Por Mauro Cezar Pereira
Na Copa de 1970, Zagallo herdou o lugar de João Saldanha, um comunista à frente da seleção brasileira no ápice da ditadura militar. No México, ganhou o tri com Pelé, Tostão, Gérson, Rivelino, Carlos Alberto e Jairzinho, entre outros. Quatro anos depois, convocou o incomparável Ademir da Guia, mas só o escalou em 66 minutos da decisão do terceiro e do quarto lugares. O ídolo palmeirense saiu para a entrada de Mirandinha, que foi à Alemanha enquanto Zico era deixado no Brasil.
Em 2001, tinha dois jovens atacantes à sua disposição no Flamengo. Adriano, o atual “Imperador”, e Roma, um clone mal acabado de Romário. Zagallo escalava prioritariamente o nanico, deixando na reserva a maior revelação do clube em muitos anos. Cara de sorte e incapaz de contestar o statu quo, Zagallo sempre esteve na boa. Ficou sem ganhar títulos como treinador do carioca de 1972, pelo Flamengo, ao de 2001, também com o rubro-negro. Neste período trocou de clube 13 (!!) vezes. Mas manteve o prestígio.
Há tempos é obsoleto como técnico. Tinha fama se retranqueiro , mas na Copa de 1998 comandou o sistema defensivo brasileiro de pior desempenho na história das Copas. Com Ronaldo e Rivaldo muito bem, chegou à decisão, quando seu arremedo de time foi atropelado pela França de Zidane. Enquanto Aime Jacquet preparava a equipe para a decisão, Zagallo seguia em sua patética contagem regressiva de quantos jogos o separavam do penta: “Faltam cinco”. “Faltam dois”. Os franceses se deram ao luxo de fazer 3 a 0 numa final de Copa, mesmo escalando um cone chamado Stephane Guivarc’h para vestir a camisa 9.
Criticar Zagallo não é fácil. Seus defensores são muitos. Ele é, de fato, boa gente no trato pessoal, com os jornalistas ou os fãs. Não nega entrevistas, tampouco autógrafos. Postura elogiável em meio a tantas estrelas de valor duvidoso cheias de marra que andam por aí. Mas isso não significa que seja imune a críticas. Pouco informado sobre a Holanda de 1974, tomou um vareio que o fã de esportes poderá ver nos canais ESPN em março, quando exibiremos jogos clássicos das Copas. Não foi diferente na decisão disputada 24 anos depois.
Recentemente, em entrevista a Galvão Bueno, Zagallo teve a desfaçatez de dizer que o circo montado em Weggis antes da Copa de 2006 era absurdo. Falou como se nada tivesse com aquilo. E ele era da comissão técnica! Deu a entender que a CBF não tinha culpa. É zombar demais da inteligência alheia. Agora Zagallo vem dizer que Ronaldinho Gaúcho não deve ir à Copa porque não jogou bem pela seleção. Argumento tacanho, típico de quem não tem… argumentos. Mesmo após ir bem em 1998, Rivaldo só se livrou dessa má fama em 2002. Ter ido mal antes não garante que irá mal novamente.
Zagallo aproveita a pergunta para afagar seus velhos patrões da CBF e o técnico que ela inventou, seu ex-capitão, Dunga. Na mesma entrevista a Galvão, o ex-treinador disse que gostaria de voltar à seleção. Sim, ele não acha que seu tempo já passou. Quem sabe depois desse apoio ao “professor” não lhe encaixam numa função qualquer e o levam para a África do Sul? Entre pedir pelo talento brasileiro de Ronaldinho na seleção e ficar bem com os “homi”, o Velho Lobo faz a segunda opção.








