderão mais promover o tradicional desmanche que se segue ao Parazão. Como se sabe, todos os anos, no final de abril ou começo de maio, Baenão e Curuzu são palcos de autênticas vassouradas, com a saída dos jogadores contratados exclusivamente para o campeonato e que – como é habitual – não caíram no gosto dos torcedores.
Nas semanas seguintes, os clubes começam a receber novas legiões de “reforços”, quase sempre entre 10 e 20 atletas, dependendo do grau de decepção da torcida no torneio recém-findo e a capacidade de convencimento e lábia dos técnicos, também novos.
Em 2012, para desalento de muita gente, esse procedimento terá que ser revisto. O grupo que se formar para a disputa do campeonato terá que ser mantido para as competições nacionais. Com isso, os contratos precisarão ser mais longos, o que implica na necessidade de maior esmero na escolha de técnicos e jogadores.
Assim meio sem querer, as modificações impostas pela CBF representam a chance de uma autêntica revolução, pois os dirigentes da velha dupla paraense se acostumaram a contratar a rodo em dezembro e janeiro, como se não houvesse amanhã, fiando-se nos contratos de curta duração.
Qualquer indicação era logo acatada e até imagens precárias tiradas do YouTube serviram para avalizar acertos com boleiros de origem desconhecida e futebol obscuro, como o já folclórico meia argentino Martín Cortez, que faturou uma nota preta para atuar 45 minutos com a camisa do Paissandu no Parazão do ano passado.
Desta vez, quem errar no primeiro tiro dificilmente terá a oportunidade de corrigir a lambança depois do certame regional. Com essa espada sobre a cabeça talvez os clubes se emendem e usem critérios mais racionais para reforçar suas equipes. É a esperança que surge, embora não se duvidar da vocação perdulária dos nossos cartolas.
Apesar disso, o Paissandu retarda a definição do novo treinador, o que encurta o tempo para procurar jogadores para recompor o time após o fiasco na Série C. Para quem acompanhou a fugaz passagem de Andrade pela Curuzu soa esquisita a insistência em esperar pelo técnico. Com salários acima de R$ 50 mil, é improvável que ele aceite uma oferta mais modesta para trabalhar no Parazão. Tem contra si, ainda, a avaliação de parte da diretoria, que o considera pacífico demais, paizão dos atletas.
Vejo a coisa sob outro prisma: Andrade é um bom comandante de equipes tecnicamente fortes (como o Flamengo de 2009), que precisem de paz interna para seguir em frente. Para estruturar um grupo, não é o nome mais indicado. Enquanto isso, Luiz Carlos Barbieri, que teve rápida e incompreendida passagem por aqui, volta a ser lembrado, juntamente com os caseiros Samuel Cândido e Charles.
Tiago Potiguar, como noticiado aqui logo depois da derrota em Goianinha, parece mesmo fora dos planos do Paissandu para 2012. Circulou com insistência a notícia, ontem, de que teria sido negociado com um clube do Nordeste – América ou ABC de Natal. O valor mencionado (R$ 800 mil), porém, indica que o destino pode ser mesmo o Sul do país.
Para que a gestão de Sérgio Cabeça não encerre o ano sem um título no futebol, a garotada do sub-20 remista levantou a taça do certame estadual com categórica vitória sobre o Castanhal. Além das boas atuações de Betinho, Jaime e Christian, chamou atenção no Mangueirão a expressiva presença de torcedores azulinos, incentivando o time. A carência de conquistas, por vezes, pode ser um combustível emocional poderoso.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 30)
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