Vereadores se mobilizam em defesa do Coxa

Vereadores da Câmara Municipal de Curitiba vestem a camisa do Coxa durante a sessão plenária desta terça-feira em moção de apoio ao time, que terá um recurso julgado nesta quinta-feira, na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio. O clube luta para se livrar da pena imposta após a confusão causada por baderneiros no estádio Couto Pereira, em dezembro de 2010. Júlio Brotto, um dos advogados de defesa do clube paranaense no processo, fez uma breve exposição aos parlamentares da tese da defesa. Ele aproveitou para justificar o ato e o pedido de apoio ao clube destacando que trata-se de “uma causa curitibana e não apenas do Coritiba”.

Engraçado é que, mesmo diante de causas bem mais nobres (Copa de 2014, dívidas trabalhistas exageradas da dupla Re-Pa, brigas com a CBF), não se vê por aqui esse tipo de adesão da classe política – seja municipal, estadual ou federal. Apesar da presença de ex-atletas nesses parlamentos, prevalece um completo desinteresse partidário pelo que acontece com Remo e Paissandu, como se fosse algo menor. E pensar que são duas das maiores instituições deste Estado. Até quando?

Papão senta no banco dos réus

Será nesta quarta-feira, às 9h30, a primeira audiência na Justiça do Trabalho sobre a ação do ex-zagueiro Cametá, que cobra do Paissandu a quantia de R$ 739.719,96. O próximo a procurar a Justiça, segundo seus advogados, é o volante Paulo de Tarso, que também exige algo em torno de R$ 700 mil. O atacante Balão ainda não se manifestou.

Diretor remista nega interesse por Kuki

Depois de trazer o veterano e semi-aposentado Gian, com sucesso, o Remo estaria mirando em outro rodado jogador para completar o elenco. A bola da vez seria Kuki, 39 anos. A informação surgiu no próprio estádio Evandro Almeida, desde a segunda-feira, mas nesta terça-feira à tarde o diretor Abelardo Sampaio (via Twitter) negou oficialmente qualquer interesse no jogador. Kuki fez história (e muitos gols) defendendo o Náutico (PE). Foram 179 gols em 387 jogos. Mas, no começo deste ano, depois de uma temporada de poucos gols e já sem a velocidade que o caracterizava no auge da carreira, acabou dispensado pelo clube.

Pensata: A teoria negreira do DEM saiu do armário

Por Elio Gaspari

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é uma espécie de líder parlamentar da oposição às cotas para estimular a entrada de negros nas universidades públicas. O principal argumento contra essa iniciativa contesta sua legalidade, e o caso está no Supremo Tribunal Federal, onde realizaram-se audiências públicas destinadas a enriquecer o debate.
Na quarta-feira o senador Demóstenes foi ao STF, argumentou contra as cotas e disse o seguinte:
“[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. Gilberto Freyre, que hoje é renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual”.
O senador precisa definir o que vem a ser “forma muito mais consensual” numa relação sexual entre um homem e uma mulher que, pela lei, podia ser açoitada, vendida e até mesmo separada dos filhos.
Gilberto Freyre escreveu o seguinte:
“Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime”.
“O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço. Desejo, não: ordem.”
“Não eram as negras que iam esfregar-se pelas pernas dos adolescentes louros: estes é que no sul dos Estados Unidos, como nos engenhos de cana do Brasil, os filhos dos senhores, criavam-se desde pequenos para garanhões. (…) Imagine-se um país com os meninos armados de faca de ponta! Pois foi assim o Brasil do tempo da escravidão.”
Demóstenes Torres disse mais:
“Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (…) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da economia africana”.
Nós, quem, cara-pálida? Ao longo de três séculos, algo entre 9 milhões e 12 milhões de africanos foram tirados de suas terras e trazidos para a América. O tráfico negreiro foi um empreendimento das metrópoles europeias e de suas colônias americanas. Se a instituição fosse africana, os filhos brasileiros dos escravos seriam trabalhadores livres.
No início do século 20 os escravos não eram o principal “item de exportação da economia africana”. Àquela altura o tráfico tornara-se economicamente irrelevante. Ademais, não existia “economia africana”, pois o continente fora partilhado pelas potências europeias. Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário José Roberto Arruda.
O senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às cotas.

