O Campeonato Brasileiro recém-findo deixa no ar uma espécie de sentença funesta sobre a realidade do futebol no país. Ao contrário do que indicam os discursos pomposos da festa de gala bancada pela CBF no Teatro Municipal do Rio, não há muito a comemorar.
Como se trata de nosso principal torneio, representando o que há de melhor entre os boleiros tupiniquins, o sinal de alerta vermelho deve ser imediatamente acionado. A menos de quatro anos da Copa do Mundo que vamos sediar, a produção de craques está em baixa, talvez como nunca antes na história desta terra tropical.
No atual campeonato, mesmo em pequena quantidade, os estilistas da bola até foram vistos em ação. O problema é que nenhum é brasileiro. Para desespero dos xiitas, os três mais habilidosos meias da competição são argentinos: Conca, Montillo e D’Alessandro.
O craque da competição, escolhido por unanimidade, foi o camisa 10 do Fluminense, que realmente liderou o time em campo e mereceu todas as premiações. Conca pouco mais é que um bom jogador que vive um grande momento, mas nunca foi linha de frente no país natal. Aliás, os argentinos quase não o conhecem.
Incomoda, acima de tudo, a incompetência do futebol brasileiro para produzir armadores clássicos, legítimos usuários da camisa 10. Garotos com essas características quase não surgem mais nos clubes. Por força do tal futebol de resultados e da pressão dos técnicos, prioriza-se o volante marcador, capaz de desempenhar rigidamente as ordens dos “professores”.
De maneira geral, quem se deu ao trabalho de acompanhar o Brasileiro sem paixões ou interesses específicos, percebeu claramente a indigência técnica do torneio, cujo campeão teve 71 pontos e 62% de aproveitamento.
Outro sintoma do baixo nível foi a quase inexistência de revelações. O goleiro paranaense Neto (Atlético-PR) e o volante corintiano Jucilei foram os novatos que mais se destacaram. Muito pouco para um campeonato tão longo e acirrado.
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Robson, que tenta fazer o caminho de volta ao futebol depois de perder a eleição para a Assembléia Legislativa, deve estar lamentando o mau passo de acreditar nos dirigentes do Paissandu. Crente de que tinha carta branca para procurar um novo técnico para o clube, na condição de superintendente de futebol, Robgol espantou-se com o anúncio do nome do treinador. Sérgio Cosme foi contratado pelo diretor Toninho Assef, deixando o ex-artilheiro em situação desconfortável junto a Givanildo Oliveira, com quem vinha conversando para voltar à Curuzu.
Desapontado, o grande ídolo da Fiel percebeu que estava sobrando no esquema da nova diretoria do Paissandu. Concluiu que o seu jeito de lidar com futebol é bem diferente da filosofia dos atuais dirigentes. Diante disso, antes de passar por novos constrangimentos, prefere sair de cena, conforme revela em matéria de destaque contida nesta edição do Bola.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 08)
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