Por Daniel Malcher (malcher78@yahoo.com.br)
Estive na Curuzu naquela fatídica manhã de 17 de outubro. E, no decurso da partida, experimentei sensações díspares e opostas, que me alçaram à alegria e à euforia, permanecendo nelas por exatos 19 minutos… quando veio o débâcle, o golpe que me torturou e que me atirou no mar das incertezas compartilhadas por uma multidão em azul e branco. Fiquei, pois, atônito e confuso, sem saber o que pensar ou dizer diante da tragédia consumada um pouco além das 11 horas daquele dia ensolarado. O motivo de tanta confusão? O futebol apresentado pela equipe pernambucana do Salgueiro perante o futebol não apresentável da equipe bicolor? Sim, não vou negar que foi este embate futebolístico, inglório e desproporcional, a causa maior do meu embaraço, me deixando atordoado, imóvel, sem forças até para olhar pros lados.
Mas, ao retornar para casa, notoriamente de “cabeça inchada”, percebi que tivemos ali o nosso “Maracanazzo”, pois a sensação (ou seriam as sensações?) que tive foi muito parecida com aquela que nos foi informada por relatos sobre o sentimento da massa torcedora presente naquele dia de 1950. Será que a essência da tragédia esportiva pintada em tons celestes, que fez com que se alimentasse a crença de que não seríamos um “povo heróico e de brado retumbante” agora paira sobre nós, paraenses, bicolores e azulinos, nestes últimos anos? Nossas poucas façanhas nos desportos, porém gloriosas, ligadas a um passado “recente” – afinal, nossos grandes feitos foram há quase uma década – desnudam nossa pequenez? Será que repetiremos ano após ano as mesmas frases conformistas-fatalistas como “nunca podemos”, “não conseguiremos” ou “por que eles e não nós?”?
Nossas derrotas, caro escriba, há muito nos acovardaram, mexeram com nossas cabeças, com nossos credos e com a própria idéia que temos de nós mesmos, afinal, olhamos para o espelho esperando ver o que queremos ser e não o que somos. Qual o motivo de tantas amarras? E o nosso esporte, e principalmente o nosso futebol, do qual tanto já nos orgulhamos, ao que parece também foi contaminado por esse complexo de vira-latas, por essa síndrome do “já teve” e pelo conformismo pungente do tipo “somos isso e apenas isso merecemos”. Somente esta constatação pode explicar meu estado letárgico após o embate entre Paysandu e Salgueiro naquela manhã de dissabores. E, tal como em 1950, o futebol paraense – e não somente o futebol, mas o esporte paraense… e o povo paraense – precisa urgentemente de “um 1958”, de uma redenção, de algo que nos faça ver que não apenas “já tivemos” mas que “podemos ter”, ou ainda, que “podemos ser”.
AINDA….EXPLODE CORAÇÃO NA MAIOR FELICIDADE…
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“ôôô… Aurora”… te lembra alguam coisa?
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Meus caros. O que aconteceu naquele dia foi que o Salgueiro jogou mais que o Paysandu.. Só isso.
Agora, as tintas usadas para pintar o quadro é que são diferentes.
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