Repórteres (da Folha SP) no pelourinho

Por Leandro Fortes

A direção da Folha de S.Paulo, simplesmente, autorizou a um elemento estranho à redação (mas não aos diretores), o sociólogo Demétrio Magnoli, a chamar de “delinquentes” dois repórteres do jornal, autores de matéria sobre a singular visão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) da miscigenação racial no Brasil. Vocês, não sei, mas eu nunca vi isso na minha vida, nesses 24 anos de profissão. Nunca. Por tabela, também o colunista Elio Gaspari, que desceu a lenha no malfadado discurso racista de Demóstenes Torres, acabou no balaio da delinquencia jornalística montado por Magnoli.

Das duas uma: ou a Folha dá direito de resposta aos repórteres insultados (Laura Capiglione e Lucas Ferraz), como, imagino, deve prever o seu completíssimo manual de redação, ou encerra as atividades. Isso porque Magnoli, embora frequente os saraus do Instituto Milleniun, não entende absolutamente nada de jornalismo e confundiu reportagem com opinião. A matéria de Laura e Lucas nada tem de ideológica, nem muito menos é resultado de “jornalismo engajado” (contra o DEM, na Folha??). A impressão que se tem é que houve falha nos filtros internos da redação e deixaram passar, por descuido ou negligência, uma matéria cujas conseqüências aí estão: o senador Torres, sujeito oculto da farsa do grampo montada em consórcio entre a Veja e o STF, virou, também, o símbolo de um revisionismo histórico grotesco, no qual se estabelece como consensual o estupro de mulheres negras nas senzalas da Colônia e do Império do Brasil.

A reação interna à repercussão de uma matéria elaborada por dois repórteres da sucursal de Brasília, terceirizada por Demétrio Magnoli, é emblemática (e covarde), mas não diz respeito somente à Folha de S.Paulo. O artigo “Jornalismo delinquente”, publicado na edição de hoje (9 de março de 2010), na página de opinião do jornal, nada tem a ver com políticas de pluralidade de opiniões, mas com intimidação pura e simples voltada para o enquadramento de repórteres e editores, e não só da Folha, para os tempos de guerra que se aproximam. A recusa de Aécio Neves em ser vice de José Serra deverá jogar o DEM, outra vez, no vácuo dos tucanos, a reviver a dobradinha iniciada entre Fernando Henrique Cardoso e o PFL, de triste lembrança. O imenso mal estar causado pela fala de Demóstenes Torres na tribuna do Senado Federal, resultado do trabalho rotineiro de dois repórteres, acabou interpretado como inaceitável fogo amigo. Capaz, inclusive, agora, de a dupla de jornalistas correr perigo de empregabilidade, para usar um termo caro à equipe econômica tucana dos tempos de FHC.

Demétrio Magnoli, impunemente, chama a reportagem da Folha de S.Paulo de “panfleto disfarçado de reportagem”, afirmação que jamais faria, e muito menos a publicaria, sem autorização da direção do jornal, precedida de uma avaliação editorial e política bastante criteriosa. O fato de se ter permitido a Magnoli, um dos arautos da tese conceitualmente criminosa de que não há racismo no Brasil, insultar dois repórteres e o principal colunista da Folha, em espaço próprio dentro de uma edição do jornal, deixa a todos – jornalistas e leitores – perplexos com os rumos finais da velha mídia e de seu inexorável suicídio editorial em nome de uma vingança ideológica, ora baseada em doutrina, ora em puro estado de ódio racial e de classe.

Começa venda de ingressos para Remo x S. Mateus

Os ingressos para o jogo Remo x São Mateus, pela Copa do Brasil, marcado para quarta-feira, começaram a ser vendidos na manhã desta terça-feira, nas bilheterias do Baenão, na sede social (para sócio-torcedores) e na Federação Paraense de Futebol (gratuidade). No total, o Remo vai disponibilizar 12 mil ingressos.

