Não há como negar: o Brasileiro 2009 terá o pior campeão da chamada era dos pontos corridos. Pesquisa divulgada pelo Jornal Placar e pelo colunista José Roberto Malía aponta que, a essa altura do pagode, somente o Palmeiras pode alcançar o limite de 73 pontos ou 64% dos pontos disputados em 38 jogos, que é o mais fraco índice de todas as edições realizadas desde 2003.
O nivelamento por baixo, que muitos insistem em não ver, é tão flagrante que nem mesmo as parcas emoções reservadas para as últimas rodadas conseguem disfarçar. Levando em conta que dificilmente o Palmeiras conquistará todos os pontos restantes, a lógica indica que este será o torneio de menor média de conquista de pontos pelo vencedor.
Até então, o Corinthians de 2005, com 64,2% era o fona nesse quesito. Justamente no campeonato mais catimbado (e contestado) de todos os tempos, quando a “máfia do apito” determinou resultados e semeou injustiças. Para coroar a lambança, 11 jogos foram remarcados e o Timão paulista de Carlito Tévez e Kia Joorabchian acabou triunfando.
Não se conhece critério mais seguro para julgar o nível da disputa, que muitas vezes obscurece a capacidade crítica de muita gente respeitável. Os defensores dos pontos corridos alegam que a atual fórmula premia o mérito, diminuindo ao máximo as injustiças. Bem, com as arbitragens praticadas no Brasil fica difícil crer em decisões justas, mas vá lá que seja.
Para se ter noção da regressão qualitativa do campeonato, em comparação com campeões anteriores, o Palmeiras, favorito para o título deste ano, com a média atual de 58,7%, enfrentaria sérios problemas para conquistar o segundo ou até o terceiro lugar do certame. Segundo o jornal, somente o Santos, vice-campeão de 2007, teve desempenho mais chinfrim – 54,4%.
Os números reforçam a impressão de um campeonato visto apenas por parte da mídia, principalmente a paulista, como o mais sensacional dos últimos tempos. Essa sensação vem do grande equilíbrio entre os times, de alto a baixo da tabela, indiscriminadamente.
Guardadas as devidas proporções, um campeonato de Série D, igualmente equilibrado entre seus disputantes, pode suscitar o mesmo suspense e emoção nos confrontos, embora não seja tecnicamente espetacular.
De minha parte, não consigo enxergar bom futebol em times que abusam do contra-ataque como trunfo tático e só conseguem fazer gols nos manjadíssimos chuveirinhos. Não por acaso, os dois líderes se destacam pelas goleadas de 1 a 0 e 2 a 1.
O balanço do Jornal Placar sobre o desempenho dos campeões brasileiros na era dos pontos corridos é o seguinte: em primeiro, aparece o Cruzeiro (2003), com 72,4% (100 pontos em 46 jogos); em 2º vem o S. Paulo (2006), com 68,4% (78 pontos em 38 jogos) e em 3º o S. Paulo de 2007, com 67,5% (77 pontos em 38 jogos). Puxando a fila vem o Corinthians, de 2005, com 64,2% (81 pontos em 42 jogos).
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 6)