Dia: 25 de outubro de 2010
Técnico do Barça recusa carro de presente
Pep Guardiola, técnico do Barcelona, deixou o clube numa saia justa na semana passada. A montadora de automóveis que patrocina o Barça presenteou cada jogador do elenco com um modelo zero quilômetro. Sim, todo ano esse patrocinador dá esse mimo aos craques do Barça. O técnico também tem direito ao presente, mas Guardiola se recusou a receber caso seus auxiliares de comissão técnica não fossem agraciados também. Até agora, pelo que se sabe, a montadora não atendeu a cobrança do treinador. Espírito de equipe é isso aí.
Tribuna do torcedor (51)
Por Daniel Malcher (malcher78@yahoo.com.br)
Estive na Curuzu naquela fatídica manhã de 17 de outubro. E, no decurso da partida, experimentei sensações díspares e opostas, que me alçaram à alegria e à euforia, permanecendo nelas por exatos 19 minutos… quando veio o débâcle, o golpe que me torturou e que me atirou no mar das incertezas compartilhadas por uma multidão em azul e branco. Fiquei, pois, atônito e confuso, sem saber o que pensar ou dizer diante da tragédia consumada um pouco além das 11 horas daquele dia ensolarado. O motivo de tanta confusão? O futebol apresentado pela equipe pernambucana do Salgueiro perante o futebol não apresentável da equipe bicolor? Sim, não vou negar que foi este embate futebolístico, inglório e desproporcional, a causa maior do meu embaraço, me deixando atordoado, imóvel, sem forças até para olhar pros lados.
Mas, ao retornar para casa, notoriamente de “cabeça inchada”, percebi que tivemos ali o nosso “Maracanazzo”, pois a sensação (ou seriam as sensações?) que tive foi muito parecida com aquela que nos foi informada por relatos sobre o sentimento da massa torcedora presente naquele dia de 1950. Será que a essência da tragédia esportiva pintada em tons celestes, que fez com que se alimentasse a crença de que não seríamos um “povo heróico e de brado retumbante” agora paira sobre nós, paraenses, bicolores e azulinos, nestes últimos anos? Nossas poucas façanhas nos desportos, porém gloriosas, ligadas a um passado “recente” – afinal, nossos grandes feitos foram há quase uma década – desnudam nossa pequenez? Será que repetiremos ano após ano as mesmas frases conformistas-fatalistas como “nunca podemos”, “não conseguiremos” ou “por que eles e não nós?”?
Nossas derrotas, caro escriba, há muito nos acovardaram, mexeram com nossas cabeças, com nossos credos e com a própria idéia que temos de nós mesmos, afinal, olhamos para o espelho esperando ver o que queremos ser e não o que somos. Qual o motivo de tantas amarras? E o nosso esporte, e principalmente o nosso futebol, do qual tanto já nos orgulhamos, ao que parece também foi contaminado por esse complexo de vira-latas, por essa síndrome do “já teve” e pelo conformismo pungente do tipo “somos isso e apenas isso merecemos”. Somente esta constatação pode explicar meu estado letárgico após o embate entre Paysandu e Salgueiro naquela manhã de dissabores. E, tal como em 1950, o futebol paraense – e não somente o futebol, mas o esporte paraense… e o povo paraense – precisa urgentemente de “um 1958”, de uma redenção, de algo que nos faça ver que não apenas “já tivemos” mas que “podemos ter”, ou ainda, que “podemos ser”.
Coluna: Nem os gênios são felizes
O futebol é, de fato, um mundo de surpresas e incoerências. Em meio ao verdadeiro festival de matérias especiais sobre o Rei Pelé, em face de seu aniversário de 70 anos, assisti uma velha entrevista de 1968 na qual ele se defendia das suspeitas sobre a decadência do seu futebol. O repórter foi claro, talvez repercutindo uma impressão geral naquela época, quanto aos receios de que Pelé já não fosse o mesmo jogador desde as contusões que o afastaram do Mundial do Chile em 1962 e desde a vexatória eliminação do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra.
Meio sem graça, o futuro Atleta do Século argumentava que sofreu muito com as contusões durante o Mundial e que não sabia o que o futuro lhe reservava. Ao mesmo tempo, quanto às desconfianças em relação ao seu futebol, disse que havia uma mudança na postura dos times, que talvez explicasse a queda de rendimento. Queria dizer que não era mais tão fácil fazer tantos gols, como no começo da carreira, visto que todos os adversários passaram a se prevenir mais quando enfrentava o temível Santos. Mais que isso: Pelé começou a ser alvo de uma verdadeira caçada em campo, vítima implacável da violência dos zagueiros, com a cumplicidade e omissão dos árbitros.
