Deixemos de nhenhenhém (parte I)

Por Nilva de Souza

Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos ideia do que elas significam. São ditados ou termos populares que através dos anos permaneceram sempre iguais, significando exemplos morais, filosóficos e religiosos. Tanto os provérbios quanto os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura. Historiadores e escritores sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa nunca foi nada fácil.

O grande escritor Luís da Câmara Cascudo já dizia que: “os ditados populares sempre estiveram presentes ao longo de toda a História da humanidade”. No Brasil isso não é nenhuma novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão estranhas e sem sentido, mas que são muito importantes para a nossa cultura popular. Veja aqui algumas dessas expressões ou ditados populares:

Bicho-de-sete-cabeças – Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.

Com o rei na barriga – A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá muita importância a si mesma.

Ver passarinho verde – Significa estar apaixonado. O passarinho em questão é uma espécie de periquito verde. Conta uma lenda que alguns românticos rapazes do século passado adestravam o bichinho para que ele levasse no bico uma carta de amor para a namorada. Assim, o casal de apaixonados tinha grandes chances de burlar a vigilância de um paizão ranzinza.

Com a corda toda – Antigamente, os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de “corda”. Logo, quando se dava “corda” totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.

Favas contadas – De acordo com Câmara Cascudo, antigamente, votavam-se com as favas brancas e pretas, significando sim ou não. Cada votante colocava o voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração pela contagem dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas estaria eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.

Fazer ouvidos de mercador – Orlando Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a palavra mercador é uma corruptela de marcador, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.

cor-de-burro-quando-foge-brasil-escolaTapar o sol com a peneira – Peneira é um instrumento circular de madeira com o fundo em trama de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o objecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação, significando atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma evidência.

O pomo da discórdia – A lendária Guerra de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”. Como as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa função de julgar para Páris, filho do rei de Troia  O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta. A rainha fugiu com Páris para Tróia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser conhecida como “o pomo da discórdia” – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si.

Afogar o ganso – No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Daí a origem da expressão, que se refere a um homem que está precisando fazer sexo.

Cor de burro quando foge – A frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.

Pagar o pato – A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em troca.

De pequenino é que se torce o pepino – Os agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a melhor forma a estas plantas. Retiram uns “olhinhos” para que os pepinos se desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem da melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto desagradável. Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos, também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo possível.

Do jeito que o torcedor gosta

Por Gerson Nogueira

O primeiro Re-Pa do campeonato normalmente não decide nada, é quase um amistoso, servindo apenas para atiçar a velha rivalidade. Desta vez, porém, o clássico vem recheado de bons ingredientes. Para começar, pela primeira vez em muito tempo, ambos estão liderando a classificação do turno, o Remo em primeiro e o Paissandu em segundo. Depois, há um bom equilíbrio entre as equipes. Se os bicolores têm o melhor ataque, os remistas têm a defesa menos vazada.

coluna gerson_25-01-2013Há, porém, um aspecto que torna o jogo especialmente interessante: a quantidade de bons jogadores em cena. Os times chegam ao clássico com atacantes de verdade, daqueles que empolgam a torcida e têm potencial de virar ídolos. Rafael Oliveira e João Neto fizeram oito gols, quatro cada, contribuindo para que a ofensiva bicolor tenha a excelente média de 3,3 gols por partida.

Do lado remista, cuja média de gols (1,6) é bem mais modesta, Val Barreto e Fábio Paulista se destacam. Além dos três gols, o carisma e o estilo desassombrado de Barreto cativaram a torcida, que já enxerga até semelhanças com o eterno ídolo Alcino. Exageros à parte, o Remo tem ainda Leandro Cearense e Branco, também em condições de entrar no time titular.

Juntam-se aos seis atacantes citados, outros jogadores de qualidade, como poucas vezes foi possível ver no chamado clássico-rei. Iarley, cuja estreia é um dos atrativos do jogo, foi contratado pelo Paissandu como reforço para a Série B. Apesar dos 36 anos, é um nome acima de qualquer discussão.

