Que Serra é esse?

Por Gilberto Dimenstein

Já tinha comentado aqui que achava estranho que José Serra, que sempre nutriu a imagem de alguém preocupado com os gastos públicos, fazer propostas como o salário mínimo de R$ 600, reajuste das aposentadorias em 10%, duplicar o Bolsa Família, como se fosse um político irresponsável. O impacto disso beira os R$ 50 bilhões e pode aumentar ainda mais o buraco da Previdência. Nesse último debate presidencial, na Record, a nova surpresa veio dos temas privatização e capital estrangeiro.

A campanha de Lula, Dilma e PT contra a privatização é um sinal de atraso. Desculpe, mas vou além: é um sintoma de ignorância. As empresas privatizadas são mais lucrativas, não dão rombos aos cofres públicos ( pagos por nós) e ainda pagam impostos. É uma eficiência da qual todos saem ganhando, exceto os políticos que ganhavam cargos. Pena que a memória seja tão curta e não se lembrem mais do que eram os bancos estaduais, por exemplo.Só numa empresa estatal (e aí Serra fez muito bem em lembrar) um Collor consegue influenciar uma área estratégica como na Petrobras.

No debate da Record, foi a vez de Serra partir para o ataque e, sem maiores ressalvas, acusar Dilma de privatizar a Petrobras, permitindo que empresas estrangeiras participassem da exploração de petróleo. O ataque faria sentido para mostrar que nem o PT acredita (ainda bem) no que fala. Mas do jeito que ficou no debate, parece que Serra e o PSDB endossam as bobagens estatistas.

Muita gente podia não gostar do Serra que entrou na campanha, mas sabia quem era ele. O que está, neste momento nos vídeos, é difícil saber. No começo da campanha não sabíamos (e ainda não sabemos) quem era exatamente Dilma. Agora, não sabemos quem é Serra.

15 comentários em “Que Serra é esse?

  1. “… contra a privatização é um sinal de atraso. Desculpe, mas vou além: é um sintoma de ignorância. As empresas privatizadas são mais lucrativas, não dão rombos aos cofres públicos ( pagos por nós) e ainda pagam impostos. É uma eficiência da qual todos saem ganhando, exceto os políticos que ganhavam cargos.”

    Há controvérsias… É aquela velha história de justificar a morte da vaca para acabar com os carrapatos… Setores estratégicos devem ser sim, controlados pelo Estado ou pela sociedade. Gostaria que Dimestein viesse ao Pará para ver o quão “modernas” são empresas como Vale, Rede Celpa e que tais que apenas exploram os recursos de cá com a anuência do Estado. Os dividendos? A miséria que campeia em volta dos grandes investimentos capitaneados por empresas deste porte (excetudando-se a Celpa).

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    1. Daniel. Esse pessoal (fundamentalistas do mercado) não está preocupado com os aspectos sociais. Apenas, e tão-somente, focam nos lucros possíveis das empresas privadas – e seus dividendos. Para eles, a Vale sendo lucrativa é o que importa.Por isso, torcem para a Petrobras não ter lucro, e assim justificar sua privatização. Aliás, como fizeram com a Telebrás (anterior) e a CSN.

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  2. É a imolação do “preparado” cavalo paraguaio. Seus apoiadores estão deseperados.
    Os “atrasados” e “ignorantes”, que defendem um Estado mais ativo e voltado para as questões sociais, estão derrotando na prática os “modernos” defensores do “deus mercado”. Aliás esse é o verdadeiro deus de determinados pentecostais!!!
    Coitado do Serra. Tem que fingir a defesa das estatais para garantir alguns votos. E assim fica “mal na foto” de seus apoiadores.
    A questão é que seus apoiadores não têm o bem mais precioso de qualquer eleição – o voto. Os votos estão entre os trabalhadores – e como chegar lá? Para o Serra só se travestindo de estatista. Nesse caso contraria a corja fundamentalista do mercado – os demos e seu entorno

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      1. Felizmente, Daniel, ele não é educador não. Trata-se de um jornalista – que inclusive, em tempos passado, expôs o Pará a um constrangimento/vexame nacional. Foi o tal que apresentou uma reportagem sobre venda de meninas no Ver-o-Peso – com foto e tudo. Depois se descobriu que tal foto era bricadeira de gaiatos.
        O Dimenstein é “o aprendiz” do capital humano!!!!

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  3. Inflação fora de controle quem enfrentou foi o Plano Real. O acumulado em 12 meses estava em 5.000% em julho de 1994. Quando a inflação subiu em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique, pela incerteza eleitoral criada pelo velho discurso radical do PT, ficou em 12%.

