Dos quatro representantes paraenses nas competições nacionais somente o Águia de Marabá não trocou de técnico depois do campeonato estadual. João Galvão, técnico e dirigente do clube, se mantém teimosamente no comando, apesar de fortes turbulências e hostilidades da torcida ao longo do Parazão. Ao contrário de todos os treinadores, porém, Galvão conta com a blindagem que o duplo papel no clube lhe garante.
Além de preservar seu técnico, o Águia aproveitou o final do segundo turno do campeonato para começar imediatamente a procurar reforços. O próprio Galvão foi às compras, garimpando jogadores em Minas Gerais e Goiás para reforçar setores claudicantes, como o meio-de-campo e o ataque.
Mas o principal reforço da equipe marabaense estava por aqui mesmo. Saiu do Paissandu: o artilheiro Mendes se incompatibilizou com o presidente Luiz Omar Pinheiro e fechou com o Águia. O negócio foi fechado rapidamente, bem ao estilo de João Galvão. Não tivesse o Paissandu trazido Josiel e repatriado Tiago Potiguar, o artilheiro baiano seria a principal contratação dos clubes paraenses para a Série C.
Depois de passar o certame estadual amargando a falta de um homem-gol, o Águia conseguiu arranjar um centroavante de ofício, com personalidade e carisma suficientes para liderar a equipe em campo.
Mais que isso: Mendes é experiente, rodado e acostumado a grandes competições. Costuma aparecer bem nos momentos decisivos, como se viu nas finais do turno e returno do Estadual. Fontes do Águia acrescentam outra vantagem à contratação do ex-atleta do Paissandu: o acordo saiu por um preço à altura do modesto orçamento do clube.
Foi o primeiro grande lance de habilidade da disputa da Série C entre os paraenses. Junto com as demais aquisições põe o representante de Marabá entre os candidatos à classificação para a Série B.
Depois que Sinomar Naves optou pelo Remo, o Independente Tucuruí compensou o atraso na definição da comissão técnica contratando Charles Guerreiro, treinador campeão paraense de 2010. Ao contrário do cenário de terra arrasada que havia encontrado no São Raimundo, durante o campeonato paraense, Charles terá um grupo formado e pronto para a Série D. E com bons atacantes: Joãozinho, Wegno, Peabiru e Jailson.
Ao contrário, o São Raimundo se debate com problemas de gestão e sem maiores expectativas quanto ao time, que só enfraqueceu em relação ao que terminou o Parazão. Flávio Goiano, ex-Tuna, foi a solução de emergência após a saída de Charles. Para piorar, a precária situação do estádio Barbalhão deve transferir para Belém (provavelmente no estádio Francisco Vasques) o jogo de estréia contra o Sampaio Corrêa. Longe do apoio da torcida e da possibilidade de um bom faturamento.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 7)
Curtir isso:
Curtir Carregando...