Dia: 21 de outubro de 2010
Cancelado negócio entre Remo e Agre/Leal Moreira
Acaba de ser cancelado oficialmente o negócio entre Agre/Leal Moreira e Remo pela compra do estádio Evandro Almeida. A transação de R$ 33,5 milhões foi conduzida desde o começo do ano pelo presidente Amaro Klautau, sob a alegação de que não havia outra alternativa para sanear as dívidas remistas e recuperar a imagem pública do clube. No começo da noite desta quinta-feira, os representantes da construtora eram esperados no Tribunal Regional do Trabalho para entregarem o memorial descritivo da futura Arena do Leão, parte obrigatória para o fechamento da transação. Para surpresa de todos, as incorporadoras compareceram à Justiça para informar a desistência do negócio.
Oficialmente, o negócio não foi fechado porque o memorial descritivo da Arena não chegou a ser concluído, por falta de tempo hábil, já que os prazos estabelecidos pela Justiça do Trabalho estão se esgotando. Diante disso, o estádio Baenão deverá ser levado à leilão para pagamento da dívida trabalhista de aproximadamente R$ 6,5 milhões.
Amaro Klautau foi o grande condutor da negociação entre o clube e as incorporadoras. Em primeiro lugar, deixou de pagar o parcelamento da dívida trabalhista, deixando que o clube fosse executado judicialmente. A partir daí, apresentou a proposta da Agre/Leal Moreira como a única a ter surgido pela compra do estádio. Chegou a destruir, na calada da noite, o escudo do clube no Baenão com receio de decretação do tombamento da praça de esportes.
Conselheiros do Remo avaliam que o recuo da empresa, além da impossibilidade técnica de preparar o memorial descritivo, pode significar uma estratégia para tentar arrematar o Baenão por um valor ainda mais baixo que o estabelecido.
Tribuna do torcedor (48)
Por Diogo Antônio Luz da Silva (diogotorcedor@gmail.com)
Pelo segundo ano consecutivo a desculpa do presidente Luiz Omar para o fracasso do projeto Série B foram os jogadores mercenários que só jogavam por dinheiro. Sendo assim, como acreditar que no próximo ano isso não se repetirá, já que o presidente não aprendeu com o erro do passado? Ano passado o Paissandu pecou por não ter reforçado o time para a Série
C. Esse ano, o filme se repetiu. O elenco ficou nas mãos de Charles Guerreiro que mandou trazer para o elenco jogadores do quilate de Jean Sá, Daniel Moraes e Fernandão.
Charles Guerreiro, ao contrário do que boa parte da imprensa fala, teve sim grande parcela de culpa na derrocada bicolor. Vivia repetindo que a equipe bicolor era forte quando não havia no elenco jogadores com potencial para mudar a partida quando precisasse. O jogo do último domingo lembrou-me muito o do Brasil quando foi eliminado da Copa do Mundo deste ano. Olhava-se para o banco e não havia ninguém que representasse a esperança de uma reviravolta no placar. Não tínhamos atacantes, não tínhamos laterais, meias criativos e de velocidade e nem zagueiros. Esse era o time forte cantado em prosa e verso pelo treinador. Como se não bastasse, depois da queda, o coice. Surgiram notícias de brigas internas, problemas judiciais, acusações a jogadores etc., etc., etc. A torcida fica com cara de boba porque foi induzida a acreditar numa realidade inexistente. Depois de tantas decepções, acredito que não só a cartolagem deve repensar a gestão.
Creio que a imprensa também. Repórteres de tevê e jornal andam muito acomodados. Não se aprofundam nos assuntos, não investigam, preferem transitar pelo superficial, como se futebol fosse algo que só existisse dentro de campo. Nas rádios, os setoristas pouco informam além da escalação de time. Preferem fazer propaganda a informar de fato. A propaganda bem que ajuda a lotar as arquibancadas, mas já ficou provado que nem isso tem ajudado o nosso futebol. Servem apenas para florear as estatísticas do combalido futebol paraense. Quanto a nós torcedores, devemos ser mais céticos, críticos, não embarcar na rivalidade propagada por setoristas cujo interesse maior é vender anúncio.
Paissandu prepara barca bem carregada
Depois da decepção causada pela eliminação em casa, a diretoria do Paissandu começa a planejar um desmanche no elenco. As demissões devem envolver um time inteiro. Desde terça-feira, o clube já desligou quatro atletas: o atacante Fernandão e o meio-campo Adelson. Os outros dois são Léo Carioca e Vinícius, que nem tinham contrato com o clube. Nas especulações que rondam a Curuzu e incluem até opinião de médicos sobre a contratação de jogadores, surge uma longa lista de possíveis dispensados: Daniel Morais, Jean Sá, Bosco (foto), Paulão, Da Silva, Márcio Goiano, Edinaldo, Aldivan, Rogério Corrêa, Tácio, Zé Augusto e Marquinho. O volante Sandro também foi citado, mas teria renovado contrato na véspera do jogo contra o Salgueiro. E pode sobrar também para o gerente Didi, que cuidava das divisões de base e teve inúmeros entreveros com o técnico Charles Guerreiro. (Com informações do Bola)
A tomografia da fita crepe
Por Paulo Nogueira
Não sei se alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto. Eu não.
A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido. O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.
Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.
Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja. Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.
Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra. Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove. É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta. Dilma bateu Serra no primeiro turno, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram. Só falta Aécio combinar com os mineiros.
A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir. Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, eassim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.
Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.
