Todo o povo que acompanha o Círio caiu de pau nos erros cometidos por Sinomar Naves na chamada “semana negra”. O escriba baionense também entrou na onda, enumerando na coluna de ontem as mazelas do time que até a primeira partida da final era favorito destacado para levar o primeiro turno. Como previsto, depois de tanto bombardeio, o técnico não resistiu. Foi demitido na manhã de ontem e, imediatamente, o Remo anunciou Giba para substituí-lo.
Antes de avaliar o que pode representar esse retorno de Giba ao Evandro Almeida, quero dizer que Sinomar não tinha mesmo condição e ambiente para permanecer à frente do time. O desgaste pelos tropeços frente a Paissandu e Santos foi decisivo para o desenlace. Em favor do treinador, cabe dizer que dificilmente qualquer outro resistiria a esses três maus resultados.
Ainda em defesa de Sinomar é justo dizer que não pode ser crucificado como único responsável pelo fracasso do Remo no primeiro turno. O planejamento remista, cujo aspecto econômico nas contratações chegou a merecer elogios do colunista, funcionou só até certo ponto. A equação parecia perfeita. Levava em conta a curta duração desta etapa do campeonato: 10 jogos apenas (incluindo semifinal e finais).
Por isso, a aposta em jogadores veteranos, alguns visivelmente longe da melhor condição atlética. Tudo correu bem enquanto os adversários diretos se esmeravam em cometer erros. Quando o Paissandu, por pura sorte, arrumou a casa, a situação do Remo começou a mudar – para pior.
Sinomar, com expressiva cota de participação no processo, só não pode sair como o vilão da história. Os dirigentes, que insistiram com laterais sem estofo e demoraram a trazer um bom zagueiro, também têm sua parte nesse latifúndio.
Quanto a Giba, que salvou o time de um rebaixamento na Série B 2006 e fincou a imagem de técnico competente em apenas seis meses de trabalho, saiu quase escorraçado por exigir profissionalismo e organização. Será que os tempos mudaram e o Remo já absorve profissionais exigentes? A conferir.
E que a festa não disfarce a lambança. O Paissandu, que comemora a conquista do turno, bateu todos os recordes de consumismo irresponsável. Foram, desde novembro, duas comissões técnicas e 61 jogadores contratados. Dessa multidão, apenas meia dúzia deu certo: Tiago, Álvaro, Sandro, Fávaro, Leandro e Paulão. Planejamento moderno é isso aí.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 23)