Jader e Rocha receberam 57% dos votos válidos

Os candidatos barrados pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa em todo o país receberam pelo menos 8,7 milhões de votos, segundo levantamento concluído pela Folha ontem (segunda-feira). Os votos foram anulados, mas os políticos ainda podem recorrer a tribunais superiores. A apuração do jornal considerou a votação de 208 políticos cujas candidaturas estavam indeferidas no país no dia da eleição por conta da aplicação da nova lei. O maior número de votos anulados em virtude da lei foi visto no Pará. No Estado, os candidatos ao Senado Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) receberam, respectivamente, 1,79 milhão e 1,73 milhão de votos, mas não aparecem na apuração da Justiça Eleitoral pois tiveram as candidaturas indeferidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por meio de recurso ao Supremo Tribunal Federal, eles podem derrubar a decisão desfavorável e buscar a segunda vaga ao Senado, uma vez que Flexa Ribeiro (PSDB) venceu o pleito, com 1,81 milhão de votos, e a segunda colocada, Marinor Brito (PSOL), obteve 727 mil votos. Somados, os votos de Barbalho e Rocha representam 57% do eleitorado do Estado. Isso quer dizer que, se continuarem barrados quando seus casos forem julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), haverá necessidade de novas eleições, já que mais da metade dos votos foram anulados. (Com informações da Folha de SP)

Homenagem a um eterno rebelde do cinema

Por André Setaro – de Salvador (BA)

Arthur Penn, que se foi semana passada aos 88 anos, foi um cineasta cujo apogeu, nos anos 60 e 70, seguiu logo o seu perigeu, por causa da radical mudança no sistema hollywoodiano. Se nas décadas de 60 e 70, o system, em profunda crise, admitiu, dentro de seu seio industrial, obras independentes, com o boom iniciado com Guerra nas estrelas, Hollywood fechou todas as comportas para o cinema independente. E Penn, um realizador que não gostava de fazer concessões, não conseguiu mais arranjar produtores com a coragem suficiente para bancar seus projetos audaciosos, críticos e envolventes. Não era um homem do sistema, portanto, e, nas suas últimas décadas de vida, amargou um ostracismo aliviado de vez em quando por filmes televisivos que não eram de seu agrado.

Penn, por isso mesmo, talvez não seja um nome conhecido dos cinéfilos contemporâneos. Mas nos anos 60, uma marca de referência, uma alusão sempre presente quando se conversava sobre cinema naqueles bares da rua Senador Vergueiro onde ficava o saudoso Cine Paissandú. Ou no Bar e Restaurante Cacique, reduto e universitários e artistas, na Praça Castro Alves (Salvador).

Há, em certos filmes de Penn, como em Mickey One (1965), uma estrutura narrativa que foge ao modelo estadunidense, dando a impressão de ser um filme europeu. As idas e voltas no tempo e no espaço fazem crer que o cineasta foi muito influenciado pelos filmes da nouvelle vague, a exemplo de Acossado e O ano passado em Marienbad (aqui, o pisca-pisca da memória). Este filme tem no seu quadro central Warren Beatty, que Penn o aproveitaria depois em um de seus filmes mais audaciosos: Bonnie and Clyde (1967), que no Brasil tomou o título estúpido de Uma rajada de balas.

Assim como Sidney Lumet e muitos outros notáveis, Arthur Penn é da geração da televisão americana, tendo-se, na práxis, formado nela. A sua obra de estréia é um western revisionista e desmistificador: Um de nós morrerá (The left handed gun, 1958), com Paul Newman no papel de Billy The Kid, famoso fora-da-lei da lenda do faroeste, que aqui é visto sob um prisma psicanalítico com acentos freaudianos. Billy, em interpretação stanislavskiana de Newman (leia-se Actor’s Studio), é apresentado como um rapaz transviado à la James Dean, o que, para a época, e para um western, passou dos limites. Resultado: apesar do enfoque inovador do ponto de vista temático, Penn amargou quatro anos de ostracismo sem encontrar produtor para um segundo opus.

Em 1962, surpreende com o belíssimo O milagre de Anne Sullivan (The Miracle worker). Anne Bancroft é uma professora incumbida de ensinar uma menina surda e muda a se comunicar. Anne Bancroft, que, na verdade, se chamava Anna Maria Louise Italiano, ganhou o cobiçado Oscar de melhor atriz, assim como a menina, Patty Duke, o de melhor atriz coadjuvante.

