Elano: candidato a craque da temporada

Por Juca Kfouri

Quanto mais  joga o volante/meia do Santos, maior fica a pena sobre a sua ausência na Copa

ELANO BLUMER completará 30 anos no próximo dia 14 de junho. Já queimou muita lenha e tem ainda muito a queimar. E é daqueles que melhoram com o passar do tempo e que trafegam pelos atalhos do gramado com naturalidade.

Até gols começa a fazer em profusão _1,25 por jogo em sua nova fase no Santos, quando suas médias anteriores, no próprio Santos, no Shakhtar, no Manchester City e no Galatasaray ficaram entre 0,14 e 0,27 gol por jogo. Na seleção brasileira também ficou dentro desse intervalo estatístico, 0,19 gol por jogo, nove em 46 partidas.

Sim, números servem para muitas coisas, até para poder dizer que Elano marcou um gol por jogo que fez em Copas do Mundo, embora tenha disputado apenas uma e jogado duas vezes nela, no ano passado, na África do Sul. Mas mais do que os dois tentos que assinalou, Elano fez foi uma falta danada depois que se machucou contra a Costa do Marfim e não pôde continuar jogando, ele que era o melhor representante das qualidades que Dunga teve como jogador, além do guerreiro, o cumpridor.

Elano comeu o pão que o diabo amassou ao ir jogar na gelada e inóspita Ucrânia. Desde encontrar sua mulher desconsolada no apartamento que o Shakhtar lhes cedeu, porque a água da pia da cozinha transbordava pelo ralo do banheiro, até a ir treinar chorando, de frio e de humilhação, porque dois brutamontes o obrigaram a dar marcha a ré numa trilha tomada por neve, embora fosse ele quem estivesse na mão correta.

Elano não tinha como argumentar e precisou usar toda sua garra e o DNA alemão para não desistir e voltar ao Brasil. Acabou sendo bicampeão ucraniano (em 2005 e 2006), seguindo na esteira dos títulos brasileiros que obtivera no Santos em 2002 e 2004, assim como foi campeão da Copa América em 2007 e da Copa das Confederações, em 2009, pela seleção.

A sensação que Elano passa hoje para quem o vê jogar é a de que tudo está muito mais fácil, tudo está muito leve, mesmo que ainda falte a companhia de Ganso e de Neymar, além de Arouca, neste Santos que ensaia voltar a ser a sensação do primeiro semestre, como no ano que passou. “É a cabeça boa”, diz ele, ao concordar com a ótima fase.

Por enquanto, Elano é a melhor contratação do ano no futebol paulista, quiçá do brasileiro.

Coluna: Bola para quem sabe

Há quem implique com jogadores muito habilidosos. A reclamação mais corriqueira é a de que são “delegados” e querem vencer o jogo, sozinhos. Jamais aceitei essa tendência rabugenta. Prefiro sempre o driblador contumaz ao mediano monótono. Tiago Potiguar, que desarrumou com a defesa da Tuna ontem, ainda recebeu críticas da torcida em alguns lances.
É certo que poderia ter passado mais a bola ou deveria ter caprichado mais nas finalizações. Tudo bem, mas Potiguar também fez o que um time espera de seu principal jogador. Tomou a iniciativa, não se escondeu em nenhum momento, foi incansável nas ações de ataque e ainda fez gol. Fazer mais que isso seria a perfeição absoluta e, como se sabe, isso não existe.
Além de Potiguar, o Paissandu teve outro jogador decisivo. Dois jogos, dois gols. Definitivamente, o tuiteiro Mendes começa a conquistar o coração da Fiel Bicolor. Perdeu duas boas oportunidades, mas deixou sua marca, confirmando a condição de titular, de fato e direito.
Tão desembaraçado em campo quanto nas entrevistas, o atacante repetiu o bom desempenho mostrado em Tucuruí e foi fundamental, junto com Tiago Potiguar, para a terceira vitória do Paissandu no torneio. Potiguar desequilibra, Mendes empolga.
Mas o Paissandu não foi só Potiguar e Mendes. É preciso destacar o trabalho impecável do meio-de-campo, pela dinâmica e variedade de jogadas. Até Alexandre Carioca, normalmente sóbrio, apareceu bastante. Billy e Sandro, porém, funcionaram como os motores da equipe.
Graças ao ritmo ditado pela meia cancha, a partida se tornou incrivelmente fácil para o Paissandu. A Tuna, lutadora desde sempre, pecou no quesito criatividade. Alexandre Pinho, seu armador mais talentoso, não rendeu o esperado e a ligação com o ataque raramente se efetivava.
Não se pode atribuir a Pinho, porém, a responsabilidade maior pelo fraco nível do setor. Léo, Negreti e Welton pareciam travados. Sobra juventude e vontade, mas nem sempre isso basta para vencer.
A partir de avanços organizados e em bloco, o Paissandu imprensou a Tuna durante todo o primeiro tempo. Chutou muito e impôs um cerco competente, alternando cruzamentos e infiltrações. No segundo período, a partida ficou mais lenta. Os lances de área rarearam, mas houve tempo ainda para mais um gol, o de Mendes, mais do que merecido. O Paissandu está com o time quase pronto, mas ainda pode melhorar.
 
