Os semifinalistas do primeiro turno, que se cruzam em dois jogos no fim de semana, tiveram comportamentos distintos na rodada que fechou a etapa de classificação. O Remo, líder geral do campeonato, passou maus momentos diante de um Águia reduzido a 10 jogadores desde os primeiros minutos do jogo. Muitos irão dizer que a equipe remista tinha desfalques – Adriano, Pedro Paulo e Samir – e que só cumpria tabela. É verdade, em parte. O Remo não entrou com a força máxima, mas é justo observar que o Águia também jogou sem três titulares (Edkléber, Vítor Ferraz e Tiago Marabá), proporcionalmente mais importantes que as baixas azulinas. Ao perder Daniel, seu melhor volante, ficou ainda mais fragilizado.
Ainda assim, com todos os problemas, o time de João Galvão foi valente e até heróico na tentativa de vencer o confronto. Levou o primeiro gol, mas foi em busca do empate e teve forças para virar. Permitiu a igualdade, mas seguiu lutando e acreditando na possibilidade de classificação a partir da combinação favorável de resultados. Estabeleceu nova vantagem e, quando tudo parecia conspirar para uma vitória consagradora, veio o duro golpe. Aos 49 minutos, em cobrança de escanteio, o Remo marcou o gol salvador, depois de falha da defesa marabaense. A grita do Águia, alegando ter sido garfado, não tem amparo nos fatos. O acréscimo de seis minutos justifica-se pelas seis substituições, uma expulsão e três atendimentos a jogadores do próprio Águia no segundo tempo. A reclamação quanto ao escanteio também não procede: a bola resvalou nas costas de Aldivan antes de sair pela linha de fundo.
Em termos técnicos, o Remo se apresentou mal, sem executar corretamente a conexão entre meio-campo e ataque, principalmente porque Vélber estava mal em campo. Gian superou as dificuldades com a destreza nos lançamentos e passes, mas só isso não bastaria para garantir ao Remo paz e sossego no jogo. Héliton, peça mais aguda do ataque, sofreu de solidão porque depende da produção do meio-campo. Ainda assim, conseguiu fazer jogadas individuais e marcou um gol de pura habilidade. A evidenciar os muitos problemas de articulação, Danilo novamente foi o principal destaque, o que não é exatamente um bom sinal.
Em Santarém, o São Raimundo derrotou o Paissandu e conquistou a última vaga no G-4 de forma até surpreendente pela colocação que tinha antes da rodada começar. No jogo, nada foi surpreendente. A equipe de Flávio Barros comportou-se muito bem, como já havia ocorrido na derrota para o Remo em Belém. Seus laterais avançam com frequência, seu trio de zagueiros é eficiente, os homens de meio-campo sabem o que fazer quanto têm a bola e a dupla de ataque não perdoa defesas desarrumadas. No primeiro tempo, a superioridade santarena foi tão gritante que o placar de apenas 1 a 0 chegou a ser injusto. No segundo, apesar da mudança de postura do Paissandu, o Pantera continuou frio e organizado. Meteu mais dois gols e venceu com méritos.
No Paissandu, a boa lembrança do jogo foi a reação na metade final. Apesar da ausência de laterais e da fragilidade do setor de marcação, o time avançou suas linhas e equilibrou a partida. Didi é o maior exemplo dessa evolução. Sumido no começo, renasceu no segundo e criou situações difíceis para Labilá. O outro destaque, quase óbvio, foi Moisés. Fez um golaço e, por conta própria, arrumou espaço para dribles e arrancadas. Perdeu a chance do empate por acreditar no próprio taco e bater direto ao invés de cruzar para o centro da área. Os momentos de entrega do time mostram que o Paissandu pode sonhar com o título do turno, mas o técnico Barbieri não pode abrir mão de um jogador como Zeziel, esquecido no banco, enquanto Muçamba, Tácio e Parral faziam trapalhadas em campo.
O Independente, que superou o Santa Rosa sem maiores dificuldades, chega à semifinal credenciado pelo comando firme de Samuel Cândido. Tem algumas peças individuais de qualidade e está entrosado. Dentro de Tucuruí, tendo a vantagem do empate, será um adversário difícil de ser batido. (Foto 1: TARSO SARRAF; 2 e 3: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 1)