Coluna: Sobre o tempo de cada um

Há quem avalie que o Paissandu está em ascensão no campeonato, a partir dos 45 minutos finais da peleja em Tucuruí, sábado passado. Não vejo assim. O Paissandu ganhou outro time, mais conectado e a fim de jogar porque apareceu alguém para arrumar as peças. Nada espetacular ou revolucionário, apenas simples. Sem invenções, Charles Guerreiro escalou os melhores para cada função.
Como a simplicidade normalmente é recompensada, a coisa deu certo diante do Independente. Nada garante, porém, que Charles será bem-sucedido neste domingo contra um Remo que já escala há mais tempo os jogadores certos para cada posição. A diferença talvez esteja justamente aí: no tempo de estrada de cada time.
Sinomar vem preparando a atual esquadra remista há nove meses, tempo de uma gestação. Juntou uns moleques, adicionou veteranos renegados e o time ganhou conjunto. Quando veio o campeonato, bastou acrescentar as peças necessárias. Só o meio-campo foi inteiramente remontado, com a contratação de Danilo, Fabrício, Gian e Vélber. A equipe encorpou e, a partir daí, os demais setores foram estruturados.
Não é um timaço, longe disso. Mas é, seguramente, o grupo mais homogêneo da competição, com melhor toque de bola e um ataque produtivo, que funciona com variáveis. Marciano é o especialista, mas Vélber, Héliton, Samir e Gian também fazem gols. A vantagem é que não há dependência de um só homem. Num dia ruim, se Marciano não estiver bem, os outros podem funcionar.
 
 
O time do Paissandu ainda não está na ponta língua do torcedor, como o do Remo, fato que confirma as experiências tentadas ao longo do primeiro turno. E persistem dúvidas sérias, principalmente no ataque, onde Moisés é presença indiscutível, mas Didi ainda não é totalmente confiável. Outros setores também carecem de definição. O miolo de zaga tem Leandro Camilo e Vítor Hugo, mas Rogério também briga por vaga.
Na meia cancha, as coisas já foram mais confusas. Fabrício, Tiago e Sandro podem dar ao meio-de-campo uma consistência que o Paissandu não teve durante todo o campeonato. A tabelinha infernal que levou ao gol de empate em Tucuruí só foi possível porque o time finalmente tem armadores de verdade.
Essa mudança de atitude, visível desde que Charles assumiu, tem a ver com evolução técnica, qualidade de passe e, acima de tudo, confiança no próprio taco. Quando o meio-campo engrena, tudo se ajeita. A defesa melhora porque fica menos exposta e o ataque aparece porque surgem jogadas.
Não custa lembrar: aquele Paissandu de 2001/2002, de Givanildo Oliveira, passou a ser realmente forte – e a ganhar quase tudo – quando formou uma meia cancha confiável: Sandro, Rogerinho, Jóbson e Vélber. Tudo começa (e termina) ali no meio. O resto é conseqüência.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 14)

7 comentários em “Coluna: Sobre o tempo de cada um

  1. Te dizer. Essa de que apareceu alguem para arrumar as peças….. . Na minha opinião, a única peça mudada por ele foi a entrada do Cláudio alax, que a meu ver foi muito mal no jogo. Te contar.

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  2. Entendo que o maior problema no Paissandú é a desorganização administrativa na pessoa de LOP que reflete em todos os setores, como o mais exposto é o time, produto final, sofre as maiores consequencias. A saída de Barbiere e alguns dublês de jogador trazidos por LOP, sem balizamentos técnicos, proporionam a Charles trabalhar com mais tranquilidade e tempo para melhores avaliações. Tirar proveito do que de melhor tem é o primeiro passo para mudanças profícuas, por isso podemos dizer que o Paissandú pode ser melhor hoje do que os 45′ contra o Indpendente, considerando que uma semana de preparação, bem aproveitada, é tempo suficiente para isso, embora insignificante num comparativo ao tempo de Sinomar a frente do Remo. Com certeza o Paissandú será muito diferente do que temos visto ultimamente e qualquer resultado está no contexto de um clássico.

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  3. Jorge, falei isso aqui, assim que ele foi contratado. Disse que ele está muito acima do Valtinho, mas que o São Raimundo podia ter pensado mais alto e, inclusive citei: Mauricio Simões, Vica e Edson Porto como os técnicos que poderiam ser contratados. Agora penso que o Flávio é um técnico em ascenção. Penso eu, pelo momento, é um bom técnico para o SR. Pra Remo e Paysandu, como já falei, é de Hélio dos Anjos pra cima. Ok amigo?

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  4. Caro Gerson, a leoa recolheu as garras, cauda, não rugiu, miou; e , de couro quente, foi se refugiar no Baenão, Ops, até quando vai poder fazer isso não sabemos – nem interessa. Domingo tem mais pois a leoa, sem opção, vai ter que atacar e vai ser goleado novamente. Kkkkkkkkkkkk…..Tchau Reminho. Te cuida pois o Santos vem aí. Em 14.03.10, Marabá-PA.

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