Peixe, Marques e Darnlei brilham nas urnas

A Câmara dos Deputados, em Brasília, terá um bom número de ex-jogadores e dirigentes esportivos ocupando suas cadeiras pelos próximas quatro anos depois das eleições no país, neste domingo. O ex-goleiro do Grêmio (e do Remo) Danrlei e o campeão mundial de 1994 Romário foram eleitos para o cargo de deputado federal por Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, respectivamente. Por outro lado, o ex-atacante do Atlético-MG Marques foi eleito para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O campeão de votos entre os esportistas foi Marques, que ficou na segunda colocação entre os mais votados em MG com 153.181 votos. Danrlei foi o quarto candidato preferido no RS, com 173.787 votos. Já Romário alcançou o sexto lugar na preferência dos eleitores no RJ: 146.831.

Na Bahia, o campeão mundial de boxe Acelino ‘Popó’ Freitas e o atual presidente do Bahia, Marcelo Guimarães, ficaram na 41ª e na 40ª colocações dos mais votados no Estado, que possui 39 vagas para a Câmara dos Deputados. Porém, eles podem conseguir uma cadeira por causa do coeficiente eleitoral. Para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, foi o 39º mais votado e conseguiu uma cadeira na casa. O parceiro de Romário no ataque de 1994, Bebeto foi o 70º candidato com mais votos e está garantido. O ex-mandatário do clube cruzmaltino, Eurico Miranda, tentou uma vaga como deputado federal: conseguiu 17.222 votos e não será eleito.

Outros candidatos, porém, tiveram desempenho tímido ou bem abaixo do esperado. Pela lado da ‘bancada corintiana’, em São Paulo, Marcelinho Carioca alcançou 62.346 votos para deputado federal e dificilmente será eleito. Cerca de 15 mil pessoas votaram em Vampeta, sem chances de conseguir uma cadeira no Congresso. O ex-atacante Dinei tentou uma vaga na Assembleia Legislativa de SP, porém, não ficou nem entre os 200 candidatos mais votados, assim como o ídolo palmeirense Ademir da Guia. Em Goiás, Túlio Maravilha tentou se eleger deputado estadual, mas alcançou 4.526 votos, na 145ª colocação, e está fora da disputa. A ex-nadadora Rebeca Gusmão, pega no doping durante o Pan de 2007, conseguiu apenas 437 votos como candidata a deputada distrital no Distrito Federal. (Com informações da Folhaonline e ESPN)

Pensata: Triste constatação

Por Cláudio Lembo, de São Paulo (*)

A mais monótona campanha eleitoral dos últimos tempos. Ela apontou o desgaste dos partidos políticos. Nada de programa de governo. Ausência absoluta de idéias. Abstinência total. Falta de propostas sobre os relevantes temas da atualidade. Um horror. Restou a amarga realidade. Ficou demonstrado que as agremiações partidárias atingiram o ponto máximo de fadiga. Não dá para persistir. Uma nova legislação necessita urgentemente ser pensada.

O excesso de partidos políticos conduz a um quadro de anomia e esgarça a arena política. As direções partidárias esqueceram os mais singelos princípios do bom senso médio. Não procuraram estabelecer padrões mínimos de comportamento. Foi um vale tudo inaceitável. As mais esdrúxulas personagens ingressaram no cenário público pela janela ampla dos meios eletrônicos de comunicação. Transformaram pregação cívica em espetáculo canhestro de circo mambembe. Nada de opiniões. Apenas promessas sem qualquer viabilidade ou consistência.

Os candidatos majoritários não fugiram à regra da mediocridade. Mostraram-se como figuras robotizadas, falsamente construídas por marqueteiros sem qualquer visão de realidade. Transformaram pessoas em bonecos e estes agiram como marionetes a serviço de agências de publicidade. Nada concreto. Real. Tudo mero faz de conta de velhas lendas de antigamente.

As práticas democráticas precisam ser repensadas. Eleições no atual modelo só levam a uma progressiva perda de legitimidade dos mandatos. Se o ator não tiver carisma, se sustentará durante algum tempo. Caso não possua o dom de Deus, vai para o inferno da impopularidade. O desgaste será inevitável. Perderá o controle da administração e o apoio da sociedade. Surge então o caos. Aguarda-se que isto não venha a ocorrer, mas as esperanças não devem ser exageradas.

