Coluna: Enfim, uma boa ideia

Fontes ligadas ao governador eleito Simão Jatene sinalizam que há a intenção de garantir a ajuda financeira aos clubes com base no contrato de cinco anos celebrado com a governadora Ana Júlia e que foi de imensa valia para a saúde financeira de Remo e Paissandu. Se ambos não souberam aproveitar bem a verba – superior a R$ 1 milhão para cada agremiação – já é outra história.
O fato novo é a denúncia do contrato, feita pela Federação Paraense de Futebol, na condição de intermediária. Por ora, em face da ação da entidade, os clubes estão sem o patrocínio governamental. Por parte da FPF, há a assumida preocupação com a transmissão de jogos para Belém, o que obviamente tira público (e renda) dos estádios. Além de criar uma cultura nova na cabeça do torcedor, fazendo com que se habitue a ver futebol pela TV.
Não esqueçamos que a torcida paraense é uma das cinco mais presentes a estádios no Brasil. Do jeito como os clubes aceitaram o contrato firmado com a Funtelpa, em cinco anos o Pará perderá essa condição. Nenhum público, por mais fanático que seja, resiste às comodidades de acompanhar os jogos na segurança do lar e sem as despesas obrigatórias do deslocamento aos estádios.   
A FPF age em defesa de seus filiados, mas ninguém pode garantir que Remo e Paissandu terão coragem de bater o pé contra os itens negativos do acordo. Na pindaíba de sempre, diante de aceno financeiro duvido que fiquem ao lado da proposta da entidade. Acostumados a vôos solos, os velhos rivais deveriam se unir em torno das reivindicações da federação, que resguarda seus interesses.  
Outro ponto importante é a destinação de 35% do patrocínio para investimento nas divisões de base. A diretoria azulina já se posicionou  contrária à idéia. No programa Bola na Torre do último domingo, o vice-presidente da FPF, José Ângelo Miranda, defendeu esse ponto de vista, alertando para a necessidade de valorizar as revelações dos clubes, tratando-as com profissionalismo e dando todo o suporte necessário. Ironicamente, essa deveria ser a postura obrigatória dos dirigentes.
 
 
Ainda na linha do que explanei aqui na coluna de ontem, o Remo libera a lista atualizada de atletas do elenco e é auspicioso notar que a legião paraense é maioria no grupo. Dos 33 nomes, 13 vêm da base e cinco são jogadores contratados junto a outros clubes do futebol paraense. 
O Paissandu também tem elenco com menos paraenses, mas acaba de anunciar a efetivação do zagueiro Tobias, revelação do Time Negra na primeira fase do Parazão. Recontratou Rafael Oliveira, surgido no próprio clube, e está perto de fechar acordo com o atacante Adriano Miranda, revelado na Copa da Juventude e que teve boa passagem pelo Remo. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 29)  

Ganso provoca briga de cachorro grande

Por Paulo Vinícius Coelho

O grupo Sonda derrubou nesta segunda-feira a liminar com a qual o Santos impedia o fundo de investimento de fazer valer os 25% adquiridos do contrato de Paulo Henrique Ganso: “Fizemos isso, porque o Santos não é parceiro”, diz o executivo do grupo Sonda, Roberto Moreno. “Hoje, podemos conversar com qualquer clube do mundo para vender o jogador”, diz Moreno. A situação não é tão clara assim. O Santos questionou na Justiça os 25% comprados pelo Sonda na gestão Marcelo Teixeira, por julgar o negócio abusivo contra o clube. Na época, o fundo de investimento adquiriu 1/4 dos direitos de Ganso por R$ 178 mil. O Sonda tem o total de 45% dos direitos, porque comprou outros 20% diretamente da família de Paulo Henrique Ganso.
A queda da liminar permite ao Sonda fazer valer os 25% adquiridos do clube, mas como o Santos segue majoritário (tem 65% do contrato), uma negociação para o exterior depende da liberação da direção santista, não do fundo de investimento. Paulo Henrique Ganso é o ponto alto de uma guerra entre a direção do Santos e o fundo de investimento. Em outubro, o meia-armador recusou proposta de plano de carreira, proposta pela diretoria santista nos mesmos moldes da que havia sido assinada por Neymar. Na sequência, o Sonda se irritou com a compra de 5% dos direitos econômicos de Neymar pelo fundo de investimento Terceira Estrela, criado com dinheiro de 29 empresários que torcem pelo Santos, parte deles pertencente ao Conselho Deliberativo do Clube ou ligada à diretoria. O Sonda alega que a direção santista favorece seus aliados.
O assunto é complexo. Nos últimos cinco anos, o futebol brasileiro ganhou capacidade de investimento graças ao dinheiro injetado pelos fundos de investimento, como o Sonda, a Traffic e o MFD. Os fundos de investimentos podem fazer bem à economia dos clubes. Mas a relação com alguns desses fundos tem sido útil apenas a curto prazo. A médio e longo prazos, alguns deles têm se mostrado predadores. “Ou especuladores, como é o caso do Sonda”, diz o presidente do Santos, Luis Álvaro. “O Terceira Estrela é feito por santistas que estão pensando em ajudar o clube. É melhor isso ou trabalhar com quem não tem relação com o clube, como o Sonda, que pertence a um empresário que torce pelo Internacional”, pergunta Luis Álvaro.
A guerra promete outros capítulos. Neste momento, o Sonda está disposto a ouvir propostas de clubes do exterior e vender Paulo Henrique Ganso o mais rápido possível. Mas só terá aval para qualquer negócio se o Santos concordar. Vale lembrar que nos últimos anos, o Santos foi o único clube a segurar um dos jogadores mais badalados do mercado internacional, ao rejeitar proposta do Chelsea por Neymar, em agosto passado.

