Remo comemora empate contra o Vila Aurora

Ao contrário do que foi prometido durante a semana pelo técnico Giba e pelos jogadores, o Remo não venceu e nem convenceu. Empatou em 0 a 0 com o Vila Aurora (MT), na noite deste domingo, em Rondonópolis, na primeira partida pelo mata-mata da Série D. O único lance de maior perigo em favor da equipe paraense ocorreu aos 36 minutos do segundo tempo, depois que o lateral-direito Lima acertou um chute forte em direção à área e o centroavante Frontini desviou de cabeça, acertando o travessão.

No primeiro tempo, o Remo entrou tocando mais a bola e deu a falsa impressão de que iria sufocar o fraco time matogrossense. Com o passar do tempo, porém, o time foi se acomodando em seu próprio campo e esperando chances para contra-atacar. Como isso aconteceu poucas vezes, o Remo também ameaçou muito pouco a defensiva do Vila Aurora. Gian tentou lançar Vélber e Frontini, mas os dois esbarravam na firme marcação da defesa adversária. Gilsinho, como de costume, corria muito, mas sem objetividade. Os laterais pouco apareciam e Marlon, que saía mais para o jogo, errava quase todos os cruzamentos. O Vila chegou em duas ocasiões, mas Adriano conseguiu evitar o gol.

Depois do intervalo, o Vila Aurora se mostrou mais ousado, com a entrada de Edu do Amparo pelo lado direito do ataque em manobras com o lateral-direito Raul. Como o time não evoluía no ataque, Giba tirou Vélber e lançou Zé Carlos. O que podia ter dado certo, caso o Remo explorasse o jogo aéreo, acabou resultando em mais lentidão no ataque. No meio, Gian foi substituído por Canindé, que se limitou a cobrar escanteios (dois deles para fora). Aos 44 minutos, talvez para reforçar a defesa, Giba pôs Didão e tirou Gilsinho. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

A grande sacada de Felipe Melo

Por Cosme Rímoli

Felipe Melo.

Pisou no holandês Robben na Copa do Mundo da África. Foi expulso, deixou o Brasil com dez jogadores. E veio a eliminação do Mundial nas quartas-de-final. O volante foi a maior aposta de Dunga no time titular. Ele prejudicou demais quem confiou nele. Felipe Melo foi banido da seleção brasileira. Seu nome não é lembrado. Pelo contrário, virou símbola do time fracassado montado por Dunga.

No Brasil, depois da Copa só andava com boné e óculos escuros. Cada vez que acabou reconhecido foi um vexame para ele e seus familiares. Gozações, palavrões e até mesmo ameaça de agressões. Felipe Melo virou um jogador marcado.

Como acabar com esse clima ruim? Ele teve uma idéia que considerou fenomenal. Resolveu sortear no seu twitter passagens, hospedagem e ingressos para uma pessoa acompanhar uma  partida da Juventus. Na Itália. Foram milhares e milhares de concorrentes.

Diante do prêmio, as ofensas se transformaram em elogios, rezas, promessas. Houve o sorteio e uma jornalista mineira ganhou. E ela é só elogios ao volante. Que criativa estratégia. De vilão da Copa do Mundo a agente de viagem. Pena que Barbosa, Bigode, Flávio Costa, Lazaroni, Toninho Cerezo, Júnior, Zico, Júnior César, Ronaldo, Roberto Carlos, Zagallo, Parreira, Adriano, Júlio César não tiveram a mesma idéia.

Talvez não teriam sido tão criticados nas Copas que prejudicaram o Brasil. Mas Felipe Melo mostrou o caminho. Afundou a seleção brasileira, basta procurar a agência de viagens mais próxima. A memória do torcedor se transforma com a chance de viajar para a Europa de graça. Mesmo tendo a punição de vê-lo de novo em campo. Isso se for titular da Juventus…

Mas isso é detalhe.

