A tomografia da fita crepe

Por Paulo Nogueira

Não sei se alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto. Eu não.

A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido. O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.

Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.

Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja. Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.

Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra. Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove. É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta.  Dilma bateu Serra no primeiro turno, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram. Só falta Aécio combinar com os mineiros.

A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir. Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, eassim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.

Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.

5 comentários em “A tomografia da fita crepe

  1. Trata-se de um tipico escárnio àqueles cidadão que estão há tempos na fila – e com necessidade concreta – para realizar uma tomografia.
    Antes era o Zé Promessa!!! Agora é o Zé Comédia!!! Seria trágico (a violência na política) se não fosse cômico (a encenação barata e bufa).
    Espero a opinião dos apoiadores desse “escroquer” – trapaceiro!!!!!

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  2. Eu em parte concordo contigo. No primeiro turno optei por Serra, mas agora no segundo vou de Dilma. Não sou anti-pt nem anti-psdb, até porque gosto muito do trabalho tanto do Aéceo Neves quando do Tarso Genro. Preferiria uma votar na social-democracia, e o PSDB de Aéceo é isso. Mas, o PSDB de Serra e dos que nele mandam hoje é extrema-direita facista. Essa então da fita crepe foi a maior idiotice que ele poderia ter inventado. Pergunta: será que um dia teremos de fato um PSDB social-democrata? Ou o Aéceo fundará um novo partido?

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  3. Meu caro, a questão aqui não é somente a bolinha de papel ou rolo de fita, do qual vocês acham graça e fazem chacota. Ato que aliás, deveríamos nos envergonhar e lamentar. O que não se tolera é a truculência característica dos militantes do PT que teem muita dificuldade com o sentido mais puro da palavra “democracia”. São sempre tão selvagens, intolerantes, brutos e querem a todo custo impor sua ditadura. São sim ditadores.
    Eu vejo que eles (militantes) nem mesmo conhecem as propostas das cores do partido que defendem.
    Muito me envergonha a imagem do Zé Dirceu incitando a violência, usando os pobres miseráveis para propiciar a violência GRATUITAMENTE.
    Aonde vamos parar, se o exemplo que deveria vir de cima é o pior que temos. O próprio presidente Lula não dá exemplo, pessoa desagregadora, propagando e incitando a violência com seus comentários inconvenientes. Ele como autoridade maior do país, deveria pelo menos, se manter neutro e não emitir opiniões grosseiras – típico da pessoa dele.
    Nessas horas sim, me envergonho de ser brasileira e agradeço a Deus nunca ter dado ao PT o meu voto.
    Só para ficar claro, votei na Marina.

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