Coluna: Crédito com o torcedor

Bom de conversa Roberto Fernandes já provou ser. Suas entrevistas são quase sempre ótimas. Articulado e atencioso com os repórteres, tem sempre algo interessante a dizer, uma frase bem posta aqui, uma observação mais profunda acolá. Faz a festa dos editores dos cadernos esportivos.
Fernandes foi forjado no ofício de treinador na exigente e competitiva escola nordestina. Vem de Pernambuco, onde as rivalidades são tão acesas quanto no Pará. Aprendeu a lidar com a massa. Anteontem, depois do empate com o Rio Branco no Mangueirão, aparentava o ar mais tranqüilo do mundo e conseguiu repassar isso para o torcedor.
Sabia que havia preocupação e desconfiança rondando a cabeça da torcida do Paissandu, cuja fissura em obter o acesso à Série B beira é mais do que visível. Fernandes explicou para os alvicelestes, ainda cabreiros pelas recentes campanhas na Série C, que é natural o baixo rendimento do time na segunda rodada do torneio.
Seu argumento é razoável. O time foi completamente refeito depois do campeonato estadual. Quatorze jogadores foram contratados e a escalação mudou radicalmente. Mais que isso: a maneira de jogar também foi alterada. Ocorre que entrosamento não se consegue do dia para a noite e alguns dos recém-contratados estão longe da melhor forma.
Até o ídolo Tiago Potiguar, repatriado da China, necessita de uma espécie de quarentena para voltar a render como nos velhos tempos. Afinal, passar 11 jogos sem vencer não é coisa para um atacante com o seu talento. E, cá pra nós, ninguém fica num time de pernas-de-pau impunemente, e foi precisamente o que aconteceu com o arisco avante no certame chinês.
Fernandes já previa isso. Nos bastidores do programa Bola na Torre (RBA TV), há três semanas, não escondia a preocupação com os desníveis físicos e técnicos do elenco. Na Curuzu, disse, convivem três grupos de atletas.
O primeiro, formado pelos que já estavam no clube disputando o Parazão. O segundo pelos contratados que vinham disputando jogos. E o último (e mais numeroso) integrado por jogadores inativos há mais de dois meses. Ajustar o condicionamento do elenco é, portanto, o primeiro grande desafio. O passo seguinte é entrosar a equipe, processo comprometido pelas lesões (Héliton, Robinho) e suspensões (Rodrigo Pontes).
Ninguém discorda do ponto de vista de Fernandes. O torcedor está ciente da situação. Difícil é conciliar essa compreensão com os rigores da competição. O empate de segunda-feira causou desagrado, mas foi bem absorvido. O técnico continua com bom crédito na Curuzu. Afinal, segue invicto há cinco jogos – embora os dois primeiros empates tenham custado ao clube o tricampeonato estadual. Mas, apesar da boa vontade geral, sabe que o time precisa melhorar e voltar a vencer para tranqüilizar a torcida.  
   
 
Breve avaliação dos reforços do Paissandu na Terceira Divisão. Robinho e Charles Vagner são os melhores. Josiel foi razoável. Márcio Santos não comprometeu. Fábio, Jorge Felipe e Luciano Henrique estão devendo. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 27)

22 comentários em “Coluna: Crédito com o torcedor

  1. O técnico além de exercer a sua real função tem que saber amenizar situações e manter a tranquilidade entre o grupo e a torcida. Para o momento é cabível e aceitável tais justificatvas. Não culpa travas de chuteiras, clima, etc…

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  2. Na entrevista ele aparentava estar calmo, mas lá na beira do gramado na 2ª ele estava Injuriado com o time (socava mais o ár que o Mike Tyson) no auge da carreira.

