Um volante chamado Jucilei

Se houve uma evolução clara do futebol brasileira nos últimos anos, ela aparece na posição de volante. Aos poucos, diminuímos a inutilidade do cabeça-de-área de contenção, aquele que só combate, mas não tem lastro para ajudar na armação. Voltamos à era do “regista”, aquele que, além de roubar, sabe entregar a dita cuja a domicílio.

Assim foi a aula do Professor-Volante Jucilei ontem à noite, no Engenhão. Jogou demais. E, no ritmo de sua cabeça erguida, de passadas largas e de passes precisos, regra alucinante da multi-função que o mundo moderno exige,  comandou a vitória do Corinthians (2 a 1) sobre o Fluminense. Resultado que cola os paulistas no primeiro lugar ao lado dos tricolores (o saldo do Flu é melhor em apenas um gol), mas devemos lembrar que o time de Adílson Batista tem uma partida a menos. Basicamente, três pontos que numa futura contabilidade final do Brasileirão-2010 podem valer muito mais. (Por Lédio Carmona)

Ex-volante do Remo virou camelô no Rio

Do Globoesporte.com

Quem passa pelas ruas apertadas e movimentadas da Uruguaiana, principal mercado popular do Rio de Janeiro, nem imagina que pode dar de cara com um ex-jogador que fez parte das principais conquistas recentes do Vasco, como o Brasileiro de 97 e a Libertadores de 98. Atualmente com 34 anos, o volante Fabrício Eduardo virou camelô. Mesmo novo, decepcionado com o futebol, ele resolveu a abandonar a bola há três anos para ter uma loja onde vende  equipamentos eletrônicos, como celulares e jogos para videogame.

Fabrício fez 118 jogos pelo Vasco. Cinco deles na campanha do título mais importante da história do clube: a Libertadores de 1998. Depois que saiu da Colina, no início de 2000, a carreira não alavancou. Passou por Naútico, Libertad-PAR, América-RJ, Americano-RJ, Remo, XIII de Campina Grande até chegar ao Casemiro de Abreu-RJ, onde, em 2007, aos 31 anos, decidiu parar. Os problemas físicos, como uma tendinite crônica no joelho, e os atrasos constantes de salários o fizeram procurar outro rumo. Aí, o comércio informal apareceu em sua vida.

Fabrício ainda tem contato com ex-companheiros como Alex Pinho, Brenner, Azul, Pimentel e Pedrinho, mas futebol agora só nas peladas com os amigos, duas vezes por semana, com a preocupação única de se divertir e manter a forma, que está longe de ser dos tempos de profissional. “Fui ficando mais velho e as coisas não foram acontecendo. Jogar em time pequeno é complicado, às vezes o mês tem 90 dias” – contou.

O caminho até a Uruguaiana foi mostrado por Jorge, ex-companheiro no Casemiro de Abreu e que atualmente é vice-presidente do mercado popular. Fabrício, que chegou a defender a Seleção Brasileira (sub-17 e sub-20) e jogou ao lado de Ronaldo Fenômeno, é um caso típico de jovem que consegue crescer rápido na carreira e não lida bem o sucesso. No tempo em que ficou no Vasco, ele se deixou levar por algumas tentações, como a vida noturna e o álcool.

Remo empresta Héliton ao Atlético-GO

Diretoria do Remo confirma cessão, por empréstimo, do atacante Héliton para o Atlético-GO, que disputa a Série A. O valor do passe está estipulado em R$ 800 mil. Já o zagueiro Raul foi negociado, também por empréstimo, com o Sport-PE, com passe fixado em R$ 1,2 milhão. (Com informações da Rádio Clube)

Gigante se impõe ao mundo (e ao Monde)

Por Carolina Nogueira, de Paris

Quem visita Paris esta semana vai certamente se surpreender ao esbarrar com a bandeira brasileira literalmente a cada esquina. O jornal Le Monde está fazendo a maior propaganda do seu número especial sobre o Brasil – que estampa o lisonjeiro título de “o gigante se impõe”. Mas desde a capa depreende-se que a revista vai além dos clichês óbvios. Ao lado do Corcovado, carnaval e futebol, a ilustração inspirada na bandeira brasileira faz referências à indústria aeronáutica, petróleo, energia nuclear, bio-combustíveis, jogos olímpicos. (Só não entendi muito bem a referência ao trigo ao invés da soja, mas tudo bem.)

Ao invés de uma entrevista com o presidente Lula como carro-chefe – o que o jornal provavelmente conseguiria, se quisesse – a publicação escolheu retratá-lo por meio de um abecedário com uma seleção de frases colhidas de seus discursos. Algo inspirado no livro do Ali Kamel, desconfio. Editada com uma bela foto do presidente posando de estadista, o abecedário revela uma opção editorial honesta em relação à figura de Lula – sem oba-oba nem desdém.

