Ministro do Supremo será denunciado à ONU

O suposto telefonema do presidenciável José Serra (PSDB) ao ministro Gilmar Mendes, durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), levou a ONG Justiça Global e uma série de outras organizações de direitos humanos a encaminhar uma denúncia para as Nações Unidas, devido às suspeitas de falta de independência do magistrado. A ligação telefônica, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, teria ocorrido na quarta-feira 29, durante o julgamento de recurso do PT contra a obrigatoriedade de o eleitor portar dois documentos no dia da votação. O recurso já havia sido acolhido por sete dos atuais dez ministros da Corte (Eros Grau se aposentou e ainda não foi substituído) quando Mendes decidiu pedir vistas do processo. No dia seguinte, votou contra a requisição petista. De toda maneira, a votação terminou em oito votos favoráveis e dois contra. E, agora, o eleitor pode se apresentar no pleito com qualquer documento de identificação oficial com foto. Vitória do PT, que temia que os eleitores de baixa renda e escolaridade deixassem de votar em função da exigência de dois documentos. (Da Carta Capital)

Estatal vai pagar R$ 4 milhões pela Série C

Criada há cerca de três anos com a ambição de se tornar a rede pública nacional de comunicação, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) decidiu entrar no mercado milionário das transmissões esportivas. A partir de 9 de outubro, a TV Brasil, em parceria com as emissoras públicas locais, vai exibir os jogos finais da Série C do Campeonato Brasileiro, a terceira e penúltima divisão do futebol nacional. A assinatura do contrato será no início da próxima semana, no Rio. Pelo acordo, a EBC vai pagar cerca de R$ 4 milhões aos dirigentes da CBF, que repassará o valor aos oito clubes envolvidos na disputa da competição.

“A Série C foi a forma que encontramos para chegar a este mercado. Com a Copa e a Olimpíada confirmadas para o Brasil, queremos aumentar a participação do futebol na nossa grade. Isso já era uma determinação do nosso conselho curador”, disse Marco Antônio Coelho, superintendente de rede da EBC. Para viabilizar a transmissão, a empresa fechou duas cotas –uma com a Petrobras, outra com a Caixa Econômica Federal. Cada contrato sairá por R$ 700 mil. Nos próximos dias, mais duas cotas deverão ser vendidas.

O orçamento da EBC em 2010 é de cerca de R$ 400 milhões. Pela lei que criou a empresa, a publicidade de produtos e serviços é proibida, o que limita o interesse de grandes anunciantes privados. Em 2009, além de estatais como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, a EBC teve patrocínio da Vale, mineradora brasileira privatizada há 12 anos, mas com participação de fundos de pensão de empresas estatais.

Nos jogos da Série C, a empresa também vai poder explorar toda a publicidade estática ao redor do campo. Para garantir audiência, a TV Brasil mexeu no horário dos jogos. Algumas partidas serão transmitidas às 10h. O primeiro jogo pela manhã será Macaé-RJ x Criciúma-SC. A competição conta também com a participação do Chapecoense, de Santa Catarina, dos paraenses Paissandu e Águia, além do Salgueiro, de Pernambuco, do ABC, do Rio Grande do Norte, e do Ituiutaba, de Minas Gerais.

Coelho informou que a EBC pretende transmitir a Série C desde o início na próxima edição. Em 2011, a empresa vai exibir os Jogos Mundiais Militares, competição que ocorrerá no Rio e reunirá dezenas de atletas olímpicos. “Nossa intenção não é entrar na disputa milionária da Série A. Lá, os valores são absurdos. O que queremos é colocar a bola para rolar aqui e tratar, por enquanto, dos desprezados”, declarou o superintendente da EBC. Os direitos de transmissão da primeira divisão do Nacional valem cerca de R$ 600 milhões. Já os da Série B custam cerca de R$ 60 milhões. (Da Folha de SP)

Outra oportunidade perdida

Por Alberto Dines 

Mais um debatóide – debate de mentirinha. O quinto e último encontro televisivo dos presidenciáveis, além de frustrante, foi enganoso. Os principais adversários prometeram discutir propostas e entregaram embromação. Curvaram-se aos marqueteiros – estes, poderosos manipuladores da vontade popular – e evitaram se arriscar.

Não se enfrentaram, usaram os candidatos com menos votos como palanque para as suas pregações. Na verdade, quem freqüentou os palanques foram o presidente da República e os meios de comunicação, os postulantes estavam em outra. O eleitor vai acionar a urna no domingo (3/10) tão preparado e tão consciente quanto os ministros do Supremo que, três dias antes das eleições, mais uma vez desautorizaram a Justiça Eleitoral e mudaram drasticamente a legislação vigente.

