Coluna: Em ritmo de vale-tudo

É sempre terrível quando o futebol sai das quatro linhas para entrar na seara policial. Talvez sob inspiração da pancadaria do vale-tudo que a TV transmitiu no sábado à noite, dois graves episódios foram registrados domingo em jogos disputados no interior do Estado e quebraram o clima de paz que reinava no Campeonato Paraense.
Logo cedo, ocorreu a agressão do técnico do Castanhal, Luís Carlos Apeú, ao jogador Luís André, do Remo, no estádio Maximino Porpino. À noite, estourou a briga de dirigentes do São Raimundo com o técnico Sebastião Rocha e jogadores nos vestiários do estádio Barbalhão, em Santarém.
Os dois casos não têm justificativa lógica e coincidem quanto ao evidente destempero emocional dos personagens envolvidos. Em Santarém, depois de um empate até certo ponto heróico com a Tuna, dirigentes do São Raimundo trataram de culpar o árbitro pelo resultado. Tudo porque o mediador teve a ousadia de encerrar o jogo interrompendo um ataque do time da casa, embora o tempo regulamentar estivesse encerrado.
Depois de vociferar pelo rádio ofensas ao presidente da Federação Paraense de Futebol, com insinuações de favorecimento a clubes da capital, um dos cartolas dirigiu-se ao vestiário do próprio time e travou violenta discussão com o técnico Sebastião Rocha, fato que descambou para troca de sopapos só contornada com intervenção policial.
O vexame é maior na medida em que o São Raimundo é um campeão brasileiro. Conquistou, com méritos, o primeiro campeonato nacional da Série D, em 2010. Vitórias importantes também trazem embutido um sentido de responsabilidade. É, portanto, inadmissível que o clube tenha sua imagem pública arranhada pelo desequilíbrio de seus dirigentes.
Em Castanhal, a confusão se desenrolou à beira do campo. O volante Luís André deslizou no gramado enlameado e atingiu, involuntariamente, o técnico Luís Carlos Apeú, que se mantinha junto à linha lateral. Transtornado, Apeú reagiu com uma cotovelada quando o jogador tentava se desculpar pelo acidente. Elemento que estava de penetra no banco de reservas também se juntou ao treinador na agressão ao atleta remista.
Cenas deploráveis para um torneio em fase inicial, que vinha se desenrolando em bom nível de civilidade. Cabe às autoridades e instâncias adequadas aplicarem, sem amarelar, as penas previstas em lei para evitar a impunidade, prima-irmã da reincidência. 
 
 
A Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Pará (Aclep) vai às urnas hoje, das 10h às 18h, no hotel Sagres. Momento importante na vida da entidade administrada há mais de uma década pelo jornalista Ferreira da Costa. Como tenho por princípio assumir claramente minhas posições, declaro meu voto à chapa de oposição “Paulo Cecim”, presidida pelo companheiro Géo Araújo. Entendo que é hora de renovar esforços, arejar idéias e buscar novos horizontes para a Aclep. Acredito que Géo é o mais capacitado para comandar esse processo. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 08)

Depois da briga, S. Raimundo demite técnico

A diretoria do São Raimundo anunciou na manhã desta segunda-feira a demissão do técnico Sebastião Rocha, em consequência dos incidentes que envolveram o diretor André Cavalcanti logo depois do jogo contra a Tuna, domingo, no estádio Barbalhão. Dirigente e técnico discutiram asperamente e chegaram a trocar socos no vestiário do São Raimundo. A briga envolveu, ainda, o jogador Jardel, que saiu em defesa de Rocha, e dirigentes do clube que defendiam Cavalcanti. O tumulto só foi contornado com a intervenção da polícia.

Sobre carrinhos de Fórmula-1

Por Flávio Gomes

O antepenúltimo carro 2011 veio à tona hoje. A Marussia Virgin (será que volto a chamar só de Virgin?) apresentou seu MVR-02 em Londres. Os pilotos serão Timo Glock e Jérôme D’Ambrosio. Espero ter acertado os acentos. Faltam Hispania e Force India. A pintura é bonita e a equipe tem uma graninha extra da Marussia, que faz carros superesportivos daqueles que ninguém compra — mais um dos mistérios da humanidade, porque para ter dinheiro para sustentar um time de F-1, é preciso vender muitos Marussias; era o caso da Spyker, que se meteu com F-1 e quase fechou as portas.