Uma profunda reforma política é exigida. Ocorre que os vitoriosos nunca estão dispostos a alterar as regras que permitiram suas vitórias. Daí tudo se manterá inalterável. O grande instrumento de mudanças poderia se encontrar no Judiciário. Este, contudo, nos últimos tempos, mostra-se titubeante e indeciso, o que gera ainda maior insegurança. O ativismo judiciário, nos últimos meses, transformou-se na passividade processual. Nada de decisões que possam por fim a situações de desconforto. Ao contrário, preserva-se a instabilidade jurídica até as últimas consequências, como se buscasse aquilatar até onde vai a resistência emocional da coletividade.

Após os pleitos eleitorais, volta-se à normalidade e nesta pode-se elaborar novos parâmetros de comportamento cívico-partidário. Uma reforma partidária é exigida. Os brasileiros demonstraram – ainda uma vez – o grande apego à democracia que permeia a consciência nacional. Agora chegou a oportunidade dos dirigentes políticos, membros do Judiciário e integrantes dos Legislativos oferecerem contribuição efetiva para a melhora das práticas políticas.

(*) Lembo é professor universitário e foi vice-governador de São Paulo

Boleiros barrados no baile das urnas

Poucas vezes o eleitor-torcedor dispôs de tantas opções para escolher um candidato ligado ao esporte. Eram cinco atletas e ex-atletas concorrendo e buscando atrair o voto das torcidas de Remo e Paissandu. Zé Augusto e Landu, ainda em atividade, pareciam bem cotados, mas acabaram barrados no baile. Super Zé (PMDB) teve votação até expressiva (15.255), mas insuficiente para se garantir no time titular da Assembleia Legislativa. Landu, bombardeado pela terrível fase do Remo, capengou e não conseguiu arrancar para a vitória. Concorrendo pelo PT, foi o fona entre os boleiros: 3.052 votos. Mas papelão mesmo foi reservados aos ídolos Rei Artur, Vandick Lima e Robgol. O último buscava a reeleição pelo PTB, mas ficou pelo caminho, mesmo depois de ter contribuído bastante com o Paissandu, doando até placar eletrônico para o estádio da Curuzu. Sua votação, 11.814, ficou abaixo das expectativas. Vandick (PP) não decolou, como se esperava, apesar do trabalho social que desenvolve. Obteve 12.869 votos. Eterno ídolo azulino, Rei Artur (PV) só arranjou 3.965 votos. Acabou sendo vítima, como Landu, da fase tenebrosa do Leão sob o comando de AK, Frade & cia. O certo é que, apesar de bem votados, os candidatos ligados ao Papão perderam basicamente para a fragmentação do eleitorado. A entrada em cena de Zé da Fiel embaralhou o jogo, dividiu a votação e enfraqueceu o trio. Resultado final: todos rebaixados.

Urnas derrotam inimigos de Lula

Do Blog do Noblat

Incomodado com derrotas no Congresso, o presidente Lula desde o início da campanha da candidata Dilma gritou aos quatro cantos que tinha como objetivo, além de eleger a pupila, tirar do caminho aqueles que poderiam atrapalhá-la num possível futuro governo. Dito e feito.

Tidas com estrelas da oposição Artur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI), Mão Santa (PSC-PI) e Marco Maciel (DEM-PE) foram derrotados nas urnas por integrantes do governo com a ajuda de Lula. Todos os cinco não retornarão ao Congresso no próximo ano.

Contra Virgílio pesou, entre outros fatores, as imagens usadas pelos adversários em que ele diz que iria dar uma surra no presidente, que tem uma avaliação positiva acima dos 80% na região. Tasso não suportou o rompimento com os irmãos Cid e Ciro Gomes e viu os adversário Eunício (PMDB) e Pimentel (PT), que inúmeras vezes trocaram farpas nas eleições, vencerem.

Heráclito Fortes por sua vez ficou com apenas a quarta colocação no Piauí, arrastando com ele o senador Mão Santa que ficou em terceiro. Os vitoriosos Wellington Dias (PT) e Ciro Nogueira (PP) vão fortalecer uma possível base aliada de Dilma no Senado. O discreto Marco Maciel também não teve fôlego e ficou no meio do caminho. Ele registrou nas urnas três vezes menos votos do que os adversários Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT) que tiveram o apoio de mais de 3 milhões de eleitores.