Só o Cruzeiro aparece no top 10 da IFFHS

Saiu o ranking atualizado da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS). Apenas dois brasileiros aparecem entre os 20 primeiros: o Cruzeiro, em oitavo, e o Grêmio, em 20º. O Flamengo, apesar do título brasileiro, está muito atrás – 82º lugar. O Paissandu, que apareceu bem posicionado no ranking histórico, não está na lista atual, que leva em conta resultados mais recentes. Para confundir ainda mais o negócio, até o Barueri (que já mudou de nome) foi incluído desta vez. O ranking é doido (Shakhtar em 5º!! vou te contar…), como se sabe, mas vale o registro. Confira a lista dos dez primeiros:

1 – Barcelona (Espanha)
2 – Chelsea (Inglaterra)
3 – Werder Bremen (Alemanha)
4 – Manchester United (Inglaterra)
5 – Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
6 – Arsenal (Inglaterra)
7 – Estudiantes (Argentina)
8 – Cruzeiro (Brasil)
9 – Hamburgo (Alemanha)
10 – Roma (Itália) 

E só os clubes brasileiros:

8 – Cruzeiro
20 – Grêmio
46 – Palmeiras
49 – Fluminense
53 – São Paulo
63 – Inter
74 – Corinthians
82 – Flamengo
126 – Sport
150 – Goiás
152 – Botafogo
152 – Coritiba
160 – Atlético-MG
175 – Vitória
214 – Avaí
265 – Atlético-PR
274 – Santos
274 – Barueri

Coluna: Uma chance para os nativos

Técnicos caseiros só têm utilidade para os grandes da capital em tempo de vacas magras. No aperreio, com dinheiro curto, fica mais prático contratar um conterrâneo ou agregado para ir quebrando o galho. Se a coisa melhora, e normalmente melhora mesmo, ao invés de aumentar o salário do sujeito, livram-se dele e saem correndo atrás de um técnico “de nome”, normalmente ganhando 10 vezes mais.
Assim são as coisas no incrível futebol paraense. Não é de agora e nem adianta tentar entender. O condicionamento é tão forte na cabeça das pessoas, que até os próprios profissionais nativos aceitam com resignação o tratamento dispensado pelos clubes.
Refiro-me a essa situação, tantas vezes vista entre nós, diante da coincidência feliz de um clássico Re-Pa que opõe dois técnicos regionais. Sinomar Naves no Remo e Charles Guerreiro no Paissandu. Obviamente, não estão no comando por acaso ou generosidade dos dirigentes. Foram as soluções mais práticas e em conta para resolver os problemas dos clubes.
Sinomar assumiu o Remo no pior momento da história do clube, depois do desastroso campeonato estadual de 2009, à margem de competições nacionais. Como ninguém estava prestando muita atenção, teve tempo e sossego necessários para ir juntando as peças, com alguns poucos profissionais e diversas revelações das divisões de base do clube.
Saiu por aí com esse misto-quente, no melhor estilo Caravana Holliday, encarando campinhos carecas e times amadores dispostos a tudo para tirar uma casquinha em cima dos bacanas da capital. Mais que a invencibilidade sustentada nessas partidas, Sinomar consolidou algumas jovens promessas – Raul, Diego Azevedo, Héliton, Jorge Santos, Alessandro.
Veio o campeonato, chegaram alguns reforços e o time foi se arrumando. Começou a vencer, classificou-se por antecipação à semifinal. Invicto, passou às finais do turno. Mérito incontestável de Sinomar e de seus jogadores. Se não é a quinta maravilha do futebol moderno, o Remo é, por enquanto, o melhor time do campeonato.
 
 
Bastou, porém, o empate frente ao S. Raimundo no último domingo para surgirem contestações a Sinomar. Ora, o resultado classificava o Remo. Existem problemas no time? Sim, vários. Os principais: laterais limitam-se a marcar (mal), Gian não pode ser obrigado a marcar e Samir deveria ter sido efetivado como titular, provavelmente em lugar de Vélber. São situações pontuais, que dependem de posicionamento e escolha.   
Não duvido que, daqui a alguns dias, dependendo do resultado do Re-Pa, vai aparecer gente defendendo a contratação de novo técnico, um Barbieri qualquer, como remédio para todos os problemas. Nem Sinomar merece tal sentença, nem o Remo dispõe de dinheiro em caixa para gastar com mais um enganador importado, como tantos que nos visitaram nos últimos tempos. O bom senso manda que o trabalho atual seja prestigiado e, se possível, melhorado – jamais desfeito. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 9)