Como sempre, não tenho nada a dizer sobre os fluxos de ar, a perseguição ao downforce, as curvas sinuosas, o bico mais alto e chato para otimizar a passagem do… Sabe o que eu acho? Que os caras que se metem a falar dos carros novos da F-1 são cascateiros iguais àqueles que escrevem sobre vinhos. A frase “o baixo perfil das laterais claramente direciona uma maior quantidade de ar às asas traseiras para aumentar o downforce, e as aletas dispostas na horizontal na asa dianteira otimizam a passagem do vento para criar uma zona de alta pressão sob o carro, acelerando o fluxo contínuo que gera uma maior aderência; já o bico mais alto e chato, fino e comprido, é conservador e eficiente, revolucionário, em termos, criando um túnel descoberto em forma de canoa que canaliza a passagem do ar menos turbulento sobre a tomada de ar atrás da cabeça do piloto, que pilota” é o equivalente, nas revistas escritas por enólogos, a descrições como “este é um vinho de boa intensidade aromática com frutas brancas, baunilha e toques de tostado, na boca tem um bom frescor e uma presença interessante, redonda e saborosa, com um final relativamente longo e tambem frutado, agradável e de boa elegância, de nariz muito harmônico, mostrando raros toques evoluídos, volumoso, com taninos doces, relativamente domados, e muita acidez, aveludado, equilibrado, acidez elevada e atraente, oferecendo uma bela complexidade e, no retrogosto, especiarias doces e toques minerais bem integrados, não sobrepujando a fruta que é o ator principal tanto no nariz quanto na boca”.

Ou seja: nem uma, nem outra, querem dizer nada.

Coluna: O melhor jogo do campeonato

Paissandu e Cametá marcaram sete gols e duelaram em alto nível durante os 90 minutos de um confronto aberto e tecnicamente bom. A vitória bicolor foi justa, mas ameaçadíssima pela correta postura ofensiva do visitante, que não desistiu de atacar nem quando era goleado por 4 a 1. Em jogo de intensa movimentação, o Paissandu foi superior nos primeiros 25 minutos e teve a felicidade de marcar dois gols nesse período, com Rafael Oliveira e Sandro. A partir daí, curiosamente, o time pisou no freio e resolveu ficar cozinhando galo na intermediária. Foi a senha para que o Cametá passasse a insistir no ataque. De tanto pelejar, descontou num lance casual. Leandro Cearense ia cruzar, mas a bola desviou no beque e foi na gaveta de Nei. Despertado pelo gol, o Paissandu voltou ao jogo e perdeu duas chances com Mendes e Sandro. O segundo tempo trouxe o Cametá entusiasmado com a chance de empatar e Adelson na vaga do zagueiro Guilherme. O técnico Fran Costa desfazia o 3-5-2, mas mantinha em campo seu pior defensor, Pedro Paulo. Apesar de seus muitos problemas defensivos, o Cametá se saía bem do meio para a frente. Paulo de Tárcio e principalmente Robinho levavam perigo constante com jogadas que acionavam o bom Leandro Cearense. Mas, em dois contra-ataques, finalizados por Rafael Oliveira, o Paissandu fulminou a tentativa de reação cametaense. Aí veio a pasmaceira própria dos que se acham com o boi na sombra. O Paissandu se acomodou e recuou muito depois da saída de Potiguar e Sandro. Além da perda de seus dois jogadores mais técnicos, o time se encolheu na expectativa de seguir explorando os contragolpes. Não deu certo. O Cametá instalou-se no ataque e, liderado por Wilson, seu grande organizador, voltou a acreditar. Balão atormentava a confusa zaga do Paissandu e, aos 43, Leandro Cearense enfileirou marcadores e descontou. Um golaço. Três minutos depois, chutou forte para transformar um placar elástico em derrota honrosa – sim, elas existem. Grande jogo.

Sem atacantes especialistas, o Remo valeu-se da qualidade de seus meio-campistas para superar o Castanhal, pela manhã. Elsinho, Marlon, Tiaguinho e, principalmente, Léo Franco foram fundamentais. E as jogadinhas ensaiadas de Paulo Comelli, também.

Três artilheiros filhos da terra brilharam intensamente na farta 4ª rodada – 18 gols. Felipe, Rafael Oliveira e Leandro Cearense (que é paraense de Castanhal) marcaram três gols, cada. Feliz coincidência.

Seleção do fim de semana: Nei (PSC); Elsinho (CR), Marraketi (IND), R. Morisco (CR) e Marlon (CR); Billy (PSC), Luís André (CR) e Robinho (CAM); Rafael Oliveira (PSC), Leandro Cearense (CAM) e Felipe (Tuna).

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 7)