A história da vaquinha palmeirense

Leio no sempre antenado blog do Ricardo Perrone que a bronca da diretoria do Palmeiras com o elenco por causa da eliminação na Copa Sul-Americana ainda não passou. Um dos dirigentes explicou o motivo para tanta revolta com os jogadores. Nos vestiários, momentos antes do jogo decisivo, três cartolas fizeram uma vaquinha. Levantaram um bicho de R$ 14 mil reais para ser oferecido a cada atleta em caso de classificação para a final. Para injetar ânimo no grupo, levaram a grana para o vestiário e mostraram aos jogadores. Com isso, esperavam uma equipe voando baixo. Não adiantou, time dançou bonitinho pro Goiás de He-Man. Para os diretores, só há uma explicação: o grupo amarelou. Antes de oferecer essa premiação, o Conselho Gestor pôs em dia todos os bichos que estavam atrasados e acertou parte dos direitos de imagem. Em troca, os cartolas esperavam mais dedicação e suor em campo, mas a maioria ficou devendo. Valdivia e Danilo foram os que mais se queimaram com a diretoria e a comissão técnica. Os dirigentes acham que o chileno poderia ter suportado mais as dores que sentiu e que o zagueiro deveria liderar o time. A irritação maior talvez seja porque a eliminação frustrou os planos do Conselho Gestor de provar ser mais capacitado para conquistar um título do que o ex-vice de futebol Gilberto Cipullo. E tornou ainda mais difícil a vitória da situação na eleição de janeiro.

Paissandu integra ao time revelação do Time Negra

O Paissandu finalmente integrou ao elenco o zagueiro Tobias, 19 anos, uma das revelações da primeira fase do Parazão mesmo defendendo o fraco Time Negra. Irmão de Bernardo, que não conseguiu se firmar no time principal do Paissandu e acabou negociado com o Águia e depois com o Atlético (GO), Tobias se diz pronto para disputar uma vaga na zaga, que já conta com os experientes Ari e Tinoco.

Altos salários pagos no Brasil emperram vendas

Do Blog do Perrone

Representantes de clubes estrangeiros afirmam que está cada vez mais difícil contratar jogadores brasileiros por causa dos bons salários que as equipes do país estão pagando. Os agentes contam que antes um salário de 1 milhão de euros por ano era atraente para bons atletas (sem contar os fora de série). Isso representa cerca de 83,3 mil euros por mês ou R$ 184 mil. É quase o mesmo que o corintiano Souza vai continuar ganhando no Bahia, com os dois clubes dividindo o salário.

Jogadores que ainda não construíram carreiras na seleção brasileira já pedem 1,5 milhão de euros por ano para deixar o país. As negociações ficam mais duras ainda porque os estrangeiros estão cansados de brasileiros que fazem bate e volta na Europa. Querem pagar por metas e médias de jogos disputados, critérios que causam calafrios nos brasileiros. É bom ver os times com maior poder para segurar jogadores. Mas, ao mesmo tempo, é preocupante. É só ver a quantidade de grandes equipes que estão atrasando salários. E que continuam pagando cada vez mais. A qualquer momento a bolha pode estourar.

É o que eu digo sempre: nossos clubes continuam comendo sardinha e arrotando caviar.