Viva Felipe Melo, o melhor jogador da Copa do Mundo da África! O mais talentoso do planeta! Viva! Viva! Viva! Pronto… Doeu, o nariz cresceu… Mas tudo bem… Cadê a minha passagem para Paris? Que triste um mundo onde os jogadores acreditam que podem comprar tudo. Até a opinião das pessoas…

No sufoco, Papão vence e se classifica

Um gol de Bruno Rangel, aos 29 minutos do primeiro tempo, garantiu a vitória magra ao Paissandu sobre o São Raimundo, na tarde deste domingo na Curuzu. Sem jogar bem, apresentando-se de forma confusa na maior parte do jogo, o Paissandu conseguiu um triunfo importante, que o classifica antecipadamente para a próxima fase do Brasileiro da Série C. Além do gol, que nasceu de um cruzamento alto para a área, o Paissandu criou duas outras boas chances na primeira etapa, com o próprio Tiago e com Bruno Rangel. Aos 44, Michel finalizou boa jogada para as redes de Fávaro, mas arbitragem marca impedimento. Lance confuso e rápido, de difícil interpretação.

Na etapa final, mais tranquilo em campo, o Paissandu entrou a toda força e quase marcou logo aos 4 minutos. Sandro deu belo passe, mas Tiago Potiguar mandou na trave. Depois desse bom início, o time alviceleste começou a dar sinais do velho apagão. Charles fez mudanças – Alexandre Carioca em lugar de Marquinhos -, mas o meio-campo abria brechas. O São Raimundo partiu para o ataque e quase empatou, aos 32 minutos, em cobrança de falta de Daniel, que substituiu Michel. Logo em seguida, Labilá defende cabeçada perigosa de Bruno Rangel. No final, Zé Augusto (que substituiu Bruno Rangel) recebe passe de Fernandão e desperdiça boa oportunidade para ampliar. (Fotos: TARSO SARRAF/Bola)

O que o JN vai fazer para levantar Serra?

Por Luis Nassif

Qual a bala de prata, a reportagem que será apresentada no Jornal Nacional na quinta-feira que antecederá as eleições, visando virar o jogo eleitoral, sem tempo para a verdade ser restabelecida e divulgada? Ontem, no Sarau, conversei muito com um dos nossos convivas. Para decifrar o enigma, ele seguiu o seguinte roteiro:

1. Há tempos a velha mídia aboliu qualquer escrúpulo, qualquer limite. Então tem que ser o episódio mais ignóbil possível, aquele campeão, capaz de envergonhar a velha mídia por décadas mas fazê-la acreditar ser possível virar o jogo. Esse episódio terá que abordar fatos apenas tangenciados até agora, mas que tenham potencial de afetar a opinião pública.

2. Nas pesquisas qualitativas junto ao eleitor médio, tem sobressaído a questão da militância de Dilma Rousseff na guerrilha. Aliás, por coincidência, conversei com a Bibi que me disse, algo escandalizada, que coleguinhas tinham falado que Dilma era “bandida” e “assassina”. Aqui em BH, a Sofia, neta do meu primo Oscar, disse que em sua escola – em Curitiba – as coleguinhas repetem a mesma história.

As diversas pesquisas de Ibope e Datafolha devem ter chegado a essa conclusão, de que o grande tema de impacto poderá ser a militância de Dilma na guerrilha. A insistência da Folha com a ficha falsa de Dilma e, agora, com a ficha real, no Supremo Tribunal Militar, é demonstração clara desse seu objetivo. Assim como a insistência de Serra de atropelar qualquer lógica de marketing, para ficar martelando a suposta falta de limites da campanha de Dilma – em cima de um episódio que não convenceu sequer a Lúcia Hipólito.

Aliás, o ataque perpetrado por Serra contra Lúcia – através do seu blogueiro – é demonstração cabal da importância que ele está dando à versão da falta de limites, mesmo em cima de um episódio que qualquer avaliação comezinha indicaria como esgotado. A quebra de sigilo é apenas uma peça do jogo, preparando a jogada final. A partir daí, meu interlocutor passou a imaginar como seria montada a cena.

Provavelmente alguém seria apresentado como ex-companheiro de guerrilha, arrependido, que, em pleno Jornal Nacional, diria que Dilma participou da morte de fulano ou beltrano. Choraria na frente da câmera, como o José Serra chora. Aí a reportagem mostraria fotos da suposta vítima, entrevistaria seus pais e se criaria o impacto. No dia seguinte, sem horário gratuito não haveria maneiras de explicar a armação em meios de comunicação de massa.

Será um desafio do jornalismo brasileiro saber quem serão os colunistas que endossarão essa ignomínia – se realmente vier a ocorrer -, quem serão aqueles que colocarão seu nome e reputação a serviço esse lixo. Essa loucura – que, tenho certeza, ocorrerá – será a pá de cal nesse tipo de militância de Serra e de falta de limites da mídia. Marcará a ferro e fogo todos os personagens que se envolverem nessa história. Incendiará a blogosfera. Todos os jornalistas que participarem desse jogo serão estigmatizados para sempre.