    Ela foi reduzida pelo instrumental que o PT havia renegado. Isso é a História. O resto é propaganda e manipulação.

    O PT e o governo Lula têm dito que receberam o país com descontrole inflacionário e a candidata Dilma Rousseff repetiu isso durante a campanha. O interesse é mexer com o imaginário popular que lembra do tormento da inflação.

    A grande vitória contra a inflação foi conquistada no governo Itamar Franco, no plano elaborado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, como todos sabem. Nos primeiros anos do governo FH houve várias crises decorrentes, em parte, do sucesso no combate à inflação, como a crise bancária.

    Foi necessário enfrentar todas essas ondas para garantir a estabilização. Nada daquela luta foi fácil. A inflação havia derrotado outros cinco planos, e feito o país perder duas décadas.

    Todos sabem disso. Se por acaso a candidata Dilma Rousseff andava distraída nesta época, o seu principal assessor Antonio Palocci sabe muito bem o que foi que houve. Ele ajudou a convencer os integrantes do partido a ter uma atitude mais madura e séria no combate à inflação.

    O PT votou contra o Plano Real e fez oposição a cada medida necessária para consolidar a nova ordem. As ideias que o partido tinha sobre como derrotar a alta dos preços eram rudimentares.

    Em 2002, a inflação subiu principalmente nos dois últimos meses, após a eleição. A taxa, que havia ficado abaixo de 6% em 2000, subiu um pouco em 2001 e ficou quase todo o ano de 2002 em torno de 7%. Em outubro daquele ano, o acumulado em 12 meses foi para 8,5%. Em novembro, com Lula eleito, subiu para 10,9% e em dezembro fechou em 12,5%.

    É tão falso culpar o governo Fernando Henrique por aquela alta da inflação — de 12,5% repita-se, e não os 5.000% que ele enfrentou — quanto culpar o governo Lula pela queda do PIB do ano passado, que foi provocada pela crise internacional.

    Recentemente, um integrante do governo Lula que, longe dos holofotes e da campanha, admitiu que essa aceleração final foi decorrente do fato de que a maioria dos empresários não acreditava que o governo Lula fosse pagar o preço de manter a estabilização.

    Esse foi o mérito do PT. Foi ter contrariado seu próprio discurso, abandonado suas próprias propostas, por ter percebido o valor da estabilização.

    Esse esforço foi liderado por Palocci e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A inflação entraria numa rota de descontrole que poderia até ter destruído o esforço feito durante os oito anos anteriores se o governo Lula tivesse persistido nas suas propostas. Com privatização o governo federal arrecada milhões em impostos, além de hoje em dia , a Vale por exemplo ser a segunda maior empresa mineradora do mundo. A Petrobrás se hoje fala em pré-sal é porque anos passados empresas estrangeiras vieram para o Brasil ajudar na busca por petróleo em águas profundas, não pensem que foi no governo Lula que ficamos auto-suficientes em petróleo, durante vários governos a Petrobrás consolidou sua busca incessante pelo ouro negro. .

    A História foi essa e não a que a candidata Dilma Rousseff apresentou.

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    1. Mas que inflação é essa Antonio Bastos? A “galopante” ou a “velada”? Ainda vivemos sob índices econômicos baixíssimos. Nos tempos de FHC, o “controle da inflação” teve um custo muito alto: arrocho salárial, congelamento de salários, aumento da dívida pública mesmo perante a política privatista, baixos índices de emprego formal e aumento do “ônus social”. Infelizmente, os tempos são outros e o PT não é mais o mesmo. Quem dera fosse…
      Quanto à Palocci, não é honroso citá-lo. É adepto do receituário e, embora tivesse recomendado prudência (coisa que até eu recomendaria mediante o pânico da volta da inflação “galopante”), nada mais natural, afinal, para um país que havia conhecido o inferno (ans 70 e sobretudo os anos 80), o “mundo subterrâneo” (anos 90) era um verdadiro paraíso…

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  4. Para uma avaliação isenta do “preparado”:
    “Considero eminentemente pífia a atuação de Serra no Ministério da Saúde; seus genéricos pouco têm a ver com aqueles que planejamos”. Escreve Rogério Cerqueira Leite, professor da Unicamp (Membro do Conselho Editorial da FSP).
    Saibam quem é, de fato, esse embuste gerencial. Leiam o artigo completo no Tendências/Debates da Folha de S.Paulo de hoje (26/19/2010).
    Bem, alguém pode insitir ainda que vota no Serra em razão de seu “programa” de governo. E indique o site onde tem “essa coisa”!!!

