Depois do programa Bola na Torre, no último domingo, no habitual papo fora do ar, Sinomar Naves admitiu saber como montar rapidamente um novo time caso o Remo ainda consiga a vaga para disputar a Série D. Pareceu apenas um comentário solto, sem maiores conseqüências. O anúncio da contratação do técnico pelo clube, ontem, dá outra conotação à história.
Fora do ar, chegou até a escalar um possível ataque remista de emergência para disputar o Brasileiro com Jailson e Joãozinho. Os dois atacantes foram destacadas figuras no recente Campeonato Paraense ganho pelo Independente Tucuruí. Sinomar mencionou ainda jogadores que se destacaram no recém-findo campeonato acreano. A idéia seria formar um time bom e (se possível) barato.
Campeão estadual pelo Independente Tucuruí, Sinomar esperou que terminassem as comemorações pelo título e que a diretoria do clube interiorano manifestasse interesse em sua permanência. Falou sobre isso no programa, mostrando-se preocupado com o silêncio dos dirigentes.
Com o Independente não se mexeu, o Remo apareceu e propôs um contrato de médio prazo, que prevê inicialmente a estruturação do time para percorrer o interior do Estado fazendo amistosos e cumprindo os contratos com os patrocinadores. Sinomar, nesse aspecto, é a figura certa para a função, pois já executou esse mesmo trabalho em 2009, depois que o Remo ficou sem divisão e teve que recomeçar do zero.
A situação é mais ou menos parecida. O clube alimenta a expectativa, remota, de participação na Série D. Os dirigentes remistas evitam comentar, mas ainda crêem em herdar a vaga, seja pela via judicial (recorrem hoje ao STJD, ainda reclamando os pontos da semifinal com o Independente) ou pela desistência do São Raimundo.
Quem acompanha mais de perto as duas frentes, aposta mais na segunda, por motivos óbvios. O São Raimundo amarga uma crise que se arrasta há vários meses, mas a situação se tornou dramática depois que um sócio recorreu à Justiça Comum para destituir o presidente do clube. A decisão de participar ou não da Série D deve ser comunicada até o fim desta semana. O Remo, agora sob o comando de Sinomar, espera.
Caso se confirme o segundo semestre sem calendário, o Remo terá que cair na real: refazer contas, apertar o cinto e buscar faturamento. A folha salarial do clube, envolvendo funcionários comuns e jogadores, chega a R$ 140 mil. A receita é de R$ 240 mil (dos patrocínios da Yamada, Big Ben/Claro, Cerpa e Banpará). O dinheiro do contrato com o governo do Estado já está comprometido com pagamentos a jogadores que deixaram o clube depois do Parazão. Sobram R$ 100 mil para os acordos com a Justiça do Trabalho, que somam R$ 130 mil. O déficit terá que ser coberto com o roteiro de amistosos ou com adiantamento de verbas de patrocínio.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 5)