Papel da imprensa
Pior do que o debate fictício de quinta-feira (30/9) à noite na TV Globo foi a irresponsabilidade da mais alta corte ao tornar sem efeito a antiga exigência do título eleitoral. Em seu lugar, os meritíssimos querem apenas um documento oficial com foto. A população correu para cumprir uma determinação da lei e na véspera do pleito é informada que não era para valer. Ao que tudo indica neste país nada é para valer. O que vale é a encenação. Estas eleições foram alimentadas por factóides, debatóides, pesquisóides e, sobretudo, um plebiscitóide. Tudo fingido. Estas eleições precisam ser passadas a limpo – foram uma fantasia, alimentada por uma imprensa que não sabe qual o seu futuro e até hoje não percebe qual o seu papel. (Do Observatório da Imprensa)

Bispo do Xingu ganha Nobel alternativo

O bispo da prelazia de Xingu (PA), dom Erwin Kräutler, 71, foi anunciado nesta quinta-feira (30) como um dos vencedores deste ano do prêmio Right Livelihood, uma espécie de Nobel alternativo, dado desde 1980 por uma fundação sueca a “quem dá respostas concretas e exemplares para os desafios mais urgentes que enfrentamos hoje”. De acordo com o site do prêmio, dom Kräutler o recebeu “por uma vida dedicada ao trabalho com direitos humanos e ambientais dos povos indígenas, além de seu incansável esforço para salvar a Amazônia da destruição”.

Presidente há quatro anos do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), dom Kräutler nasceu na Áustria e veio para o Brasil na década de 60. Em 1978, recebeu a cidadania brasileira. Ele é opositor da construção da barragem de Belo Monte. Por sua luta pelos direitos indígenas, já recebeu ameaça de morte e hoje anda sob proteção policial. A cerimônia de premiação será no Parlamento da Suécia, em 6 de dezembro. Além do religioso, serão laureados a organização israelense “Médicos para os Direitos Humanos-Israel”, que atua em seu próprio país e na Palestina, o nigeriano Nnimmo Bassey, 52, e o nepalês Shrikrishna Upadhyay, 65, com a organização Sappros. (Da Folha de SP)

Os pacotes de exigências de Dona Fifa

O pacote de isenções fiscais para a Fifa, que ainda aguarda aprovação  no Congresso Nacional, está desfalcado apenas de dois importantes pontos exigidos pela federação internacional e recusados pelo governo. Um dos motivos que impediram uma vitória completa da Fifa foi a decisão do governo de impedir ganho de capital da entidade no Brasil sem o pagamento de impostos. A controladora do futebol mundial queria o direito de, por exemplo, fazer aplicações no país, antes ou durante a Copa de 2014, obter lucros e não pagar impostos. Ou comprar um imóvel três anos antes do Mundial e vendê-lo depois da Copa, também sem pagar taxas referentes ao lucro. A Receita Federal bateu o pé até o fim contra o privilégio.

O veto foi explicado pacientemente ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, em uma de suas vindas ao Brasil. O governo também fez um retoque na isenção de impostos para importações envolvendo a organização do Mundial. Agora, equipamentos que entrarem no país sem pagamento de taxa terão de sair depois da Copa. Se ficarem, o imposto será cobrado.

O temor era o de que equipamentos isentos de impostos fossem repassados a empresas brasileiras depois do Mundial. A isenção total só vale para o que for usado na construção dos estádios. Estudo feito pelo Governo Federal mostra que a Fifa exigiu muito mais do Brasil do que da Alemanha na Copa de 2006. (Do Blog do Perrone)

