Em reação heroica, Leão empata com Amazonas e se classifica para a semifinal da Copa Verde

O Remo está na semifinal da Copa Verde, após empatar em 2 a 2 com o Amazonas, na noite deste sábado (23), na Arena da Amazônia, em Manaus. Como venceu o jogo de ida por 2 a 1Com o placar, a equipe paraense leva a melhor no agregado, já que no primeiro duelo, em Belém, venceu por 2 a 1. Wiliam Barbio marcou os dois gols dos amazonenses no primeiro tempo. Ytalo e Sillas marcaram os gols que garantiram a classificação.

O Amazonas teve um início melhor, utilizando jogadas rápidas pelos lados. Chegou ao gol logo aos 4 minutos. Diego Torres lançou Sassá na área. O centroavante tocou de cabeça para Wiliam Barbio, sozinho, disparar sem chances para o goleiro Marcelo Rangel. O Remo abusava de erros de passe e hesitações ofensivas. O melhor momento azulino foi um cabeceio de Jonilson, para fora.

Insatisfeito com a marcação, o técnico Gustavo Morínigo trocou Henrique por Renato Alves. Aos 34 minutos, o Amazonas fez nova investida, pela direita, com Patric, que cruzou rasteiro em direção à pequena área. A bola passou pelos zagueiros e chegou a William Barbio, que só teve o trabalho de desviar para o fundo do barbante.

Logo a 1 minuto do segundo tempo, o Remo pressionou e chegou a fazer um gol, com Ytalo (que havia substituído Ribamar no intervalo), mas o lance foi anulado por impedimento. Foi um cartão de visitas do que o Leão pretendia fazer na partida, com mudanças simples de posicionamento que resultaram na reação e no empate.

Aos 10′, Ytalo aproveitou um rebote depois de cruzamento de Nathan e de um corta-luz de Kelvin dentro da área. O centroavante bateu cruzado e rasteiro para vencer o goleiro amazonense. Logo em seguida, mandou um chute por cobertura que levou muito perigo.

Ao longo do segundo tempo, o Remo passou a controlar as ações, a partir da aproximação de meio-campo e ataque, com Matheus Anjos e Sillas exercendo um papel fundamental na condução da bola até os homens de ataque. O Amazonas sentiu a mudança de postura azulina e ficou encolhido em seu campo.

Aos 43′, o Leão chegou ao empate: Vidal arriscou da intermediária, o goleiro espalmou para o lado e Ronald foi à linha de fundo para repor a bola na pequena, onde Sillas chegou batendo para as redes. Um belo gol, que sacramentou a classificação azulina à semifinal da Copa Verde.

Brado contra a impunidade

POR GERSON NOGUEIRA

Foi preciso que uma mulher tivesse o desprendimento de romper o silêncio covarde das cúpulas e castas do futebol no Brasil sobre as prisões de Robinho e Daniel Alves, condenados respectivamente na Itália e na Espanha, e presos pelo crime de estupro. De forma corajosa, Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe da delegação brasileira no atual giro pela Europa, foi a primeira voz a se levantar.

“Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da delegação, tenho que me posicionar sobre os casos do Robinho e Daniel Alves. Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres, especialmente o caso do Daniel Alves, que pagou pela liberdade. Acho importante eu me posicionar. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte”, disse Leila.

Falou tudo, em poucas palavras. O fato é ainda mais auspicioso porque fura a bolha que mantinha o assunto como um tabu, até mesmo na imprensa esportiva, boa parte dela cheia de não-me-toques para mencionar desatinos e crimes de dois ex-craques da Seleção Brasileira.  

Na esteira da declaração firme de Leila, a CBF começou a se mexer, com parcimônia, mas abordando o tema. Na sexta-feira, o técnico Dorival Júnior e o jogador Danilo, capitão da Seleção Brasileira, se posicionaram sobre o episódio, algo raro em se tratando do ambiente do futebol no Brasil, normalmente avesso a atitudes e crimes envolvendo boleiros e técnicos.

Ainda na sexta, depois de longo e constrangedor silêncio, a CBF se manifestou através de nota assinada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Diz, à certa altura do texto, que as condenações colocam um “ponto final em um dos capítulos mais nefastos do futebol brasileiro”.

“É fundamental que a corajosa atitude das vítimas inspire cada vez mais mulheres a não se calarem diante de barbaridades de tal ordem. Mais do que isso: num ambiente em que o machismo impera, nós, homens, precisamos estar na linha de frente para combater não apenas a violência sexual, mas todo tipo de violência”, diz o comunicado.

Logo depois da prisão de Robinho, o presidente Lula lamentou o episódio e aplaudiu a decisão da Justiça em enfrentar o ciclo de impunidade para casos de violência sexual envolvendo astros do futebol no Brasil.  

O Ministério do Esporte expressou “repúdio absoluto à violência sexual”. A mensagem observa que “os casos envolvendo os ex-jogadores de futebol Robinho e Daniel Alves, que foram condenados por estupro, são extremamente lamentáveis, inadmissíveis e imperdoáveis”.

Acrescenta que, ante a gravidade dos crimes cometidos, a condenação dos envolvidos é um passo importante, proporcionando alguma forma de justiça às vítimas. “A justiça deve ser aplicada de forma rigorosa e imparcial, garantindo que os culpados sejam responsabilizados por seus atos, sem concessões”.