Cercado de expectativa pela rivalidade pessoal com o Paissandu, Adriano jogou muito. Pegou até pênalti, fiel às suas características, mas não podia fazer milagre. Apesar disso, se algo não mudar no restante do time, nem o “Paredão” será capaz de salvar a Tuna do desastre.
 
Apesar de alguns informes, o Remo ainda não bateu o martelo quanto ao novo atacante. Rodrigão e Adriano Magrão foram contatados, mas os dirigentes ainda negociam. Até o fechamento da edição, Magrão estava mais próximo de um acordo para defender o Leão no campeonato. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 4) 

Tribuna do torcedor

Por João Reinaldo Moscoso (joaomoscoso@yahoo.com.br)

Anteontem, indo ao estádio Evandro Almeida (Baenão), ao chegar na travessa das Mercês onde procurava uma vaga pra estacionar meu carro, deparei em frente a um órgão da prefeitura de Belém com uma vaga. No local não estava nada demarcado de área de veículo oficial ou coisa do gênero, muito menos ser uma entrada de veículo, portanto orientado por um flanelinha, estava estacionando quando funcionários do órgão saíram de dentro do local e mandaram que eu tirasse o meu carro pois ali era a vaga do tal ‘doutor’ e que quando ele chegasse ele teria que estacionar ali, naquela ocasião disse que ali não era entrada de veículos e que também a área não estava demarcada para veículos oficiais. Portanto, nessa situação fui ameaçado pelos funcionários do tal órgão de que quando voltasse do jogo meu carro não estaria mais lá pois os mesmos chamariam a CTBel para guinchar meu carro. Tentei mais uma vez contestar e eles insistiram que chamariam a CTBel caso permanecesse lá, pois aquela vaga é do tal “DR.” Portanto gostaria de relatar a coação, ameaça a que fui submetido por esses funcionários da perefeitura de Belém.

Paissandu vence o primeiro clássico

O Paissandu manteve a liderança do Campeonato Paraense ao derrotar a Tuna, por 2 a 0, na noite desta quinta-feira, no estádio da Curuzu. O destaque foi o meia-atacante Tiago Potiguar, que incomodou a zaga tunante durante todo o jogo e marcou o primeiro gol da noite no instantes finais do primeiro tempo. Antes, o Paissandu já havia desperdiçado um penal. O zagueiro Ari chutou e Adriano defendeu, aos 35 minutos. No segundo tempo, aos 13 minutos, Mendes escorou cruzamento de Billy e mandou para as redes da Tuna. O maior domínio técnico do Paissandu se evidenciou logo no primeiro tempo, quando os bicolores tiveram diversas chances de gol. Na etapa final, depois de chegar aos 2 a 0, o Paissandu reduziu o ritmo e fez o tempo passar, sem que a Tuna conseguisse reagir.

O jogo teve 6.772 pagantes. Com 888 credenciados, o público total na Curuzu foi de       7.660 pessoas. A renda foi de R$ 104.277,00. Descontadas as despesas (R$ 44.249,95), coube ao Paissandu a quantia de R$ 60.027,05. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)