Coluna: A desconstrução do mito

O técnico de salário milionário que afundou o Atlético-MG, vice-lanterna do Campeonato Brasileiro, repentinamente já é apontado como a grande solução para os problemas do Flamengo, outro time ameaçadíssimo na tabela de classificação e igualmente às voltas com problemas de caixa. Vanderlei Luxemburgo, como se vê, continua um exímio negociante, contando com excelentes agentes de recolocação no mercado. E, por outro lado, o futebol brasileiro segue seu calvário de apostas erradas e planejamento zero.
Nem mesmo seus dois rotundos fracassos recentes (o anterior foi o Palmeiras, em 2009) parecem abalar a admiração que a cartolagem ainda nutre pela figura verborrágica e controvertida de Luxemburgo, cuja carreira entrou em parafuso desde que experimentou a passagem meteórica pelo Real Madri.
De treinador recordista em títulos nacionais e um incontestável especialista em torneio de pontos corridos, virou sinônimo de profissional caro e sem garantia de bons resultados. Até mesmo sua reconhecida competência para montar times ofensivos, de estilo vistoso, começa a ser questionada. Há detratores que falam, abertamente, em decadência.
Não chegaria a tanto. Talvez seja apenas um mau momento, situação que se abate também sobre Luiz Felipe Scolari, outro treinador de currículo vitorioso às voltas com dificuldades no Palmeiras. Luxemburgo construiu em torno de si um ambiente propício à superexposição que amplifica glórias, mas não perdoa tropeços.
A trajetória caótica no Atlético-MG foi exemplar na repetição de erros que marcam outras experiências do treinador. No Santos, deixou de valorizar os talentos que brotavam. Longe de ter suas habilidades reconhecidas, Neymar chegou a ganhar de Luxemburgo um apelido depreciativo (“Filé de Borboleta”). Pelo Palmeiras, passou como foguete, sem imprimir consistência à equipe.
No Galo, a situação agravou-se pelos maus resultados colecionados desde o começo, incompatíveis com os custos de sua badalada comissão técnica. Invenções como a do observador de arbitragem, função ocupada pelo polêmico ex-apitador Wagner Tardelli, foram vendidas pelo treinador como inovações. Na prática, apenas mais despesas a onerar a pesada folha salarial do clube.              
Da longa vivência no futebol, Luxemburgo assimilou boas idéias, como os auxiliares de fisiologia e preparadores por setores do time, mas nos últimos tempos tem sido contestado pela ausência cada vez maior do campo de treinamento. Delega a seus assistentes tarefas que deveriam ser assumidas pelo comandante da companhia. Sua presença seria quase que uma assinatura de grife, à margem dos gramados em dias de jogo. Preocupação excessiva com a imagem, sem investimento em ações práticas de orientação da equipe. Talvez esteja justamente aí a origem dos maus resultados recentes. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 1)

Zico deixa a diretoria do Flamengo

Zico não é mais dirigente do Flamengo. Em comunicado postado na noite desta quinta-feira em seu site, o Galinho explica os motivos de sua saída, sem ir muito fundo nos detalhes, mas deixando clara sua mágoa com a onda de boatos sobre negociação de jogadores. “No dia em que aceitei o convite para ser diretor-executivo de futebol do Flamengo fiz questão de me manifestar através do meu site oficial, que sempre foi minha voz, meu canal de comunicação com as pessoas que me acompanham. E não poderia ser diferente agora que venho comunicar minha saída do clube. Quando aceitei o desafio de assumir o futebol do Flamengo, sabia das dificuldades e meu discurso era no sentido de uma atuação de consenso, unindo forças dentro do Flamengo. O objetivo era angariar o apoio de quem quisesse o bem do clube”, diz.

“Não travo batalhas de poder e dinheiro, jamais fiz em nenhum lugar por onde passei. Minha arma na guerra sempre foi o trabalho, a transparência e a lisura com as quais segui conduzindo cada negociação que fiz ao longo desse período como dirigente. Minha vida sempre foi aberta a quem quisesse pesquisar e, se não consegui levar o CFZ do Rio à Primeira Divisão do Rio, muita gente sabe que foi também por não me curvar aos desmandos de quem comandava o futebol carioca”, acrescenta mais adiante.

“Considero nesse momento que não é possível fazer no Flamengo aquilo que eu gostaria. Percebo que a minha presença não tem sido favorável e, desde a minha chegada, vem causando o descontentamento de muitas pessoas. Não há condições para eu continuar. Estou sendo atacado injustamente, principalmente através de meus filhos, que em nenhum momento se envolveram em nada que estivesse em desacordo com os conceitos éticos e morais que aprendi com meu pai. Minha vida sempre foi calcada no trabalho, no respeito e no embate franco diante dos desafios. Não posso permitir que esse duelo covarde continue a acontecer usando a minha família, que vem se desgastando nas últimas semanas”, protesta.

Por fim, agradece à presidente do clube pelo apoio. “Queria agradecer a Patrícia pela oportunidade de tentar fazer mudanças que considero importantes para o Flamengo, não apenas no futebol profissional. Meus planos seguiam pelas divisões de base, de onde eu vim, e vislumbravam a construção de um Centro de Treinamento – que sempre foi um sonho desde os tempos em que eu ainda jogava no clube. Espero que estas sementes não sejam desperdiçadas. Tomar uma decisão como essas não é fácil. Mas espero que todos entendam que não posso carregar comigo a desconfiança de um dos setores mais importantes do clube, o Conselho Fiscal. E não há condições de debater com essas pessoas que estão a serviço de sabe-se lá quem ou o que, dispostas a jogar sujo e minar o próprio clube”.