O que aconteceu em gramados ingleses, principalmente na partida contra Portugal, era um bom exemplo da marcação reservada ao supercraque desde que ele despontou no Mundial de 1958. Apesar de todas essas justificativas para a fase que o Rei vivia, todos se preocupavam em saber se o título mundial na Suécia não tinha sido o apogeu do menino de Três Corações. O próprio Pelé parecia inseguro e dizia ao repórter que não sabia se poderia disputar a Copa de 1970, no México. Ia depender de muitas coisas, além da crescente preocupação em estar com a família. Como se veria dois anos depois, ele iria participar do torneio e seria peça decisiva na conquista do tricampeonato mundial pelo Brasil. Aliás, na avaliação quase geral, foi em solo mexicano que seu talento ímpar se revelou em todo esplendor e maturidade, mais até do que em 1958, quando era pouco mais que um menino.
Os dissabores de Pelé naquele tempo provam que o mundo do futebol pode ser generoso em alguns momentos, mas é quase sempre traiçoeiro na aferição de qualidades, deixando de levar em conta o fator humano na hora de fazer julgamentos. Aos 25 anos, depois de inúmeras façanhas pelo Santos e Seleção Brasileira, Pelé ainda precisava provar que era realmente um fora-de-série. O que fez depois disso calou definitivamente seus críticos, embora tivesse ainda que prestar contas (a alguns) pela decisão de não disputar a Copa de 1974, realizada na Alemanha. O episódio demonstra, com clareza, que nem os gênios estão livres de cobranças. Que o fato sirva de lição para os jovens boleiros, alguns exageradamente incensados antes do tempo.
O desfecho foi mais ou menos dentro das expectativas. Depois de perder em casa, o Águia precisava vencer em Natal. Tarefa dificílima pelo nível técnico do ABC. As esperanças se concentravam no histórico do time de João Galvão, habituado a jogar (bem) fora de seus domínios. No primeiro tempo, até que o embate foi equilibrado, embora sem grandes oportunidades de gol. No tempo final, porém, o efeito do calor pesou sobre o condicionamento da equipe paraense, que se desgatava mais pelo esforço de buscar a vitória. Com tranquilidade, o ABC construiu a vitória até certo ponto fácil. A eliminação não ocorreu ontem, mas naquele instante de desatenção que permitiu o gol potiguar no Zinho Oliveira, sábado passado.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 25)
Eu não vi Pelé
Por Tiago de Souza
Todos temos devaneios (alguns dirão inclusive que se tratam de lembranças… vai saber?) e aspirações sonhadoras de termos vivido em alguma época, em algum lugar, ter vivenciado algum acontecimento histórico (e na época, provavelmente, nem ter notado que esse instante seria mesmo eternizado). Há quem sonhe em ter sido um cavaleiro templário, ou um navegador ibérico, ou ter ido à manifestações contra ditaduras, ter curtido um dia em Woodstock. Eu queria ter visto Pelé, e só.
Já perdi a conta das vezes em que assisti ao filme de Sua vida, que vi Seus lances na TV, que presenciei histórias contadas pelo meu pai (que são como lendas, algumas o são, inclusive), que me peguei desejando mais do que qualquer coisa ter ido a pelo menos um jogo do Santos de Pelé, do Brasil de Pelé, ou então apenas ter vivido essa época para depois contar aos filhos, netos, e quem mais se dispuser a ouvir, que “vi” Pelé jogar.
Não vi Pelé fazer mais de 1.200 gols, e assistir a que outros – pra mim eleitos divinamente – também fizessem os seus mais 1.200 gols. Não vi Pelé – um negro, jovem, de país pobre – ser aplaudido em redutos arianos, em rincões bolivarianos, em palácios da Bretanha, em aldeias africanas. Queria ter visto o Pelé numa das maiores demonstrações do poder social do esporte no – hoje quase hollywoodiano – dia em que parou uma guerra no Congo Belga. Queria ter visto Pelé no Pacaembu, no Morumbi, no Maracanã, no Azteca, na Rua Javari, no estádio da Esportiva de Guaratinguetá, ou em qualquer lugar que ele nunca pisou mais juram já tê-lo visto passar. Porque não duvido da Onipresença do Rei. Não duvido de nenhum feito relacionado a Pelé.
Não vi narradores se referirem a Pelé como “lá vem Ele…” quando seu pé, sua velocidade, sua habilidade, sua destreza, e a bola, se misturavam num desafio à física de qualquer época, e todos os ouvintes, muitos sem qualquer referência de imagem do Rei, saberem que Pelé estava vindo… e o gol muito provavelmente também.