Em seguida, a seção entitulada “25 anos de democracia” me surpreendeu, ao propor um enfoque que eu sinceramente não me lembro de ter visto na própria imprensa brasileira. Nós fizemos este balanço? Este que o Monde propõe começa colocando em perspectiva o indiscutível papel de liderança do Brasil no mundo (“quem pode imaginar, hoje, resolver os problemas do mundo sem o Brasil?”, pergunta Sarkozy), temperado pelas “derrapadas” diplomáticas dos discursos de Lula.

Em seguida, ressalta a parceria militar estratégica com a França e avalia as ambições nucleares “preocupantes” do país. E adiciona um balanço melancólico das alianças regionais latino-americanas. No balanço político, além dos perfis dos presidenciáveis e de alguns artigos mais ou menos bobos sobre a biografia de Lula e o passado da ditadura militar, uma entrevista com o ex-embaixador francês no Brasil, Alain Rouquié, revela um conhecimento de causa surpreendente – e uma falta de condescendência tipicamente francesa que, longe de ofender, oferece valioso material para nossa auto-análise.

A frase que serve de título para a entrevista, “os deputados brasileiros são eleitos na base do serviço prestado”, resume a ópera: clientelismo e um arcabouço legal engessado, que não ajuda as coisas a mudarem. Sobre economia, a revista analisa os riscos de um “superaquecimento”. Nos artigos de sociedade, o fenômeno dos evangélicos divide espaço com uma análise madura – e nada sensacionalista – das nossas preocupações com uma violência endêmica. Aos já cansados álbuns de paisagens, o portfolio escolhido para a revista mostra o cotidiano de um grupo que trabalha em uma favela. E na rubrica sociedade, telenovelas e futebol, que é abordado em seu potencial de ascenção social.

Seguindo a tradição francesa de uma imprensa que não se furta e flertar com a sociologia, a revista coloca a questão do que restou das raízes africanas de nosso povo e dedica algumas páginas às mais importantes regiões brasileiras. Há espaço até para a nova literatura brasileira, retratada em Milton Hatoum– ainda tão pouco conhecido no Brasil. Para terminar, a alegria de viver brasileira – sem dúvida alguma, a parte do nosso país que o francês mais admira – em uma matéria que foge do óbvio, revelando nossa inventividade na arte. Pelo nosso tamanho continental e por todas as contradições com as quais nos acostumamos a conviver, eu acho dificílimo definir o Brasil. Mas, sinceramente, o Monde não fez feio, não. Pas mal du tout.

PS: Esta coluna foi fortemente encorajada pela Gisele, das Cartas de Buenos Aires, que está de passeio por aqui. Obrigada pela “pauta”!

Carolina Nogueira é jornalista e mora há dois anos em Paris, de onde mantém o blog Le Croissant

E os tucanos venceram!

Por Cássio Andrade

Não! Não se trata de antecipar vitória tucana no Pará. Também não é alento à combalida candidatura de Serra. Estou me referindo a uma nação, acima do próprio Pará, no interior das almas e das tradições. Os tucanos venceram! Com sua lógica privatista e neoliberal, conseguiram a proeza de afundar a nação azul.

A tragédia mais que anunciada de domingo foi mais uma do lamentável rol de fracassos nacionais do Clube do Remo nos últimos 30 anos, principalmente em seus domínios (Baenão ou Mangueirão, ressalte-se). Esta última, porém, acompanhada de um componente dramático: o anúncio da derrocada. Há aqui um fator fundamental nesse enredo, Amaro Klautau e sua gestão tucana, protagonista do maior fracasso da história mais que centenária do Remo. Prócer tucano emplumado, colaborador direto de Simão Jatene no Governo do Pará entre 2003 e 2006, trouxe para o Remo o mesmo modelo de gestão.

Tal qual o modelo tucano que afundou o país com FHF e engessou o Pará com Almir e Jatene, Amaro e sua trupe utilizaram-se do mesmo paradigma: o mercado resolve, eficácia, eficiência, inovação, rompimento com o passado e com a história e a já clássica venda de patrimônio alheio. Essas falácias foram reproduzidas como mantras desde 2009. O sucateamento do patrimônio do clube seguiu o mesmo diapasão de FHC, Almir e Jatene à frente da condução do Estado. Com o uso de uma boa propaganda e conveniências de conselheiros cordatos, conseguiram os tucanos o seu intento. Enquanto a “nova arena” se propalava aos ventos, a imensa nação azulina aumentava o acúmulo de fracassos e vergonhas: eliminações precoces na Copa do Brasil (para variar, dentro de casa a Flamengo e Santos), fracassos no parazão (não ganha sequer um turno nos últimos dois anos) e a sua extinção no brasileiro sem série. Às favas os fracassos, o foco é vender, vender, vender…

Em meio às marteladas insanas ao símbolo do clube, os tucanos fingiam não ver o mundo real dos gramados. O foco era a corretagem imobiliária, não o futebol. O olhar era no futuro, mesmo com as vendas escuras e escusas do presente. O resultado? Previsível. Transformaram a nação azul na “terra do já teve”: já teve títulos, já teve história, já teve divisão e já teve estádio. Não terá futuro!

