Mês: outubro 2021
Bastidores do rock
Ramones em Nova York com o designer gráfico Arturo Vega, que desenhou a marca da banda, em 1977.
Foto: Chalkie Davies
Abaixo o espírito de vira-lata!
Caso Jefferson: uma voz na contramão
Depois que se tornou público, através das redes sociais, o insulto racial proferido por torcedores do Cruzeiro ao atacante Jefferson, do Remo, o fato foi denunciado à CBF pelo clube paraense e teve ampla repercussão nas redes sociais. Na contramão disso, o volante Paulinho Curuá postou em suas redes sociais uma publicação antiga dizendo que racismo ou outro tipo de ofensa “não é o verdadeiro problema”.
Em publicação no Instagram, Curuá reproduziu um texto da campanha bolsonarista de 2018 que diz que questões como ideologia de gênero, machismo, racismo e feminismo não estão entre “os verdadeiros problemas do país”.
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Alguns comentários em outras redes sociais, como o Twitter, cobraram um posicionamento diferente do atleta diante da injúria sofrida por Jefferson. Na manhã desta sexta-feira (29), Paulinho Curuá excluiu a postagem.
(Com informações do GE Pará)
O silêncio por testemunha
POR GERSON NOGUEIRA
Como o PSC agarrou-se à medieval “lei do silêncio” como estratégia para sanar seus problemas internos, são precárias as informações sobre a preparação do time para enfrentar o Botafogo-PB neste domingo (18h), em João Pessoa. Sabe-se, porém, que os bicolores terão duas baixas importantes: o meia José Aldo e o centroavante Danrlei, ambos lesionados.
As baixas acrescentam dramaticidade a um cenário já naturalmente complexo para o projeto de acesso à Série B. O técnico interno Wilton Bezerra, que assumiu o comando após a demissão de Roberto Fonseca, terá que encontrar soluções para o apagão defensivo visto diante do Ituano na rodada passada.
Ao mesmo tempo, Bezerra precisa formatar um time minimamente ofensivo para buscar a vitória, único resultado que interessa ao PSC a esta altura da disputa. Derrota ou empate sela a eliminação do Papão antes mesmo da rodada final do quadrangular da Série C.
A defesa não muda. Perema e Denilson no centro e Leandro e Diego Matos nas laterais. As coisas começam a ficar nebulosas quando se fala de meio-campo, onde ninguém sabe ao certo qual a formação definida por Bezerra: Paulo Roberto, Ratinho e Ruy ou Paulo Roberto, Marino e Jonathan.
Sem Rildo, que pediu as contas amedrontado pela selvageria das facções organizadas, o ataque deve ter Marlon, Grampola e Luan Santos. São poucas as variações possíveis e, acima dos nomes, o que importa é como o PSC pretende batalhar pela vitória sem se descuidar do setor defensivo.
Em tempo: a história do futebol moderno registra somente um caso bem-sucedido de lei do silêncio. Foi em 1982, quando a seleção da Itália decidiu não dar entrevistas durante a Copa do Mundo disputada na Espanha. Paolo Rossi e seus companheiros estavam irritados com o noticiário ácido da mídia italiana em relação ao time de Enzo Bearzot.
O técnico bancou a causa, prestigiou os jogadores e extraiu deles o melhor possível. Sob descrédito geral, a Azzurra eliminou o favorito Brasil de Telê e avançou rumo ao título da Copa. Não se pode dizer que tenha servido de inspiração para a mordaça de jogadores e técnico do PSC, mas é fato que esse tipo de ação nem sempre tem final feliz.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa deste domingo, a partir das 22h30, na RBATV. Destaque para as séries B e C e Copa Verde. Valmir Rodrigues e este escriba de Baião participam dos debates. A edição é de Lourdes Cézar.
Insultos racistas e homofóbicos são intoleráveis
Um novo caso de injúria racial estourou na Série B. Desta vez, o alvo foi o atacante Jefferson, do Remo, chamado de “macaco” por um torcedor do Cruzeiro, no estádio Independência, em Belo Horizonte. O jogador comemorava o segundo gol remista e as imagens ganharam de imediato as redes sociais.
Não é um caso isolado, como muitos pensam. Xingar alguém em função da etnia ou orientação sexual tornou-se mais comum do que deveria, desde que a sociedade brasileira passou a conviver diariamente com o ódio e a discriminação, fomentados por quem deveria lutar para contê-los.
