Águia é eliminado da Série C pelo ABC-RN

Com gols de Leandrão (aos 14 minutos), Jackson (aos 31), e Claudemir, aos 44 minutos do segundo tempo, o ABC de Natal eliminou o Águia de Marabá da Série C 2010 e classificou-se para disputar o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão em 2011. Jaime, aos 49 minutos, ainda descontou para o time de João Galvão. No primeiro tempo, o jogo foi equilibrado e sem grandes lances de gol. No segundo tempo, além do calor no estádio Frasqueirão, que parece ter afetado mais o time paraense, o ABC explorou as subidas do Águia em busca da vitória para chegar ao placar que lhe interessava.

Coluna: Agradecimentos ao Rei

Tive a honra de agradecer pessoalmente a Jair Ventura Filho pelas alegrias que me proporcionou na condição de craque do Botafogo. Duvido que possa fazer o mesmo em relação a Pelé. Mas, mesmo à distância, através da coluna, o recado ainda é válido. O gancho das comemorações do 70º aniversário de Sua Majestade é apropriado para falar sobre o maior jogador de todos os tempos, que, por sorte, nasceu brasileiro.
Sei que os ingleses reverenciam Sir Stanley Matthews e George Best. Os argentinos votam fervorosamente em Alfredo Di Stéfano e Diego Maradona. Os alemães, normalmente mais contidos, também tecem loas a Franz Beckenbauer. Sem dúvida, todos excepcionais boleiros, com mais virtudes que defeitos. O problema é que todos esses craques são humanos. Pelé pertence a outra categoria. Como jogador, não era deste mundo. Superou a todos porque foi praticamente perfeito.
Dizem seus contemporâneos que até no gol o Rei se virava bem. Tinha tamanha identificação com a bola que também sabia jogar com as mãos. Durante anos, falou-se que Pelé só não era especialista em cabeceios. Quando exibem os antigos filmes de sua carreira fica evidente que cabeceava melhor que a média dos atacantes, ajudado pela excepcional impulsão para um jogador de altura apenas mediana. O gol contra a Itália na final de 70 é prova mais que eloqüente dessa qualidade.
Nas duas Copas do Mundo que cobri para o DIÁRIO, tive oportunidade de conversar com jornalistas das mais diversas procedências. Todos, sem exceção, até mesmo hermanos argentinos, reconhecem Pelé como o maior ícone do futebol. Lembro que, sempre que ele irrompia num evento, na Alemanha ou na África do Sul, o ambiente se transformava por completo. Puro (e justo) encantamento das câmeras fotográficas diante do homem que melhor tratou uma bola.
Pelé não divide opiniões, nem gera comentários maldosos, como seu desafeto Maradona. Impecável nos tempos de jogador, preserva conduta reservada e inatacável fora dos gramados. Nem os negócios mal-sucedidos e a pálida experiência como ministro foram capazes de tisnar sua imagem. Prevalece, para sempre, a mística do genial craque, dono da camisa 10
 
 
Li na sexta-feira interessante observação de Mauricio Stycer sobre o pouco que conhecemos do Rei. Enumera um punhado de motivos para essa ignorância. Chama atenção para o mais curioso deles: a mania de falar na terceira pessoa, que acentua a condição de mito e esconde o lado pessoal. Além dos gols espetaculares e os muitos títulos, quase ninguém sabe dizer quem é mesmo Pelé. Stycer vê na habitual cerimônia dos brasileiros em lidar com ídolos – Roberto Carlos é um caso idêntico – fator inibidor das investigações sobre a vida do ex-jogador, hoje empresário de sucesso. E, por ironia, o brasileiro mais conhecido no planeta ainda não se revelou totalmente para seus patrícios, que tanto orgulho sentem de suas façanhas. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)