Paissandu e Águia confirmaram suas posições no grupo A e passaram à próxima fase do Brasileiro da Série C. Não sem sustos. O Papão esteve perto de sofrer uma goleada do Rio Branco na Arena da Floresta. E o Águia levou um gol na metade do segundo tempo, ficando por alguns angustiantes minutos fora da competição. Teve, porém, forças para reagir e empatar a 10 minutos do fim.
Boas lições podem ser tiradas da rodada de ontem. Charles Guerreiro, principalmente, deve rever alguns conceitos para não se atrapalhar no cruzamento com o Salgueiro (PE). Como primeiro colocado da chave e com a boa campanha (segundo na classificação geral), o Paissandu entra como favorito. Mas, é certo também que não pode nem pensar em ficar sem Tiago Potiguar e Sandro nas partidas decisivas.
Além da já tradicional timidez em jogos fora de Belém, a ausência de ambos contra o Rio Branco deixou o time excessivamente vulnerável e sem autoridade para enfrentar o adversário. A falta de Tiago é mais sentida pelas características que tem. É rápido e normalmente cria duas ou três oportunidades de gol por partida. Sem ele, o meio-de-campo praticamente anda em campo e o ataque perde agressividade.
Sandro, apesar de veterano, eleva a qualidade do passe e confere ao time um toque de valentia que nenhum outro consegue dar. Por ter se tornado excessivamente dependente de ambos, como já se disse repetidas vezes, o Paissandu entra na fase eliminatória do campeonato apelando a todos os santos para que Tiago Potiguar não receba o terceiro cartão amarelo e Sandro não sofra nenhuma lesão.
Na Arena da Floresta, depois de um tranqüilo passeio do Rio Branco no primeiro tempo, o time esboçou reação no segundo, mas sofreu logo o terceiro gol e escapou do quarto por milagre. O gol de Bruno Rangel, de pênalti, deu tintas mais normais ao resultado, mas não desfez a impressão de queda de rendimento na hora mais aguda da competição.
No empate do Águia, méritos para a disposição do time, incansável na briga pela posse da bola e defendendo-se com uma raça impressionante. Apesar disso, a cobertura falhou quando o Fortaleza fazia tabelinhas na área. O meio-de-campo, sem Daniel e Diego Biro, teve altos e baixos. O ataque, desfalcado de Felipe Mamão, só funcionou quando Tiago Marabá entrou, confundindo a zaga cearense com jogadas em velocidade. O gol de empate surgiu, por sinal, de manobra puxada por ele.
Senti falta também de maior participação do torcedor, que se limitava a assistir o jogo quase em silêncio, deixando de incentivar e jogar junto com o time. Caldeirão só funciona se a torcida fizer sua parte.
O Salgueiro tem qualidades e alinha dois ex-remistas no ataque: Beá e Junior Ferrim. Desbancou (e rebaixou) o favorito Alecrim em Natal. Já o ABC, que poupou meio time na partida de ontem contra o ABC, é dirigido por Leandro Campos e é o recordista nacional de títulos estaduais. Ambos merecem respeito.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 20/09)