O ato contra Jefferson foi imediatamente denunciado à CBF pelo presidente do Remo, Fábio Bentes. A imagem de vídeo capta os gritos, mas não mostra o rosto de quem insultou o atleta, mas as câmeras do estádio podem facilmente identificar o torcedor.
Atento aos riscos de uma punição – como ocorreu com o Brusque em relação ao jogador Celsinho, do Londrina –, o Cruzeiro pediu desculpas públicas a Jefferson e ao Remo, posicionando-se contra o comportamento do torcedor e afirmando que fará o possível para identificar o agressor.
Aliás, vem de Minas Gerais também outro caso que expressa bem esses tempos de intolerância. O jogador de vôlei Maurício Souza, do Minas Tênis Clube, foi demitido por causa de comentários homofóbicos nas redes sociais dirigidos a uma HQ do Super Homem.
Maurício, negacionista e apoiador de Jair Bolsonaro, direcionou sua metralhadora giratória contra uma cena de dois homens se beijando numa história em quadrinhos. Para ele, e alguns defensores da mesma causa, manifestar esse desagrado constitui liberdade de opinião.
Não é. Declarações homofóbicas e discursos de ódio constituem crime, conforme legislação vigente desde 2019. Para os especialistas, as palavras têm o poder de abrir caminho para formas de violência mais profundas.
A lei avacalhada pelo “comum acordo”
Como tudo no Brasil, a norma implantada neste ano de limitar a demissão de técnicos nas Séries A, B e C já foi olimpicamente avacalhada. A ideia era disciplinar o setor e evitar o festival de mudanças de treinadores. Foi adotada a regra de que cada clube só pode fazer uma troca de técnico durante a competição. Se um segundo treinador for dispensado, o clube terá que efetivar alguém que já esteja registrado pelo clube junto à CBF.
Os espertos, porém, bolaram logo um truque para burlar a lei. Criou-se a figura da rescisão de “comum acordo” para mascarar demissões. Mesmo em casos óbvios de dispensa do profissional, o clube anuncia que tudo foi feito de forma amigável, o que permite contratar outro técnico.
Alguns técnicos – como Felipe Conceição em relação ao Cruzeiro – se rebelaram e contestaram a potoca. Outros admitem, sigilosamente, que foram demitidos, mas tiveram que concordar em assinar um termo de conciliação para que a diretoria pudesse chamar novo treinador.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 31)
Telas & pincéis
Cupido e Psiquê. Quadro de Anthony van Dyck (1638).
(Coleção Real do Reino Unido)
Bastidores do rock
Eric Clapton durante pausa na gravação de seu álbum “No Reason To Cry” no estúdio de gravação Shangri La, em Malibu. California, 1975.
Bastidores do rock
Jeanne Moreau, musa da Nouvelle Vague, posa com o Pink Floyd. Paris, 1971.
Bastidores do rock
Os manos Liam e Noel Gallagher, do Oasis, antes de um show em 1996.
Foto: Des Willie
Bolsonaro se consolida como pária internacional
Por Rudolfo Lago, no Congresso em Foco

Correspondentes que acompanham em Roma, na Itália, a reunião do G20, o grupo dos 20 países mais ricos do mundo, informam que o presidente Jair Bolsonaro, cercado de desconfiança por suas posições ambientais e formalmente denunciado pela CPI da Covid por crime contra a humanidade por suas ações na pandemia, ficou isolado no encontro.
O colunista e correspondente do UOL, Jamil Chade, flagrou Bolsonaro sozinho no sábado (30) em um canto do salão, tentando atrair a atenção dos garçons, enquanto outros líderes, como Angela Merkel, da Alemanha; Emmanuel Macron, da França; Antonio Guterrez, da Organização das Nações Unidas (ONU), e Ursula Van der Leyen, da União Europeia (UE), debatiam como iriam pressionar a comunidade internacional para criar um fundo conjunto para distribuir vacinas.
Outras rodinhas semelhantes eram vistas no mesmo salão. Bolsonaro não participou de nenhuma delas. Tentou puxar conversa com os garçons: “Todo mundo italiano aí?”. Um garçom apenas acenou com a cabeça. Foi somente aí, que, segundo Chade, Bolsonaro conseguiu se aproximar, pedindo ajuda de assessores, do presidente da Turquia, Recep Erdogan, e entabular a conversa na qual criticou a Petrobras e mentiu sobre a expectativa de recuperação da economia brasileira.
