Papão passeia na Curuzu e Leão dá vexame em Bragança

Com uma vitória tranquila e categórica sobre o Castanhal, por 3 a 0, na Curuzu, o PSC fechou a primeira fase do Campeonato Paraense na liderança absoluta, com 20 pontos. Jean Dias e Nicolas (2) construíram o triunfo sobre o Japiim. O destaque da partida foi o goleiro Xandão, que fez defesas espetaculares ao longo dos dois períodos e evitou que a vitória do PSC fosse ainda mais ampla. Nas quartas de final, o Papão vai enfrentar o Bragantino.

No estádio Diogão, em Bragança, o Remo foi derrotado pelo Bragantino por 1 a 0, gol marcado aos 15 minutos do segundo tempo pelo meia Edicléber, após cruzamento de Gileard e falha coletiva do setor defensivo azulino de Gabriel Bispo, Ícaro e Marcelo Rangel. Ao longo dos dois tempos, o Leão foi lento e dispersivo, com nenhuma inspiração ofensiva e repetindo as fracas atuações da era Catalá. Com 14 pontos, o Remo terminou a fase de classificação em 3º lugar. Nas quartas de final, o Leão vai encarar o Santa Rosa.

Os outros resultados da oitava rodada foram: Caeté 2 x 2 Tuna, Águia 1 x 0 Cameta, Santa Rosa 1 x 0 Tapajós, São Francisco 2 x 0 Canaã.

Os demais jogos das quartas de final: Caeté x Águia e Tuna x São Francisco.

Nada de novo sob o sol

POR GERSON NOGUEIRA

A convocação inicial de um treinador da Seleção Brasileira funciona como um demarcador de princípios, uma sinalização de intenções. Com base nisso, Dorival Júnior estreou oficialmente no comando técnico do escrete de forma bem burocrática, sem acrescentar muito às convocações de Fernando Diniz, seu antecessor.

Há 55 anos, João Saldanha assumiu metendo o pé na porta. Logo na primeira entrevista, soltou a escalação das “feras do Saldanha”, dando o primeiro passo para a conquista do tri no México. Em plena ditadura militar, o comunista João Sem Medo acabaria trocado pelo conservador Zagallo, mas legou um exemplo de destemor que ninguém mais repetiu.

Coragem foi o que faltou na apresentação de Dorival. Para um time que desceu tanto de nível que está hoje em 6º lugar nas Eliminatórias da Copa do Mundo, atrás de seleções irrelevantes no continente, seria oportuno chegar chegando, até para sacudir o cenário.

Quem olhar a lista anunciada na sexta-feira vai até se surpreender, mas sem maior entusiasmo. Savinho, destaque no Girona (Espanha), é um desses sopros de renovação, mas que ficou só nisso.

As outras novidades são Andreas Pereira, volante do Fulham (Inglaterra); Beraldo, zagueiro do PSG; Murilo, zagueiro do Palmeiras; e Pablo Maia e Rafael, volante e goleiro do São Paulo, respectivamente.   

Além de passar a impressão de ser um técnico inseguro e, por isso mesmo, em busca de suporte, ao abrir espaço para jogadores de seu ex-clube (São Paulo), Dorival fez escolhas sem amparo no desempenho técnico.

Rafael é um goleiro bom, mas não especial. Como ele existem uns 10 ou mais no futebol brasileiro. O mesmo pode ser dito de Pablo Maia, um volante comum, sem brilho maior. É óbvio que só chegaram à Seleção porque o técnico é Dorival.

Prestigiar ex-comandados de qualidade duvidosa é um critério ruim, que atrai justificadas críticas. O próprio Beraldo, revelado no São Paulo, não é um zagueiro consolidado. Bremer, da Juventus (Itália), vive momento melhor, disputando um campeonato mais competitivo.

A outra escolha alvejada pelos corneteiros é a de Murilo, do Palmeiras, alvo de uma óbvia barbeiragem. Dorival confundiu o palmeirense com Murillo, do Nottingham Forest, eleito seguidamente melhor zagueiro da principal liga europeia. 

No meio, mais problemas. Entre os convocados para o setor não há um meia de ofício que tenha capacidade criativa. Quem mais se aproxima dessa condição é Lucas Paquetá, utilizado por Tite como meia de ligação, mas de atuações pouco convincentes, inclusive na Copa 2022.

Além de figuras carimbadas, como Casemiro, Dorival só chamou volantes: Bruno Guimarães, do Newcastle; Douglas Luiz, do Aston Villa, e João Gomes, do Wolverhampton. Completam o grupo Andreas Pereira, também volante do Fulham; André, do Fluminense, e o já citado Pablo.

Alguém lembrou que há uma longa estiagem de meias especialistas no Brasil. É fato, muito por culpa de Neymar, que exerce esse papel no escrete de forma dúbia. Carrega o número 10 às costas e conduz a bola o tempo todo, desprezando o manual da posição, que prevê lançamentos e troca de passes no repertório. Raphael Veiga, do Palmeiras, não foi lembrado.  

