O Paissandu vive dias movimentados. Em campo, tudo vai muito bem. Logo na estréia na Série C, o time quebrou um tabu de cinco anos sem vencer fora de casa. Fora das quatro linhas, porém, o bicho pega. Principalmente quanto a gastos. Só nesta semana foram anunciados mais três reforços: Leandro Camilo, Dalton e Diogo Galvão.
Nos próximos dias, deve desembarcar na Curuzu mais um meia-armador. O time talvez ganhe com tanta diversidade de atletas, mas as finanças (já alquebradas) correm o risco de ficar fora de controle.
Segundo fontes da própria diretoria, a folha salarial do elenco – hoje chegando a 40 jogadores – e da comissão técnica já ultrapassou a casa dos R$ 600 mil, duplicando a previsão inicial (R$ 300 mil). Levando em conta que a Série C dura três meses, o clube terá gastos superiores a R$ 2,5 milhões só com salários, já incluídos os encargos trabalhistas.
É, seguramente, a mais dispendiosa folha salarial de toda a Terceirona, superando nesse quesito a maioria dos clubes da Série B. Percebe-se que a diretoria atende, a ferro e fogo, a reivindicação do técnico Roberto Fernandes, que exigiu elenco de Segunda Divisão para disputar a Série C.
De positivo nessa história o fato de que, depois de cinco anos marcando passo em busca do acesso à Série B, a diretoria do Paissandu está dando ouvidos a quem de direito na hora de abrir os cofres. O lado ruim – e sempre há um – é o endividamento acima das possibilidades, estourando por completo as contas do clube.
Somente arrecadações superiores a R$ 500 mil por partida garantiriam o superávit. Não é um patamar impossível de ser alcançado, apesar do impacto representado pela transmissão de TV para Belém, mas dependerá da trajetória do time na competição. Em caso de boa campanha, o torcedor certamente vai apoiar e tornará o rombo suportável.
O fato é que, pressionada pela torcida e traumatizada pelo episódio do Salgueiraço no ano passado, a diretoria adotou a estratégia do vai-ou-racha. Contratou um técnico caro e uma legião de jogadores apostando tudo na subida à Segunda Divisão. Nesse cenário, nada pode fugir ao script. E futebol, como se sabe, não é ciência exata.
A Fifa anuncia que está testando nove engenhocas para detectar quando a bola ultrapassa a linha do gol. Os vencedores serão submetidos a um exame final em Londres, no começo de 2012. A tecnologia precisa apresentar 100% de precisão dinâmica e estática, com um mínimo de 90% de exatidão nos resultados. A simples busca de um sistema confiável para esclarecer dúvidas já representa uma evolução ao pensamento antes dominante na entidade. O presidente Joseph Blatter e o ex-presidente João Havelange defendiam a tese caolha de que lances polêmicos deixam o futebol mais apaixonante. Duro é convencer disso as vítimas de erros absurdos, como a Irlanda (eliminada pela França com um gol ilegal) em 2010.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 22)
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