Torcida botafoguense homenageia Loco Abreu

Torcedores do Botafogo grafitaram, na manhã deste sábado, nos muros da sede de General Severiano, no Rio, a imagem de Sebastian Loco Abreu. Vale dizer que o muro é repleto de grafites de Nilton Santos, Garrincha, Jairzinho, Amarildo, Maurício e Túlio. Neste caso, o uruguaio acaba de ser entronizado no Hall of Fame do Fogão. Com todos os méritos.

Coluna: O parque dos elefantes

A três anos e meio da Copa no Brasil, as despesas se avolumam a cada novo cálculo quanto às obras. Aumentam também as desconfianças de que a maioria dos estádios terá destino parecido com os da África do Sul, transformados em imensos elefantes brancos decorridos apenas cinco meses do torneio.
A Copa brasileira já começou – e, pelo visto, muito mal. O futuro estádio de Brasília para a Copa de 2014 vai torrar R$ 696 milhões, mas não terá arquibancadas cobertas, telão, cabos de internet e TV. Pior: não há previsão nem de gramado! Tudo porque “esqueceram” de incluir esses itens básicos na licitação para construção da arena. A denúncia consta de reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada na quinta-feira.
Quase todas as 12 sub-sedes do Mundial coincidem na prática de fazer orçamentos incompletos e cheios de gambiarras. Em alguns casos, por mera desinformação técnica. Em outros, por simples estratégia para driblar exigências legais.
Nada mais característico do jeito brasileiro de lidar com obras faraônicas. Os responsáveis dizem, sem tremor no rosto, que esconder as despesas representa economia no pagamento de impostos, além de deixar brecha para a aquisição de tecnologias melhores às vésperas do torneio.
Apesar do discurso de contenção de gastos, as contas estão cada vez mais salgadas: o custo total das arenas alcança R$ 5,3 bilhões. A projeção da CBF era de R$ 1,95 bilhão. A Arena Pantanal, em Cuiabá, deve ter um custo extra de R$ 50 milhões. O novo Castelão, em Fortaleza, exigirá despesas adicionais com internet e torres de energia que somam quase R$ 21 milhões. A arena de Manaus será substancialmente encarecida pela pressa na conclusão, pois o governo do Amazonas insiste em participar da Copa das Confederações.
Depois dos quatro ou cinco jogos que irá sediar no Mundial, é improvável que o Vivaldão volte a ter jogos de grande porte. A própria imprensa manauara especula que, na ausência de torneios locais fortes, o suntuoso estádio deverá se restringir a palco de shows musicais. 
Situação das mais esdrúxulas é a de Salvador: o orçamento oficial da Arena Fonte Nova é de R$ 590 milhões, mas o total deve chegar a R$ 1,6 bilhão. Em Belo Horizonte, a diferença é superior a R$ 300 milhões entre projeção inicial e custo real. E ainda existem os projetos em gestação, como o do estádio Itaquera, em São Paulo. Não há orçamento pronto, mas é certo que custará mais de R$ 700 milhões.
Na África do Sul, país em construção, as imensas dificuldades levaram a um esforço geral de superação para cumprir as exigências da Fifa e se apresentar dignamente ao mundo. O Brasil vive situação melhor e tem cidades mais aparelhadas e modernas. Pelas vias normais, a segunda Copa brasileira deve ser superior à sul-africana. O perigo está na quantidade de dinheiro público envolvido no negócio. Afinal, alguém terá que pagar as contas.  
 
Um feliz Natal a todos os homens e mulheres de boa vontade.

(Coluna publicada no Bola/DIÁRIO, edição deste sábado-domingo, 25/26)