Segundo o correspondente da BBC, Matheus Magenta, Bolsonaro foi um dos únicos líderes presentes ao encontro que não teve reuniões previstas com os demais. A exceção foi o presidente da Itália, Sergio Mattarella, anfitrião, que, por razões protocolares, recebeu todos os lideres.
De acordo com Ana Estela de Sousa Pinto, da Folha de S. Paulo, Bolsonaro deixou a reunião final do G20, neste domingo (31) e saiu para caminhar pelas ruas de Roma. Naquele momento, discurava na reunião de cúpula o Principe Charles, do Reino Unido.
Bolsonaro também não participou de uma visita organizada pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, à Fontana di Trevi. Dezoito líderes se reuniram e foram fotografados no famoso monumento para cumprir o famoso ritual de jogar moedinhas na fonte. Nomes como Angela Merkel, Macron, o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, e o do Reino Unido, Boris Johnson. Bolsonaro não jogou sua moedinha…
(Na foto, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, evita se aproximar e apertar a mão de Bolsonaro, na abertura da cúpula do G20 em Roma neste sábado, 30)
O passado é uma parada
Do acervo de fotografias do Arquivo Nacional sobre a ditadura brasileira, disponibilizado como domínio púbico no Wikimedia Commons. São 996 fotos históricas, como esta, mostrando um pelotão do Exército à frente de um cinema no Rio que exibia o filme “A Noite dos Generais”, em 1967. Detalhe importante: o filme tem a palavra “generais” do título referindo-se ao exército nazista durante a invasão da Polônia.
Justiça proíbe bloqueios de rodovias federais no Pará em protesto de caminhoneiros
A Justiça Federal concedeu, na noite deste sábado (30), liminar proibindo caminhoneiros e qualquer pessoa de ocuparem, obstruírem ou dificultarem a livre circulação em rodovias federais que cruzam o território paraense. A proibição atende a um pedido formulado pela União, diante de informações de que a categoria pretende bloquear estradas durante protestos que devem começar em todo o País nesta segunda-feira, 1º de novembro.
O juiz federal de Redenção, Francisco Antônio de Moura Júnior, que assinou a decisão (veja aqui íntegra) na condição de plantonista, autorizou a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Polícia Militar e demais órgãos competentes a adotarem “as medidas necessárias e suficientes ao resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento, que porventura venham a posicionar-se em locais inapropriados nas rodovias federais no estado do Pará, inclusive mediante o emprego da força pública”.
O magistrado também estabeleceu multa diária de R$ 10 mil por pessoa física e de R$ 100 mil por pessoa jurídica que participe ou promova o bloqueio ou ocupação de rodovias federais que cruzem o território paraense, impedindo ou dificultando a livre circulação de veículos automotores, causando prejuízo à segurança e à fluidez do trânsito.
Remoção e apreensão – Se houver ocupação ou bloqueio nas estradas, a decisão determina a “retirada de todas as pessoas localizadas na área sub judice e que estejam procedendo à interrupção do tráfego na via pública, com a prudência que o caso requer”. Autoriza ainda a remoção e apreensão de todos os veículos, maquinário, instrumentos, equipamentos, objetos e semelhantes que “afrontem o cumprimento desta decisão e que sejam utilizados para a interrupção da via pública”. Por último, proíbe “a entrada, comércio ou qualquer outra forma de distribuição gratuita ou onerosa de combustível (gasolina, óleo diesel e afins) e suprimentos aos requeridos que estejam no local de bloqueio da rodovia, a fim de estimular a sua pacífica desocupação”.
O pedido da União foi feito em ação de interdito proibitório ajuizada contra a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e “pessoas incertas e não conhecidas”.
Na decisão, o juiz ressalta ser legítimo o exercício do direito de manifestação contra atos de particulares ou do Poder Público, “mas este não pode ser exercido de forma indiscriminada, em prejuízo de toda a sociedade, tendo em vista que o bloqueio de trecho de rodovia federal acarreta prejuízos a toda a coletividade que se utiliza de tal bem público, impedindo os deslocamentos terrestres em trecho de elevado movimento de veículos.”
(Da Assessoria de Comunicação/TRF1)