Poucas vezes o futebol brasileiro se permitiu expor sua face mais grosseira, boçal e anti-desportiva do que na bombástica entrevista que o sumo-sacerdote da CBF, Ricardo Teixeira, deu à repórter Daniela Pinheiro, da revista Piauí. Saltam das páginas da reportagem algumas verdades que insistimos em não ver.
Nesse aspecto, a matéria é educativa. Permite que todos que acompanham e vivem desse negócio chamado futebol entendam com incrível clareza as verdadeiras regras da coisa. Todas as manhas do jogo sujo estão expostas ali nas declarações de Teixeira.
Muito além da escatologia da frase mais crua da conversa rica em palavrões salta aos olhos a absoluta despreocupação com a opinião alheia. Aliás, o tom debochado do chefão parece ensaiar a perguntinha marota: o que vem mesmo a ser essa tal opinião pública? Mera bobagem – é o que se conclui do discurso.
Quem já não simpatizava com o cara não precisa ler a Piauí. Estão lá todos os mil motivos para entender a antipatia generalizada pelo cartola. E não há nem o apelo dos velhos filmes hollywoodianos, que pintavam os vilões como anti-heróis e conseguiam às vezes até fazer com que a gente torcesse por eles.
James Cagney e Edward G. Robinson estrelam essa galeria imortal de geniais atores que faziam gângsteres parecerem palatáveis para cinéfilos inveterados como eu. O ator canastrão da CBF nem chega perto disso. Mostra-se convencido de que é intocável, classifica a imprensa de vagabunda, desdenha do papel da Justiça e só demonstra um quê de respeito (fingido) pela Globo, sua poderosa aliada.
Quanto ao destino da dinheirama que a CBF fatura graças ao prestígio e aos títulos do futebol de nossos craques de ontem e de hoje, nenhuma explicação. Promete, porém, “maldades” contra seus críticos e opositores. Teixeira crê que ele e o mentor, João Havelange, foram ungidos pelo Altíssimo para dominarem o mundo, como naquele célebre desenho animado. A única dúvida é: quem salvará o planeta?
O maior reforço do Paissandu para a Série C já está em Belém. Tiago Potiguar desembarcou na madrugada de ontem em Val-de-Cans, depois de uma mini-novela envolvendo seu retorno da China. Reviravolta feliz para o mau negócio (inclusive financeiro) que foi sua transferência repentina em pleno campeonato estadual. Ao lado do também velocista Héliton, pode fazer a glória de qualquer artilheiro – Josiel ou Rafael Oliveira.
O Bola na Torre (TV RBA) deste domingo começa às 21h, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação especial de Roberto Fernandes, técnico do Paissandu. Rui Guimarães e este escriba baionense completam a bancada.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 10)