No ataque, Dorival prestigiou Richarlyson e ignorou Vítor Roque. Como é apenas a primeira lista, cabe relativizar os problemas e torcer (muito) para que esse grupo gere um time competitivo para enfrentar as seleções da Inglaterra e Espanha. A ausência de Gabriel Jesus já ajuda bastante.

Bola na Torre

Com apresentação de Guilherme Guerreiro, o programa começa às 22h, na RBATV, com participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em pauta, a rodada final da fase classificatória do Campeonato Paraense. A edição é de Lourdes Cezar.

Papão joga para garantir a liderança do campeonato

Diante do Castanhal, na Curuzu, o Papão pode surgir inteiramente modificado em relação aos últimos jogos no Parazão. Hélio dos Anjos tem a chance de utilizar uma formação bastante modificada: Diogo Silva; Michel Macedo, Luan, Carlão (ou Naylhor) e Geferson; João Vieira, Leandro Vilela e Biel; Edinho, Leandro e Esli Garcia.

O jogo vale muito para o Castanhal, que briga desesperadamente pela classificação, mas para o PSC significa o fechamento da campanha na primeira fase do Parazão. O time está classificado, com 17 pontos, e dificilmente deixará escapar a liderança.

Com a necessidade de recuperação dos titulares depois da desgastante viagem a Rondônia para a estreia na Copa do Brasil, o time pode ter algumas alterações, como a entrada do estreante Geferson na lateral esquerda e a presença de Esli Garcia e Edinho no ataque.  

Já o Remo, também garantido na próxima fase do Parazão, vai a Bragança em busca de reabilitação na competição depois do empate em casa com o São Francisco, que causou a demissão do técnico Ricardo Catalá.

Agnaldo de Jesus vai dirigir a equipe e deve ter mudanças no setor defensivo e no meio-campo, pois Ligger e Henrique estão pendurados com dois amarelos e devem ser poupados. No ataque, o criticado Ribamar será mantido. Mais do que mudar peças, o Leão precisa de uma nova atitude.

Mais de 60 mil votos na 1ª parcial do Troféu Camisa 13

As torcidas já estão em contagem regressiva e há muita expectativa para o anúncio oficial da primeira parcial de votação do Troféu Camisa 13. Será na terça-feira, 5, durante o programa Camisa 13/RBATV, às 6h30.

Além de divulgar a seleção dos melhores da primeira fase do Parazão, serão sorteados prêmios aos “técnicos torcedores”, responsáveis pelos mais de 60 mil votos já contabilizados para a primeira parcial.

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 03)

Rock na madrugada – Pearl Jam, “Love Boat Captain”

POR GERSON NOGUEIRA

Grande momento da discografia do Pearl Jam, a banda que (quase) nunca erra – segundo a quase totalidade dos críticos de rock que merecem ser levados a sério. Todos os elementos do grunge – guitarras distorcidas, baixo impecável, bateria seca e melodia forte – estão reunidos em “Love Boat Captain” (Capitão do Barco do Amor), que foi inspirada na dor e na tristeza.

A chave de tudo está no verso “perdemos nove amigos que nunca conheceremos”. A composição, de Eddie Vedder (letra) e Kenneth ‘Boom’ Gaspar (tecladista que acompanha a banda), é um tributo aos nove jovens que morreram em consequência da superlotação de um show na Dinamarca. O grupo ficou tão abalado com a tragédia que chegou a aventar a possibilidade de encerrar atividades.

Inclusa no álbum Rio Act (2002), o sétimo do PJ, a canção fala de dor, sofrimento, amor e redenção, com direito até a uma citação dos Beatles – “Tudo o que você precisa é amor” (do clássico “All You Need Is Love”) – para encerrar pacificamente com: “Capitão do barco do amor, assuma as rédeas, nos leve à calmaria”.

Em tempo, a morte dos nove fãs da banda aconteceu na noite de 30 de junho de 2000, no Roskilde Festival, na Dinamarca. Eles foram pisoteados ao tentar correr para junto do palco, sendo que mais 26 pessoas ficaram feridas durante o show.

Dois meses depois do fatídico episódio, Vedder comentou sobre Roskilde numa entrevista ao site oficial do Pearl Jam, citando o amigo Chris Cornell. “Nunca falei com ninguém sobre Roskilde. Foi a experiência mais brutal que tivemos e eu ainda estou tentando lidar com isso. Logo antes de irmos para o show, recebemos um telefonema. Chris Cornell e sua esposa, Susan, tiveram uma filha naquele dia… E também uma pessoa que cuidava do som teve que sair mais cedo, porque a esposa dele iria ter um filho. Aquilo me levou às lágrimas, porque eu estava tão feliz, sabe? Nós estávamos subindo ao palco naquela noite com dois novos nomes em nossas cabeças, mas em 45 minutos tudo mudou”.

Relataria anos depois que se tornou amigo de algumas das famílias que perderam filhos naquela noite na Dinamarca, procurando entender a dor dos pais. “Love Boat Captain” traduz tudo isso em forma de canção – e que canção.