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  5. Nem sei porquê mas ontem assisti parte do debate da Record. Não gostei, serviu-me apenas para ratificar o que penso a respeito desses pretensos debates. Ataque quase inofensivos, pegadinhas e respostas nada convincente foi o que ví e ouvi. Hoje as respostas foram dadas pelos marqueteiros no hortário de seus candidatos.
    Nesses debates deveria ser proibido o uso de memorandos. Sem apoio nenhum, os candidatos mostrariam o grau de conhecimento dos problemas nacionais e as soluções sugeriadas. Lembrei-me da velha sabatina, na presença da “fessora” onde cada um perguntava e respondia. Sem “cola” e sem “espirito-santo de orelha” é facil saber quem é quem.

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  6. O arrocho salarialdaépoca deFHC foi preparar o terreno pro plantio.Hoje opaíscaminha prodesenvolvimento independente dequem é presidente.Lula ,o sapo barbudo que me amedronta e que MENTE e propagandeia falácias o tempo inteiro colhe uma colheita que não é dele.Infelizmente o POVO brasileiro é ingenuo DEMAIS,mesmo sendo um povo pacato e ordeiro-ORDEIRO RIMA COM CORDEIRO -E POR ISSO SE DEIXAM MANOBRAR facilmente pelos VOX POPULIS MENTIROSOS DA VIDA .INFELIZMENTE O SAPO BARBUDO E SUA TRUPE VAI CONTINUAR ENGANANDO O POVO AINDA POR MAIS 4 ANOS.Depois de4anos o povão vai perceber o erro cometido de entregaruma nação nas mãos de FISIOLOGICOS .E assim como alguns não entendem que o Serra vaiutilizar 1% do PIB pra cumprir os reajustes salariais nãoentendem que 3% dessePIB VAI PRO RALO ATRAVÉSDE APADRINHADOS E SEUS CARGOS COMISSIONADOS PRANÃO FAZER NADA.O MUNDO É CAPITALISTA E TEM QUE SER ASSIM.Empresas estatais em uma época onde não sefala mais em paises nacionais nos negócios e sim em BLOCOS TRANSNACIONAIS É um negocio arcaico e atraso.Quase medieval.Antes eram os CLãscontra outros clças,castelos contra castelos depois cidades contra cidades,depois o nacionalismo pais contra pais…ISSO TDFICOU PRA TRÁS.QUEREM UM PARÁ MELHOR ,UM BRASIL MELHOREXPULSEM ESSA PRAGA CHAMADA PT E VOTEM NO SERRA.Antes que o pais seja vitima desses sapos barbudos e perca A DEMOCRACIA E A LIBERDADE.ÉDURO PRA MIM VER TANTA FALTA DE ENTENDIMENTO DE MEUS IRMÃOS BRASILEIROS.OMESMO ACONTECE NOFUTEBOL PARAENSE E BRASILEIRO…UMCIDADÃO APENAS MANDA E DESMANDA…ATÉQUANDO?PENSEM ,RACIOCINEM E ENXEERGUEM.COMECEM DIA 31 TIRANDO DO COMANDO QUEM QUER IMPLANTAR O INICIO DE UMA DITADURA PARTIDARIA.LULA E SEUS 40…

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  7. Isso já está nos registros da história sobre os heróis do Brasil. Denominar Dilma de guerrilheira (combatente em defesa das liberdades democráticas) contra o violento regime de excessão é estender rasgados elogios a mesma – pessoais e políticos. Poucos podem se orgulhar de ter somado na luta desigual contra o golpe de 64 (algoz do povo brasileiro) – e o detalhe é que se trata de uma mulher. Muitos homens (?), no período, se acovardaram, ou pior, apoiaram a ditadura. Gostaria de saber de que lado estavam esses “bonzinhos” desqualificados que aparecem no blog chamando Dilma de má. Provavelmente, debaixo da saia da mãe!!!

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  8. Quando a RESPOSTA é o ÓBVIO ULULANTE aparece alguém simulando imbecilidade com uma constatação de conotação interrogativa. O que ELE É todos os que nele votam e a maioria DOS QUE NÃO, sabem. Resta-lhe parecer quem não é e não jogar a toalha sem descer até a última canalhice atrás do que já sabe hoje perdido. O que ele É VIRIA depois. Se ao invés, tivesse o PERSPICAZ OBSERVADOR, uma sugestão que o vestisse CONVINCENTEMENTE (tarefinha difícil), poderia torná-lo um aliado mais útil.

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