Oscar: palpites e algumas quase certezas

Por André Barcinski

Domingo tem o Oscar na TV. Você não pode esperar pra ver o duelo entre O Discurso do Rei e A Rede Social? É daqueles que adora ver os astros desfilando pelo tapete vermelho? Gosta de ver a festa junto com um grupo de amigos? Eu não. Acho aquilo tudo uma jequice insuportável. Astros milionários batendo palmas para outros astros milionários. Poucas coisas me dão mais sono que cerimônia de prêmios. Especialmente de um prêmio que a Sandra Bullock ganhou. Ou que o Kevin Costner ganhou, enquanto Chaplin, Hitchcock e Orson Welles morreram sem.

O Oscar, me desculpe quem gosta, é uma coisa ridícula. Aqui ali só vai ter alguma graça quando puserem o Jim Carrey de apresentador. Só vou assistir porque preciso escrever para a Folha. De qualquer forma, fiz uma lista com os meus palpites dos vencedores. E incluí também quem eu esperava que vencesse, mas não vai. 

Melhor Filme – Quem deve ganhar: O Discurso do Rei. Quem merecia ganhar: Inverno da Alma.

Melhor Diretor – Quem deve ganhar: David Fincher (A Rede Social). Quem merecia ganhar: Martin Scorsese (Ilha do Medo).

Melhor Ator – Quem deve ganhar: Colin Firth (O Discurso do Rei). Quem merecia ganhar: James Franco (127 Horas).

Melhor atriz – Quem deve ganhar: Natalie Portman (Cisne Negro). Quem merecia ganhar: Jennifer Lawrence (Inverno da Alma).

Melhor ator coadjuvante – Quem deve ganhar: Christian Bale (O Vencedor). Quem merecia ganhar: John Hawkes (Inverno da Alma).

Melhor atriz coadjuvante – Quem deve ganhar: Melissa Leo (O Vencedor). Quem merecia ganhar: Jacki Weaver (Animal Kingdom).

Melhor documentário – Quem deve ganhar: o favorito é “Trabalho Interno”, mas eu acho que Lixo Extraordinário vai ganhar. Quem merecia ganhar: Restrepo.

Melhor roteiro original – Quem deve ganhar: O Discurso do Rei. Quem merecia ganhar: Exit Through the Gift Shop (eu sei, é um documentário, mas pra mim metade daquilo ali é inventado – e bem!).

Melhor roteiro adaptado – Quem deve ganhar: A Rede Social. Quem merecia ganhar: empate entre Inverno da Alma e Ilha do Medo.

Já vi O Discurso do Rei e achei previsível, quase comum, mas deve levar o caneco. Concordo com Barcinski, um dos mais inquietos críticos de cinema do país, quanto à interpretação não mais que correta de Firth no papel do rei gago. Os irmãos Cohen refilmaram Bravura Indômita (foto), obra-prima de John, e só esse fato já é prova de coragem.

CBF evita ida de Ganso pro Corinthians

Por Martín Fernandez e Rodrigo Mattos, da Folha SP

Um telefonema de Ricardo Teixeira para Andres Sanchez interrompeu o projeto do Corinthians para contratar Paulo Henrique Ganso. O meia do Santos havia sido oferecido ao Corinthians pelo DIS, grupo que detém 45% dos direitos econômicos do atleta. Andres gostou da ideia e permitiu que as negociações avançassem. O DIS estava disposto a comprar a parte do Santos nos direitos do jogador (45%) por R$ 30 milhões e então emprestar o meia ao Corinthians. Em troca, a empresa receberia fatias de jogadores da base corintiana. Mas dois fatores contribuíram decisivamente para que o negócio não fosse fechado. Informado das intenções do Corinthians, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, telefonou para Andres.

Argumentou que tal manobra afastaria de vez o Santos do grupo que, nesta semana, racharia com o Clube dos 13. Disse ainda que Andres já estava rompido com o São Paulo e que não era hora de brigar com outro clube. Andres então ligou para o presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. Disse que o jogador havia sido oferecido ao Corinthians pelo DIS e que, em nome da amizade entre os clubes (e entre eles, dirigentes), não iria contratar o meia. O diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, afirmou que Ricardo Teixeira não se envolveu no assunto. “É absurdo. O presidente não fala com dirigentes sobre jogadores, contratações, isso é um problema dos clubes.”

A assessoria de Andres nega que ele tenha desistido do negócio a pedido de Teixeira. Sustenta que o cartola corintiano o fez pela boa relação com Luis Alvaro e o Santos. Os dois cartolas ocuparam, recentemente, o cargo de chefe de delegação da seleção brasileira. Andres durante a Copa-10, e o santista no amistoso contra os EUA. O outro fator que pesou para que a negociação não fosse concluída foi a vontade do próprio jogador. Quando soube da proposta, Ganso conversou com seu estafe e chegou à conclusão de que seria ruim para sua imagem se ele trocasse o Santos por um rival direto. Percebeu que a situação repercutiria mal inclusive na Europa, para onde ele pode se transferir em breve.