Conclui com a afirmação de que “o Ministério do Esporte continuará a trabalhar para fortalecer políticas e ações que contribuam para a prevenção e o combate à violência sexual, bem como para o apoio às vítimas e a construção de uma cultura de respeito e dignidade no esporte e na sociedade”. Que assim seja.

Com apoio da Fiel, Papão tenta superar o Manaus

O desafio é vencer por dois gols de diferença para avançar às semifinais da Copa Verde. Depois de perder por 1 a 0 na Arena da Amazônia, na quinta-feira, o Papão tem a missão de derrotar o Manaus dentro de seus domínios, aproveitando o apoio da Fiel Bicolor.

Em tese, a tarefa não é das mais complicadas. O Manaus vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro e tem uma equipe limitada. O problema é que o PSC tem enfrentado dificuldades até contra adversários modestos.

Os problemas que impactam o desempenho da defesa desde a derrota para o Juventude, pela Copa do Brasil, atormentam o torcedor. É difícil entender como um time formado por jogadores de bom nível se atrapalhou em Manaus, escapando de um placar mais dilatado.

Robinho, especialista no setor de criação, terá a função de abastecer o ataque, onde Nicolas não conseguiu fazer gols nas últimas duas partidas. Caberá ao meia-armador municiar o centroavante e os homens de lado, provavelmente Jean Dias e Vinícius Leite.  

Ao mesmo tempo, o time terá que readquirir a segurança defensiva da fase inicial do Campeonato Paraense, quando sofreu apenas dois gols. É hora de reagir, classificar e tranquilizar o torcedor.  

Curso Licença C vai capacitar treinadores em Belém

Como parte da parceria entre a Federação Paraense de Futebol (FPF) e a CBF Academy, Belém vai sediar um curso de capacitação de treinadores de futebol. Trata-se do Licença C – Treinador de Futebol, que visa oferecer conhecimento especializado a profissionais que atuam com crianças e adolescentes, especialmente nas escolinhas e categorias Sub-11.

O curso será semipresencial, com aulas on-line realizadas em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) com atividades práticas presenciais ministradas em Belém. O período do curso on-line será de 15 de abril a 13 de maio de 2024; já as atividades presenciais irão de 21 a 26 de maio.

Sob as normas e padrões de excelência estabelecidos pela CBF, o curso vai proporcionar, além de aulas específicas sobre treinamento e tática, acesso a noções de gestão de equipe e análise de desempenho, com um conteúdo abrangente, repassado por especialistas.

Bola na Torre

Com apresentação de Guilherme Guerreiro, o programa irá ao ar às 22h deste domingo, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em pauta, as quartas de final da Copa Verde e a expectativa pelas semifinais do Parazão. A edição é de Lourdes Cezar. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 23/24)

Rock na madrugada – Primal Scream & Paul Weller, “Rocks”

POR GERSON NOGUEIRA

Poucas vezes o rock foi tão decentemente tributado numa canção quanto nesta do Primal Scream (aliás, que puta nome para uma banda). Aqui, o registro ganha vigor e balanço nas guitarras com a participação luxuosa de Paul Weller, “the Modfather”. A filmagem captura bem o clima de uma espelunca apropriada para uma noite roqueira nos subterrâneos de Glasgow.

“Traficantes continuam traficando/ Ladrões continuam roubando. Prostitutas continuam prostituindo, trastes continuam contando. O comércio está no suporte da carne. Strippers se dobrando, vagabundas continuam vagabundeando. Palmas coçando”.

Estes são os versos iniciais de “Rocks” (1994), típico produto da inquietação criativa do Primal, banda de rock alternativo surgida em 1984, em Glasgow (Escócia). Inicialmente, era apenas o duo Bobby Gillespie e Jim Beattie, cuja inspiração para escolha do nome é a famosa teoria do grito primal, inventada pelo médico Arthur Janov nos anos 60.

Atualmente, o Primal é formado por Gillespie, Andrew Innes, Martin Duffy, Debbie Googe, Darrin Mooney e Bobby Gillespie. Antes de tomar coragem para formar a própria banda, Gillespie se aventurou como baterista do The Jesus and Mary Chain.

“Screamadelica”, o belíssimo terceiro disco do Primal, alavancou a carreira do grupo num tempo em que quase todo mundo só falava em Nirvana e grunge. O álbum conectou o público indie ao mundo das raves e, no sentido inverso, a house music para os pubs do som underground.

“Garoto do Cortiço”, escrito (muito bem) por Gillespie, é um livro excelente e revelador, lançado em 2022. Narra a sua história desde a época de dureza nas ruas (e cortiços) de Glasgow e a relação com os pais, pertencentes à classe operária. Vale a leitura. 

Agora algumas palavras sobre Paul Weller, que foi responsável pela sobrevivência do estilo Mod no rock britânico do final dos anos 70 até meados de 80. Por isso, ganhou o apelido de “pai dos mods”, trabalhando com afinco no revival do subgênero consagrado pelo The Who.

Weller foi integrante do The Jam, que surgiu no auge do punk e da explosão de Sex Pistols e Clash. Por ser contemporâneo, o Jam foi confundido com uma banda de punk rock, embora tivesse obviamente mais apuro técnico na execução das músicas. Sobreviveu de 1977 a 1982. Em seguida, Weller fundou o Style Council. Produtivo e experimental, o grupo durou seis anos. Hoje, Weller segue carreira solo de grande prestígio.