Ainda há tempo para a nação azulina juntar os cacos e expulsar os vendilhões do templo. Perderemos o estádio, não a coragem. Que fique o alerta ao povo do Pará que ainda tem a chance histórica de barrar o retorno dos que advogam a “terra do já teve”. Basta! O Pará, tal qual o Clube do Remo, não merece isso!

Serra perde o rebolado em entrevista

Do Comunique-se

Irritado, o candidato à Presidência, José Serra (PSDB), se levantou na intenção de deixar o programa Jogo de Poder, da CNT. O político ficou contrariado com as perguntas da jornalista Márcia Peltier, que apresenta o programa. Márcia questionava Serra sobre a quebra de sigilos de tucanos e pesquisas. Segundo a jornalista, a manobra teria acontecido em 2009, antes do início das candidaturas. Nesse momento, Serra subiu o tom de voz, disse que estava perdendo tempo com a entrevista e que Márcia deveria fazer a pergunta à Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência.

“Agora nós vamos falar sobre programas”. Neste momento, Serra se levantou e ameaçou sair do estúdio. “Eu não vou dar essa entrevista, você me desculpa”. A apresentadora insistiu, mas Serra continuou irritado.“Faz de conta que eu não vim”. Quando a apresentadora perguntou o porquê, o político respondeu que o programa “não é um troço sério” e pediu para desligar as câmeras. “Apague a TV pra gente conversar (…) “porque isso aqui está parecendo montado”. “Montado para quem? Aqui não tem isso”, respondeu a apresentadora.

Serra só voltou ao estúdio e terminou a gravação depois de conversar reservadamente com a jornalista e o apresentador Alon Feuerwerker. Quando questionado por outros jornalistas sobre a cena de irritação, Serra negou e disse que estava “com estômago ruim” porque não tinha tomado café da manhã. De acordo com a assessoria da CNT, as perguntas que incomodaram o candidato serão mantidas e o programa deve ir ao ar nesta quarta-feira (15/9) às 22h50. (As informações são do Terra)

Ouça o áudio da conversa entre Márcia e Serra aqui 

Coluna: Potiguar será o próximo

Ainda há dirigente que duvida da força produtiva das divisões de base e prefira fazer dinheiro com venda de estádio, mas o Paissandu – quase sem querer – acaba de sacramentar o melhor negócio de sua história. Receberá R$ 600 mil pela cessão dos direitos federativos do atacante Moisés ao investidor Kiavash “Kia” Joorabchian, que andou envolvido com o Corinthians há alguns anos e opera forte banca de negócios a partir da Inglaterra. Além disso, o clube terá 20% de participação em qualquer negociação internacional envolvendo o jogador. 
O homem-chave por trás da venda parcial dos direitos de Moisés foi um técnico: Dorival Júnior. Com relações estreitas com Kia, aconselhou o empresário a fechar negócio com o Paissandu para que o atacante desembarcasse na Vila Belmiro em tempo recorde. Assim foi feito.
Informação passada por uma testemunha das negociações indica que Dorival foi taxativo: queria, para o lugar de Robinho, o camisa 9 paraense. Com isso, conseguiu atravessar um acordo quase firmado entre o presidente do Paissandu, Luiz Omar Pinheiro, e a direção do Internacional (RS). 
A Kia, Dorival prometeu deixar Moisés em condições de ser repassado ao futebol europeu no prazo de dois anos. O plano é valorizar o jogador no Brasil ao longo de 2011 e transferi-lo em 2012 para o futebol inglês (preferencialmente o Chelsea). O anglo-iraniano chegou há 10 anos e montou praça, com fama de descobridor de jóias raras. Ao cuidar dos interesses dos argentinos Tevez e Mascherano, quebrou resistências e abriu caminho para engatar transações com os grandes clubes europeus.  
O acerto agradou tanto a Kia, que considerou baixo o valor desembolsado por Moisés, que tratou de engatilhar a aquisição dos direitos federativos de Tiago Potiguar, embora a direção do Paissandu ainda não confirme o entendimento, temerosa talvez da reação da torcida em plena campanha para voltar à Série B. Apesar disso, o acordo pelo baixinho de Currais Novos pode ser selado ainda neste mês. Outro que deve seguir em breve o mesmo caminho, também através de agentes de Kia, é o lateral-direito Cláudio Allax, que atualmente amarga a reserva no Paissandu, mas foi bem recomendado ao investidor e deve tomar o rumo do Leste Europeu.
 
E pensar que Moisés chegou a ser cedido, como descartável, a clubes menores do futebol paraense e esteve até bem perto de ser dispensado. Ganhou uma sobrevida com a chegada de Luís Carlos Barbieri e, depois, com Charles Guerreiro. Como a maioria dos garotos da base, chegou ao Paissandu de graça, que gastou pouquíssimo com ele. Fico a imaginar, diante de casos assim, o que seria do nosso futebol se fosse tratado com um mínimo de profissionalismo e seriedade.
 
A fim de desviar o foco do polêmico negócio do Baenão, Amaro Klautau propõe a mudança no estatuto do Remo para que os sócios elejam o próximo presidente. O projeto existe há mais de um ano e só agora, no meio da maior crise do clube, ele achou de desencavar a idéia.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 16)