Alex Gaibu, outro veterano meio-campista, vem encantando o torcedor alviceleste desde a Série C. E começou o Parazão em alto nível, sendo responsável direto pelo entrosamento mostrado pelo Paissandu. O Paissandu tem ainda o ala Pikachu, unanimidade no futebol paraense atual.

Na meiúca do Remo, Tiago Galhardo é o principal nome. Sozinho na criação, ainda não conseguiu dar ao setor a consistência técnica esperada, mas se destaca pela qualidade individual. Dribla, lança e chuta muito bem.

A reunião de tanta gente que sabe jogar é uma coincidência feliz para o clássico, que ainda terá aplicados e operosos coadjuvantes – Ricardo Capanema, Carlinhos Rech, Vânderson, Zé Antonio, Pablo, Diego Bispo, Berg. Por isso, nem mesmo o dia inapropriado será capaz de atrapalhar a festa.

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Re-Pa no sábado: 31 vezes   

Pesquisa do repórter Jorge Luís Totti ajuda a explicar a estranheza geral com o clássico marcado para amanhã. Em um século de Re-Pa, 712 jogos no total, os rivais só escolheram o sábado para duelar em 31 ocasiões.

No meio da semana – quartas e quintas-feiras – foram realizados 221 clássicos. Ampla vantagem do domingo, o dia universal do futebol, com 460 embates entre Leão e Papão.

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A tragédia osvaldiana

O Botafogo atravessa nova fase de turbulência por obra e graça do técnico Osvaldo Oliveira, mantido pela diretoria depois de uma temporada de resultados insatisfatórios. A torcida não tolera as escolhas do treinador, que não esconde seu menosprezo por atacantes, principalmente os mais carismáticos – como Loco Abreu e Herrera.

Não por acaso, livrou-se de ambos tão logo assumiu o comando, no começo de 2012, e o Botafogo passou a temporada penando com a ausência de homens de área. Tinha um belo meio-campo, com Seedorf à frente, mas sem atacantes. Osvaldo trouxe do Japão seu apadrinhado, Rafael Marques, que logrou a façanha de não marcar um gol sequer – até hoje. Detalhe: fatura R$ 250 mil mensais.

No fim do ano, quando Loco retornou do exílio em Santa Catarina, foi avisado que o clube (leia-se Osvaldinho da Cuíca) não tinha interesse em sua permanência. Apoiado por uma diretoria omissa, o técnico conseguiu que o Botafogo pagasse mais de R$ 1,5 milhão ao jogador para que deixasse o clube!

Anteontem, Loco rompeu o silêncio. Disse que é botafoguense e que só saiu porque o técnico não o queria lá. Os fatos confirmam isso, por mais que o técnico desconverse. Repito o que escrevi aqui quando o artilheiro foi mandado para o Figueirense: um clube não pode virar as costas a um ídolo, nem trocá-lo por um personagem menor e passageiro. Ídolos são para sempre.

Em tempo: ao longo de dois anos com a camisa do Botafogo, Loco marcou 64 gols, contra zero do afilhado de Osvaldo.

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Real desavença espanhola

O jornal espanhol Marca relatou ontem, com exclusividade, uma reunião que significa praticamente o fim da linha para José Mourinho no Real Madri. O presidente do clube, Florentino Pérez, o principal executivo, José Ángel Sánchez, e os líderes do time, Iker Casillas e Sergio Ramos, em torno de uma mesa.

O assunto principal era a premiação do elenco para a temporada e os planos em relação à Champions League. O papo, porém, azedou quando se falou no técnico. Casillas e Ramos foram claros: com ele no banco, a maioria dos craques vai embora.

Durante o dia, a presidência do Real se esmerou em negar o teor da conversa, culpando o Marca por suposta tentativa de desestabilização. O jornal, em seu portal, bancou a informação. E foi além: estampou mensagens de celular que confirmam as críticas ao Special One, que, a essa altura, já deve estar começando a arrumar as malas.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 25)

Leão e Papão jogarão com novo patrocínio

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Remo e Paissandu entrarão no clássico deste sábado com novo patrocínio nas camisas e calções. As marcas do grupo Líder passam a estampar o uniforme dos grandes clubes paraenses. A única diferença é que Magazan e Castanheira estampam as laterais da camisa alviceleste e os calções azulinos.

