Por Gerson Nogueira
O São Francisco foi bravo, determinado e agressivo na medida das suas possibilidades. No fim das contas, fez por merecer um bom resultado. Talvez, com alguma sorte, tivesse até levado os três pontos, pois um dos gols anulados pareceu legal. Acontece que, ao longo dos 90 e poucos minutos, o Paissandu desfrutou de inúmeras oportunidades para vencer, com folga. A primeira meia hora de jogo foi inteiramente alviceleste. Os atacantes João Neto e Rafael tiveram várias chances, Gaibu também. O primeiro gol foi resultado claro do melhor desempenho do Paissandu em campo. Em quatro toques a bola foi parar no fundo das redes. Pena, para a grande torcida presente, que o time não tentou repetir a beleza coletiva desse lance no restante do confronto.

No segundo tempo, o São Francisco veio mais adiantado, arriscando chutes com Caçula, mas acabou vítima de um lance estabanado de sua defesa. O pênalti, convertido por Pikachu, deu a falsa impressão aos bicolores de que a parada estava ganha. Dizem as leis do futebol que o 2 a 0 é um escore traiçoeiro, o que é apenas meia verdade. O certo é que, instantes depois, veio o gol santareno em belo disparo de Caçula, um dos nomes da manhã domingueira na Curuzu. Apesar da vantagem magra, o Paissandu diminuiu o ritmo. Eduardo Ramos entrou em lugar de Djalma, Héliton substituiu Rafael e o time ficou mais lento, talvez denunciando cansaço.
O certo é que, tirando duas jogadas que Héliton podia ter levado a bom termo, o Paissandu se limitou a controlar o jogo, buscando explorar os contra-ataques. O São Francisco, que não se conformou com a desvantagem, acabou empatando nos acréscimos em lance originado de uma bobeira do zagueiro Tiago Costa. E que não se crucifique o jovem beque, que fazia partida correta até então.
De maneira geral, além da festa para Iarley, os quase 10 mil pagantes que compareceram à Curuzu tiveram poucos momentos de alegria. E sofrer um gol no final é coisa sempre frustrante, mas o tropeço não diz exatamente o que é o atual time do Paissandu, cujas peças ainda estão se ajustando e esperando melhor condicionamento. Apesar de algumas vaias surgidas depois da partida, é preciso entender que, nas circunstâncias, o empate foi resultado absolutamente normal.
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Interior brilha nos gols
Pertenceram aos times do interior os gols mais bonitos da primeira rodada do Parazão até agora. O de Aleilson (do PFC), aos 30 minutos do segundo tempo, no Parque do Bacurau, resultou de habilidade e técnica. E decretou o triunfo do campeão da Segundinha contra o atual campeão estadual. Já a patada de Caçula ontem na Curuzu abriu caminho para a reação do São Francisco no jogo, reafirmando a condição de azarão dos azulinos de Santarém.
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Como Elvis, agora ou nunca
Sob a expectativa de três novas contratações, o Remo marcha hoje para uma campanha que pode representar um divisor de águas na história moderna do clube. Mais ou menos como naquela música de Elvis Presley, it’s now or never. Caso fracasse neste campeonato, o clube (sim, estou falando de toda a instituição) sofrerá um retrocesso brutal. As finanças, que já não são lá muito sólidas, tendem a um estouro negativo sem precedentes. Fracassar, para o Remo, significa não conquistar o título. Para ter calendário no segundo semestre, o clube precisa vencer o Parazão, garantindo presença na Série D.
A diretoria aposta tudo nesse projeto. Talvez por isso esteja lutando bravamente para bater seu próprio recorde de contratações, estabelecido no ano passado. O Remo, em outras palavras, não pode errar. E os acertos dependerão muito da primeira impressão que o time deixar no campeonato. O diabo é que a estreia será contra um franco-atirador, o Santa Cruz de Cuiarana, um time sem torcida, história ou patrocinador. Tem pouco a ganhar e nada a perder.
Os comandados de Flávio Araújo devem ter percebido a angústia da torcida já no amistoso diante do Castanhal, há dez dias.
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Mano e o pé-de-meia
A informação de que Mano Menezes deixou o cargo de técnico da Seleção Brasileira com a modesta soma de R$ 4,3 milhões na conta bancária faz a gente refletir sobre as fortunas que envolvem hoje o negócio futebol no Brasil. Multipliquemos, então, esses ganhos de Mano – que não ganhou rigorosamente nada no comando do escrete – por comissões e mimos decorrentes das esquisitas convocações de pernas-de-pau diversos ao longo de sua gestão. Fernandinho, Elias, Jadson, Lucas Silva e outros menos lembrados integram sua contribuição à galeria de boleiros que em algum momento – por razões obscuras – merecem a atenção de técnicos da Seleção.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 14)