Coluna: Ganso e os corneteiros

Econômico nos dribles, comedido nos passes e pouco participativo. Foi assim que Paulo Henrique Ganso se apresentou na Copa América até agora. A imagem atual destoa por completo do perfil de exuberância técnica no Santos que encantou a todos nos últimos dois anos. Surgem críticas aqui e ali, algumas até questionando de seu talento.
É, contudo, prematuro demais fazer algum julgamento do meia-armador. Ninguém esquece a campanha (inclusive local) contra Geovani, vítima de corneteiros xiitas durante boa parte da carreira. Era abertamente acusado de lento, lerdo e pouco vibrante.
Ledo engano. Depois de liderar aquele Santos vice-campeão brasileiro de 1995, o craque se consolidou no Barcelona e só não brilhou na Copa do Mundo de 1998 porque encontrou pela proa a antipatia explícita de Zagallo por seu refinado estilo de jogar. O Velho Lobo chegou a posicioná-lo como beque contra a rústica seleção escocesa na estréia brasileira na França.       
A camisa 10 é um fardo e tanto. Exige categoria que legitime seu uso e cobra participação constante, dinamismo e recursos técnicos para alternar passes, dribles e chutes. O Brasil é o berço de incontáveis astros da posição, mas nos últimos 20 anos amarga uma estiagem desgraçada.
Operamos a façanha de conquistar uma Copa (94) sem armador. E olha que naquele mundial estavam em campo os endiabrados Hagi e Baggio, ambos em grande forma. Depois, em 2002, vencemos novamente. Mas aí já havia Rivaldo, mesmo sem assumir as funções habituais de armação.
A rigor, Ganso é o primeiro meia-armador de corte clássico a surgir neste país tropical nestas duas longas décadas. Por isso, é um jogador precioso, que precisa de tempo para amadurecer suas qualidades. E tempo, infelizmente, é o que lhe será negado a partir de agora. 
A propósito do jogo deste domingo, o técnico do Paraguai, Gerardo Martino, disse coisas interessantes na sexta-feira. Apontou como sua fonte de preocupação justamente o camisa 10 brasileiro. PHG, para ele, é o homem a ser anulado. As assistências para três gols brasileiros motivam a avaliação. Chegou a dar uma cutucada geral dizendo não entender porque o papel de Ganso na Seleção tem sido tão pouco valorizado. E arrematou com um argumento irretorquível que já expus aqui: a bola não pode passar tantas vezes pelos volantes quando há um meia-armador qualificado em campo. A observação não foi dirigida a Mano, mas a todos que já fazem restrições a Ganso.
 
 
Outro palpite do falante técnico guarani: a margem de crescimento de times tecnicamente fortes como Brasil e Argentina na competição tende a ser maior que a dos demais competidores. Em resumo: as próximas rodadas devem restabelecer o fosso que sempre existiu entre a dupla Brasil-Argentina e o resto da tropa. A conferir.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 17) 

Matar ou morrer

ARGENTINA X URUGUAI

Local: Estádio Estanislao Lopez, em Santa Fe (Argentina)
Data: 16 de julho de 2011 (sábado)
Horário: 19h15 (de Brasília)
Árbitro: Carlos Amarilla (Paraguai). Assistentes: Nicolás Yegros (Paraguai) e Luiz Sánchez (Venezuela)

ARGENTINA: Sergio Romero; Pablo Zabaleta, Nicolás Burdisso, Gabriel Milito e Javier Zanetti; Javier Mascherano, Fernando Gago e Lionel Messi; Angel Di María, Gonzalo Higuaín e Sergio Agüero. Técnico: Sergio Batista

URUGUAI: Fernando Muslera; Maximiliano Pereira, Diego Lugano, Victorino (Godín) e Cáceres; Álvaro González, Diego Pérez, Arévalo Ríos e Álvaro Pereira; Luis Suárez e Diego Forlán. Técnico: Oscar Tabárez

Separatistas unificam campanhas

Da coluna de Guilherme Augusto (DIÁRIO)

Começa a campanha

Se não houver nenhum contratempo está marcada para a próxima quarta-feira, em Santarém, tida por alguns como a futura capital do Estado do Tapajós, um ato público para marcar o início da campanha a favor da divisão do Pará, ocasião em que será instalado o Icpet – Instituto Cidadão Pró-Estado do Tapajós.

Frente separatista

Estão sendo esperadas para participar do evento lideranças de todos os municípios da região do Tapajós e uma grande comitiva de Carajás com o publicitário baiano Duda Mendonça na chefia. O que quer dizer que as frentes que trabalham pela criação do dois estados juntaram mesmo os trapos, quer dizer, os caixas e vêm aí com uma única campanha. Mais um motivo, entre muitos outros, de preocupação para os grupos que defendem a integridade do território paraense.

Quem cala consente

A pergunta que não quer calar é se é legal esse ato público em Santarém tanto tempo antes da data marcada para o início da campanha, como ficou definido nas regras amplamente divulgadas do plebiscito que vai decidir se o Pará deve ou não ser amputado. E, não sendo legal, a Justiça Eleitoral vai permitir que ele aconteça? Ou a campanha da consulta popular começará já trombando com a lei, num mau prenúncio do que poderá vir por aí?

