Não é o horário mais apropriado para um jogo de futebol. Todos os manuais indicam que o torcedor prefere ficar em casa ou buscar outros programas numa noite de sábado. Mas o Parazinho velho de guerra, ameaçado judicialmente e com estádios vetados, está mesmo pronto a quebrar tabus, revolucionar o marketing e reinventar a roda.
Quanto às possibilidades de cada time, as campanhas falam por si. O Remo, líder invicto da competição, joga diante de seu torcedor e vai tentar sacramentar a primeira posição no G-4. Já o S. Raimundo, ainda embalado pela vitória sobre o Botafogo na Copa do Brasil, passou pelo Ananindeua e busca se posicionar ainda entre os quatro finalistas do turno.
Como a maioria dos confrontos entre grandes de Belém e times interioranos, este promete ser mais um jogo equilibrado, de forte marcação e pouco espaço para manobras no meio-campo. No Remo, com alto índice de acerto nos passes, os veteranos meias compensam as naturais deficiências de fôlego. Gian, principalmente, tem se destacado pelos lançamentos precisos e jogadas sempre de primeira, que agilizam a passagem para o ataque e normalmente desnorteiam as zagas adversárias.
Quando o Remo tem o contra-ataque a seu favor, esse estilo de jogo aparece ainda mais, pois, em três toques, os meias conseguem pôr os atacantes dentro da área inimiga.
Hoje, é pouco provável que o S. Raimundo dê brechas para contragolpes. Ao contrário, tentará aproveitar justamente as subidas do Remo, cujos laterais ainda não funcionam a contento, para se impor na partida. A provável estreia de Flamel deve dar mais consistência a um meio-campo que hoje depende muito do talento de Michel e da força de Pitbull. Mas que ninguém se iluda: o S. Raimundo é outro time desde que Flávio Barros assumiu o comando.
Há um ano, na abertura do campeonato estadual, a situação era inteiramente diferente. O Remo, treinado por Flávio Campos, lançou um time recheado de jogadores da base para enfrentar o S. Raimundo. E se deu mal: levou de 5 a 1, abrindo caminho para a campanha caótica no campeonato. Da equipe surrada em pleno Baenão, diante de quase seis mil torcedores, somente cinco conseguiram sobreviver no time atual: o goleiro Adriano, o atacante Hélliton, o lateral Levy e os volantes Marlon e Ramon.
Os conselheiros do Remo praticamente selaram o destino de seu principal patrimônio físico: depende de poucos votos (23) a aprovação da proposta de venda do Baenão, defendida obcecadamente pelo presidente atual e sua diretoria. Curiosamente, até conhecidos opositores da idéia compareceram para aprovar o negócio, depois de um amplo acordo de bastidores. Até segunda-feira, estará consumada a incrível troca de um estádio encravado em área nobre por uma arena (em projeto) na periferia. Sem dúvida, um negócio da China – para os que estão comprando.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 20)