Ramos e Iarley relacionados para o clássico

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Depois do treino coletivo realizado na tarde desta quinta-feira, o técnico Lecheva liberou a lista dos 19 jogadores relacionados para regime de concentração visando o clássico Re-Pa, neste sábado, às 16h, no estádio Edgar Proença. A novidade é o atacante Iarley, jogador recém-contratado, e o zagueiro Marquinhos, oriundo das categorias de base. O volante Vânderson volta à lista, mas o lateral-esquerdo Rodrigo Alvim, outro recém-contratado, não foi relacionado. Os jogadores convocados se encontram em regime de concentração no hotel Vila Rica desde 21h desta quinta. Para a manhã desta sexta está programado o último treino, no campo do Kasa, às 8h30.

Jogadores relacionados:

Goleiros: Zé Carlos e Paulo Wanzeler.

Zagueiros: Diego Bispo, Tiago Costa, Raul e Marquinhos.

Laterais: Pikachu e Pablo.

Volantes: Vânderson, Esdras e Ricardo Capanema.

Meia: Eduardo Ramos (foto), Alex Gaibú, Lineker e Djalma.

Atacantes: Rafael Oliveira, João Neto, Heliton e Iarley.

Palpitômetro da rodada

O desafio continua. Desde o começo do campeonato, ninguém acertou todos os palpites. Ficou mais fácil nesta semana, pois os palpites se referem a apenas três jogos:

Tuna x Cametá

PFC x Santa Cruz

Remo x Paissandu

O passado é uma parada…

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Mercado de São Brás. Começo dos anos 60.

Lecheva ainda indeciso quanto à escalação

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Com algumas dúvidas na cabeça, o técnico Lecheva deve definir ainda hoje o time titular do Paissandu para o clássico de sábado diante do Remo. À espera da recuperação de Eduardo Ramos, o técnico trabalha com a hipótese de um meio-de-campo mais conservador, formado por três volantes – Vânderson (foto abaixo), Esdras e Capanema – e um armador, Alex Gaibu. Foi a formação usada no treino coletivo de quarta-feira. Mas a definição do esquema a ser usado no Re-Pa depende, ainda, do aproveitamento de Iarley. O meia-atacante prefere jogar no ataque, mas é pouco provável que Lecheva abra mão da dupla Rafael Oliveira-João Neto, responsável por oito gols no campeonato. A hipótese mais provável é que Iarley seja lançado apenas no segundo tempo, substituindo um meia ou um dos atacantes. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola) 

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Pará tem municípios que mais destroem Amazônia

Do Globo Rural

Em 2012, mais de 450 mil hectares de floresta foram derrubados na Amazônia. A porcentagem é 27% em relação à registrada no ano anterior. Mas a situação ainda está longe do ideal. Hoje, Pará é o estado que mais desmata. Quem navega pelas águas mansas do rio Xingu não imagina o contraste. Ao lado da bela paisagem está um cenário desolador. Motosserras não dão trégua e queimadas criminosas deixam a selva em cinzas. Essa região, no Pará, atualmente concentra os municípios que mais destroem a Amazônia brasileira. “Esse é um desmatamento que está fortemente ligado à ilegalidade. Então, a exploração de madeira é ilegal, a produção de gado é ilegal e a ocupação é ilegal”, diz Paulo Amaral, pesquisador da Imazon.

A constatação é do Instituto de Pesquisa Paraense (Imazon) que monitora a floresta há mais de 20 anos. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, mais de 80% do desmatamento da Amazônia se acumula nos municípios de Altamira, Itaituba e Novo Progresso. Em uma operação realizada na região, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobrevoaram as áreas onde a mata está sofrendo todo o tipo de ataque. Formou-se um cemitério na selva. Até o rio morreu junto com a floresta. Em todos os lados há fogo. Em alguns pontos, o excesso de fumaça impede a visão do horizonte.