Não vi Pelé para conseguir fazer poemas com seus feitos, para poder entender de fato o sentido de Armando Nogueira ao falar que “se Pelé não tivesse nascido homem, teria sido bola”. Queria ter visto Pelé. Não me interessa que à época eu também teria visto alguns de meus mestres de samba cantando ao vivo por exemplo, teria presenciado momentos interessantes, de maior importância histórica do que qualquer feito de Pelé. Não, queria era ter visto Pelé subir e consubstanciar a expressão “matar no peito”, quando ele e bola se entendiam como nunca mais se verá.
Queria ter visto Pelé inclusive para quem sabe soltar a bravata de que ele não foi exatamente tudo isso, mas sempre sabendo que não passaria de pura vontade de ser do contra, ranzinza como sou. Queria ter gritado “fica” no Maracanã farto em sua despedida de 1972 como meu pai jura ter ido e gritado (não me interessa se é real, eu acredito e é isso que interessa a ele, meu pai). Queria ter ido ao Maracanã no milésimo gol como mais de 500 mil pessoas já falaram também terem ido e igualmente não me interessa quem foi, apenas porque vivas eram à época e têm todo direito de falarem que foram, ponto.
Eu vi o Edson Arantes do Nascimento, mas queria ter visto Pelé. Não pelo motivo recorrentemente citado sobre a personalidade, índole, e outros sobre Edson. Mas porque Pelé era no campo, e só esse me interessa. O que ele é, foi e será fora dele, é problema dele, não meu. Mas o que ele fez nos estádios, é inspiração para o mundo, e isso eu queria ter visto.
Na minha geração – aqui coloco todos que não viram Pelé jogar, porque são eras diferentes na minha cabeça e que cada um faça a sua divisão – sempre ouço a insolência de que “hoje” Ele não teria sido isso, não teria feito aquilo, não driblaria assim… puro despeito de quem não viu Pelé. Porque, no interior, a verdade é que todos esses queriam ter visto Pelé. Esse é meu devaneio de viagem ao tempo, esse é o desejo que jamais realizarei na vida, esse é o sonho de criança que tenho quando estou sozinho: queria ter visto Pelé!
Tiago de Souza é jornalista, são-paulino, e tem tristes 28 anos que não lhe permitiram ver Pelé.
Torneio masters de tênis e beleza
Não há grande expectativa quanto ao potencial técnico do torneio, mas o Masters feminino de tênis que começa nesta terça-feira em Doha, no Qatar, reúne algumas das mais belas tenistas em atividade. O último torneio do ano reúne as oito melhores tenistas do mundo na temporada, mas a única que já conquistou títulos nesta competição é Kim Clijsters (BEL), campeã em 2002 e 2003 antes de aposentar e voltar ao circuito posteriormente. Por serem muito mais vistas como musas do esporte do que como grandes tenistas, elas são criticadas muitas vezes, como ocorre com a recente líder do ranking mundial, a dinamarquesa Caroline Wozniacki (foto 1), 6 títulos na temporada, 20 anos, 1,77 m, 58 kg e olhos verdes.
A beleza física é outra coincidência que une as tenistas: corpos impecáveis, rostos de boneca e os olhos claros. Na primeira fase do torneio, as tenistas jogam em grupos em que fazem três partidas cada. As duas primeiras de cada chave passam às semifinais. Uma das mais cotadas no ranking da beleza é a russa Elena Dementieva, 9ª do ranking (foto 2). As irmãs Serena e Venus Williams, respectivamente números 3 e 5 do mundo, lesionadas, não participam da competição.
Placar pré-eleitoral 2º turno
Instituto Vox Populi: Dilma (PT), 49%; José Serra (PSDB), 38%.
Votos válidos: Dilma, 57%; José Serra, 43%.
Papão já dispensou nove jogadores
A lista de vítimas do Salgueiro parece não ter fim na Curuzu. A cada dia o Paissandu libera mais nomes de jogadores dispensados. Os mais recentes foram Edinaldo e Marcelo Dias, cujos contratos foram rescindidos. Edinaldo (foto) chegou a participar de uma partida oficial pela Série C, na derrota para o Rio Branco, mas Dias nem estreou. No decorrer desta semana mais atletas devem ser liberados. As apostas se concentram em Aldivan, Bosco, Lúcio, Da Silva, Paulão, Marquinhos e Zé Augusto. Além de Edinaldo e Dias, o Paissandu já mandou embora Adelson, Fernandão, Léo Carioca, Vinícius, Jean Sá, Márcio Goiano e Daniel Morais. (Foto: TARSO SARRAF. Com informações do Bola e da Rádio Clube)