Por Emanuel Villaça
Caro Gerson,
Vez por outra, quando saio da Faculdade, onde estou concluindo uma edição áudio-visual, ligo o rádio na FM para relaxar a mente, o corpo e as idéias. Ontem (quarta-feira, 16) era noite de AM, afinal era dia de futebol. Clube AM, ouço a tua voz, ate aí nada de errado, o Gerson sempre está em campo. O carro desliza pela rodovia dos trabalhadores, eu atento nas faixas de pedestres e ouvindo teus comentários. Poderia ser um comentário normal, fulano jogou bem, sicrano não estava legal, o Paissandu venceu, mas perdeu para o Remo! e tudo ficava no 3×4 natural em uma noite fria de chuva fina , mas não foi isso que eu ouvi, era muito mais. Um maestro com a batuta dos comentários criticando suavemente, e elogiando no mesmo tom. Muitas vezes este maestro chamado Gerson Nogueira admitia suas vontades em ter colocado jogador tal e questionava o técnico, elegantemente, sobre a decisão dele. Ouvi o comentarista se despir de qualquer vantagem de ter um microfone para deitar e rolar em cima do adversário, um cadáver que é natimorto, pois vai errar sempre como todos nós, mas não o fizeste.
Conseguistes quebrar todos os formatos em deixar o torcedor ou mais contente ou mais pê da vida com o time. Elogiastes, batestes com elegância sem usar o black-tie, preferindo as sandálias havaianas do conforto em buscar a informação. Ouvi um técnico derrotado rindo da própria sorte em levar de 5, admitindo os suas falhas de não ter conseguido, que o time conseguisse tirar o espaço da peça chave do time adversário, apesar de ter confessado te gritado à beira do campo.
O vitoriosos técnico já estava enfezado em ter de dar entrevista e sabendo que não faltaria a pergunta do que ele achou em ser chamado de “burro” pela torcida, mesmo ganhando a partida. Com uma batuta certeira, levastes a clareza de que ele dirigia um time de peso, era normal um grande treinador em um grande time. No subconsciente dele, ví que lembrou que só os grandes são criticados e aos poucos quebrastes o gelo e, nas duas oportunidades, arrancastes informações preciosas. Jornalismo é isso, esse teu comentário e a forma de mediação deve servir de modelo, ou aula, para exibir em qualquer palestra sobre estratégias de abordagem. Como diz a letra da música: “…bater sem sentir dor”.
Parabéns mesmo! Cheguei muito bem em casa, sem assaltos, sem acidentes e muito bem informado.
Costumo dizer que os prêmios mais significativos são os pequenos gestos de generosidade dos amigos e companheiros de ofício. Esses são os elogios que realmente contam, e que nos confortam a alma.