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  3. Coluna do Claudio Guimaraes de hj no bola

    “Torcida do Paysandu mostrou que está afim de apoiar o time, anunciaram 14.897,00 pessoas, mas quem conhece as características do Mangueirão sabe que ali estavam cerca de 20 mil na segunda”

    Em todas as outras matérias que li na net acham a mesma coisa, eu tb tenho total convicção disso pois estava no mangueirão e não tirei minha conclusão por imagens da ?? TV cultura ?? rsrsrsrs

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      1. É André

        Mas parece que o senhor Gerson se rendeu às evidências, pelo menos foi isso que eu entendi ao ouvir suas declarações na PRC5
        hoje no bate-papo das 13hs. .

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  4. Concordo com o amigo Carlos, mais uma bela coluna do amigo Gerson. Só acrescentando, se o Torcedor ou a mídia forem analisar um técnico, pelo que ele fala, 90% deles, serão considerados bons técnicos, pois a parte teórica, todos tem, na ponta da língua, ou por conhecimento ou por terem escutado de algum outro treinador. Por isso, sempre falo, que um técnico deve ser analisado, pelo que rende dentro das quatro linhas(Postura tática da equipe, Substituições, Contratações, comentários coerentes…).
    – É a minha opinião.

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    1. Vejam, por exemplo, a explicação que ele deu ao LOP, segundo um blog em Belém:
      P- “O presidente bicolor, ontem mesmo, no Mangueirão, questionou o treinador Roberto Fernandes do porquê da permanência de Sandro Goiano no banco. Entendia Luís Omar que com a técnica apurada do Sandro, ele poderia colocar os atacantes bicolores de cara com o goleiro Córdova”.

      R- “Preferi o Andrei pela velocidade e pegada forte que ele tem”, respondeu o treinador que já sabe que o presidente bicolor cobra

      – Aí, eu pergunto aos amigos: Tem cabimento essa resposta?
      Te dizer…

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      1. Não tem cabimento meu caro Claudio, até porque ele treinou com o Sandro como titular, e antes do jogo colocou o Carioca. O problema é que o pai do garoto que fica buzinando o tempo todo no ouvido dos técnicos que passam pela Curuzu, ele quer porque quer que o filho jogue.

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      2. Andrei, quando jogava no futsal do Colégio Moderno, era jogador de combate e desarme. Volante típico. Surpreendeu muita gente quando foi lançado como meia-armador nos profissionais do Paissandu.

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  5. Vamos esperar essa folga para treinamentos, táticas e condicionamento físico, pois no próximo embate contra o Águia teoricamente espero que tenhamos um time com maior entrosamento e parte tática definida. Ai saberemos se o time progrediu ou não?

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  6. Acho que esse treinador tem um papo muito igual ao do Giba, o cara ta vendo que o time tá errado mas acha que é normal, por favor será que ele vê outro jogo? enquanto tá no começo a ilusão fica que dá pra recuperar, mas depois o tempo não ajudará, abram o olho com isso, é muita técnica pra pouca pratica.
    Opinião

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    1. Igual o Giba?

      o das desculpas das travas de plastico e do calor?

      rapaz igual a esse aí ainda não vi.

      se eu não me engano ele está enganando uns bestas lá pelas bandas de campinas.

      é quase inacreditável q ele esteja no guarani.

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  7. Discordo que o R. Fernandez se assemelhe ao engana trouxas do Giba! Acho, que o R. Fernandez tem uma diferença a seu favor, o time ainda está buscando o melhor entrosamento, coisa que com o Giba, a coisa era bastante diferente, pois ele já tinha um time com um bom entrosamento, talvez não tivesse a mesma qualidade que hoje tem no plantel bicolor, mais com certeza o time do Remo, no tempo que o Giba era treinador, tinha uma base relativamente boa, que o mesmo tratou de desmantelar, para implantar o seu estilo de jogo, que acabou não dando certo.

    Mais ai tem um detalhe, o R. Fernandez tem em suas mãos um plantel bastante qualificado, com jogadores experientes, com experiências em acessos. Então pessoal, entendo que ele tem de fazer milagre para entrosar esse time, em um curto espaço de tempo, pois se ele aceitou tal coisa, e porque ele pode dar conta do recado, caso contrário sairá daqui de nosso estado corrido, junto ao presidente bicolor e alguns jogadores.

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