Obra impactante, que já em DVD há algum tempo, não vem atraindo a atenção que merece, Caçada humana (The chase), de Arthur Penn, com roteiro de Lilian Hellman, através da fuga de um prisioneiro (o novato Robert Redford), Penn expõe, numa visão ácida e sem piedade, as chagas da sociedade americana. Marlon Brando é o xerife da cidade e há uma cena, com ele, quando toma muita pancada e cai ensanguentado da sua mesa, que antecipa a violência em Don Siegel e Sam Peckinpah. O elenco é de alta conta: Jane Fonda no esplendor de sua beleza, o já citado Redford (que viria a se tornar um astro de primeira grandeza), E. G. Marshall, Janice Rule, Miriam Hopkins, Martha Hyer, Richard Bradford, Jocelyn Brando (irmã de Marlon), entre outros. Que cast! Mas Penn foi traído pelo produtor, que montou o filme à sua revelia. The chase, mesmo assim, é um filme a respeitar.

Um acontecimento, o lançamento de Bonnie and Clyde no Brasil nos agitados anos de 1968 (embora o filme tenha sido feito em 1967). O ritmo ágil, com variações estilísticas, a misturar comédia e drama (os assaltos a bancos são regidos segundo a estética do cinema mudo), e o sopro renovador no tratamento do tema, fizeram de Bonnie and Clyde um fenômeno. Vida, paixão e morte de um casal de assaltantes de bancos em plena década de 20, vivido por Warren Beatty e Faye Dunaway, que seria solicitada, desde então, pelos grandes cineastas. O filme ainda introduz o gigante Gene Hackman e o comediante Gene Wilder. Um tento e tanto para Arthur Penn.

A tendência desmistificadora e o arrojo temático se verificam em Pequeno grande homem (Little big man, 1970), com Dustin Hoffman e, trazendo de volta a seu cast, Faye Dunaway, um filme vigoroso que ataca, impiedosamente, o heroísmo americano. O General Cluster, tão idolatrado pela lenda, é visto, aqui, como um genocida, um louco com compulsão assassina. Dustin Hoffman, maquilado para parecer um homem de 120 anos, é o herói penniano que conta a história sob o seu ângulo em flash-backs.

O último grande filme de Penn foi Um lance no escuro (Night moves, 1975), com Gene Hackman como um homem desesperado que, de repente, tem a missão de encontrar uma ninfeta (estréia de Melanie Griffith no cinema) e levá-la de volta à Flórida. Trata-se de um thriller instigante no qual Penn procura mostrar uma América sufocada pelas conseqüências do Watergate. A sequência final, quando um yacht sem rumo se perde num oceano sem fim, com Hackman dentro da embarcação, é deslumbrante. Ainda que tivesse feito um ou dois filmes depois deste, e pequenas fitas para a TV, o grande Penn se encerra aqui, em Um lance no escuro, 35 anos antes de sua morte. Para se ter uma idéia a que estão condenados os cineastas mais audaciosos e que não mais se adaptaram ao cinema-parque-de-diversão atual praticado por Hollywood. Billy Wilder, outro notável diretor, passou mais de duas décadas de sua vida útil indo todos os dias para o escritório do estúdio sem conseguir, todavia, nenhuma chance de dirigir.

Como Obama neutralizou os boatos

Por Luiz Carlos Azenha

Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu  morava em Washington, então. Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:

1. Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);

2. Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);

3. Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);

4. Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);

5. Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.

6. Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).

Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.

O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado. Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay. Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições? Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.

Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis. Por que? Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.

Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta. No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo. Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno. E o PT com isso? E  a campanha de Dilma Rousseff com isso? Nada.

O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria. O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários. Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos. Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição. O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios. Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.

A quem interessar possa…

Agenda do presidente Lula para esta terça-feira, 5:

09h Reunião com governadores eleitos, no Palácio da Alvorada

10h Reunião – Coordenação, no Palácio do Planalto

11h Despacho interno

11h30 Nelson Jobim, ministro da Defesa

15h Miriam Belchior, subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da

Presidência da República

15h30 José Gomes Temporão, ministro da Saúde

17h Despacho interno

(Fonte: Secretaria de Imprensa da Presidência)