Todas essas possibilidades são meras hipóteses que partem do pressuposto da falta de limites total da velha mídia. Mas a hipótese fecha plenamente.

Olho vivo, rapaziada.

Ficha técnica de Paissandu x S. Raimundo (Série C)

PAISSANDU x SÃO RAIMUNDO

Local – Estádio da Curuzu, às 17h.

Paissandu – Fávaro; Bosco, Leandro Camilo, Paulão e Aldivan; Tácio, Sandro, Marquinhos e Fabrício; Bruno Rangel e Tiago Potiguar. Técnico: Charles Guerreiro.

São Raimundo – Labilá; Ceará, Pedro Paulo, Preto Marabá e Souza; Beto, Paulo de Tarso, Marcelo Pitbull e Flamel (Michel); Paulo Rangel e Gabriel. Técnico: Sebastião Rocha.

Arbitragem – Fernando de Castro Rodrigues; assistentes – Fernando Miranda e Márcio Dias.

Ingressos – R$ 20,00 (arquibancada), R$ 40,00 (cadeira lateral), R$ 50,00 (cadeira central).

Coluna: Para ver Potiguar jogar

Pode não parecer muito, mas o São Raimundo ainda tem motivos para lutar. E é justamente essa sua necessidade de sobreviver ao rebaixamento que surge como maior perigo no caminho do Paissandu, hoje, no estádio da Curuzu. Em condições normais, tomando por base o que os dois times têm feito na competição, o favoritismo alviceleste seria total e absoluto. Mas não se pode subestimar quem está na zona da degola. Aos santarenos, um triunfo representa a redenção, impedindo praticamente a iminente queda para a Série D. O desespero pode operar milagres.
O Paissandu, que não tem nada com as atribulações mocorongas, precisa jogar seu jogo e fazer seu papel. Com o ataque mais ou menos definido, com Bruno Rangel e Fernandão (sim, Charles gostou da dupla), Tiago Potiguar deve voltar ao lugar de origem, aquela larga faixa de campo entre as intermediárias, onde mostra suas melhores qualidades.
Mas, para que Potiguar renda o esperado, precisa de espaço e de parceiros tão rápidos quanto ele. Não pode, por exemplo, ficar esperando pelo bom, mas lento, Marquinhos. Precisa estar livre para ir à linha de fundo quando necessário ou para arrancar pelo meio se a situação permitir.
Refiro-me sempre a Potiguar porque é, disparadamente, o melhor jogador em atividade por aqui. Como atacante, seus trunfos são: o talento para o drible curto, a velocidade já citada e o bom arremate. No meio-de-campo, destaca-se pela qualidade do passe e pela capacidade de antever jogadas, como todo bom meia-armador.
São muitos atributos para um jogador só e, a partir daí, já é possível notar que não há quem possa ser comparado a ele nos quatro times que representam o Pará em torneios nacionais. Calma, não significa que Potiguar seja craque de Primeira Divisão. Longe disso. É bom para a Terceira Divisão. Por isso, sobra nessa multidão de medianos. Quase sempre consegue fazer grandes atuações e justifica que se pague ingresso para vê-lo em ação. Hoje não será diferente.     
 
 
Cinco anos depois da última experiência de disputar mata-mata em Campeonato Brasileiro (na Série C de 2005), o Remo volta a encarar esse desafio hoje em Rondonópolis. O Vila Aurora, que alguns apontam como franco-atirador, tem os mesmos 11 pontos na classificação geral. Ficou atrás – e por isso joga a primeira em casa – somente pela diferença de gols marcados. É um time sem tradição e sem torcida, mas tem alguma bala na agulha, pois foi montado por empresários.
Desse duelo no centro do Brasil vai ser possível ter uma noção das reais possibilidades do Remo no campeonato. A escalação óbvia de Gian aumenta as chances de um triunfo. Do fôlego do veterano armador vai depender, porém, o grau de aperreio do time. Canindé, preferido de Giba, deve entrar no decorrer do 2º tempo e é aí que surgem riscos de um apagão criativo no meio-campo. O ideal, portanto, é que o time tente construir a vitória ainda nos primeiros 45 minutos. 

(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO, edição deste domingo, 5)