Remo quase perde outra revelação da base
Depois de perder três juniores para o Paissandu, o Remo quase ficou sem o zagueiro Igor João, o Joãozinho, que havia sido levado para fazer testes no Atlético-PR pelo mesmo empresário que negociou o empréstimo do zagueiro Raul. O problema é que a diretoria do clube não havia sido avisada do negócio com Joãozinho. O diretor de futebol Lucival Alencar pediu então o retorno do atleta, alegando que não autorizou a sua ida para fora do Estado. Joãozinho tem contrato com o Remo até o dia 30 de maio de 2012 e é um dos mais promissores atletas do clube, segundo o supervisor Carlinhos Dornelles. (Com informações da Rádio Clube)
O atentado de Campo Grande
Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa
Foi mais ou menos como num jogo de futebol: o zagueiro encosta no atacante, o atacante se atira dentro da área, rolando, se contorcendo, na esperança de que o árbitro apite um pênalti. Mas as câmaras são soberanas. Elas mostram que o zagueiro mal tocou no centroavante, que o atacante se atirou, que não está machucado, que está simulando. Ainda assim, alguns narradores gritam: “Pênalti!”. E no dia seguinte, os analistas vão bater boca o dia inteiro: foi, não foi, o juiz acertou, o juiz roubou.
Na cena reproduzida pelo Jornal da Record, o candidato José Serra vem caminhando, sorridente, pela rua do comércio de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Vem cercado de correligionários e seguranças. Mais adiante, seu caminho está bloqueado por uma passeata de petistas, que podem ser identificados por suas bandeiras vermelhas.
A comitiva do candidato oposicionista segue na direção dos adversários, arma-se um rápido entrevero, no qual um petista é agredido por três acompanhantes do candidato Serra, que está abrigado à porta de uma loja.
Apartam-se as brigas, Serra retoma a caminhada.
Então, alguma coisa o atinge na cabeça.
Pela câmara da TV Record, observa-se que o candidato apenas passa a mão na cabeça, constatando que não está ferido. É levado, então, por seus acompanhantes para um hospital.
Corta para o médico que o atendeu. A frase é clara: ele não tem nem um arranhão. A reportagem esclarece: o candidato foi atingido por um rolinho de plástico, um desses adesivos de campanha amarrotado.
Agora, a mesma cena no Jornal Nacional, da TV Globo: tudo quase igual, exceto no momento em que José Serra é atingido. Substitui-se, então, a imagem em movimento, que mostra apenas um susto da vítima, por uma fotografia, tirada de cima para baixo, de efeito muito mais dramático.
Quando chega o trecho da entrevista do médico, sua voz desaparece e em lugar da versão oficial do hospital entra o locutor, que apaga a informação de que o canditado não sofreu sequer um arranhão e a substitui por uma versão mais grave. A encenação se completa com o candidato sendo entrevistado, sob uma tensa luz azulada, com olhar de vítima.
Simulando uma contusão
O episódio, condenável sob todos os aspectos, deve, no entanto, ser visto como resultado da irracionalidade e radicalização da campanha eleitoral.
Mas as versões apresentadas pela imprensa merecem uma análise à parte.
Uma curiosidade: quem teria descido do Olimpo global para comandar a edição de tão importante reportagem? Que critérios do manual de ética e jornalismo da Rede Globo foram brandidos para justificar a transformação de um episódio banal, mais do que esperado no ambiente de conflagração que os próprios candidatos andaram estimulando, em uma crise republicana?
As evidentes diferenças nas edições do Jornal Nacional, muito mais dramático, e do Jornal da Record, que tratou o episódio com mais naturalidade, sem deixar de condenar os excessos de militantes, têm a ver com jornalismo ou com engajamento eleitoral?
No boletim online do Globo, distribuido às 14h18 da quarta-feira, “Serra é agredido durante enfrentamento de militantes em ato de campanha no Rio”.
Na edição de papel, primeira página do Globo, “Serra é agredido por petistas no Rio”. No complemento, a informação alarmante: por orientação médica, o candidato cancelou o resto da agenda e submeteu-se a uma tomografia num hospital da Zona Sul.
Título na primeira página do Estadão: “No Rio, petistas agridem Serra em evento”.
Na Folha, em foto menos dramática, “Serra toca local em que foi atingido por um rolo de adesivos…”
Quanto pesa um adesivo de campanha enrolado? Cinco, dez gramas?
E a tomografia? É resultado da conhecida hipocondria do ex-governador ou parte da estratégia para transformar um episódio grotesco e banal em atentado político? Como uma bolinha de papel, dessas que os alunos atiram uns nos outros nas salas de aula, poderia virar motivo de comoção nacional?
Em seu artigo na edição desta quinta-feira [21/10] da Folha de S.Paulo, a colunista Eliane Cantanhêde transforma o projétil de papel em “bandeirada” na cabeça e afirma que José Serra, literalmente, apanhou na rua. Quanto vale um jornalismo dessa qualidade? A chamada grande imprensa perdeu completamente as estribeiras.
No Twitter, Zé Serra ganhou apelido “serrarojas” em referência ao célebre episódio do goleiro chileno Roberto Rojas, goleiro da seleção chilena que fingiu ter sido atingido por um sinalizador no jogo da eliminatórias entre Brasil e Chile em 1989, atirado pela Fogueteira. A Fifa baniu o goleiro do futebol e o Chile foi suspenso de competições internacionais. Rojas se auto-flagelou cortando-se com uma gilete para simular um ferimento. É o caso de chamar a Fifa no lugar do TSE. Pelo menos nesse tipo de situação, ela é mais rigorosa com os farsantes.