Quatro coisas saltaram aos olhos, ontem, no Baenão. Primeira: o Remo vai sofrer o diabo enquanto não contar com um especialista em fazer gols. Marlon é o melhor e mais útil jogador à disposição de Paulo Comelli. Terceira: Fabrício é o organizador que faltava ao Águia. Quarta: Lopes tem potencial para fazer a torcida remista sentir saudades de Adriano.
Dito isto, vamos ao jogo. O Remo começou melhor, inflamado pela massa que encheu as arquibancadas. Curiosamente, foi do Águia a primeira grande estocada, justamente pelos pés de Fabrício. Na cara do gol, chutou e Lopes fez boa intervenção.
Aos poucos, a melhor produção do meio-campo azulino foi envolvendo o Águia. Marlon, o melhor da noite, foi ao ataque e soltou dois chutes perigosos. Paulo André teve chance, mas chutou mal. Fabrício voltou a aparecer muito bem aos 23 minutos, mas a zaga abafou o chute.
Logo em seguida, o lance mais discutido da noite. Lopes soltou bola nos pés de Patrick, mas o gol foi anulado por impedimento. João Galvão e o time inteiro do Águia fizeram um barulho dos diabos, mas não adiantou. Antes de terminar o primeiro tempo, Elsinho ainda fez grande disparo, mas o placar virou em branco.
Diante da animação da torcida, o Remo voltou aceso e conseguiu o gol logo na primeira tentativa. Em cruzamento certeiro na área, San subiu, livre, e desviou de cabeça. Venceu de uma só vez o goleiro Alan e o trio de beques do Águia. Comelli deve ter anotado na prancheta que o Remo se safou com mais um gol de zagueiro. Até quando?
No segundo tempo, a não ser pelas seguidas rebatidas de Lopes, a partida murchou e perdeu em emoção. Parte disso deve ser debitada ao cansaço de Fabrício – e do próprio Águia. A outra, à acomodação do Remo, que passou a tocar bola e deixar o tempo correr. Tiaguinho, que estava bem, saiu para a entrada de Ramon. E Fininho substituiu Paulo André, que correu muito e agradou a torcida, que a essa altura já aplaudia qualquer coisa. O placar foi magro, mas o Remo se reencontrou no campeonato.
O velocista paraense Alan Fonteles desembarca hoje em Belém, às 12h30. Traz na bagagem duas medalhas de bronze ganhas no Campeonato Mundial Paraolímpico de Atletismo, em Christchurch/Nova Zelândia. Venceu nos 100m T44, ficando atrás apenas de Oscar Pistorius e Jerome Singleton; e no revezamento 4x100m T42-44.
O Brasil conquistou um inédito 3º lugar no quadro geral de medalhas, atrás apenas de China e Rússia. Foram 30 medalhas conquistadas por 19 dos 25 atletas brasileiros: 12 ouros, 10 pratas e oito bronzes. Alan, de 18 anos, era o caçula da seleção em Christchurch e vai ser recebido como herói.
Paissandu x Tuna disputam hoje o primeiro clássico do campeonato. É um jogo que tem história e pode ser um dos mais empolgantes da competição. Aos bicolores, a chance especial de festejar em grande estilo os 97 anos do Papão, transcorridos ontem.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 3)