Coluna: O esporte sob suspeita

É fato que o mundo do esporte passa por uma séria crise de credibilidade. Cismas de toda espécie rondam as competições mais importantes, inquietando patrocinadores e deixando o torcedor cada vez mais com o pé atrás. Até hoje circulam histórias sobre a Copa do Mundo de 1998, aquela das convulsões de Ronaldo Fenômeno, insinuando um grande arranjo para que a França conquistasse seu primeiro título mundial.
Antes, havia a desconfiança generalizada sobre o mundial de 1978, quando a Argentina comandada por César Luis Menotti e pelos militares precisava levantar a taça – e, efetivamente, levantou. Para isso, precisou golear o Peru num jogo cuja seriedade até hoje não resiste a uma simples olhadela.
Nos últimos anos, a Fórmula 1 tem sido sacudida por incidentes vergonhosos, como a célebre marmelada da Renault em Cingapura, com a participação de Nelsinho Piquet e do chefão da escuderia, o italiano Flavio Briattore. O acidente provocado por Nelsinho permitiu que Fernando Alonso se aproveitasse da bandeira amarela para assumir a liderança da prova. 
A confirmação do esquema jogou mais lenha na fogueira sobre os acertos de bastidores da modalidade, cujo regulamento permite uma perigosa brecha chamada “jogo de equipe”, segundo a qual um piloto pode tirar o pé para deixar que o companheiro de escuderia possa ir em frente.
A Ferrari já obrigou Rubens Barrichello a cumprir essa lei interna em benefício de Michael Schumacher e voltou a agir assim nesta temporada, mandando Felipe Massa abrir passagem para o espanhol Fernando Alonso. Aparentemente, fatos dessa natureza caem no esquecimento e se perdem no turbilhão de notícias diárias, mas é inegável que a seriedade do esporte sofre abalos irreparáveis sempre que alguém burla as regras do jogo ou afronta princípios éticos elementares.
Diante desse cenário farsesco, como explicar, por exemplo, o cínico desinteresse de brasileiros e búlgaros no jogo válido pelo Mundial de Vôlei na Itália? Diante da chance de vir a pegar uma chave menos complicada na fase seguinte, tanto Brasil quanto Bulgária jogaram para perder. A batalha pela derrota resultou numa partida patética, vaiada pelos torcedores e questionada por grandes nomes do vôlei mundial.
O Brasil, que demonstrou mais talento para fazer corpo mole, acabou derrotado e conseguindo o que queria: o tal caminho teoricamente mais fácil rumo ao título. Ocorre que a estratégia rendeu ao time de Bernardinho uma mancha que talvez nunca se apague.
Júlio Velasco, treinador dos mais conceituados, deplorou o acontecimento, alertando para a imagem negativa deixada pelo Brasil. O ex-jogador Andrea Vorizi foi mais preciso: observou que a seleção campeã mundial e vice-campeã olímpica não podia ter se submetido a um papel tão triste pelo simples fato de que é um modelo a seguir. Concordo inteiramente.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 5)

Moisés chega ao Santos e evita comparações

Novo reforço do Santos para a disputa do Brasileiro, o paraense Moisés, 21 anos, rechaçou logo na apresentação o apelido inventado pela imprensa paulista. “Algumas pessoas me chamavam de ‘Neymar do Pará’, mas nunca foi a minha vontade ser chamado assim. Queria ser eu mesmo, porque o Neymar é um jogador diferenciado, e eu também posso ser um grande jogador. Por isso, não quero ser reconhecido assim. Antes, ele estava numa grande equipe e eu, no Paissandu. Hoje, estou ao lado dele para ajudar o Santos”, disse.

Tímido, o atacante demonstrou humildade em sua chegada ao novo time, destacando que irá buscar espaço aos poucos dentro do time alvinegro. “A posição (de Neymar e dele) é a mesma. Vou tentar respeitar os companheiros e buscar ajudar a equipe de qualquer forma. Quero ser uma boa opção no ataque para o Santos”, comentou.

Indicado à diretoria do time alvinegro por Júlio Chagas de Lima, o Papito, irmão do meia Paulo Henrique, Moisés espera brilhar no Santos, assim como já fizeram outros conterrâneos seus, casos de Giovanni e do próprio Ganso. “É uma felicidade imensa chegar a um clube que revelou tantos jogadores, como o Neymar. Além dele, Paulo Henrique e do Pará, que são do meu Estado, também foram revelados pelo Santos. Por conta disso, não posso negar que é uma grande oportunidade que estou tendo e espero agarrá-la da melhor maneira possível”, finalizou. (Com informações do Portal Terra e Gazeta Esportiva)

A nova bancada federal

PMDB – Wladmir Costa, Elcione Barbalho, José Priante, Asdrúbal Bentes

PT – Beto Faro, Claudio Puty, Miriquinho Batista, Zé Geraldo

PSDB – Nilson Pinto, Zenaldo Coutinho, Wandenkolk Gonçalves

PTB – Josué Bengtson

DEM – Lira Maia

PPS – Arnaldo Jordy

PSC – Zequinha Marinho

PDT – Giovani Queiroz

PR – Lúcio Vale