“La puta que te parióóó!!”

Salvador Tasman, fanático torcedor do River Plate, dispara uma saraivada de palavrões em frente à TV quando assistia partida da repescagem do campeonato argentino – seu time de coração viria a ser rebaixado. As cenas (filmadas pelo filho de Tasman com uma câmara oculta) ganharam o mundo, recebendo milhares de acessos no Youtube.

Paissandu exibe o novo enxoval

O Paissandu vai estrear na Série C, segunda-feira, contra o Araguaína, já de uniforme novo. O enxoval, como gostam de dizer os estilistas das fábricas de material esportivo, foi apresentado oficialmente na noite da última quinta-feira, na sede do clube. Alguns dos novos reforços do clube participaram do desfile. Josiel, Dida e Rodrigo Pontes vestiram as novas camisas fabricadas pela Lotto, ao lado de modelos contratadas. A novidade são listras mais largas do que no antigo uniforme. (Fotos: MAURO ÂNGELO/Diário)

Antes do click histórico em Abbey Road

Os Beatles ainda na calçada antes de atravessar a rua e tirar a foto que virou ícone na história da música pop. Paul ajeita a gola do terno de Ringo, George está encoberto. Não falta nem a velhinha inglesa para acompanhar a cena. E, à frente de tudo, John, mais band-leader do que nunca. Abaixo, a imagem clássica que estampou a capa do LP “Abbey Road”.

A uruca financeira do Flamengo

Por Cosme Rímoli (do R7)

O time é campeão carioca. Foi eliminado da Copa do Brasil pelo Ceará, é verdade… Mas a campanha no Brasileiro é ótima. Todas as pesquisas ainda apontam o clube como o mais popular do país. De maior torcida. Então, por que está sem patrocínio master na sua camisa? Não ganha um tostão. Tinha R$ 22 milhões da Batavo. A empresa anunciou que iria embora em outubro de 2010. Mas quando o Flamengo contratou Ronaldinho Gaúcho esboçou a chance de continuar. Só que aí foi o clube que não diz.

Os valores seriam outros. O sonho de Patricia Amorim era R$ 40 milhões. A Batavo foi embora. Ronaldinho foi contratado em janeiro. Jogou em fevereiro, março, abril, maio, junho, julho. E até agora nada. O Flamengo já baixou seu patamar para R$ 30 milhões. Busca até R$ 25 milhões. Só que não surgem interessados.

O clube se vira com os R$ 8,5 milhões que o BMG paga pelas mangas. E mais os R$ 2 milhões da Tim para estar dentro dos números. Patricia Amorim tinha certeza que o clube desbancaria o Corinthians. Passaria a ser o que mais arrecadaria com patrocinadores. O clube paulista ganha R$ 47,5 milhões. O patrocinador master é a Hypermarcas com R$ 38 milhões. Fisk paga R$ 7,5 milhões pela barra do uniforme. E a Tim seus R$ 2 milhões pelos números.

O clube com maior torcida no Brasil, o Flamengo se contenta na 10ª posição. Está atrás do Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Inter e Grêmio. Há uma enorme insatisfação no clube com o departamento de marketing. O presidente do Conselho Fiscal, Capitão Léo, que era chefe de torcida, é o que mais reclama. Ele critica a situação abertamente.

O departamento de marketing do clube está sob muita pressão. Henrique Brandão deverá assumir o cargo de vice, mas avisou que não quer ser ficar na função. A Traffic se comprometeu a ajudar a encontrar um patrocinador também não encontra. O Flamengo já baixou sua pretensão de R$ 40 milhões para R$ 25 milhões.

Aceita até que o patrocinador não seja único. O departamento de natação já consumiu R$ 1,6 milhão do patrocínio do futebol. O clube contratou Cesar Cielo acreditando que atrairia empresas. E era o que deveria acontecer. Patricia Amorim até chorou quando soube do doping do nadador. Percebeu que os prováveis investidores na natação bateriam em retirada. E foi o que aconteceu.

Há um ano e três meses, o Flamengo não tem patrocínio para a natação. As baladas de Ronaldinho Gaúcho e sua falta de carisma espantam os patrocinadores para o futebol. O clube deve R$ 305 milhões. R$ 305 milhões. De acordo com o último balanço oficial. As dívidas com Patricia Amorim na presidência cresceram 9,7% em relação a 2010. E mesmo assim, o clube não para de buscar contratações. Quer André, Kléber…

E ainda seu vice Michel Levy fala em brigar para contratar Tevez, que custa mais de R$ 100 milhões. Detalhe: Levy é vice-presidente de finanças do clube. A situação financeira do Flamengo é complicadíssima. Se o clube vendesse todas as suas propriedades ainda deveria cerca de R$ 100 milhões. É uma situação surreal. Que só acontece no futebol brasileiro.

Porque se o Flamengo fosse uma empresa comum teria falido há décadas.